sexta-feira, junho 05, 2020

A primeira tentação de Cristo

      “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.Mateus 4.1-4

      A primeira tentação que o diabo fez a Jesus foi a mais óbvia, a que atingia sua fraqueza primordial naquele momento, a fome que Jesus com certeza devia sentir depois de ter jejuado por quarenta dias e quarenta noites. Parece simplório da parte do inimigo tentar o filho de Deus com pães, mas Jesus estava encarnado, com todas as necessidades normais de um ser humano. Antes do diabo usar tentações mais altas e profundas, de ostentação de poder, seja espiritual ou material, que poderiam por em cheque a essência do que Jesus era e iria fazer, o inimigo foi direto a uma possível fraqueza iminente de Jesus. A resposta de Cristo, contudo, foi muito além de mostrar um jeito melhor de satisfazer uma necessidade física.
      Nessa resposta Jesus revelou quem era, para que estava no mundo, qual era a qualidade de sua fidelidade a Deus, qual era a essência de seu caráter e a excelência de seu objetivo como homem. Jesus revelou o que de fato era importante para ele e o alimentava. Não vá ao deserto sem a palavra de Deus, você poderá até resistir por quarenta dias e quarenta noites em jejum, mas cairá no primeiro ataque real do diabo, e acredite, o diabo, de fato, não tenta qualquer um. Ele nem precisa, na maior parte das vezes podemos ser tentados só por nossas próprias fraquezas e concupiscências, o diabo só tenta aqueles que de fato colocam em risco grandes coisas e que verdadeiramente são separados para obras especiais. 
      Trocar a satisfação de um desejo físico, de uma necessidade do corpo, que permite um prazer passageiro, pela obediência a Deus, era um pecado que Jesus não cometeria e nunca cometeu. Mais importante que pães na fome, que satisfação egoísta, seja física, intelectual ou mesmo espiritual, é obedecer a Deus, conhecer a Deus, ouvir a Deus, nisso se aprende a palavra de Deus, o maior prazer e melhor alimento que o homem pode receber. Quem prova desse alimento não tem mais fome e pode resistir a toda tentação. Foi por isso que Jesus resistiu depois às outras tentações, ele estava bem fortalecido, bem alimentado, com a palavra de Deus, que ele buscava, conhecia e com ela se satisfazia plenamente. 
      Cuidado, o diabo conhece a fraqueza mais iminente de todos nós, e é essa que ele ataca primeiro, contudo, é a vitória sobre essa fraqueza, do jeito certo, que nos fortalece para vencer as outras tentações. Que fraqueza é essa? É diferente para cada pessoa, mas seja qual for pode ser suportada com o alimento da genuína palavra de Deus. Começando pela primeira e a cada tentação que Jesus recebia, ele respondia com a palavra de Deus, não com sabedoria humana, não com seu entendimento do que era a palavra de Deus, mas com a mais pura e poderosa palavra do altíssimo Deus. Para se usar a palavra de Deus, de forma adequada, é preciso conhecê-la, a questão final é, nós de fato conhecemos a palavra de Deus? 
      Não podemos dizer exatamente como foram as tentações de Cristo, quanto tempo duraram, após os quarenta dias e quarenta noites, período que foi só uma preparação, de negação do corpo e de fortalecimento do espírito. Pessoalmente sei que minhas maiores tentações não são rápidas, simples perguntas do mal com resposta rápidas em Deus. As tentações mais decisivas que tive me levaram a pensar seriamente em coisas importantes, me fizeram orar a Deus várias vezes, a buscar na Bíblia e na teologia entendimentos profundos sobre o universo, sobre o mundo, sobre a eternidade, sobre o diabo, sobre o homem, sobre Deus. Talvez essa seja minha experiência por ser relativa à minha chamada específica.
      Nessas experiências a única certeza que tenho é que Jesus é meu acesso exclusivo ao altíssimo, essa palavra sempre foi minha espada na luta contra a tentação do inimigo, e essa palavra nunca se enfraqueceu, nas tentações ainda mais se fortaleceu. Ainda que o diabo nos transporte para um lugar alto e tente-nos para que nos joguemos de lá dizendo que Deus nos sustentará, ainda que o tentador nos mostre as riquezas do mundo e diga que nos vai da-las se o servirmos, enfim, ainda que sejamos tentados pela loucura espiritualizada e pelo materialismo exagerado, é nosso amor à genuína palavra de Deus que nos livra. Por isso amo a Deus, ele é real, maravilhoso, o único alimento que minha alma e meu espírito necessitam. 

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