domingo, junho 07, 2020

Palavras finais aos romanos

      "Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém." Romanos 16.19-20

      Essas últimas palavras de Paulo na carta (a maioria dos estudiosos o reconhecem como autor da epístola), já que as palavras que vêm depois é de outra pessoa, pelo que entendemos Paulo podia ditar uma carta a alguém, assim o texto era dele mas escrito por outro (esse que escreveu também se manifestou no final, veja o que diz versículo 22 do mesmo capítulo, ”eu, Tércio, que esta carta escrevi, vos saúdo no Senhor”), essas palavras finais da epístola nos entregam três ensinos importantes. Eles têm a ver com o assunto que Deus tem trazido a meu coração nestes dias, reavaliação de crenças. 
      Em primeiro lugar Paulo expressa sua alegria pelos cristãos de Roma, porque eles são obedientes e essa obediência é conhecida por outros. Não basta parecer, tem que ser, quem dá testemunho é reconhecido, luz verdadeira não pode ser escondida. Contudo, em minha ótica, nunca foi tão difícil dar real testemunho de cristão como em nossos dias. Por quê? Porque o cristianismo já foi tão pregado, existem tantas igrejas, tantos cristãos, incluindo católicos, a cultura cristã já está tão enraizada na cultura (ocidental), que o evangelho acabou banalizado, tornou-se fácil parecer, ainda que não se seja.
      O apóstolo parabeniza os obedientes, mas o que é ser obediente atualmente? Depende de quem se quer obedecer, escolher obedecer a Deus, todavia, e não as religiões, pode fazer com que sejamos taxados como desviados por outros cristãos. Hereges acham hereges os que não são iguais a eles. A situação atual só comprova o que os primeiros cristãos aprenderam, que todos que seguem a Jesus padecem perseguição. Contudo, hoje em dia, os verdadeiros cristãos não são perseguidos pelo mundo, mas pelos falsos cristãos, nas igrejas, os novos coliseus, não há mais leões, mas hereges.
      Paulo ensina algo mais no texto, com aquela sabedoria que quando é profunda e eterna é simples nas palavras, “sejais sábios no bem, mas simples no mal”. Como muitos fazem exatamente o contrário, são rápidos e fáceis para o mal, mas são complicados e lerdos para o bem, e com o mal não me refiro só a buscar prazeres carnais, mas a distorcer a palavra de Deus e acreditar em mentiras, dentro de igrejas e ditas por pastores. Abro parênteses aqui para dizer que nossa crítica como cristão não deveria ser do mundo, mas de nós mesmos, mas como os púlpitos gostam de criticar o mundo. 
      O mundo é o mundo, sem Deus, jaz no maligno (I João 5.19), treva não precisa ser criticada, mas evitada, ainda que andemos nelas em luz para testemunhar do pai das luzes. Quem precisa de avaliação são as igrejas, porque elas podem mudar, devem caminhar para a luz. Contudo, quando certos púlpitos criticam o mundo desviam o foco para fora, o que faz com que muitos cristãos se achem certos só pelo fato de estarem sentados assistindo cultos dentro de igrejas e não olhem para dentro das igrejas, para si mesmos. Cristão deve verificar fé e obras da igreja, não do mundo, fecho parênteses.
      Quer uma palavra simples de Deus para seguir? “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento“ (Mateus 3.8), simples assim, e se não estamos produzindo avaliemos nossas crenças pois algo deve estar errado, ou no que cremos ou no que queremos através dessa fé. O que não podemos fazer é passar a vida cantando música em cultos, ouvindo pastores que consideramos “ungidos”, nos sentindo acusados quando não damos dízimo ou faltamos a uma programação da igreja, enfim acharmos que seguir o evangelho é ser religioso, isso é complicar a vida cristã. 
      Seguir o evangelho é seguir a Jesus, e para isso devemos ter comunhão com ele mais que com igrejas, pastores ou mesmo outros cristãos. Quem segue a simplicidade profunda e poderosa do evangelho de Cristo tem direito ao último ensino de Paulo, “o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés”. Quantos passam vidas dentro de igrejas e ainda assim oprimidos pelo mal, gente que lidera ministérios e mesmo que pastoreia rebanhos são escravos, seja por ignorância, por timidez (que leva à ignorância) ou por não querer pagar o preço (que é timidez).
      O preço não liberta, não é a causa da libertação, libertação não tem preço, é de graça, o preço é a consequência, é aquilo com o qual temos que conviver depois que escolhemos ser libertados. Qual a preço da liberdade? A verdade, conviver com ela, assumi-la diante não só do mundo mas da igreja, os que não querem assumir suas verdades e a de Deus diante dos homens permanecerão cativos, escravos de conveniências sociais, religiosas, e de vaidades. Mas os que escolhem testemunhar de Deus a qualquer preço terão vitória, sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre Satanás.
    

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