quinta-feira, junho 30, 2022

Precisamos de perdão

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      As pessoas sofrem porque não provam perdão, não provam perdão porque acham que não precisam de perdão, não acham que precisam porque acham que nada fizeram de errado, assim seguem sofrendo e se achando vítimas, não errados sem perdão. Não sejamos orgulhosos, e muitas vezes fazemos qualquer sacrifício, mesmo ser bons religiosos, para não nos mostrarmos aos outros como pessoas que erraram e que precisam de perdão. 
      Como podemos nos esconder atrás de aparências e atitudes controladas e equilibrados, quando em nossos corações há guerras, sofrimentos, por não admitirmos erros sérios que necessitam de perdão. Humildade não se evidencia no lado de fora, naquilo que as pessoas veem, ainda que muitas vezes tenhamos caras de arrogantes e não somos. Humildade existe dentro de nós, naquilo que só Deus vê e sabe quanto pode nos prejudicar se faltar. 
      Quem não for humilde um dia será desmascarado, às vezes com o corpo e a mente doentes, por ter tentado esconder por tanto tempo erros não perdoados. Precisamos de perdão, como de água e de pão, de perdão sincero e profundamente assumido, sem o orgulho de acharmos que sofrermos por um erro nos faz espiritual, que sofrer por si só paga dívidas e anula erros. Muitos cometem esse engano, querem ser mais reais que o rei.
      Recebimento de perdão tem algumas etapas claras, sim, a primeira é admitir o erro, mas não pode parar aí, alguns não saem dessa etapa. Meus queridos, o inferno nada mais é que essa etapa eternizada, há assunção do erro, mas não recebimento de perdão, porque não se é perdoado por si mesmo. Deus nos perdoa, mas só depois que nos perdoamos, perdoar-se é prova de humildade que toca o coração de Deus para que ele nos perdoe. 
      Não basta só crer no perdão de Deus, assim como não basta só se perdoar e não crer em Deus, as duas etapas têm que ser cumpridas, para então vivermos a última, seguirmos sem querer errar novamente. Não menospreze essa última etapa, fé é inútil quando não resultar em boas obras. Não tenhamos medo de pedir perdão, a Deus, a nós mesmos, mas também aos outros, façamos isso sem orgulho, Deus que tudo vê recompensa o humilde.

quarta-feira, junho 29, 2022

Esse agora sou eu

      “E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.João 8.10-11

      Ouvi o testemunho de uma mulher, sobre como ela reagiu quando chegou em casa, e se olhou no espelho, após a retirada dos dois seios por causa de câncer. Ela disse: “essa agora sou eu, terei que viver com isso de agora em diante”. Por favor, não alie alguém passar por um problema sério, principalmente um tumor que rouba da mulher algo tão importante para ela, com a experiência da mulher pega em adultério no texto bíblico inicial. 
      Usei o texto porque existe uma coisa em comum entre a mulher da passagem e a mulher do testemunho, ambos os seres humanos, iguais merecedores de nosso respeito, terão que seguir vivendo com coisas que não poderão ser mudadas. A do testemunho com uma mudança em seu corpo, a da Bíblia com um passado moral vergonhoso. O que é pior? Tudo é ruim, cada um com sua dor e com sua prova, Deus é com os humildes que nele confiam. 
      Uma dificuldade que temos para aceitar novos modos de vida, às vezes é por acharmos que o que éramos antes era melhor. Podia até ser melhor, mas só em parte, e não no principal, eu creio que mesmo perdas difíceis são necessárias para que sejamos alguém melhor, e melhor principalmente em nossos espíritos, nas virtudes morais. Não sabemos, mas talvez se seguíssemos como éramos, poderíamos ter tido vidas piores que as que temos hoje.
      Outra dificuldade é que mesmo que um modo de vida passado traga-nos vergonha hoje, lá no fundo, algumas vezes somos tentados a achar que daquele jeito éramos mais felizes. Aos que têm essa tentação, uma orientação, cuidado, se uma vergonha não bastar para nos colocar no eixo, uma segunda e pior poderá acontecer, assim, sejamos humildes e aceitemos no que chegamos como pessoas feridas, mas consoladas e vitoriosas em Deus.
      Hoje, com mais de sessenta anos, sei que existem pessoas que me conheceram há trinta anos atrás e me julgam pelo que fui, até hoje têm na mente alguém que não sou mais. Posso olhar para o espelho hoje e dizer, “esse agora sou eu e estou muito feliz com isso”. Deus usa o tempo, mas só quando persistimos praticando boas obras, não basta errar todo dia e todo dia crer no perdão, temos que parar de errar e sermos insistentemente melhores. 

terça-feira, junho 28, 2022

Não custa caro, mas dá trabalho

      “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.I Coríntios 13.3

      Minhas filhas têm vários tios, todos queridos, mas uma tia sempre mostra por elas um afeto diferenciado. Não passa aniversário, dia das crianças (ainda que não sejam mais crianças) ou natal, sem que a tia se lembre delas e lhes dê presentes, esses presentes têm uma característica. Eles não são necessariamente caros, mas são especiais, muitas vezes baseados num desejo que minhas filhas expressaram, sem qualquer segunda intenção, mas que a tia ouviu e memorizou. Depois, numa data festiva, a tia dá exatamente o presente que as meninas queriam. 
      Não, como eu disse, não precisam ser presentes caros, muitas vezes são coisinhas compradas em papelarias, mas algumas vezes são coisas que não têm em qualquer lugar. A tia com certeza reserva uma parte de um dia livre seu e procura, ela mora em São Paulo, capital, lá tem muitos lugares bacanas, mas tem que bater perna com certeza. A lição é: amar não custa caro, mas dá trabalho. Custa o que podemos gastar, nem sempre temos muito para gastar, mas com pouco podemos fazer alguém feliz se nos dermos ao trabalho. O que nos leva a esse trabalho? Amor, nada mais. 
      No final, o presente não é o objeto que se dá, seu custo, mas o que ele representa de carinho, o melhor amor é aquele que nos custa alguma coisa de tempo, de dedicação, de atenção, aliás, se dermos aos outros isso, nem importa o objeto que presentearmos. Nem precisamos gastar dinheiro, principalmente se não tivermos, mas se amamos algum sacrifício precisamos fazer, trabalho é sempre um sacrifício. Nesse caso um sacrifico de amor que fazemos com gosto, só para vermos uma pessoa feliz, sorrindo, lembrando-se de nós como alguém que a ama e sempre se lembra ela. 
      Não posso deixar de pensar num outro tipo de pessoa, que só se sente lembrado se recebe algum bem, algum dinheiro, e muitos só quando ganham muito dinheiro. Infelizmente existem pessoas assim, que só dão valor a quem lhes dá grana e também só se dão valor se derem grana aos outros, isso não é trabalho de amor, mas é tentar se vender ou comprar alguém com dinheiro, amor não se negocia. Algumas pessoas precisam saber que não precisamos do dinheiro delas, mas do respeito delas, quando se respeita também se ajuda com dinheiro, não como negócio, só como ato de amor. 

segunda-feira, junho 27, 2022

Vida e sabedoria

      “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.João 15.5-8

      Não foi nem uma, nem duas vezes que refleti aqui sobre o texto bíblico inicial, e ainda o citarei outras vezes, pela misericórdia de Deus. A sequência dos eventos encadeados no texto me chama atenção, um como efeito do outro. Só existe uma videira, assim só uma árvore com a qual podemos estar ligados para sermos bons e úteis, essa árvore é Jesus. Mas entendamos certo, não somos a árvore, a raiz, o tronco, somos os galhos. Ninguém se ache videira, nem homem, nem religião, ninguém se ache Deus, todos temos que ter a humildade de ser galhos ligados à videira verdadeira.
      Existe uma maravilhosa simbiose entre galhos e videira, estamos em Jesus e Jesus está em nós, assim, o Deus todo-poderoso se deixa compartilhar por inteiro, não como senhor e escravo, patrão e empregado, mas como amigo, e entre amigos existem cumplicidade, verdade, igualdade. Não somos iguais a Deus, mas ele compartilha seu melhor conosco, numa profunda intimidade, isso é feito através do Espírito Santo. Algo precisa existir se há essa interação, fruto, e não só um fruto, muitos frutos, naturalmente os galhos florescem e frutificam se devidamente ligados ao tronco e às raízes.
      Contudo, se a ligação é cortada, o galho seca-se, perde a vida, não dará mais flores e nem frutos, assim se desprenderá da videira e não servirá para mais nada, só lhe restará ser queimado. Fora de Jesus há juízo imediato, o juízo não espera a morte neste mundo, terrível é o fogo que queima os galhos separados da videira, e ainda que um dia tenham feito parte da videira, serão tratados como qualquer galho seco, de qualquer outra árvore. Cuidado, longe de Deus, não importa se somos ateus, de outras religiões ou mesmo que um dia tenhamos sido cristãos fiéis, longe só nos resta o fogo do juízo. 
      Mas ao galho bem conectado à videira, que está vivo, que dá flores e frutos a seu tempo, que alimenta a humanidade com doces uvas, a esse nada falta. É nesse ponto que a passagem de João revela um dos maiores mistérios da Bíblia: “se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós”. A promessa é maravilhosa, tudo o que quiserdes vos será feito, mas existem duas condições. Estar em Jesus é obedecer a ele na vida diária, em santidade e misericórdia, contudo, isso não basta, aquilo que pedirmos não pode ser qualquer coisa, usando como álibi o fato de obedecermos a Deus.
      Nem o fato de agradarmos ao Senhor nos confere direitos ilimitados, e eis algo que muitos não entendem, acham que por serem religiosos e terem fé podem ter tudo. A segunda condição é termos as palavras de Deus em nós, isso é pedirmos conforme sua vontade, mas veja que também não basta pedirmos conforme a vontade de Deus e andarmos de qualquer jeito que seremos atendidos. Muitos pedem coisas legítimas ao Senhor, coisas que Deus quer lhes dar, mas Deus não dá porque a primeira condição não foi obedecida. Tem que haver as duas coisas, prática de vida e palavra de sabedoria.
      Nessa comunhão plena e nessa satisfação completa, Deus é louvado, e entenda louvor não só como palavras de exaltação a Deus, mas como emanação da luz mais alta do Senhor no mundo. Quando obedecemos a Deus em obras, com amor e paz, e quando dialogamos com Deus de forma elevada e santa, os que estão ao nosso redor são abençoados, a glória de Deus chega a nós e é refletida nesses. Essa é a forma mais eficiente de evangelismo, é evangelismo espiritual, mais poderoso que palavras tentando convencer as pessoas. Deus se agrada muito de filhos que entendem isso.

domingo, junho 26, 2022

Faça porque é o certo a se fazer

      “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.Lucas 2.14 

      Acredito que as pessoas de bem possuem dentro delas uma voz, mais forte que qualquer coisa, que diz a elas que devem fazer certas coisas. Essas coisas são coisas muito boas, moralmente altas, é ajudar os outros sem segundas intenções, é amar com pureza, não exigindo algo em troca, é perdoar ainda que se tenha sido muito injustiçado, é dar uma segunda chance mesmo a quem nunca nos deu nem uma primeira chance. Mas essa voz também diz que devemos ser santos, que nunca devemos banalizar o pecado, principalmente os secretos e solitários, que temos que crer sem ver, confiar em Deus em todo o tempo, buscar a paz e mantê-la dentro de nós para depois a vivermos com os outros. 
      Essa voz mais forte diz que não devemos desistir de buscar a Deus e obedecê-lo, que ainda que percamos tudo e todos, Deus tem um propósito bom, que nossa esperança no Senhor não é desprezada, que nossas vidas têm utilidade e alcançarão felicidade e dignidade. Ela fala que temos que ser bons porque isso é certo, não para nos acharmos e nos postarmos melhores que os outros, mas ainda que ninguém saiba ou note, devemos ser realmente espirituais, no modelo de ser humano ensinado pelo Cristo homem. Essa voz nos faz acreditar que fazer a coisa certa é nossa vocação maior, nossa mais alta prioridade, nascemos para isso, não para a fama ou para riquezas deste mundo.
      A voz mais forte que fala dentro dos seres humanos realmente de bem leva-os a confiar num Deus forte, não porque ele pode dar-lhes vitória sobre inimigos, aliás, seres humanos de bem não têm inimigos, não no que depende deles. Essa voz nos faz buscar forças no Senhor não para humilharmos, principalmente aqueles que nos humilham, essa voz nunca pede vingança. A voz mais forte que nos fala bondosa e mansamente, ainda que clara e poderosamente, muitas vezes não entendemos. Por que tanto bem deve ser feito sem motivos, sem desejo de recompensas, sem que nós e os outros mereçam esse bem? Mas ainda assim os homens de bem obedecem essa voz, pela fé.
      Fazer o bem porque é o certo a se fazer cala todas as outras vozes dentro de nós, as vozes da vaidade, da carência, da cobrança, que querem ver neste mundo nosso ego exaltado e os outros rebaixados. Quando se faz o bem sem esperar retornos, se faz e se fica em paz, a paz maior é silenciosa, não nos deixa vazios, mas limpos, serenos para que possamos ouvir ainda mais a voz mais forte do bem, a voz do Espírito Santo. Os seres humanos de bem conseguem acalmar seus interiores para que Deus seja glorificado dentro deles, em intenção reta, em tranquilidade de alma, em mentes focadas no Deus que está nas maiores alturas, que concede o bem a homens e mulheres realmente de bem.  

sábado, junho 25, 2022

Trabalho ou missão?

      “Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho. E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa.Lucas 10.3-7

      Missão deveria ser o que podemos fazer além do que temos que fazer para ter uma existência digna, contudo, a mídia gosta de exaltar como prova de superação, quem, ainda que não ganhe o justo pelo que faz, procura fazer bem algo. Isso é muito usado com a classe de professores, parece algo inventado pelo governo para não ter que pagar com justiça esses profissionais. No início, quando se é jovem, encantado, quando se é solteiro e se mora com os pais, muitos até podem abraçar o professorado como missão, só por amor, independente da remuneração, mas com o tempo a realidade é outra. 
      As pessoas, ainda que gostem do que fazem, trabalham pelo dinheiro, para terem vidas dignas. Por que a mídia e os governos não dizem para psiquiatras que devem trabalhar como missão, não como profissão? Veja só o preço que esses profissionais cobram uma consulta, e não estou dizendo que não seja justo. Mas quem paga esses profissionais são, na maior parte das vezes, os de poder aquisitivo mais alto, não é o estado, ainda que muitos que não possam pagar necessitem e urgentemente de tratamento psiquiátrico. Conheço o assunto vida de professor de perto, como esposo de professora. 
      Temos o exemplo de uma situação oposta com a classe de pastores, infelizmente, principalmente no meio evangélico pentecostal, vemos muitos que entram numa atividade com noção da realidade que enfrentarão, que deverá ser trabalhar na área espiritual. Se em todas as áreas Deus é nosso Senhor acima de chefes humanos, muito mais como pastores temos Deus como nosso patrão e direto. Contudo, os que mais deveriam entender de missão querem profissão, e bem remunerada, não, não são todos, mas muitos, envergonhando o cristianismo, ainda que todos mereçam salários dignos. 
      Você acha que ganha uma remuneração financeira adequada? Bem, antes de responder, vou dar um crédito a você, ninguém acha isso, todos, em sã consciência, acham que deveriam ganhar mais. Não ganhamos mais por vários motivos, um deles é não merecermos, não termos formação acadêmica melhor ou nos faltar ainda experiência. Outro motivo é a injustiça do mundo, e isso é muito comum, beneficia os mais próximos aos chefes e menospreza os outros. Mas e Deus nessa história? Ele se manifesta conforme permitimos que se manifeste, de acordo com nossa chamada e consagração. 
      O texto bíblico inicial refere-se a uma situação bem específica e de um tempo antigo, não podemos tomá-lo ao pé da letra como orientação para evangelistas nos dias de hoje, mas podemos aprender com o princípio dele. A atividade dos discípulos de Jesus não lhes era exclusiva, outros mestres, e na verdade a profissão de Jesus após os trinta anos era a de professor (rabino itinerante), também enviavam alunos em períodos de estágio tendo que sobreviver de ajuda alheia. Isso não era vergonhoso, o povo da época tinha esse costume, na Índia ainda hoje religiosos sobrevivem dessa forma.
      Acredito que o princípio mais importante do texto seja: Deus sempre cuida dos seus com justiça. Eu creio assim, contudo, para ter esse privilégio deve haver chamada genuína e obediência a essa chamada. Muitos apelam para outros meios porque não foram chamados por Deus para fazer aquilo que eles se propõem a fazer. Outros, ainda que com chamada verdadeira, não obedecem a Deus, não se consagram ou tentam fazer aquém ou além daquilo que Deus lhes manda. De um jeito ou de outro haverá insatisfação no ser humano e amor ao mundo, a culpa disso não é de Deus, mas do homem.
      Algo que Deus se agrada, e até acima de outras coisas que consideramos virtudes, é honestidade, nela somos coerentes, desejamos algo, trabalhamos por isso e não temos receio de assumir isso diante de homens e do Senhor. Assim, quem almeja riqueza e fama pagará no futuro o preço por isso, mas se for honesto e buscar isso nas atividades e nos lugares adequados, até será útil nas mãos da providência para ajudar outros. Contudo, ninguém venha tentando espiritualizar a matéria ou materializar o espírito, cada coisa para seu lugar, retornos justos e vidas dignas para todos, sem hipocrisias. 
      Uma coisa precisa ser dita sobre dignidade, ela refere-se mais ao que o indivíduo pensa de si mesmo que à sua preocupação com que os outros pensam dele. É claro que é preciso lucidez, alguém se sentir digno de algo sem o ser de verdade, é insanidade, não virtude. Contudo, em Deus achamos a dignidade melhor, nos respeitamos e nos sentimos valorizados e até nobres porque confiamos em Deus, sabemos que o que precisamos de fato ele nos dá, e se não temos algumas coisas é porque elas realmente são prescindíveis. Isso não é se acomodar, é não dar ao mundo tanta importância, mas dar a Deus. 

sexta-feira, junho 24, 2022

Harmoniosa orquestra

      “O ímpio serve de resgate para o justo, e, em lugar dos retos, é entregue o infiel.” Provérbios 21.18

      É para o justo que o tolo fica de pé, já o justo está de pé para Deus. Para trabalhos duros Deus usa o duro, para trabalhos mais sensíveis, Deus usa o sensível, mas tanto o duro quanto o sensível o são por escolherem ser, não por obrigação, Deus respeita isso. Ainda que seja por um tempo, o teimoso é instrumento construtivo nas mãos de Deus, já ao obediente Deus serve. Mesmo o pecador tem propósito nos planos de Deus, ainda que um dia tenha que mudar de vida, já o justo administrará a Terra e será chamado mestre no além.
      Não se gabe o ímpio por estar de pé no mundo enquanto o justo parece humilhado, Deus é Senhor dos tempos de todos os homens e todos cumprem a vontade do Pai, não há inúteis, sequer um. O fraco o é para depender de Deus, o forte está de pé para ser instrumento de Deus na vida do fraco, ninguém ache que sua desgraça é eterna, assim como não dura para sempre neste mundo a glória do mal intencionado. O universo sempre funciona com equilíbrio e se alguém acha receber menos hoje é porque sobra para outro, nisso há providência divina.
      Ainda que Deus use a falta e a sobra para conduzir espiritualmente todos a ele, materialmente nada faltaria para alguém se outros vivessem com misericórdia, assim para esses também não sobraria para que usassem egoisticamente em vaidades. O que atenta ao pobre, Deus o enriquecerá, o que inveja o rico, Deus o punirá. O que tem e vive como se não tivesse, Deus o honrará, o que não tem e está satisfeito, Deus o exaltará. Quem olha para Deus não se perde em caos, mas acha ordem, Deus conduz todos como harmoniosa orquestra.
      Contudo, o que olha para o mundo verá miséria sem fim, abastança iníqua, homem explorando homem, o planeta sendo usado como um lixão, e ainda assim não fará sua parte e dirá, “o problema não é meu”. Sejamos parte da solução, sejamos parte mais alta de Deus, choremos pelos que choram e nos alegremos com os felizes. A responsabilidade é de todos, a injustiça não é de Deus, a vida aqui é rápida, mas o juízo duradouro para os acusadores. Deus é espírito, trabalha no interior do ser, para que esse cuide do mundo material exterior. 
      Maus governantes provocam inimigos terríveis contra as nações, sejam outras nações, seja a fome, sejam pragas, sejam enfermidades, assim, justos e injustos de uma nação podem sofrer. Contudo, na pior hora, Deus poupa o justo e entrega o injusto em seu lugar, ainda que as ruas sejam de desespero há paz dentro da casa dos que temem a Deus. Assim, não se assustem os que confiam no Senhor, Deus resgata suas almas e as almas dos seus amados, os incrédulos serão o contrapeso na justiça maior porque persistiram em tolas escolhas. 

quinta-feira, junho 23, 2022

Constância e consistência

      “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.I Coríntios 15.57-58

      Se Deus permite uma luta, e nós, percebendo-a, nos consagramos, persistimos em oração para achar a solução do problema, recebemos a vitória, mas depois voltamos ao modo de vida que tínhamos antes da luta, então a luta não alcançou seu objetivo, não o objetivo que Deus queria alcançar em nossas vidas quando permitiu a luta. A luta vem para que alcancemos uma posição espiritual nova e mais alta, e depois nos mantenhamos nessa posição, mesmo quando a luta passar, esse é o objetivo maior do Senhor. 
      Os problemas passam, mas nosso crescimento em Deus deve permanecer, é ele que nos definirá na eternidade, não as soluções de problemas neste mundo, que na maioria das vezes são só recebimento de dinheiro para pagar dívidas. Se não aprendermos isso passaremos a vida com lutas repetidas, com problemas menores, pedindo a Deus dinheiro para pagar dívidas. Enquanto isso, nosso homem interior seguirá imaturo, infantil, e nossos corpos presos às necessidades materiais e passageiras deste mundo. 
      Sabe quando você acabou de orar por um problema sério, e ainda que a solução não tenha se manifestado no plano físico, no teu coração você já sentiu que recebeu resposta? Nesse momento você se sente bem, cheio de fé, não é? Pois bem, mesmo depois que a solução se manifestar Deus quer que você continue com essa disposição, e que a partir daí viva constantemente com ela, mesmo que não esteja com um grande problema para resolver. Se uma nova luta vier, que seja para você aprender algo diferente.
      A vontade maior de Deus para nós é que tenhamos vidas consistentes na excelência, subindo um degrau e nos mantendo nele, para depois subirmos mais um e nesse ficarmos. Infelizmente, muitos de nós subimos três degraus e depois descemos dois, subimos mais um, e descemos mais dois, ou então, subimos um e descemos um, nunca crescendo e mantendo o crescimento. Por isso muitos de nós têm vidas entediantes e sem sentido, porque passamos a maior parte do tempo buscando aprovação para as mesmas provas. 
      Tua maior prova não acaba quando tuas necessidades básicas de sobrevivência no mundo são supridas. Muitos passam um bom tempo buscando emprego e casamento, quando conseguem isso acham que conquistaram o mais importante e que seus problemas acabaram, enganam-se. Quando você tiver essas coisas é que tua prova maior começa, o que pode parecer o fim é só o início. Deus tem muito mais para nos dar, e isso está na área moral, não na material, tua maior prova é para ser virtuoso, não próspero no mundo. 

quarta-feira, junho 22, 2022

“Pai, perdoe-me a simplicidade”

      “Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: O meu prazer está nela, e à tua terra: A casada; porque o Senhor se agrada de ti, e a tua terra se casará.” Isaías 62.4

      “Oh pai, me perdoe se estou sendo ingênuo, mas eu creio em ti. Deus, perdoe-me se o Senhor é bem mais que a simplicidade do meu cristianismo me ensinou, se não é só um pai amoroso que sempre me ouve, sempre me perdoa e sempre me abençoa, perdoe-me se meus louvores não são suficientes para te engrandecer. Perdoe-me Deus, se o Senhor é uma forma de energia superior, cuja sofisticação a ciência só poderá comprovar a existência no futuro, perdoe-em se o que te toca são as minhas vibrações, a minha energia, as frequências que de alguma forma meu cérebro produz.
      Ainda que haja tanta simplicidade em minha fé, ela é sincera, e como ela tem achado o Senhor, tantas vezes, por tantos e tantos anos. Perdoe Senhor minha ignorância, minha espiritualidade limitada, mas para mim tem bastado te buscar em nome de Jesus, para que minha alma seja inundada de paz, uma paz que não entendo de onde vem, e que não mereço, mas que é real. Perdoe-me minha surdez e minha cegueira, ainda que me venha à mente imagens de seres iluminados com asas quando sinto tua presença, e quando me sinto oprimido e oro percebo seres encolhidos e negros fugindo de mim.
      Sim, meu Senhor, a simplicidade do cristianismo do mundo me trouxe até aqui, não foi nenhum conhecimento mágico complicado, nem sistemas cabalísticos repletos de hierarquias e protocolos, foi a comunhão poderosa do teu Santo Espírito que me curou e me ensinou. Por isso, Senhor, amo as palavras de Jesus, amo o sermão da montanha, amo a ótica antropomórfica de Salmos e de Provérbios sobre os teus livramentos. Amo a Bíblia! Ela tem alimentado minha alma por muito tempo, sempre viva, sempre nova, sempre água limpa e fresca pelos desertos que este mundo me leva. 
      Talvez, um instante depois que meu corpo físico parar de funcionar e que de meu espírito ter sido retirado o véu da matéria, do espaço e do tempo, enfim, eu descubra que há muito mais que o que tenho crido pelo cristianismo do mundo. Mas será que fará diferença, diante de tudo o que experimentei de ti? No Espírito Santo e por Jesus vivo virtudes, amor, paz, desprendimento de vaidades, misericórdia para com todos, santidade verdadeira que permanece, tenho sido tão feliz assim, ingênuo, simples, o Senhor tem sido tão real? Perdoe-me se não mereço, se não sei te amar, mas te amo.”

terça-feira, junho 21, 2022

Não tome mal alheio para você

      “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.I João 4.18

      Podemos avaliar e constatar erros, mas não é sábio levarmos a crítica para o lado pessoal, nem quando avaliamos o diabo. Quando uma crítica se torna indisposição pessoal, não é mais o possível problema do outro que está sendo levantado, mas é com certeza um problema nosso. Quando isso ocorre paramos de avaliar à distância e trazemos para perto, distância é imprescindível para não sermos influenciados pelo objeto avaliado ou influenciarmos o objeto. Nem o diabo, com tudo que representa no cristianismo, pai da mentira, príncipe das trevas, criador e mantenedor do mal, nem ele merece ódio pessoal. Quem gasta energia odiando o diabo ou a quem quer que seja, terá falta de energia para amar a Deus e aos homens.
      Tenho visto isso muito na mídia que se coloca contra o atual presidente do Brasil, ainda que esse camarada seja fácil de ser criticado, visto que se torna criticável o tempo todo e pelos motivos mais toscos, alguns grupos de comunicação tornaram essa crítica ódio pessoal. Quando isso ocorre sempre há exageros e parcialismos. Mas em se tratando da mídia, quando isso ocorre há perda de profissionalismo, assim vemos, por exemplo, os âncoras do Jornal Nacional, parecendo garotos em brigas de colégio, numa situação de pandemia onde seriedade é mais que necessária. Se alguém é digno de crítica, é digno de distanciamento, mas muitos não percebem que ódio aproxima tanto quanto o amor, é quase “invejinha” não assumida. 
      Mas iniciei esta reflexão falando do “tinhoso”, esse conhecido que na verdade é desconhecido, nem ele merece nosso ódio. Primeiro porque é um ser espiritual com funções bem específicas dadas por Deus, e ainda que a maioria dos cristãos pense saber quem é, creiam, não sabe. Assim, por ser mistério, mais ainda merece respeito, quem respeita não teme. O texto bíblico inicial fala algo parecido, quem ama não teme, bem, não estou dizendo que temos que amar o diabo, não, o que ele representa deve ser mantido bem longe de nós. Mas respeitar é parecido com amar em alguns aspectos, quem ama respeita, seja como for, quem respeita não teme, nós respeitamos o diabo, não o tememos, não o odiamos, e muito menos o invejamos. 

segunda-feira, junho 20, 2022

Ensine a pensar

      “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Filipenses 2.5-8

      Quando dizemos às pessoas que o que estamos falando é uma verdade, principalmente na área espiritual, colocamos as pessoas que discordam de nós, não contra nós, mas contra uma verdade. Isso até pode ser verdade, mas não é elegante, e pode até ser insano, já que nos colocamos como divinos e os outros contra algo divino. Será que Deus, que conhece toda a verdade, aprova isso? Jesus homem agiria assim? Isso tem alguma utilidade prática para mudar para melhor as pessoas? Ou na verdade essa postura é só arrogante insegurança, nos exalta, humilha os outros e afasta todos de Deus?
      Tenhamos certeza de nossas dúvidas, isso não é fraqueza, saibamos questionar, mas não tenhamos vaidade pelas nossas certezas, saibamos calar as respostas. O que não tem medo de revelar suas incertezas se mostra homem, igual, mas o que não lança na cara dos outros suas certezas, se mostra humilde, espiritual. A verdade mais alta se expressa em obras e virtudes de paciência, misericórdia e santidade, ela não leva os homens a exaltarem o ego humano, mas só a Deus. O sábio não diz, “isso é assim”, antes ele diz, “será que isso não seria assim?”. O jeito sábio não soa mais educado? 
      As pessoas não são convencidas pelos raciocínios dos outros, mas pelos seus, assim é melhor ensiná-las a pensar que a aceitarem cegamente pensamentos de outros. Se ensina mais fazendo boas perguntas que dando boas respostas, que cada um raciocine e chegue às próprias conclusões. É assim que o Espírito Santo age com os seres humanos, diferente de como as religiões agem. Quando buscamos a Deus com todo o coração, o Senhor nos conduz à verdade maior com paciência, passo a passo, nos fazendo perguntas e iluminando as coisas para que achemos por nós mesmos as respostas.

domingo, junho 19, 2022

Deus não nos abandona

      “Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte.Salmos 48.14

      Inconstantes são nossos pensamentos, ontem tínhamos certeza, hoje não temos mais, somos reféns de nossas emoções, jogados de um lado para outro, como folhas secas ao vento. O vento nem precisa ser forte, o problema nem precisa ser grande, a oposição nem precisa ser real, basta que imaginemos algo diferente para perdermos a esperança. Quando vamos confiar em Deus, pensemos o que pensemos, sintamos o que sintamos? 
      Importa é nos guardarmos, nossas línguas de amaldiçoarem, nossas mãos de agredirem, nossos pés de correrem para as sombras. Permaneçamos na luz, em amor, em santidade e pela fé, e se nos faltar alegria, visto que nossos humanos corações não vivem sem alegria, busquemos a Deus, com simplicidade. Ele fará chover sobre nós sua palavra de paz e seremos renovados, os que buscam a Deus sempre, sempre o encontram. 
      Deus não nos abandona, nunca, confiemos nisso, ainda que abandonemos a nós mesmos, que os outros nos abandonem. Não podemos é sermos ociosos na oração, displicentes na fé, irresponsáveis com nossa vigilância moral. O dia passa, a noite chega, outro dia nasce, outra noite chega, quem se prende ao tempo só enxerga a morte, porque a vida neste mundo é vazia, mas quem eleva o espírito acha água, pão e é saciado. 
      Quando o espírito sofre não importa estar o estômago cheio, o castelo mais fortificado não protege a alma com culpa e com medo, se o futuro é incerto nenhuma alegria passada serve de confiança. Mas ainda que os olhos não vejam, creiamos, ainda que os pés estejam sangrando, creiamos, ainda que as mãos não tenham mais forças para segurar, creiamos. Os que creem com corações limpos serão honrados pelo Senhor. 
      Deus surpreende com boas notícias os que nele esperam, Deus surpreende com provisões escondidas os que nele esperam, Deus surpreende com livramentos extraordinários os que nele esperam. Então, teremos motivos para dizer, Deus é real, é misericordioso, tem o universo em suas mãos e nada nega aos que nele creem. Se tua fé acabou, creia mesmo assim, sem sentir, sem saber, com humildade confiando de todo o teu ser. 

sábado, junho 18, 2022

Deus te toma pela mão

      “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.” Salmos 37.23-24

      Como saber se nossas vidas estão agradando a Deus? Como saber se nossas escolhas estão de acordo com a melhor vontade de Deus para nós? De diversas maneiras, as primeiras são as mais óbvias, quando obedecemos a Deus não prejudicamos nem a nós mesmos, nem aos outros. Isso não significa que não desagradamos alguns por obedecermos ao Senhor, mas de forma prática e objetiva, obedecer a Deus faz bem a nós e a nossos próximos. Na obediência a Deus você poderá ser fiel às tuas alianças, a teu casamento, se for casado, à tua profissão, aos ensinamentos de teus pais no que for possível, e por último, e se for ainda mais possível, às orientações de teu pastor e de tua religião. 
      Isso tudo não é regra fechada, há exceções que devem ser avaliadas na presença de Deus, em santidade, humildade e amor. Algo, contudo, é certo, quando estamos conforme a vontade de Deus estamos perto dele e somos guiados por ele. Quem agrada a Deus não anda em trevas, não é confundido, nem fica sem saber para onde deve ir, não para sempre. Sim, Deus pode orientar que esperemos e que nos dirá o que fazer mais à frente, e isso pode até demorar um pouco, mas quem espera em Deus o faz em paz e com clareza, não em confusão, e faz porque Deus o conduziu de perto a isso. O malfeitor, todavia, não tem o Senhor perto, nem é guiado por ele, o malfeitor está pela própria conta (Jó 8.20b).
      Não temos dificuldades para saber quando estamos fazendo algo errado, e nessa situação os demônios nem precisam nos oprimir, é quando estamos em concordância com a vontade de Deus que eles tentam nos amarrar com mentiras. Só se tenta derrubar quem está de pé. Assim, ter o Senhor perto, sentindo sua mão segurando a nossa, não significa estarmos numa situação fácil. Um turbilhão de coisas pode nos deixar perdidos, culpas, medos, paixões, ansiedades, tudo isso sem que estejamos em pecado ou desobedecendo ao Senhor, podem ser só demônios nos oprimindo com mentiras. Como discernir entre verdades e mentiras, entre estar em pecado e atacado pelo mal? Orando mais que o habitual. 
      Quando estamos conquistando um terreno novo sob ordem de Deus, muitos se levantarão contra nós, novas posições, principalmente espirituais, exigirão de nós mais consagração e vigilância. Deus sempre está conosco, mas em situações especiais temos que ter muita segurança disso, já que a opressão pode aumentar. Contudo, ainda que demônios achem que estão fazendo isso para nos enfraquecer, não estão, na verdade estão sendo usados por Deus para que nos fortaleçamos mais. Nossa força está em sabermos que Deus nos vê como homens bons, se deleita em nós e confirma nossos passos, cada passo que damos Deus põe um marco, informando ao mundo espiritual que aquele território é nosso. 
      Isso não nos impede, pelo livre arbítrio, de termos alguma queda, mas humildes e sob ordem de Deus ele nos levanta imediatamente, assim, não percamos tempo com o pecado, confessemo-lo e sigamos. Não entenda essa conquista como ser mais rico ou famoso no mundo, nem como nada megalomaníaco em termos espirituais. Pode até ser algo grande, mas o mais certo é que seja amadurecimento de alguma virtude, que você até então tinha dificuldade para exercer, como fé, paciência, amor, misericórdia, santidade. Estamos neste mundo para isso, para evoluirmos moralmente, conforme o exemplo do Cristo homem, para isso Deus sempre nos conduz de perto e pela sua poderosa mão. 

sexta-feira, junho 17, 2022

Tribulação que vem e que fica

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.16-18

      Muitas vezes até aceitamos certas tribulações e queremos fazer o que for preciso para as superarmos, mas fazemos isso para que elas sejam anuladas e nunca mais precisemos sofre-las. Não é bem assim, não com tudo, muitas tribulações não vêm para passar, vêm para ficar, são situações ou mesmo pessoas que teremos que conviver sempre, até o final de nossas passagens por este mundo. Por que é assim? Deus sabe, a nós compete identificar esse tipo de tribulação, aceitar e descobrir como vivermos em paz apesar delas. Nisso pode estar não só a superação de um problema externo, mas de um limite interno, nos levando a amadurecer espiritualmente. 
      O que queremos nessa vida, superar dores para termos prazeres, ou conhecermos os misteriosos, eternos e iluminados caminhos da luz espiritual mais alta? Jesus viveu, talvez por toda sua existência como homem, sabendo que sua grande tribulação não seria resolvida, por nada que ele fizesse. Ele até tentou em sua oração no Getsêmani, mas seu pedido não foi atendido, teve que seguir até o fim com a certeza de uma morte cruel e solitária. Isso não o tornou um homem amargo e descrente em sua trajetória, ao contrário, mais vencedor, feliz e espiritual. As perguntas feitas são: qual nosso maior objetivo como seres humanos, onde colocamos nossos olhos? 
      Penso em pais que têm ou que pegam para criar filhos com graves problemas de saúde, cadeirantes, deficientes intelectuais, eis dificuldades que serão para sempre. Confesso que não sei se teria forças para administrar situações assim, mas muitos administram, com amor e esperança, e são seres humanos até melhores que eu, que tenho tempo para usufruir coisas que eles não podem. Muitos procuram igrejas cristãs para conseguirem se livrar de tribulações que vêm para ficar, outros brigam com Deus por causa de problemas assim. A solução é pararmos de brigar com coisas que não podemos resolver, aceitá-las e conviver com elas com serenidade.
      Peso eterno de glória mui excelente por atentar nas coisas que não se vêem, isso é avaliar nossa existência no mundo com objetivos espirituais, tendo os olhos na eternidade, eis a maneira de termos paz com tribulações que vêm e que ficam. Jesus entendeu isso, Paulo aprendeu isso, seres humanos realmente espirituais vivem isso, não, os mais espirituais não são os que têm fé para anularem certos problemas, mas para seguirem com eles em paz. O preço da espiritualidade é sofrimento na carne, não tem outro jeito, não um sofrimento forçado ou artificial, como muitos religiosos tentam se infringir, mas aquele que faz morrer o egoísmo e a vaidade. 
      Para isso você não precisa necessariamente ser pobre, mas precisa ser caridoso, não precisa ser recluso, mas ser humilde, não precisa ser ignorante, mas sábio. Ser espiritual não é não ter, mas é poder dar com desprendimento, não é se esconder, mas estar com muitos sem querer se exaltar, não é não ter títulos, mas usar capacidades para servir os outros, não a si mesmo. Por que Deus permite tribulações que ficam? Para aprendermos que elas não têm tanta importância, não nos definem nem nos limitam, somos definidos pelas virtudes morais e limitados somente pela vontade de Deus, e ainda que nosso homem exterior se corrompa, o interior se renova