sábado, fevereiro 06, 2021

Pobres de espírito

      “Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus.Mateus 5.3

      Nos acostumamos tanto à interpretação que tradicionalmente se dá a Mateus 5.3 que não nos atentamos à uma palavra especial, que chama a atenção se o lermos com cuidado, a palavra é pobres. A princípio pobre indica alguém que tem falta de algo, então, por que o versículo diz que os que têm falta no espírito são os felizes que herdarão o reino dos céus? Se nesse aspecto eles são pobres não deveriam ser espirituais e sendo assim não deveriam ter direito aos céus, contudo, a palavra nesse contexto que dizer o contrário, não os que têm falta de algo, mas os que têm uma virtude, e por isso têm direitos especiais. Consideremos, antes de refletirmos mais, que pobre de espírito signifique humilde, tenho pensado bastante sobre humildade aqui, mas o farei de novo por crer ser esse o fruto mais importante de quem busca espiritualidade, de quem segue a Cristo, e Jesus homem foi essencialmente humilde.
      Uma pessoa, mesmo cristã, pode exibir muitas virtudes, pode se esforçar para ser caridosa e religiosa, mas se ela de fato é humilde só Deus é quem sabe. Humildade é virtude que pode ser falsificada tanto quanto escondida, os hipócritas a falsificam e os sinceros do bem a escondem, e escondem não no sentido de não a evidenciarem em suas ações, mas em não terem a necessidade de provarem para os outros que a possuem. Essa discrição é o que explica o sentido da palavra pobre no contexto do versículo, o materialmente pobre não exibe riqueza, traja-se com roupas mais simples, apresenta-se sem luxos, tanto que nos acostumamos a usar o termo humilde para o pobre de bens materiais. Muitos podem pensar que alguns são pobres pelo seu exterior, desconhecendo suas contas bancárias ou o número de escrituras em seus nomes que existem nos cartórios de registros de imóveis. 
      Por que ser pobre de espírito é virtude, e é a definição de humilde que Jesus nos dá no sermão das bem-aventuranças, abrindo a lista de bem-aventuranças, o texto teológico mais importante do novo testamento, o coração do evangelho? Muitas vezes não recorro, para fazer as reflexões do blog, a dicionários bíblicos, comentários bíblicos, nem a outros textos teológicos, porque penso que se Deus teve um propósito para permitir que um cânone de sessenta e seis livros fosse registrado e perpetrado, foi para que pessoas de todos os níveis intelectuais, tempos, culturas e raças, pudessem ler, entender e serem abençoadas. A maioria das pessoas que lê a Bíblia não é estudioso teológico e nem tem acesso a textos especializados que explicam a Bíblia, são pessoas que têm só o Espírito Santo e as próprias inteligências para entenderem a palavra de Deus, assim me ponho como todos, como pobres. 
      O humilde é pobre de espírito porque é simples, não se arma de argumentos e maquiagens para mostrar espiritualidade, não está preocupado em aparentar, mas pode ter certeza, no momento que realmente for necessário ele será espiritual, será servo, obedecerá a Deus, glorificará ao Senhor com sua vida, não a si mesmo, ajudará o próximo, não a seu ego, mesmo que perca e seja desconsiderado abrirá mão de orgulho, de ser honrado, para cumprir sua vocação espiritual maior. Isso tudo é ser pobre de espírito, é ser humilde, e esse poderá não ter riquezas neste mundo, não ser famoso neste mundo, não ser aprovado neste mundo, mesmo em igrejas cristãs, mas terá um lugar no amor de Deus na eternidade, na luz do Altíssimo nos céus, e por isso pode ser desde já muito feliz. A principal característica do humilde é que ele não faz nenhuma questão de mostrar que é, ainda que o seja na prática.
      Muitas vezes é difícil ser humilde, citarei duas ocasiões onde isso ocorre. Uma é quando temos dificuldade para aceitarmos o que fomos no passado, quando no presente entendemos que não fomos tão bons porque crescemos e nos tornamos melhores do que fomos. É preciso humildade para admitirmos que neste plano somos seres em construção, que não temos a obrigação de nascermos perfeitos, mas temos o dever de nos aperfeiçoarmos, e se nossos erros foram grandes, é preciso ser humilde para nos perdoarmos e nos apossarmos do perdão de Deus, ainda que os homens não nos perdoem. Nesse caso achamos difícil ser pobres porque queremos mostrar, mesmo que só para nós mesmos, que sempre tivemos uma aparência virtuosa, perfeita. Isso é orgulho, luxúria “espiritual”, e o contrário de humildade, Deus pode contar com nossos erros justamente para aprendermos a ser humildes. 
      Outra ocasião em que temos dificuldade para sermos humildes é quando vemos a justiça de Deus realizada nas vidas de algumas pessoas, quando testemunhamos que o tempo trouxe para alguns os efeitos das causas ruins que eles mesmos plantaram, principalmente quando foram males injustos contra nós. É difícil nesse caso não suscitarmos, mesmo que só interiormente no segredo de nossos corações, sentimento de vingança cumprida e de alegria com o mal colhido pelo outro, ainda que seja um mal justo retornado pelo “universo”. Em ocasiões assim é preciso temor a Deus e muita humildade, sermos pobres de espírito, e não nos colocarmos como melhores por não estarmos colhendo os mesmos males ou por nos considerarmos os “queridinhos” do pai que estão sendo “vingados”. Todos os seres humanos são iguais diante do Senhor e merecem uma segunda oportunidade. 
      Espiritualidade é gradativa, quanto mais alcançamos mais nos é solicitado, o que foi espiritual o bastante, esperando por anos para ser “recompensado ou vingado pelo universo”, terá que ser ainda mais espiritual no tempo da “recompensa ou vingança”, senão pode pôr muito a perder. Humildade é uma virtude infinita, a mais elevada e a mais sutil, a que exige de nós mais intimidade com Deus. Jesus foi maturado na humildade em toda sua caminhada pela Terra, para que no final de sua existência encarnada cumprisse sua missão maior, que não foi reconhecimento público de sua humildade nem a “recompensa ou vingança do universo” sobre os que o perseguiram em vida, mas uma morte dolorosa, humilhante e solitária. Só alguém muito pobre de espírito, de fato humilde, para ser o salvador da humanidade, meditemos mais nisso e entendamos de uma vez por todas o que é espiritualidade cristã. 

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

Realidade ou fantasia?

      “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.I João 5.4

      O que é real e o que é ilusão? O que é realidade e o que é fantasia? O que é verdade e o que é mentira? O que é nossa existência neste mundo, o que somos nós, seres humanos: realidades físicas ou invenções mentais? Ocorre tudo isso em nossas passagens pela Terra, certeza sobre tantas coisas ninguém tem, e quem diz que tem pode só estar iludido por uma fantasia, mas talvez a realidade seja isso tudo, uma confusão, que se fosse resolvida, entendida, faria a vida perder a graça. Contudo, é preciso construir alguma lucidez, ligar alguns pontos para visualizar trajetos, buscar mínimas coerências, ter algum controle, para então fazer avaliações e buscar uma evolução espiritual. 
      Literatura é arte, e como tal é lugar de ilusões, nela se dá aos homens poderes e valores que eles podem nem ter, e não só em ficção literária, também em biografias. Toda ficção é baseada em histórias reais e toda biografia, autorizada ou não, é carregada com os tons fantasiosos do biógrafo, que enfatiza o que acha melhor e minimiza o que acha conveniente, as mitologias mais antigas, épicas e sobrenaturais, tiveram em algum momento do tempo uma origens em fatos. A imaginação do homem não é mera invenção mental, pode ser revelações espirituais, que ainda que conscientemente não entendamos no plano físico, pode ser real no plano espiritual. Nada é mentira e nada é verdade, no tempo e no espaço.
      Em um extremo vive-se demais no mundo mental deixando o físico de lado, as pessoas podem fazer isso para fugir da dor, do passado, da culpa, e quem foge do que aconteceu ontem, também não enfrentará o que acontece hoje de forma adequada, medo que se instala domina e é projetado em tudo, no real e no imaginário, assim, inventar uma realidade mental paralela, onde não existe dor, pode ser a única maneira de se seguir existindo neste mundo. Para isso alguns buscam auxílio em substâncias químicas, no tabaco, no álcool, nas drogas, nos remédios, mesmo na comida em geral, outros se refugiam no sexo, a droga mais barata e acessível que existe, para a qual pode bastar um ser e alguma fantasia. 
      Mas pode-se fugir para um mundo mental também através da religião, e religião é fuga quando as crenças se tornam fins em si mesmas, sem que deem bons frutos no mundo físico. Religião que distância, isola, mutila, esfria, para que o corpo não seja administrado de maneira que possa viver no mundo físico com alguma normalidade, tendo vida social, profissional e afetiva, é fuga. Em nome da fé insanidades e ilusões são mantidas, e de uma forma extremamente doentia, que leva as pessoas a serem aprisionadas em incoerências terríveis e ainda assim acharem que são corretas e agradam a Deus. A religião que nos leva ao Deus Altíssimo retorna a nós como prática de paz, amor e trabalho nesta terra.
      Contudo, quem vence o mundo físico desprezando o mundo espiritual, também vive uma fantasia, pois nega sua essência, que não é material, mas espiritual. Idolatrar a ciência nos conduz a uma vida desequilibrada tanto quanto idolatrar a religião, a ciência por mais alta e esclarecida que seja sempre será fria, matemática, os que vivem pelo intelecto podem conquistar a Terra, mas nunca aprenderão o caminho do amor verdadeiro e da misericórdia. O amor verdadeiro é uma equação ilógica, onde tem que se dar muito mais que se recebe para depois se receber muito mais que se deu. Isso é ilusão? É espiritual, não a dura realidade do mundo físico, entende isso os que se conectarem mentalmente com o invisível. 
      O versículo inicial diz que o que vence o mundo é a fé, se pensarmos bem isso parece um contrassenso, algo mental vencendo algo físico, mas nesse antagonismo está um mistério da nossa existência, que equilibra físico e mental, que nos livra da loucura e nos liberta do ceticismo, que faz a realidade ser uma deliciosa fantasia e o mundo mental se tornar real. Quem entende isso, quem consegue isso? Todos os que são nascidos de Deus, os humildes e sensatos, os crédulos e racionais, os que entenderam que a existência é mental e física, material e espiritual, humana e divina. A vida é maravilhosa e completa quando conseguimos esse equilíbrio, pois nos respeita por inteiros, assim como respeita o universo. 

quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Reaja como orienta Deus

      “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.Mateus 5.39-41

      Obedeça a Deus, mesmo que pareça difícil, sempre que Deus manda não é impossível de obedecer, se procurarmos com calma no Esprito forças para isso. Se Deus está orientando você a se calar diante de uma afronta, a abaixar a cabeça diante de uma injustiça, a não responder diante das palavras acusadoras e mentirosas do homem mal e arrogante, obedeça, não se afaste, não fuja, não resista. 
      Deus sabe até onde temos que suportar em humildade, assim como até onde alguém pode se posicionar de forma violenta contra a sua justiça, sim, a justiça de Deus, não a nossa. Se alguém afronta um filho sincero do Senhor não é o filho que é afrontado, mas Deus, e se for assim, se o filho não fizer justiça com as próprias mãos, se não cobrar do homem mal um preço por tê-lo suportado, Deus fará justiça. 
      Como é maravilhosa a paz que temos quando sabemos que fizemos o que tínhamos que fazer, quando temos a convicção que oferecemos, debaixo de ordem de Deus, ambas as faces para serem esbofeteadas, e que então não é mais preciso sofrer, mas só confiar no justo Deus. Não nos sentimos em falta ou culpados, ainda que o injusto tente nos atormentar, fizemos a nossa parte e agora Deus fará a dele. 
      Entretanto, entendamos bem o texto inicial, só devemos não resistir ao mal quando Deus mandar, e se tivermos que resistir não é reagindo com igual violência, mas nos afastando. Se fizermos isso seremos usados por Deus, não só aprenderemos sobre ser humilde e amar os que nos odeiam, mas também seremos instrumentos de justiça na vida de alguém que teve oportunidade para ser justo e não foi. 
      Não é fácil permanecermos serenos enquanto somos caluniados, desrespeitados, e de maneira alguma devemos fazer isso sem sentir orientação clara do Senhor para tal. Muitas vezes o mais sábio é ao sinal da primeira intenção de agressão cairmos fora, não reagirmos mas também não oferecermos sequer uma face, ser cristão não é ser bobo ou insensível, mas obedecer a Deus com propósito específico. 
      Vemos exemplos de reações diferentes na vida do Cristo encarnado, algumas vezes Jesus reagia de maneira enfática, outras vezes de forma mais discreta, com parábolas, outras vezes, ainda, permanecendo no local mas em silêncio, e ainda outras vezes fugindo e evitando pessoas, lugares e cidades. No final de sua vida ele simplesmente se entregou, não deu só a outra face, mas todo seu ser, como sacrifico mortal. 

quarta-feira, fevereiro 03, 2021

Utilizado ou utilizando?

      “O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem.Salmos 49.20

      Eis um versículo que não tem entendimento fácil, se você passou os olhos rapidamente por ele, por favor, leia de novo, com calma e pense um pouco antes de seguir com a leitura da reflexão. O versículo fala de um homem que está em honra, não é do homem sem honra, mas do que está usufruindo um prestígio, um reconhecimento, esse homem pode, ainda assim, ser semelhante a um ser irracional e que perece, sem ter algo que o proteja. A chave para entendermos o texto está na frase, não tem entendimento, assim não adianta ter honra se não se tem entendimento. O que isso quer dizer? 
      A resposta está em todo o contexto do Salmo 49, o texto fala de homens que confiam no que construíram nesse mundo e não em Deus, que se gloriam nas riquezas e no dinheiro acumulado, mas não no Senhor. Sim, esses estão em honra, e não são necessariamente pessoas desonestas e injustas, podem ter trabalhado e muito para conquistarem o que possuem. Mas a honra deles só valerá no plano físico se eles não tiverem entendimento, que entendimento é esse? O mais puro e verdadeiro entendimento espiritual, que nada mais é que conhecer a Deus, nele confiar e a ele adorar. 
      Essa reflexão nos leva a uma outra pergunta: para que estamos no mundo, para sermos úteis, para sermos utilizados, e isso não por homens mas por Deus, ou para utilizarmos, os homens e mesmo a religião, para benefício próprio? A resposta a essa pergunta pode definir as existências de todos os seres humanos neste plano, em outras palavras, somos servos ou queremos ser servidos? Servo que não serve para nada serve, e como cristãos somos chamados para servir. Quem só quer utilizar e não ser útil colhe honra que não plantou, para esse um dia a conta chega e ainda neste mundo.
      Por outro lado, o homem que tem entendimento, que teme a Deus, que se humilha perante o Senhor e busca a cada dia ser alguém melhor interiormente, não sairá deste plano físico de qualquer jeito, estupidamente, na hora errada e do jeito errado. Esse foi útil nas mãos do Senhor, buscou ser utilizado por Deus acima de outras coisas, mesmo perdendo diante dos homens, sua vida teve sentido, assim sua morte será honrada. Às vezes pode ser melhor perder tudo aqui, mas a tempo de ganhar a aprovação de Deus, para que adquiramos o entendimento que nos entrega vida que nunca perece.

terça-feira, fevereiro 02, 2021

Que rede te prende?

      “Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede.Salmos 25.15
      “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragarI Pedro 5.8
      “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” I Coríntios 10.12

      Uma lição que tenho vivenciado no últimos tempos, que já compartilhei aqui em outras reflexões, é sobre vigilância mental. O pecado não nasce nos órgãos e membros abaixo do pescoço, adultério não começa nos órgãos genitais, mas na cabeça, ela é a porta para entrada de bênçãos e de males, que gera a intenção e que comanda o corpo para praticar. Vigiar essa porta é de suma importância para quem quer de fato ser espiritual, vencer o pecado, ter a paz que permanece e que é escudo contra o acusador, seja ele humano ou espiritual, os egoísmos e as vaidades deste mundo. Focar os olhos espirituais o tempo todo no Senhor, de manhã até a noite, e não se desviar disso, é vencer o pecado antes mesmo dele ser gerado. 
      Se a tentação aparecer, mesmo longe, olhemos para Deus, e isso é importante, “não cutucar o leão com vara curta”, o leão é o diabo, buscando a quem tragar, dele temos que manter distância. Muitos caem por puro desleixo, por confiarem demais em si mesmos, por não levarem a sério certos limites, por acharem que são fortes o suficiente, mesmo usando fé em Deus como desculpa para serem insensatos. Fé que não se move no Espírito Santo, mas só na alma humana, não é fé genuína, é irresponsabilidade, é insanidade, e alguns perdem a cabeça na boca do leão por essa displicência. Quem vigia não cai em armadilha, não é enredado, e existem muitas redes por aí, mais sofisticadas quanto mais sábios forem os filhos de Deus. 
      Os tolos nem precisam de redes, tropeçam nas próprias pernas por causa de suas arrogâncias, mas quem está de pé, cuidado para não cair. Para os sábios também são armadas redes, e essas são sutis e complexas, se eles não manterem os olhos fixos em Deus podem ser presos. A rede pode ser algo explícito, que tira de nós a liberdade física, como falta de dinheiro, uma enfermidade, um acidente que debilite o corpo, mas também pode ser algo mais subjetivo, um medo, uma tristeza, um vício secreto, que nos rouba a paz e a vontade de viver. Tenhamos muito cuidado, porque para cada um de nós existe a rede certa, no nosso “número”, para nos prender caso percamos a humildade e deixemos de olhar para o Senhor. 

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Humilde ou humilhado?

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalteI Pedro 5.6

      Na vida existem muitos momentos nos quais temos que ser ainda mais humildes, quando devemos dar a outra face, quando a resposta e a ira devem ser contidas e devemos só ouvir em silêncio. São momentos para aceitarmos a injustiça, mas também, algumas vezes, para admitirmos que erramos e pedirmos perdão, mesmo publicamente, o Esprito Santo sempre nos mostrará quando isso é necessário e para isso nos dará forças. Contudo, existem momentos em que devemos simplesmente abaixar a cabeça e tomar outra direção, também em silêncio, também na humildade, mas para irmos para longe de quem nos humilha, ou mesmo longe da vergonha que passamos por causa de erros nossos. Esses não são momentos de receber disciplina, mas de recomeçar e deixar para lá o que muitas vezes não tem solução, neles o Espírito Santo também nos orientará e nos dará forças para vivê-los.
      O humilde não é humilhado, e quem se quebranta diante de Deus é guardado por Deus de uma vergonha maior, assim busque ao Senhor e ache discernimento, mas tenha coragem em Deus. Abaixar a cabeça e tomar outra direção, longe da humilhação, não como fuga, mas como um novo caminho que Deus mostra, pode não ser fácil, pode exigir que nos desprendamos de coisas que construímos e que não fazem mais sentido. Contudo, se realmente for a vontade de Deus, o Senhor te reconstruirá, isso não será rápido, mas tenha certeza, o que se reconstrói humildemente em Deus se torna alguém melhor, melhor até que o que era antes da humilhação. Não tenha medo de mudar de rumo, nem de pedir desculpas, por mais difícil que pareça, Deus é com os humildes e resiste aos soberbos, Deus luta pelos humildes que se arrependem e pelos que não lutam por causa própria, mas pela sua.

domingo, janeiro 31, 2021

Não se iluda com o sucesso

      “Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.Salmos 37.11

      Há um tempo atrás o sucesso iludia levando a grande maioria das pessoas a idolatrar quem tinha fama, aqueles que vendiam muitos álbuns em vinil, que enchiam teatros e estádios, que tocavam muito no rádio, que apareciam na TV. De um tempo para cá, a internet, o celular e as redes sociais iludem uma grande maioria que quer ser sucesso, recebendo mais curtidas numa foto ou num vídeo, tendo mais inscrições no Instagram ou no Youtube, mesmo que não tenha talentos diferenciados, quer fama por ser qualquer coisa, ou só o que é. 
      De um jeito ou de outro, sucesso neste mundo é ilusão, nada é para sempre e mesmo a pessoa mais talentosa e competente não merece adoração exagerada, merece admiração, aplausos, isso sim, mas não adoração. O fato é que muitos começaram a aliar vida bem sucedida com aprovação de homens, com a quantidade de aplausos e não necessariamente com a qualidade de quem aplaude. Essa sede de sucesso não precisa almejar patamares homéricos para existir e ser prejudicial, pode acontecer mesmo em grupos sociais menores.
      O ser humano pode ser obcecado por sucesso em seu meio profissional, na cidade em que reside, na igreja que é membro e mesmo em sua família, o fato é que relacionar fama à felicidade é um engano que pode se transformar numa grande armadilha. Muitos só se manifestam para ascenderem socialmente, não se contentam em serem comuns, querem ser admirados como deuses, por isso buscam equivocadamente a política, a riqueza, liderança em igrejas ou simplesmente serem o cara mais bem-sucedido no meio de sua parentela. 
      Quem não adora a Deus quer ser adorado como deus, os grandes anjos antigos caíram por causa disso, e o casal mítico Adão e Eva também foram vencidos por essa tentação. Isso não significa que não podemos merecer honras por sermos bons seres humanos neste mundo, uma remuneração profissional melhor e mesmo aplausos numa apresentação artística, mas o sábio é procurar ser bom, fazer algo com excelência para abençoar os outros, não para elevar o ego. Quem tem essa consciência poderá até ter fama mas não será iludido pelo sucesso. 
      Divulgando música, equipamentos musicais e softwares musicais na internet, eu vejo alguns aparecendo, não para promoverem uma ferramenta que ajude as pessoas, mas para se promoverem. Assim alguns acabam até fazendo sucesso, mas logo param e não deixam muita coisa positiva no meio, outros nem chegam a começar, trabalham um pouquinho e como veem que a fama não vem, desistem. Tudo na vida é muito trabalho, mesmo sucesso por intenção errada, mas o que trabalha em Deus, mesmo sem adquirir fama, achou o tesouro melhor. 
      O tesouro melhor é ser aprovado por Deus, o resto não importa, ainda que produzamos com muito trabalho um produto que nos faça reconhecidos, ou, ainda que trabalhando certo, nossa fama seja menor que a de outros que produzem um produto inferior. Cada um é confrontado de um jeito com o crescimento espiritual, quem decide isso é Deus, alguns crescerão administrando fama, outros administrando a falta dela, cada um considerará sucesso aquilo que seu nível espiritual entende que é, todos, porém, de alguma forma, colhem o que plantam. 

sábado, janeiro 30, 2021

“Não me deixes confundido”

      “Guarda a minha alma, e livra-me; não me deixes confundido, porquanto confio em ti. Guardem-me a sinceridade e a retidão, porquanto espero em ti.Salmos 25.20-21

      Todos nós podemos nos confundir, ficarmos em dúvida sobre alguma coisa, sobre qual direção tomar, sobre qual opção escolher, não saber discernir quem está com a verdade. Pensaremos em confusão nesta reflexão como a dificuldade de se decidir sobre algo, e não em já estar numa condição errada e por isso estar confuso, assim, numa situação onde podemos buscar a Deus, refletir melhor, então, saber como sair da confusão. Tentar definir confusão já é impossível, senão não seria confusão, na confusão perdemos as referências, não sabemos o que fazer, o que sentir, o que pensar, o que falar, é ausência de ordem.
      Como sair da confusão, já que quando estamos nela por mais que tentemos e queiramos não achamos as palavras, o sentimento, uma oração que defina nossa agonia e a entregue nas mãos de Deus? Na confusão muitas coisas ao mesmo tempo circulam em nossas cabeças, sons, imagens, emoções, e nada parece certo o suficiente para se assentar e permitir que tenhamos controle. Quando seguramos uma coisa outra surge e foge, quando pegamos essa outra coisa a primeira nos escapa, e assim vai, nossa visão falha, nossos ouvidos se atordoam, nossa alma pesa, nos sentimos cansados e ao mesmo tempo agitados. 
      Algo que pode nos deixar muito confusos é ver que um assunto, que até pouco tempo conduzíamos de uma maneira, com a certeza que fazíamos do jeito certo e que por isso nos deixava em paz, simplesmente muda de tom, o certo fica errado, o errado parece certo, e o que nos dava satisfação agora nos tortura. A confusão é perigosa pois o que começa com um dilema mental pode nos levar a pecados reais e sérios, principalmente para buscarmos um prazer que anule a angústia que a confusão traz, por isso é importante identificá-la e buscar solução para ela, entendendo que ela está dentro de nós e não fora. 
      Sim, dentro de nós, e se não entendermos isso a tempo poderemos colocar a culpa da confusão em pessoas e situações que nada têm a ver com o problema. Silenciar a alma, é o início da saída, e fazer isso diante de Deus, parar de fazer força para achar a solução e deixar que a solução de Deus se assente em nossa mente, calmamente, silenciosamente. O Espírito Santo nunca nos deixa, mas muitas vezes, depois de provarmos sua manifestação de uma maneira, podemos achar que podemos recriar essa manifestação, com as nossas forças, tentar achar nas respostas antigas uma solução para a nova pergunta. 
      Uma característica do Espírito Santo é que ele se renova como as águas vivas de um rio, assim não adianta tentarmos usar memórias para recriar seu agir, mesmo que sejam memórias espirituais, sua presença deve ser viva e fresca para ser verdadeira e eficaz. A saída de uma posição de confusão começa no nada, se pensamentos e sentimentos vêm num turbilhão, nos calemos, deixemos que eles venham e que depois sigam, para longe de nós. Fazemos isso parando de resistir, não nos importando, tornando as paredes mentais mais e mais finas até que sumam, assim nossa cabeça não prenderá a confusão e ela partirá.
      Depois é segurar a serenidade e ouvir a voz de Deus, após uma grande confusão podemos receber uma iluminação diferenciada do Senhor, um novo conhecimento que nos levará a um novo patamar de vida espiritual, mas é importante parar tudo e de fato ouvir o que o Espírito Santo diz, para depois obedecer. Se não houver obediência a confusão voltará, e obediência pode ser difícil, principalmente quando exige de nós uma mudança radical de percurso. Confusão nos cansa mental e fisicamente, assim é preciso descansar e não exigir nada de nós, só o silêncio que tem fome e sede da viva palavra de Deus. 
      O texto inicial diz “guardem-me a sinceridade e a retidão”, livramento da confusão está ensinado aí. Sinceridade é não ser falso, mas não só isso, é ser sincero do bem e para o bem, ter um desejo verdadeiro e maior de viver as virtudes de Deus, não se apegar à vaidade de querer ser, mesmo que espiritual, só para ser melhor que os outros ou para dominar sobre esses. O sincero do bem tem um coração reto em direção a Deus, para conhecê-lo, obedecê-lo e adorá-lo, assim é guardado da confusão pela sinceridade e pela retidão de um espírito que não se refugia na mentira, mas ama a verdade e não a teme.
     Você já observou como existem pessoas que quando interagem com a gente têm um olhar oblíquo? Elas conversam conosco, mas mantêm os olhos enviesados, com a mente em outras coisas, falam, mas não revelam suas verdadeiras intenções. Suas dores criaram nelas pesados preconceitos que as deixaram incrédulas, entendem sempre outras coisas naquilo que falamos, não acreditam em nós por mais sinceros e retos que sejamos. Pessoas assim são difíceis de se conhecer, são profundas, pois têm sérias vivências acumuladas, mas por se protegerem demais são inatingíveis, não são sinceras e não podem ser retas. 
      Só pode experimentar uma sinceridade de fato do bem e um espírito reto quem confia de todo o coração em Deus, esse achará a luz, que o livrará da confusão porque o Deus em quem confia estará próximo dele e não permitirá que fique amarrado a dúvidas e ao caos. Quem confia conhece e obedece, assim, por mais que a confusão pareça grande e forte, confie em Deus, ame a Deus, não só com a mente, mas com os sentimentos, não só intelectualmente, mas apaixonadamente. Nessa interação de mente e coração com Deus, movendo-se pela fé no Espírito Santo, achamos a unção que nos alimenta.
      Alimentados temos a certeza que estamos agradando ao Senhor. O que é estarmos confusos senão termos dúvidas se estamos ou não agradando a Deus? Filhos querem agradar o pai, e a certeza que estão conseguindo fazer isso é luz que nos protege de toda confusão. Se o problema é grande, Deus é maior, se a confusão prende nossos pés num lamaçal, onde até nos movemos, mas não nos desprendemos, enquanto nossa cabeça gira sem achar tranquilidade,  o Senhor é Altíssimo e nos faz voar, firma nossos pés num caminho seguro e ilumina nossa mente com a sabedoria mais pura e verdadeira que nos dá vida eterna.

sexta-feira, janeiro 29, 2021

Como se livrar da culpa

      “Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar. E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros. Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue.Mateus 27.3-8

      Sentimento de culpa, ao lado de ansiedade, são as raízes de tantas enfermidades, emocionais e físicas, a culpa, em especial, pode ser invocada por motivos diversos, alguns legítimos outros não. O culpado sente que devia ter feito algo certo e deixou de fazer, ou que não devia ter feito algo errado e fez, por isso se sente em dívida, consigo mesmo e com os outros. Mas só existem dois jeitos de não nos sentirmos culpados, ou não tendo culpa ou pedindo perdão pelo que nos culpa, parece simples, mas ainda assim as pessoas insistem em seguirem com culpa, muitas vezes por anos.
      A culpa em si não é algo ruim, é um sistema de alarme, que em pessoas bem resolvidas deve funcionar quando algo errado foi feito, assim pode-se ter consciência e consertar as coisas. Contudo, não é tão simples assim, por dois motivos: pode ser interessante para muitos de nós nos mantermos numa condição de vítima, assim como não ser interessante para muitos de nós assumirmos coisas que nos mostram como agressores. Querer ser vítima quando não se é ou não se assumir agressor quando se é, isso joga sobre nossas almas um terrível sentimento de culpa, que pode nos adoecer e até nos matar. 
      Se não fizemos nada de errado não há motivo para nos sentirmos culpados, a não ser que queiramos mostrar para os outros que somos culpados, e muitas vezes, para que as pessoas vejam em nós pessoas sensíveis e diligentes, que fazem as coisas certas a tempo, exageramos no personagem de vítima. Mas se é exagero, é falso, e se é falso é mentira, a mentira nunca protege, não em médio e longo prazo, um dia ela é revelada e a verdade sobre nós é revelada. Por que queremos nos mostrar como vítimas, nos proteger numa mentira, encenar uma farsa, mesmo que nos debilite numa área? 
      Para impedir que as pessoas saibam a verdade sobre nós em outra área, que somos agressores, nos torturarmos por culpas inventadas pode ser melhor que assumirmos a dor de culpas reais. A vítima, mesmo errada, está fragilizada e o frágil precisa de ajuda, de compreensão, não de condenação, como é o caso do agressor. Tem gente que se vitimiza quando sofre um acidente e tem o carro danificado, dizendo que foi culpa sua não ter feito um seguro, quando na verdade a culpa é sua, não pelo seguro, mas por ter dirigido de maneira irresponsável, assim troca-se uma culpa por outra mais conveniente. 
      A falsa vítima nunca assume seu verdadeiro erro, mas de alguma maneira inventa uma história onde ela possa colocar a culpa em outro ou substituir um erro que a mostra como agressora por um que a fragiliza como vítima. O grande questionamento que fazemos nesta reflexão: até que ponto amamos a verdade acima de tudo? Se nada fizemos a verdade é que não precisamos nos fazer de vítimas, nem para esconder um outro erro, e se fizemos algo de errado devemos assumir isso e buscar perdão, de nós mesmos, das pessoas e de Deus, isso é resolver a vida na luz, o resto é trevas, é mentira, é culpa. 
      Judas Iscariotes sentiu culpa por seu erro, se colocou como vítima diante dos sacerdotes e tentou resolver, do seu jeito, a questão, devolvendo o dinheiro que tinha ganho pela traição. Contudo, quando sua solução equivocada, que lhe trouxe remorso mas não arrependimento real, não lhe deu paz, ele tomou a decisão derradeira que tomam os que não podem viver com uma enorme culpa, tirou a própria vida. Cuidado, dinheiro de sangue cobra um preço caro, a vida do que o ganhou, quem planta o mal, colhe a dor, quem teima na mentira, colhe a solidão, quem segue com culpa, colhe a morte. 

quinta-feira, janeiro 28, 2021

Onde está o meu coração?

      “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.Lucas 12.34

      “Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.Mateus 19.20-22

      “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.Salmos 37.25

      Onde está o nosso coração? O jovem rico respondeu a Jesus que era um bom religioso, achava que isso bastava para ter um coração que agradasse a Deus, mas Jesus tocou no ponto certo quando disse para ele vender tudo o que tinha e dar o dinheiro aos pobres. A esse questionamento o jovem rico não pôde responder, seu coração não estava em Deus, mas nas riquezas. Mas não pense que alguém precisa ser rico para amar as riquezas mais que a Deus, muitos não têm mas gostariam muito de ter, e buscam as muitas igrejas evangélicas heréticas atuais, que pregam teologia da prosperidade, justamente para serem ricos, não com estudo e trabalho, mas com fé e dízimo, enorme esse equívoco. 
      Muitas vezes não temos ideia do quanto o coração do homem está apegado ao dinheiro, e quantas coisas ele pode fazer para não abrir mão de bens e riquezas, que muitas vezes nem é para que possa usufruir de prazeres materiais, mas simplesmente para aparentar diante de outros homens poder social. Por causa disso tantos ficam amarrados na vida, pagam preços caros para manter uma aparência, acham que se mostrarem um padrão financeiro menor serão seres humanos inferiores. Assim, não querendo passar certas vergonhas, que principalmente a vida atual no Brasil, impõe, com tantas dificuldades de emprego e de se manter empresas, alguns se perdem em mentiras, e alguns, perdem até a vida. 
      Se a vida, de alguma forma, impor que você diminua teu padrão de vida, se de forma honesta você perceber que não vai conseguir manter um padrão que tinha até então ou que gostaria de ter, seja sábio, diminua os gastos, ache um jeito de pagar o que deve, faça sacrifícios e não tenha vergonha de mostrar isso à sociedade. Sim, seja discreto, Deus protege os que o temem, mesmo da vergonha, mas não coloque teu coração num personagem, numa farsa, em algo que você gostaria que as pessoas vissem em você. Seja verdadeiro, seja humilde, passe o tempo de provação e de pobreza com dignidade, aprenda com esse tempo. Deus pode elevar teu nível financeiro no futuro? Até pode, se isso for o melhor pra você. 
      Contudo, é melhor perder no material que no espiritual, é melhor achar a vida eterna que perder-se nos caminhos de morte que podem estar escondidos atrás de uma aparência de vida material mais abastada para os outros verem. Muitos, não abrindo mão da aparência de uma vida financeira mais alta, não querendo passar uma vergonha pequena, acabam perdendo tudo e sendo humilhados diante de todo o seu grupo social. Se tua vocação for ser espiritual, Deus te confrontará com perdas, não com ganhos, para que você entenda e viva aquilo que é melhor pra você. Não, você não passará necessidades, um justo nunca passa, mas dará prioridade para as virtudes interiores, não para riquezas materiais.

quarta-feira, janeiro 27, 2021

Temor do Senhor dá os limites

      “O temor do Senhor é fonte de vida, para desviar dos laços da morte.Provérbios 14.27

      O temor do Senhor é a virtude que equilibra as outras virtudes, estabelece os limites, permite que o Esprito Santo aja, e não a força humana. Acreditar, mas sem temor a Deus, é mera convicção humana, é idolatria, amar, mesmo de todo o coração, mas sem o temor do Senhor, é paixão do homem, é servidão. Acordem os que pensam que por terem grande fé, amor enorme, altruísmo diferenciado, negação extrema dos apetites carnais, têm comunhão com Deus e por isso podem ser livrados das trevas.
      Se não houver temor do Senhor tudo isso pode ser só religião, adoração a ídolos, egocentrismo, e que em algum momento da vida trará à tona seus frutos, não vitória e paz, mas vergonha e dor. Quem teme a Deus sabe até onde crer, até onde amar, até onde se sacrificar, e mesmo até onde não desfrutar dos prazeres físicos, ele tem equilíbrio e não busca honra própria, nem por ser um bom cristão, mas unicamente louvar a Deus com obediência e em verdade. Esse não crê na sua fé em Deus, mas crê em Deus. 
      Quem tem temor do Senhor tem cuidado com seu nome, e aqui vai uma exortação, cuidado com o nome que você invoca! Neste mundo, em alguns casos, é melhor não invocar o nome de Deus, é melhor até ser ateu, isso com certeza não possibilitará uma eternidade no melhor de Deus, mas evitará vergonhas aqui. Por que isso? Porque quem torna público invocar a Deus mostra aos homens que é seu seguidor, seu filho, assim, se fizer algo errado, escandalizará aquele que chama por pai, aquele a quem diz invocar. 
      Deus não disciplina os filhos do outro, mas os seus, se alguém dizendo que o invoca escandalizar os homens será disciplinado por Ele, e muitas vezes de uma forma bem dura e neste mundo, para que não entre na eternidade com “pendências”. Já o que não se compromete com Deus pode viver aqui à sua maneira, sua vergonha não será imputada a Deus nem sua honra glorificará o nome do Senhor, ele só será confrontado por suas escolhas espirituais no plano espiritual. Terrível coisa é passar pela segunda morte.
      O diabo instalado na mente e no coração humano pode ser muito astuto, se ele vê que não pode vencer o ser humano secando sua fé, esfriando seu amor, ele tenta exagerar no homem seu uso da fé e do amor, ele incentiva o homem a fazer mais, a ser mais religioso, a se sacrificar mais. Nisso o homem se devia de Deus, mesmo que possa se aproximar ainda mais da religião, da caridade, mesmo da moralidade. Só o que de fato teme a Deus terá discernimento e forças para escapar dessa armadilha, só o que teme acha limites.

terça-feira, janeiro 26, 2021

Empatia

      “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choramRomanos 12.15

      Empatia, “capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende, processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro” (Fonte Google). Se nos dizemos cristãos e não somos empáticos, precisamos rever nosso cristianismo. Somos empáticos, de verdade? Ou escondemos no coração vingança que se alegra com o sofrimento alheio e inveja que se entristece com a alegria do outro? 
      Dor que se divide, diminui, alegria que se compartilha, aumenta. Ser empático é ser irmão, igual, semelhante, é participar do Espírito Santo, é ser luz, é ser espiritual, não material, porque se vence as limitações da carne, do ego, do homem, do mundo, e experimenta-se a essência do Altíssimo, que não se limita a si mesmo, mas se compartilha e se abraça em amor. O que não se dá ao trabalho de chorar com os que choram também não se alegrará com os que se alegram, se não sente compaixão, muitos menos sentirá generosidade. Empatia verdadeira é virtude de mão dupla, dá e recebe. 
      É verdade que a realidade de muitos de nós, as maneiras violentas como fomos criados, por gente egoísta e insensível, pode nos levar a sermos frios e não empáticos, mas aquele que é selado pelo Espírito Santo, que é filho de Deus, que recebeu perdão e tem noção do quanto provou da misericórdia de Deus, é vocacionado para ser empático. Essa chamada quebrará todo gelo de mágoas do passado, e nos atrairá para sermos melhores, darmos aos homens o que recebemos de Deus. O que teme a Deus olha as pessoas diferentemente, se conhece, sabe o que precisa e quer dar isso aos outros. 
      Não endureçamos o coração, tenhamos a humildade de chorar com os que choram, e para isso pode não ser preciso muita coisa, pode bastar que estejamos perto, ouvindo e orando. Não sejamos tão egocêntricos que não consigamos nos alegrar com a felicidade do outro, ainda que não seja a nossa, a nossa virá no tempo certo se obedecermos a Deus, agradecer ao Senhor pela vitória alheia é maturidade. Se isso não é natural em nós, nos esforcemos para sermos assim, quem luta pelo outro no Senhor terá o Senhor lutando por si, o compassivo receberá compaixão, e o generoso, generosidade. 

segunda-feira, janeiro 25, 2021

Plante, plante, plante!

      Faça o bem, ainda que ninguém veja, faça de novo sem ninguém saber, faça outra vez e guarde segredo.

      Ofereça a outra face, ainda que seja para ser de novo agredido, depois abaixe a cabeça e siga em frente. 

      Tente ser justo nos negócios, mas se o arrogante insistir em levar vantagem, deixe-o levar. 

      Dê, não empreste, mas saiba dizer não, não minta, depois adore a Deus que enriquece e empobrece.

      Tua paz é um bem precioso, não a troque pela última palavra numa discussão, por vaidade alguma.

      Peça perdão às pessoas, tantas vezes quanto o Espírito mandar, não tenha medo de ser humilde.

      Esteja de pé e esperançoso, quando os demais já tiverem esquecido que Deus existe e tudo vê.

      Não se vingue, não se vingue, não queira vingança, lute pelo rebelde em amor até o último momento.

      Não se ire, pense antes de falar, trate a todos de maneira igual, com respeito e com temor a Deus.

      Está sendo disciplinado? Plante. Está sendo rebaixado? Plante. Está sendo ignorado? Plante! 

      “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6.9

domingo, janeiro 24, 2021

Até que ponto exortar?

      “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecadoHebreus 3.13

      Se somos fiéis filhos de Deus, com o selo do Espírito Santo, temos que ter sabedoria, não só em palavras, mas em atos. Nessa experiência estamos na luz e sabemos os caminhos da paz, que conduzem à vitória e à vida, assim temos que estar aptos, em amor, a ajudar os outros. Veja que essa ajuda deve ser feita com sabedoria e em amor, para não ser só um ser humano querendo obrigar outros seres humanos a viverem a vida do seu jeito, para exercer qualquer tipo de manipulação ou poder, para exaltar o homem e não a Deus. Assim, nessa disposição adequada, podemos exortar as pessoas quando sentimos que elas estão num caminho errado. Mas até que ponto isso deve ser feito? 
      Devemos exortar, com sabedoria e em amor, com palavras, inicialmente pode ser assim, desse jeito achamos uma maneira para falar mesmo com o teimoso que não quer mudar de vida nem ouvir conselhos. Mas o que precisamos entender, é que se Deus nos der um discernimento sobre o modo de viver de alguém, levar esse discernimento à pessoa pode ser uma questão muito séria, já que se a pessoa seguir errada pode colher consequências extremas, às vezes que põem em risco a própria vida da pessoa. Ninguém, que sabia como alguém podia ser livrado da morte, queira viver sabendo que não livrou alguém da morte, quando deixou de dar a esse alguém um conselho, isso é algo terrível. 
      Mas é importante saber que se alguém chega ao ponto de ter que receber intromissão externa é porque está teimando em fazer coisas erradas, assim, aconselhar alguém pode não ser algo fácil. Podemos ter que nos comprimir em amor para que a pessoa ao menos nos ouça, sentindo que estamos em cima de um muro onde qualquer alteração de humor pode nos derrubar, seja o humor de quem é exortado ou o nosso. Não, exortar é um trabalho difícil, mas necessário, principalmente quando envolve os dois assuntos mais sérios dos homens neste mundo, casamento e dinheiro. Contudo, podemos ser levados a exortar alguém para ajudá-lo, principalmente quando é um familiar próximo. 
      Eu creio que as pessoas não estão próximas a nós neste mundo por coincidência ou acaso, Deus tem um plano nisso, relacionamentos e alianças nos confrontam e nos desafiam a sermos melhores. Deus quer o crescimento espiritual, de todos, ainda que isso não se reflita em prosperidade material, dessa forma dar o devido respeito aos próximos é entender o centro do plano do Senhor para nossas vidas. Por isso não podemos ser displicentes com os problemas de certas pessoas, e se palavras não forem suficientes pode ser necessário algo mais. Isso, contudo, tem a ver com entender e obedecer a vontade de Deus, nisso teremos forças e coragem para tomar atitudes mais drásticas. 
      Recentemente minha família enfrentou a morte de alguém, com menos de cinquenta anos, a pessoa já tinha uma saúde fragilizada, mas problemas não resolvidos em outras áreas enfraqueceram seu emocional que agravaram os problemas físicos. A pessoa foi internada na tarde de uma quinta feira e no início da madrugada do sábado foi a óbito, rapidamente, isso me fez pensar sobre a seriedade de darmos conselhos de forma mais veemente, mesmo para os duros e fechados, quando isso pode ser uma questão de vida ou morte. Meus queridos, se for preciso, não tenham receio de exortar com mais dureza, mesmo pondo em risco a amizade de uma pessoa, a vida dela importa mais.
      De outras pessoas, contudo, precisamos nos manter próximos, com as portas abertas, mas com um certo cuidado, elas poderão ter em nós o único auxílio num momento complicado de suas vidas. Principalmente se forem convertidas ao evangelho e com o selo do Espírito, assim tendo capacidade espiritual para discernir as coisas, devem ser tratadas com os mistérios, não com com as revelações, deixando que elas entendam, já que se formos muito diretos poderemos afugentá-las, deixando-as ainda mais sozinhas, elas precisam ser protegidas delas mesmas. Para pessoas assim basta saberem que estamos disponíveis, necessitam de um amor resistente ao tempo e a seus duros corações.