sábado, maio 07, 2011

Escolhendo o Teclado/Piano certo para a Igreja

     O melhor instrumento é aquele que podemos pagar, essa é a grande verdade, tirar desse instrumento a melhor qualidade para a tarefa que se deve executar fica por conta da criatividade e versatilidade do instrumentista. Contudo, tentarei dar aqui algumas dicas sobre instrumentos musicais de teclas, sejam teclados, sintetizadores, órgãos, pianos, etc, que melhor servem para desempenhar as tarefas dentro da igreja.
    A primeira pergunta a se fazer é quanto tenho para investir na compra? Isso vai nos dar os limites, tanto de recursos, quantidade de timbres e outras características, quanto da qualidade desses recursos.
     A segunda pergunta a se fazer é para que eu quero o instrumento? Para louvar a Deus, ok, para tocar na igreja, correto, mas uma resposta mais objetiva pode nos ajudar a achar o instrumento mais adequado, o instrumento mais adequado é aquele que consegue dar contas de suas funções com o menor custo.  Para responder a essa pergunta, veja as opções funcionais abaixo:

    A. Acompanhar o coral de vozes.

        Geralmente para essa função os timbres de piano ou de órgão bastam.

    B. Acompanhar os hinos mais tradicionais da igreja com a congregação.

        Semelhantemente à opção A, timbres de piano ou de órgão bastam.

    C. Tocar com banda de metais, ou orquestras com madeiras, metais, cordas, etc.

        Neste caso timbres de piano ou órgão, também bastam.

   D. Tocar com uma banda, banda aqui no sentido moderno, com bateria, baixo, guitarra, etc, para execução de arranjos pop/rock, de músicas inéditas ou covers dos artistas gospel, seja na igreja ou em palcos.

       Dependendo se o instrumento de teclas é tocado sozinho ou com outros instrumentos, a necessidade de timbres pode variar entre piano e outros timbres. Recursos de acompanhamento automático e de sequencidor ou sampler, também podem ser úteis, caso o instrumento de teclas seja usado sozinho.

    E. Usar em estúdio.

      Nesse caso vale tudo, tudo pode ser usado, novos, antigos, pianos, synths, órgãos, teclados, computadores, etc...
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   Por que é importante saber para que exatamente se quer comprar um instrumento? Porque muitas igrejas adquirem instrumento caro e com recursos desnecessários para sua utilização, é claro que o contrário é mais difícil, visto que os vendedores, no geral, são especialistas, e isso ocorre em todas as áreas, em nos enfiar pela goela abaixo produtos de alto custo e que não precisamos.
   Para as funções acima relacionadas, podemos verificar a presença de alguns tipos diferentes de instrumentos de teclas, vamos a eles:

    1º Piano: vamos chamar de piano não o instrumento em si, mas a maneira como ele é tocado. Podemos tocar piano, porque necessitamos desse timbre, em um teclado ou em um sintetizador, além é claro de em um piano acústico real. É claro que um instrumento direcionado especificamente para gerar o timbre de piano, mesmo que não seja um real piano acústico, tem recursos que simulam de maneira bem próxima a execução e geração de um piano acústico de verdade. Então vamos dividir essa categoria em mais três:

    A. Piano Acústico: a vantagem desse instrumento, é que ele dura mais tempo, tem o mecanismo original de piano, necessidade de quem estuda piano erudito e está acostumado com essa técnica, e se bem conservado, a médio prazo, precisará apenas de afinações. Mas existem centenas de pianos, entre modelos e formatos diferentes. Alguns com timbres mais abertos, estridentes, outros com timbres mais fechados, alguns mais profundos, com um som mais sustentado, outros com um som mais seco, etc. Existem também formatos e tamanhos diferentes, os de armário, chamados de verticais, os de cauda, ½ cauda, ¼ de cauda, etc.

    Outra vantagem do piano acústico é que ele não precisa de retorno de áudio para o pianista e pode funcionar bem em ambientes com um número relativo de pessoas, além é claro de não necessitar de energia elétrica. Contudo, para que o som chegue a um número maior de ouvintes, principalmente se a congregação estiver cantando junto, haverá necessidade de microfonação, aí dependerá da captação e da amplificação para que o som chegue com qualidade e quantidade às pessoas.

    B. Pianos Digitais (amplificados ou não): a grande vantagem é a amplificação para o ambiente, os que já vêm com um sistema interno dão conta de levar o som para um bom grupo de pessoas, e mesmo sem precisar de amplificação auxiliar, suas saídas de áudio conduzem com facilidade e qualidade o som para a mesa, sem necessidade de microfonação. Bons pianos digitais têm timbre e teclas, 88 e com peso, que nada ficam a dever para pianos acústicos reais.

    A grande desvantagem desse instrumento é a manutenção, ele não é tão resistente, principalmente à técnica e estudo de métodos de piano acústico. Sua manutenção pode ser dificultada pelo tamanho e peso que possui. Mesmo assim, a facilidade de ser ligado a uma mesa de mixagem, com toda a qualidade de simulação de pianos reais, produz uma relação custo/benefício muito interessante.

    C. Teclados ou sintetizadores: atualmente a maioria dos teclados e sintetizadores, incluindo aqueles com acompanhamento automático, geram timbres de piano com boa qualidade. O único inconveniente que vejo na escolha desses equipamentos para uso como piano é o custo desnecessário, já que pode se comprar uma variedade de recursos dos quais a maioria não será usada.

    Mas existem atualmente no mercado sintetizadores, principalmente os presetados, sem muitos recursos de sintetização, com poucos timbres, mas com qualidade. Esses, em minha opinião, são os mais adequados para uma igreja que quer um instrumento de teclas de custo baixo e com o mínimo de recursos para as funções desejadas.

    2º Órgão Eletrônico: o conceito desse instrumento está meio diluído hoje em dia. Sim, existem órgãos atualmente, e maravilhosos, diga-se de passagem, mas antigamente eles eram mais comuns e mais puros em suas funções.

    O órgão tem um timbre próprio, que é formado pela combinação e mixagem de vários timbres, timbres esses que simulam instrumentos de sopro de madeira e de metal. Por necessitar de recursos menos sofisticados para criar seus timbres, os órgãos foram os primeiros teclados eletrônicos, a princípio deveriam simular os órgãos acústicos que funcionam com a passagem de ar por tubos que criam os timbres de instrumentos de sopro. Mesmo esses órgãos acústicos, ainda existem hoje em dia, são fabricados e usados, porém são instrumentos caros, pesados e de instalação mais complicada. Por isso os eletrônicos ficaram mais populares.

    Da igreja, os órgãos eletrônicos foram para o mundo, nas mãos de tecladistas de blues, soul, spiritual, jazz, etc, e do mundo eles voltaram às igrejas, na criação da música gospel, principalmente nas culturas de afrodescendentes norte-americanos. Os órgãos Hammond e Farfisa são conhecidos em todo o mundo.

    Além do timbre, o que caracteriza um órgão é a presença de mais de um teclado, separando mão esquerda e mão direita, além da pedaleira, para fazer os baixos, e do pedal de expressão, o que dá ao instrumento a dinâmica, visto que originalmente o instrumento não tem sensibilidade nas teclas para controlar o nível de volume. O chorus, efeito eletrônico que simula o antigo “leslie”, sistema de trêmulo que funcionava como um “ventilador” sonoro, também dá expressão ao órgão, quando muda de velocidade. O timbre de órgão se presta atualmente tanto para execução de hinos mais antigos, tradicionais, como para música evangélica popular.

   Como acontece com todos os timbres, os teclados e sintetizadores também simulam timbres de órgão de qualidade, contudo, um instrumento fabricado especificamente para produzir timbres de órgãos possui os recursos mencionados, dois teclados, pedaleira, pedal de expressão, assim como as “drawbars”, barras que misturam os vários sons de sopros para criar o som de órgão.

    3º Sintetizadores: atualmente é bem difícil identificar e definir os teclados de maneira mais purista, visto que os recursos vêm misturados em equipamentos diferentes e com uma diversidade de nomes. Mas vou chamar de sintetizador o equipamento com uma função específica e sofisticada para criação e programação de timbres. Sintetizadores profissionais são verdadeiros laboratórios de timbres, com centenas de parâmetros que permitem a manipulação dos “samples”, que é uma gravação digital de som de todas as espécies de instrumentos, tanto acústicos como eletrônicos, assim como efeitos especiais, sons da natureza, etc. A combinação desses “samples” manipulados cria os timbres.

    Bem, com todo esse poder, um sintetizador se presta para criar qualquer som, seja piano, órgão, instrumentos de orquestra, instrumentos eletrônicos (os primitivos sintetizadores analógicos), etc, etc. A questão de comprá-los para uso na igreja está relacionada com o custo, sintetizadores de verdade são caros, e o que ocorre com frequência é que dos milhares de timbres que eles geram, apenas alguns são usados pela maior parte dos tecladistas de igreja. Um sintetizador realmente profissional tem seu uso eficaz em um estúdio de gravação, onde há a necessidade de se ter a mão toda espécie de som.

    O trabalho de música autoral também pode usar sintetizadores com eficiência, já que procura timbres certos para definir seu estilo, quanto mais timbres disponíveis, mais rica será a música produzida. Atualmente os melhores sintetizadores vêm em equipamentos denominados “Workstations”, que além da síntese sofisticada têm os recursos de gravador MIDI, de áudio e de controlador MIDI, portanto, com todos esses recursos, seu custo é alto.

    (O gravador MIDI gera um playback leve para a máquina, mas que precisa de um gerador  de timbres, teclado, módulo ou computador, conectado para executar a música. O gravador de áudio, que pode ser um gravador de som convencional (e digital), gera uma gravação que apesar de ser mais pesada, independe de outros equipamentos conectados para ser reproduzida. Se a gravação for salva em MP3, por exemplo (WAVE ou outros formados compatíveis), pode ser usada em qualquer player. Sampler é um gravador de áudio também, mas para gerar um instrumento tocado pelas teclas do equipamento.)

    4º Teclados Arranjadores Automáticos: são aqueles equipamentos que geram um playback com uma harmonia criada com acordes executados na parte inferior do teclado pela mão esquerda. Como esses equipamentos vêm com um número interessante de timbres e são, em média, mais baratos que as “Workstations”, sintetizadores e pianos, são muito usados pelas igrejas.

    (Teclados arranjadores mais sofisticados, que além de reproduzir os playbacks também têm recursos de criá-los, tantos os ritmos ou estilos quanto músicas MIDI, também podem ser chamados de "Workstations" e também podem chegar a um culto bem alto. Teclados arranjadores, a princípio "brinquedos domésticos", se tornaram muito úteis nas mãos de profissionais que fazem seu trabalho somente com o teclado.)

     Contudo, em sua maioria, as igrejas não utilizam o recurso de acompanhamento automático, o que faz com que uma função seja adquirida e paga, mas não usada. Lembro mais uma vez que os sintetizadores presetados são mais indicados, portanto, se uma loja não tiver esse tipo de equipamento, procure em outra, mas não adquira recursos comprados que não serão usados, é dinheiro gasto a toa.
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    Vou descrever agora o que para mim seria o setup ideal, levando-se em conta que a igreja tenha condições de pagar estes equipamentos assim como necessidade real de tê-los:

    1º Piano Acústico: de cauda, de preferência, por possuir melhor amplificação acústica, para uso na ministração, durante a palavra, assim com para acompanhar o coral, a banda de sopros, a orquestra, ou solos e bandas para audição e não para ministração com a congregação, isso para usar o quanto possível o som acústico do instrumento, sem a necessidade forçar a amplificação através dos microfones, que já descaracteriza o som do instrumento.

    2º Piano Digital: para ministrar com a congregação cantando, nos hinos tradicionais, com a banda (guitarra, baixo, bateria, etc), onde a ligação com a mesa fica fácil e funciona bem.

     3º Órgão Eletrônico: além de poder ser usado da mesma forma que um piano acústico, também se presta para as finalidades do piano digital, já que pode ser ligado à mesa. Em especial, a execução durante a palavra, que é bastante utilizada nas igrejas afrodescendentes norte-americanas, por ser o timbre muito expressivo e emocional.

    4º Sintetizador: por gerar timbres profissionais, completa o setup do tecladista de banda, tanto para audição como para ministração com a congregação, assim como é útil em qualquer estúdio de gravação.

    5º Teclado Presetado: um equipamento de custo mais baixo, de boa portabilidade e com uma quantidade suficiente de timbres para usos gerais, em outros ambientes que não no templo, assim como para trabalhos fora da igreja.

     Seguem agora algumas dicas sobre a compra:

    • A aquisição de equipamentos de segunda mão e fora de linha deve ser feita com cuidado, esses instrumentos possuem manutenção difícil e cara, portando aja com cautela, verificando com cuidado o equipamento que está sendo comprado. Toque cada tecla, em todas as dinâmicas (do pianíssimo ao fortíssimo para testar sensibilidade da dinâmica, assim como o aftertouch, quando o equipamento tiver esse recurso), veja cada botão e slide, as conexões, etc.

    • A melhor maneira de saber se o instrumento é o adequado, depois de verificar se o preço se encaixa no orçamento, é tocar o instrumento. Se precisar de amplificação, tome cuidado, pois o que fica bom no sistema ou nos fones de ouvido da loja, pode não funcionar no templo ou no local no qual será usado.

    • Teclados eletrônicos são produtos ligados à tecnologia, enquanto guitarras ficam mais procuradas e caras conforme ficam velhas, obviamente desde que sejam bons instrumentos na fabricação, com os teclados isso não ocorre. Novos recursos estão sempre sendo lançados, isso faz com que o custo dos antigos caia. Portanto pense bem antes de investir uma grande soma de dinheiro num único equipamento, às vezes compensa comprar vários, dividindo os recursos, já que a venda de equipamentos mais simples e baratos é mais fácil, assim como é menor o valor que se perde com a desvalorização natural de usados.
   
     Bem, espero ter ajudado, se precisarem de informações mais específicas como modelos e marcas, entrem em contato, seguem links dos sites dos principais fabricantes de instrumentos musicais.
Zé Osório, blog Como o ar que respiro (reflexões cristãs diárias)
(Este material é original, está autorizada a divulgação, seja pela internet ou outros meios, mas por favor, informe a fonte.)

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