domingo, agosto 17, 2014

Unção (parte 6 de 8)

V. A brancura das vestes

Algo que completa a aparência espiritual do ungido de Deus, que orna e realça a simbologia do óleo santo, são as vestes brancas, vamos refletir um pouco sobre alguns aspectos dessa simbologia. Em primeiro lugar, veja que lindo é o texto de Eclesiastes 9.7-8:

Vai e come com alegria o teu pão e bebe o teu vinho com coração contente; pois há muito tempo Deus se agradou do que tu fazes. Sejam as tuas vestes sempre bem cuidadas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.”.

Veste brancas aparecem em Mateus 17.1-3, que experiência tiveram os três apóstolos com Jesus, única em toda a Bíblia, em nenhum outro lugar mortos reaparecem a vivos:

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão deste, e os levou em particular a um alto monte; e foi transfigurado diante deles. O seu rosto resplandeceu como o sol, e suas roupas tornaram-se brancas como a luz. Então apareceram diante deles Moisés e Elias, falando com ele.”

(Esse texto não nos autoriza a criar uma doutrina, a Bíblia tem que ser entendida como um todo para se saber a vontade geral de Deus. Por outro lado, Deus é Deus e pode fazer o que quer, quando quer, ele, e mais ninguém pode criar regras e usar exceções. Todavia, Moisés e Elias são dois casos interessantes na Bíblia, o local do sepultamente de Moisés é um mistério, veja em Deuteronômio 34.5-7, Elias, por sua vez, foi levado por um redemoinho ao céu, veja II Reis 2.1-11. Enoque, veja Gênesis 5.24, é outro exemplo de homem que parece ter sido arrebatado por Deus ainda em vida, bem, são mistérios, no céu saberemos o que realmente acontece e porquê).
Voltando ao texto da transfiguração, a glória do Altíssimo deixou as aparências brancas. Quem já teve experiências espirituais com demônios sabe que eles são o contrário disso, mais negros que a noite. É uma escuridão diferente, medonha, sem forma definida, e que fogem sob uma palavra de autoridade do filho de Deus que a possui pelo sangue de Jesus. Aqueles que estão na unção são o oposto disso, são luz, e como tais amam e praticam as obras da luz.
Vestes sujas não se adquire apenas andando em adultério e deixando-se escravizar por vícios da carne. Rancor, inveja, orgulho, ira, tudo o que nos coloca numa disposição de rebeldia, de caluniadores e de reclamadores, promotores do lado negativo e ruim das coisas e das pessoas, incrédulos para o bem, tudo isso é andar em trevas, é estar com as vestes imundas. O ungido tem uma boa consciência e um coração fácil para amar, perdoar, esperar, isso é sinal de roupas espirituais brancas. A carta à igreja de Sardes em Apocalipse 3.1-6, contudo, nos exorta sobre as vestes brancas e a vigilância:

Escreve ao anjo da igreja em Sardes: Assim diz aquele que tem os sete espíritos de Deus e as estrelas: Conheço tuas obras, tens fama de estar vivo, mas estás morto. Fica alerta e fortalece o que ainda resta e estava para morrer; porque não tenho achado tuas obras perfeitas diante do meu Deus. Portanto, lembra-te daquilo que tens recebido e ouvido, obedece e arrepende-te. Pois se não estiveres alerta, virei como um ladrão, e tu não saberás a que hora virei contra ti.
Mas em Sardes também tens algumas pessoas que não contaminaram suas vestes; elas andarão comigo, vestidas de branco, pois são dignas. Assim, o vencedor será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei seu nome do livro da vida, mas, pelo contrário, reconhecerei seu nome diante de meu Pai e diante de seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”.

A frase “tens fama de estar vivo, mas estás morto” nos exorta sobre uma espécie de falso avivamento, de hipocrisia, sobre aparentar uma coisa, contudo, ser outra. Ela aparece no mesmo texto que honra aqueles que estão com vestes brancas, não os sepulcros caiados dos fariseus, mas as roupas espirituais limpas no sangue do Cordeiro. O ungido tem essas vestes, não são somente suas palavras que são pentecostais, sua aparência, seus costumes, mas seu coração:

"Então me invocareis e vireis orar a mim, e eu vos ouvirei. Vós me buscareis e me encontrareis, quando me buscardes de todo o coração. Eu me deixarei ser encontrado por vós, diz o SENHOR, e mudarei o vosso destino. Eu vos reunirei dentre todas as nações e de todos os lugares para onde vos dispersei, diz o SENHOR; e vos trarei de volta para o lugar de onde vos exilei." (Jeremias 29.12-14).


Santificação é um processo constante, não como obseção, mas como adoração, como fidelidade, daquele que deseja estar limpo para estar mais perto do pai. Não apenas dentro do templo, não apenas durante os cultos, não apenas junto dos irmãos, mas sempre. O ungido está sempre com as roupas prontas para uma festa, que festa é essa? As bodas do cordeiro, o encontro que terá com Jesus, caso morra, ou caso seja arrebatado, bem esse é o nosso próximo assunto.

sábado, agosto 16, 2014

Unção (parte 5 de 8)

IV. O mover do vento impetuoso

Agora não falaremos apenas de simbologias, mas de uma impressão real que as pessoas tiveram depois que provaram um derramar poderoso da unção de Deus. Não que o sacerdote ungido com óleo santo e Moisés não tivessem recebido unção de Deus, mas era temporária. Em Atos 2.1-6, a primeira experiência que o homem teve com uma presença do Espírito Santo permanente começou com o sentir de um forte vento:

Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E apareceram umas línguas como de fogo, distribuídas entre eles, e sobre cada um pousou uma. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Estavam em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Quando o som foi ouvido, a multidão se aglomerou. E todos ficaram confusos, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua.”

Um vento impetuoso, significativo para a inauguração do ministério da igreja, onde a vontade de Deus não seria experimentada mais por uma nação física, Israel, mas por todo o mundo. O evangelho é assim, um vento tempestuoso que não pode ser contido por falsos profetas, manipuladores de conveniências, e nem entendido pelos sábios desse mundo. Um vento que sopra por todas as direções com liberdade e que torna acessível a salvação a todos.
Se os israelitas podiam se considerar donos da velha aliança, proprietários exclusivos de um pacto que os privilegiava da presença de Deus, isso não pode acontecer mais com o evangelho. Ninguém, nenhum homem, igreja ou religião, é dono do evangelho, assim como ninguém é proprietário exclusivo da unção de Deus, ela pode ser experimentada por todos os salvos em Cristo, ricos, pobres, eruditos, analfabetos, brancos, negros, amarelos, pastores e ovelhas.
Um vento impetuoso, define a manifestação da unção do Senhor para o mundo, a partir de Atos, forte, livre e viva, em movimento, como deve ser a obra de Deus que tem sua unção. Ao contrário disso, quantas vezes os cristãos têm engessado a manifestação de Deus, com racionalismos, com religiosidades, e não me refiro só aos chamados crentes tradicionais, os pentecostais também tentam limitar as manifestações do Espírito Santo, para poder ter controle. Mas a unção do Espírito Santo representa justamente o contrário disso, representa liberdade, leiamos II Coríntios 3.13-18:

E não somos como Moisés, que colocava um véu sobre o rosto, para que os israelitas não fixassem os olhos no restante da glória que se dissipava. Mas a mente deles tornou-se insensível. Pois até hoje, quando ouvem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece e não lhes é retirado, pois somente em Cristo ele é removido.
Sim, até hoje, sempre que Moisés é lido, há um véu sobre o coração deles. Contudo, quando um deles se converte ao Senhor, o véu é retirado. O Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, que vem do Espírito do Senhor.”

Esse vento do Espírito Santo é que deve nos dirigir, como dirigiu os apóstolos e outros discípulos quando fundaram a Igreja de Cristo, e não qualquer outra intenção, já que ele nos dirige para cumprir a vontade de Deus e não de homens:

- às vezes sabemos para onde: “Assim, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.” (Atos 13.4);

- às vezes para não fazer nada: “Atravessaram a região frígio-gálata, mas foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.” (Atos 16.6);

- e outras vezes ainda para um mistério, para algo que não sabemos onde vai dar, e que poderá dar mesmo em algo perigoso para nós: “Agora, impelido pelo Espírito, vou para Jerusalém, sem saber o que acontecerá ali, senão o que o Espírito Santo me garante, de cidade em cidade, dizendo que prisões e tribulações me esperam.” (Atos 20.22-23).


Avivamento é movido assim, por um vento impetuoso que vem do alto, algo que vai muito além das forças humanas, algo que inclina, que impulsiona, para a salvação, cura e consolo do homem. 

sexta-feira, agosto 15, 2014

Unção (parte 4 de 8)


III. As águas vivas que fluem do interior

Agora sairemos das simbologias do Antigo Testamento, e da experiência temporária que as pessoas tinham com a unção do Espírito Santo, passaremos aos relatos do Novo Testamento. Contudo, Jesus também utiliza símbolos, e o primeiro deles parece usar um elemento oposto ao fogo de Moisés: a água. Vamos ler dois textos do evangelho de João, primeiro no capítulo 4, versos 7 ao 15:

Então veio uma samaritana tirar água. E Jesus lhe disse: Dá-me um pouco de água. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, então, a mulher samaritana: Como tu, um judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? Pois os judeus não se davam bem com os samaritanos.
Jesus lhe respondeu: Se conhecesses o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me um pouco de água, tu lhe pedirias e ele te daria água viva. E a mulher lhe disse: Senhor, tu não tens com que tirar a água, e o poço é fundo; onde, pois, tens essa água viva? Por acaso és maior que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como também seus filhos e seu gado?
Jesus respondeu: Quem beber desta água voltará a ter sede; mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. E a mulher lhe disse: Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirá-la.”.

Agora no capítulo 7, versos 37 ao 39: “No último dia da festa, o dia mais importante, Jesus se colocou em pé e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim.
Ele disse isso referindo-se ao Espírito que os que nele cressem haveriam de receber; porque o Espírito ainda não havia sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado.”.

O nosso assunto é unção de Deus, algo especial. Não, a Bíblia não diz somente que Jesus mata a maior de nossas sedes, a sede espiritual, que preenche o grande vazio que todos os homens carregam dentro de si. Não, Cristo nos dá muito mais que isso, através da presença de seu Espírito Santo. Rios de água viva fluem do interior daquele que se satisfaz totalmente em Deus, isso é condição de ungido, daquele que tem não somente para si, mas para os outros. Unção é águas vivas: o que são águas vivas?
Numa mina de água, a água brota do interior da terra, sim, depois ela pode ser represada, naturalmente, e formar riachos e rios. Mas em sua origem ela é viva, se movimenta e tem a pureza da natureza, potável ou não. O que busca a unção de Deus deve buscá-la na fonte, depois pode até compartilhá-la com os outros, mas o ideal é recebê-la em primeira mão diretamente de Deus. Esse é um privilégio não somente dos pastores, pregadores, profetas, cantores, ou levitas, mas de todo crente.
Quantas vezes nos sentimos secos, estorricados, como o chão de terra e areia de um deserto. Nesse tipo de terreno nada nasce e nada sobrevive, ministérios, relacionamentos, alegria e esperança morrem. Não é essa a vontade de Deus para seus filhos, seu plano é que sejamos terras férteis, onde rios de águas vivas brotem. Nesse terreno a vida abundante de Deus se desenvolve com liberdade e com qualidade.
Agora, no Novo Testamento, a unção não é mais algo transitório, um simples reflexo de Deus no homem, mas a presença real de Deus no ser humano, através do Espírito Santo. Isso só é possível através de Jesus, tomando-se posse pela fé da salvação que ele oferece e que nos coloca de novo em santidade, portanto, viáveis para ter plena comunhão com Deus.
Contudo, como já dissemos, o vaso humano é limitado, e o é assim por providência divina. A água do Espírito Santo, por mais excelente que seja, acaba rapidamente, ela também não pode ser estocada, isso nos lembra uma outra figura usada no Velho Testamento para alimento providencial de Deus: o maná. Ele não podia ser consumido depois de um tempo, salvo a exceção do sábado, ele tinha que ser consumido rapidamente, senão apodrecia.

Assim, Deus nos ensina a ser dependentes dele durante todo o tempo, se fosse diferente, com certeza nós, rebeldes como somos, estocaríamos e nunca mais pediríamos a ele a providência. Unção fresca, água viva, o maná dos céus, isso não é opção, é necessidade para quem quer se manter espiritualmente avivado.

quinta-feira, agosto 14, 2014

Unção (parte 3 de 8)

Um termo muito usado na Bíblia para se referir à unção, é óleo santo, vamos estudar um pouco sobre ele.

Então pegarás o óleo da unção e o ungirás, derramando-o sobre a cabeça.” (Êxodo 29.7).

A palavra “unção” em hebraico (“mishah” ou “moshah”) é usada para indicar um dom consagratório, uma porção sacerdotal. Quando utilizada com referência à unção, a palavra sempre é usada para modificar o termo azeite de oliva. Por vezes a expressão é ainda qualificada pela adição de outras palavras modificadoras como santo ou o próprio nome de Deus. O azeite da unção, o óleo santo ou o óleo de Deus, era feito a partir de uma combinação de azeite de oliva (azeitona) e especiarias (ervas aromáticas e condimentais), conforme Êxodo 30.22-33:

O SENHOR disse a Moisés: Reúne as principais especiarias: quinhentos siclos da mais pura mirra, e a metade disso, duzentos e cinquenta siclos, de canela aromática e de cálamo aromático, quinhentos siclos de cássia, segundo o siclo do santuário, e um him de azeite de oliva. Farás com eles um óleo sagrado para as unções, perfume composto segundo a arte de perfumista. Este será o óleo sagrado para as unções.
Ungirás com ele a tenda da revelação, a arca do testemunho, a mesa com todos os seus utensílios, o candelabro com os seus utensílios, o altar de incenso, o altar do holocausto com todos os seus utensílios e a pia com a sua base. Assim santificarás essas coisas para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.
Também ungirás Arão e seus filhos, e os santificarás para me servirem como sacerdotes. E falarás aos israelitas: Este será para mim o óleo sagrado para as unções, através de todas as vossas gerações.
Não será usado para ungir o corpo de outro homem; nem fareis outro, de composição semelhante. Ele é sagrado, e será sagrado para vós. Quem vier a compor um óleo como este, ou com ele ungir um homem comum, será eliminado do seu povo.

Vejamos cada um dos cinco elementos com os quais se fabricava o óleo santo:

1 mirra: goma, resina aromática;
2 canela: cinamomo odoroso, um tipo de canela;  
3 cálamo: raiz aromática de uma espécie de caniço dos pântanos;  
4 cássia: árvore com flores amarelas que dá vagens cujas sementes são medicinais e perfumadas;
5 azeite: óleo extraído da azeitona.

O vocábulo também identificava a porção dos sacrifícios apresentados a Deus pelo povo a ser dada aos sacerdotes. Leia desde o versículo 28 para melhor entendimento, seguem o 35 e o 36 de Levítico 7:

Esta é a porção sagrada das ofertas queimadas do SENHOR reservada a Arão e seus filhos, desde o dia em que foram apresentados para servirem ao SENHOR como sacerdotes; no dia em que os ungiu, o SENHOR ordenou que os israelitas lhes entregassem essa porção, que é deles para sempre, através de suas gerações.”.

Eu penso que toda a criação, a natureza, a flora, a fauna, assim como o corpo do homem, depois de purificado pelo sangue de Cristo, são simbologias do mundo espiritual, do céu onde Deus habita e onde habitarão os salvos. Se Deus usou milhares de anos, ou somente uma semana de sete dias de vinte e quatro horas para criar o universo material, de um jeito ou de outro, ele o fez à sua imagem, a partir de sua natureza espiritual, não somente o homem, mas tudo. Não, não somos mais alguns no universo, somos obras muito especiais do Altíssimo, ninguém é igual a nós. Portanto, podemos aprender muito sobre a unção espiritual que seria derramada sobre os servos de Deus através do Espírito Santo, entendendo os elementos que eram usados para produzir o óleo santo que ungia o templo, seus objetos e os sacerdotes da antiga aliança.

A unção espiritual era legitimada, nos tempos do Antigo Testamento, pelo derramar de um óleo especial, feito de maneira específica e exclusivo para esse fim, sobre a cabeça do sacerdote. Por que era óleo de oliva perfumado, e não outro elemento? Com certeza o uso desse tipo de essência perfumada já deveria ser utilizado por outros povos e para outras finalidades, certamente para marcar algo diferenciado. Não acontece a mesma coisa conosco, atualmente, quando nos preparando para uma ocasião especial, depois de nos assearmos devidamente e pormos uma roupa melhor, usarmos um bom perfume que nos diferencie no meio aos outros? Mas com os sacerdotes isso era mais que especial, era único, raro, exclusivo, já que desempenhavam a função de levar diante de Deus a penitência e a adoração de toda uma nação.

O livro Cântico dos Cânticos, que narra o romance de uma mulher para com seu amado, nos dá a mais poética das comparações entre a Igreja e Cristo. Jesus, o sacerdote eterno tem o melhor cheiro, sua voz, seu olhar, sua presença deixa uma fragrância maravilhosa na alma daqueles que o buscam com santidade:

Capítulo 1, verso 3: “Suave é a fragrância dos teus perfumes; teu nome é como o perfume que se derrama. Por isso, as jovens te amam.”. Capitulo 3, verso 6: “O que vem subindo do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de incenso e de todo tipo de aromas das especiarias dos mercadores?”.

Afável, acessível e agradável, no cheiro e no toque, assim era o óleo perfumado, o óleo da unção, assim deveria ser o sacerdote ungido, assim é Jesus, o sumo sacerdote, “Rei Ungido”, tradução da palavra messias, vocábulo aramaico (“mashíach”), um dos títulos dados a Cristo (vocábulo com a mesma tradução do grego (“khristós”):

André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar e seguiram Jesus. O primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão; e disse-lhe: Achamos o Messias (que significa Cristo). E o levou a Jesus. Este fixou nele o olhar e disse: Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas (que significa Pedro).” (João 1.40-42).

O sacerdote recebia uma unção especial de óleo santo, lembro-me agora de nossos pastores, nossos sacerdotes atuais. Quantas vezes eles são desrespeitados, menosprezados, quando isso é feito, a unção de Deus que eles possuem também é tratada de modo leviano. Pecar contra pastores ungidos e legítimos é pecar contra o Espírito Santo, é pecar contra Deus.
Contudo, o Novo Testamento vai além, todos os convertidos são chamados de sacerdotes reais em I Pedro 2.9:

Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.”.

Não são todos que recebem a unção de Deus, no Velho Testamento eram somente os sacerdotes. Contudo, o nova e eterna aliança em Cristo nos ensina que todos os salvos são sacerdotes, indiferentemente das chamadas ministeriais, dos dons, das aptidões e funções que possuem dentro de uma igreja local. Usamos o termo levita para identificar aqueles que têm cargos especiais dentro da igreja, contudo, no rigor doutrinário bíblico, atualmente, no reino de Deus estabelecido por Jesus, todos os salvos são levitas, portanto todos somos sacerdotes e todos  temos direito à unção.
Muitas vezes é mais fácil compreender uma coisa não pela sua composição, mas pelas consequências que tal coisa provoca. O óleo deixava aquilo que era ungido com um cheiro bom e diferente, assim como com uma aparência brilhante. Tudo isso nos remete à santidade, cheiro bom e aparência repleta de brilho só tem aquele que se lava, que está limpo. Eis aí a primeira, e talvez principal, consequência daquele que tem unção: ele está santo.
Todavia o óleo nos exorta sobre uma outra característica da unção: exclusividade. Já que somente os salvos podem ser ungidos, essa é a característica é fundamental para o salvo que deseja ser usado por Deus de maneira eficaz. Criaturas de Deus, religiosos, pessoas comuns ou celebridades, podem ter outra coisa, mas não é unção, não a unção de Deus. Mesmo convertidos, se não buscarem e quiserem também não serão ungidos, mesmo possuindo os talentos humanos mais maravilhosos do mundo.
Nós devemos ter cuidado para não sermos enganados pelos ungidos falsos. Como saber se alguém está ungido por Deus? Já respondemos essa pergunta: em primeiro lugar porque nele há santidade, há a limpeza, o bom perfume, o brilho daquele que recebe a unção genuína de Altíssimo. Em segundo lugar por nele há poder de Deus atuando e dando frutos, falaremos sobre a seguir.

Fica aqui, contudo, um alerta: a unção não poderia ser feita com outro óleo e muito menos o óleo santo poderia ser usado para outro fim. Precisamos sentir no fundo de nossas almas o temor de Deus para respeitar essa unção: servir no templo sem ela, falsificá-la ou usá-la para fins diferentes, representava risco de vida.

quarta-feira, agosto 13, 2014

Unção (parte 2 de 8)

II. O perfume que vem do óleo

Vários produtos eram utilizados para unção com óleo na Bíblia. Antes de falarmos sobre a unção espiritual, vamos ver alguns aspectos citados na Bíblia sobre a unção feita com óleo (esse texto, especificamente, sobre óleo físico, foi retirado do site “Luz para o caminho” da Convenção Batista Brasileira, escrito por Walter Andrade Campelo, link: http://www.luz.eti.br/es_uncaocomoleo-parte1.html)

1. Azeite: o azeite de oliva simboliza uma vida útil e vibrante, sendo símbolo de regozijo, saúde e de qualificações de uma pessoa para o serviço do Senhor: "Porém tu exaltarás o meu poder, como o do boi selvagem. Serei ungido com óleo fresco." (Salmo 92:10 ACF)

2. Ungüento: gordura misturada com perfumes especiais que lhe davam características muito desejáveis. Era utilizado para ungir os pés dos hóspedes, simbolizando a alegria pela chegada daquele hóspede, e desejando-lhe boas vindas: "E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo." (João 11:2 ACF). Também como era utilizado no cuidado pessoal com o corpo, pois, é um excelente hidratante: "Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. (3) Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas." (Daniel 10:2-3 ACF). "Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber." (Rute 3:3 ACF)

3. Óleos curativos: o óleo tem poderes curativos, permitindo amolecer feridas e purificá-las. O óleo quando misturado a certas ervas, pode proporcionar medicamentos poderosos para vários males. Não é de surpreender que os médicos em Israel tivessem desde tempos antigos conhecimento destas ervas e da forma de utilizá-las no processo curativo de doentes. "Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo." (Isaías 1:6 ACF). "E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;" (Lucas 10:34 ACF)

4. Ungüento fúnebre: este ungüento era utilizado na preparação do corpo para o sepultamento, como parte de um processo de embalsamamento: "Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento." (Mateus 26:12 ACF). "E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento." (Lucas 23:55-56 ACF).

Esses diversos tipos de óleos podiam ser aplicados em lugares diversos para finalidades diversas:

1. Na cabeça: o derramamento de óleo sobre a cabeça de um homem indicava que este homem havia sido separado para uma determinada tarefa a serviço do Senhor. "Então tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o SENHOR por capitão sobre a sua herança?" (I Samuel 10:1 ACF). "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda." (Salmo 23:5 ACF). "Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça." (Eclesiastes 9:8 ACF).

2. Na cabeça com efeitos cosméticos: "Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça." (Eclesiastes 9:8 ACF).

3. No rosto: a unção do óleo no rosto tinha como objetivo a hidratação, e a proteção contra as forças da natureza: "E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem." (Salmo 104:15 ACF).

4. Nos pés: como já foi dito, este ato estava normalmente relacionado com uma recepção digna e alegre de um hóspede bem-vindo: "E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento." (Lucas 7:38 ACF).

5. Sobre as feridas: neste caso o óleo é utilizado como medicamento, sendo que através de suas propriedades curativas próprias, ou em combinação com ervas ou outros produtos era deitado sobre as feridas. Há muitos relatos deste tipo de procedimento na literatura talmúdica1, e alguns na própria Bíblia Sagrada, os quais já foram anteriormente citados. "Volta, e dize a Ezequias, capitão do meu povo: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que eu te sararei; ao terceiro dia subirás à casa do SENHOR. E acrescentarei aos teus dias quinze anos, e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e ampararei esta cidade por amor de mim, e por amor de Davi, meu servo. Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga; e ele sarou." (II Reis 20:5-7 ACF).


terça-feira, agosto 12, 2014

Unção (parte 1 de 8)

Compartilharei a partir de hoje, um estudo bíblico em oito partes, sobre unção (a parte final será postada dia 19/08/14). Não, a proposta não é esgotar o assunto, e o texto é mais uma reflexão sobre várias simbologias que a Bíblia cita sobre presença do Espírito Santo, do que um estudo mais técnico sobre o tema. Seja como for, espero que ele abençoe a sua vida.

          Introdução
I.       O brilho que vem do fogo
II.      O perfume que vem do óleo
III.     As águas vivas que fluem do interior
IV.     O mover do vento impetuoso
V.      A brancura das vestes
VI.     As virgens e as lâmpadas com azeite
          Conclusão

____________________________________________________   


Introdução

A palavra unção está em moda. Nos dias de hoje costumamos dizemos bastante que esse pregador, ou este cantor, é bom, ele tem unção, aquele outro é legal, mas não sinto unção quando ele fala ou canta. O que entra na área do sentimento, de ser constatado porque se sente, é subjetivo e relativo, abstrato e pessoal, e sendo assim, difícil de ser definido e não pode ser generalizado, o que um sente difere do que o outro sente. Pode ser uma coisa para uma pessoa, e outra coisa para outra, é variável.
Em se tratando de pregação, o estilo, a profundidade intelectual, ou não, as informações citadas, e mesmo a maneira como ela é falada, o tom, a altura da voz, a fisionomia, o estilo do pregador, podem agradar a um e desagradar a outro. Portanto, dizer que alguém tem unção, baseando-se nesses parâmetros, pode não ser justo, nem verdadeiro. Com a música então, que captura com muito mais capacitação os sentimentos humanos, com sua estética melódica e harmônica, com seus ritmos, muito mais do que com suas letras, essa subjetividade é bem mais forte.
Mas o que é unção? Não podemos negar que muitos artistas e outros profissionais do mundo, tem um tipo de carisma, que prende a atenção, apaixona, seduz, convence, eles tem uma espécie de “unção”, podemos dizer, uma “unção do mundo”. John F. Kennedy tinha um carisma muito forte e tocava a todos com seus discursos, Adolf Hitler também tinha, levou uma nação a pensar que podia conquistar o mundo, os Beatles tinham, Roberto Carlos tem, o ex-presidente Lula tem. Contudo, o carisma é apenas o brilho da maçã, não é a maçã, o seu conteúdo. Carisma e unção são conceitos que se confundem (carisma é palavra de origem grega e significa dom, quem tem carisma portanto é alguém que recebeu um dom especial e não merecido, de acordo com seu uso no Novo Testamento).
Por outro lado, muitos nos púlpitos, palcos, estúdios, produzindo pregações e canções para o público evangélico, também podem usar essa falsa unção, ao invés da verdadeira, e ainda assim tocar de maneira impactante os corações das pessoas.
Vamos refletir, com base na Bíblia, sobre esse assunto: unção, o que é, de onde vem, para onde vai e para que serve, obviamente, estaremos falando também do Espírito Santo, a pessoa da trindade que derrama a verdadeira unção sobre os homens. Quero me ater às figuras que as Sagradas Escrituras usam quando se referindo à unção, metáforas do mais dos poetas, Deus.

I. O brilho que vem do fogo

O primeiro sinal de que um homem tinha uma unção especial, registrado na Bíblia, foi o de Moisés quando desceu do monte Sinai, após ter tido um encontro com Deus. Ele já tinha tido um encontro, mesmo que em parte, no episódio da sarça ardente no monte Horebe, antes de começar a caminhar com Israel pelo deserto, vejamos essas passagens:

Êxodo 3.1-6: “Moisés estava cuidando do rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã, e levou o rebanho para o lado oposto do deserto, chegando ao Horebe, o monte de Deus. E o anjo do SENHOR apareceu-lhe em uma chama de fogo numa sarça. Moisés olhou e viu que a sarça estava em chamas, mas não se consumia. Então disse: Vou me aproximar para ver essa coisa espantosa. Por que a sarça não se consome?
E, vendo o SENHOR que ele se aproximava para ver, chamou-o do meio da sarça: Moisés, Moisés! E ele respondeu: Estou aqui. E Deus prosseguiu: Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos pés, pois o lugar em que estás é terra santa. E disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés escondeu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.”.

Um fogo que queima, mas não consome, porque não é um fogo físico, mas espiritual, a primeira constatação de Moisés. Depois ele insistiu que queria ver a face de Deus, mas o viu somente pelas costas, isso já no monte Sinai, conduzindo o povo pelo deserto:

Êxodo 33.18-23: “Moisés disse ainda: Rogo-te que me mostres tua glória. E o SENHOR lhe respondeu: Farei passar toda a minha bondade diante de ti e te proclamarei o meu nome, o SENHOR; e terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e me compadecerei de quem eu quiser me compadecer.
E disse mais: Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum pode ver a minha face e viver. O SENHOR prosseguiu: Aqui está um lugar próximo de mim; ficarás aqui, sobre a rocha. Quando a minha glória passar, eu te colocarei numa fenda da rocha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu tenha passado. Depois, quando eu tirar a mão, verás as minhas costas; mas não se verá a minha face.”.

Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia”, muito forte isso, muitos não podem entender e nem aceitar isso. Aí reside alguma injustiça de Deus? Quer dizer que mesmo que alguém queira, isso não basta, Deus tem que querer também? É isso, mas quando Deus quer é porque olhou o coração do homem e viu nele verdade, contudo, não ache o homem que pode alguma coisa pelos seus méritos. Finalmente, quando Moisés desceu do monte Sinai, o fogo da presença de Deus resplandecia em seu rosto:

Quando desceu do monte Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, por ter Deus falado com ele. E quando Arão e todos os israelitas olharam para Moisés e viram que a pele do seu rosto resplandecia, tiveram medo de aproximar-se dele.
Então Moisés os chamou, e Arão e todos os líderes da comunidade foram até ele; e Moisés falou com eles. Depois chegaram também todos os israelitas, e ele lhes comunicou tudo o que o SENHOR lhe dissera no monte Sinai. Assim que acabou de falar com eles, Moisés cobriu o rosto com um véu.
Mas, quando ia à presença do SENHOR para falar com ele, Moisés tirava o véu até sair; quando saía, dizia aos israelitas o que lhe havia sido ordenado. Assim, os israelitas viam o rosto de Moisés com a pele resplandecente; e ele recolocava o véu sobre o rosto até entrar outra vez para falar com Deus.” (Êxodo 34.29-35).

Na minha interpretação, Moisés cobria o rosto não para esconder o brilho, mas para que o povo não a visse se esvair, já que o vaso humano é limitado demais para conter eternamente o fogo de Deus, pelo menos enquanto nesse mundo.
O ungido de Deus brilha, um brilho que vai muito além do físico, do material, um brilho espiritual, um brilho remanescente de um encontro íntimo com o fogo da santidade de Deus, um brilho que incomoda os pecadores, os que precisam ser limpos para poderem ver a face do Senhor. O ungido de Deus brilha porque está santificado pela presença de Deus.
Já tivemos uma experiência assim, de encontrar Deus de uma forma, que o brilho de sua santidade ficasse estampado em nós de forma que as pessoas percebessem com seus olhos essa unção?


segunda-feira, agosto 11, 2014

Achará Deus alguém que se coloque na brecha?

        "Os profetas lhes têm feito reboco com argamassa fraca, com visões falsas e adivinhações mentirosas, dizendo: Assim diz o Senhor Deus, sem que o Senhor tenha falado. O povo da terra tem agido com opressão, roubando e fazendo violência ao pobre e ao necessitado, e tem oprimido injustamente o estrangeiro. Busquei entre eles um homem que levantasse o muro e se pusesse na brecha diante de mim por esta terra, para que eu não a destruísse, mas não achei ninguém. Por isso, derramei minha indignação sobre eles; eu os consumi com o fogo do meu furor; fiz com que seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus." Ezequiel 22.28-31

      Não espere pelos outros, coloque-se você na brecha, contudo, para se colocar na brecha, a brecha precisa ser antes admitida, identificada, se olharmos para o muro quebrado e acharmos que está certo do jeito que está, a brecha nunca será protegida.

domingo, agosto 10, 2014

Não troque uma obsessão por outra

Se não tivermos libertação real, passaremos a vida trocando uma obsessão por outra, mesmo que chamemos uma obsessão de vício e outra de religião. Obsessão sempre gera extremismos e o extremismo não está no que se crê, mas em quem crê. Uma experiência real com o Deus verdadeiro é a única coisa que pode nos dar libertação e nessa libertação existe equilíbrio, só o equilíbrio pode gerar paz.
Temos paz quando sabemos conviver com a realidade, mesmo que crendo num Deus que pode mudar a realidade, mesmo que não seja interessante que ele mude toda a realidade. Aceitar esse limite, não do poder de Deus, mas do quanto é interessante para ele agir com esse poder, é entender que algumas fraquezas e conflitos são mantidos justamente para que dependamos mais de Deus.
O obsessivo, em sua arrogância, não entende isso, busca uma disposição de super-homem tentando viver num clímax espiritual o tempo todo. Mas essa utopia só será possível na eternidade, neste mundo ser espiritual é justamente conviver em harmonia com a humanidade carnal presente em todos nós, o tempo todo, nessa ótica experimentamos humildade, e somente humildes temos equilíbrio, paz e libertação de qualquer espécie de obsessão.

sábado, agosto 09, 2014

Falta de liderança é o pior castigo

"Dentre outras pragas, Deus considerou a maior os regentes maus e incapazes, com as quais ameaça em Isaías 3.1-4:

"Agora, o Senhor, o Senhor dos Exércitos, está tirando de Jerusalém e de Judá o sustento e o auxílio, toda a provisão de pão e de água; o valente e o soldado, o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião; o capitão de cinquenta e o nobre, o conselheiro, o hábil artífice e o perito em encantamentos; e eu lhes darei meninos por príncipes, e crianças os governarão.".

Quatro pragas Deus mencionou na Escritura em Ezequiel 14.13: a primeira e menor, também escolhida por Davi, é a peste; a segunda é a carestia, a terceira é a guerra; e a quarta são toda sorte de bestas terríveis, como leões, lobos, serpentes, dragões, isto é, maus regentes. Com efeito, onde os houver, os país se arruinará, não só no corpo e em bens materiais, como nas outras pragas, mas também no que tange à honra, à disciplina, à virtude e à bem-aventurança das almas. Pois a peste e a carestia criam pessoas piedosas e ricas, a guerra e o governo perverso, porém, aniquilam tudo que tange aos bens temporais e eternos." 

Martinho Lutero - OS 2,155

sexta-feira, agosto 08, 2014

"Irmãos", sim, amigos, não?

Constatação "agridoce": tenho amigos "não cristãos" que nunca me desapontam como amigos, mas é incoerente que certos "cristãos", que se colocam acima do bem e do mal, nos desapontem como amigos, algo que pra esses está abaixo do status de "irmãos".
A verdade é que só saberemos quem são nossos "irmãos espirituais" na eternidade. Amigos, contudo, podem ser experimentados aqui e agora, esses têm a coragem de dizer que não concordam com a gente mesmo em coisas espirituais, mas também têm a pronta elegância de falar que nos amam.
Jesus tinha discípulos, tinha apóstolos, tinha irmãos, mas acima de tudo tinha amigos, é assim que vejo o evangelho, talvez eu seja carente ou inseguro, mas confesso que preciso e muito de amigos verdadeiros, contudo, como é difícil achar isso em algumas igrejas. 

quinta-feira, agosto 07, 2014

Mais que tudo: um pai

O desejo natural que todas as pessoas têm pelas coisas espirituais, que nos leva a ter imaginação, a criar e viajar na ficção, assim como buscar explicações metafísicas para vida, na natureza e no universo, é algo que só pode ser suprido com um relacionamento verdadeiro e completo com Deus. Por que então as pessoas preferem ciência, filosofia, esoterismos e astrologia?
Porque esses caminhos parecem saciar esse desejo de uma forma impessoal, com relação a Deus, é como querer conhecer a casa da pessoa enquanto a pessoa não está em casa. Mas isso não é e não pode ser algo legítimo, honesto, já que entrar na casa de alguém com esse alguém ausente, é crime, roubo, invasão de domicílio. Ocorre também que os lugares mais íntimos dessa casa estão trancados à chave, só o dono pode abrir.
Contudo, as pessoas preferem esse caminho justamente porque é impessoal, já que a identidade e a vontade de Deus, que podem revelar todos os mistérios sobre tudo, só podem ser conhecidos com um relacionamento íntimo com Deus. Isso não é somente um conhecimento intelectual, a experiência espiritual verdadeira não é assim, ela implica em comunhão moral e afetiva, ela muda antes o espírito, depois o coração, para então se comunicar com a mente.
Não se pode conhecer a Deus e o mundo espiritual sem se envolver de maneira mais profunda com ele. Não se pode simplesmente pagar por aulas particulares e avulsas de Deus, tem que se deixar ser adotado por ele e permitir que ele seja mais que professor, um pai.
Podem ter certeza, ladrões de mistérios, em seus crimes, vocês têm uma visão limitada e distorcida, daquilo que é a verdade sobre a existência, só em Deus existe alimento para a fome espiritual que todo ser humano tem. Mas para isso o orgulho, a arrogância, o egoísmo, a auto suficiência, têm que ser vencidos, para que Deus se torne não somente um guru, um mestre, um guia, ou uma energia superior que seja, mas um pai, pessoal, íntimo e absolutamente próximo: morando dentro do coração do homem.

quarta-feira, agosto 06, 2014

Equívocos sobre o cristianismo

        Você não precisa ser perfeito para ser cristão, "santo", no sentido utópico, para seguir a Jesus, na verdade a ideia que a maioria das pessoas faz de perfeição e santidade é um marketing contrário que os inimigos do cristianismo criaram justamente para afastar as pessoas normais, comuns, limitadas e fracas, como eu, da sabedoria e da paz que existe no evangelho genuíno. Mas com certeza todos os que seguem a Cristo querem ser santos e perfeitos.

terça-feira, agosto 05, 2014

Não existe amor no medo

No amor não há medo, pelo contrário, o perfeito amor elimina o medo, pois o medo implica castigo, e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.” (I João 4.18).

O orgulhoso se acha forte, mas na verdade é um covarde, cheio de medo, no medo as pessoas não são amadas, mas usadas, contudo, quando elas se afastam, resta ao orgulhoso o desprezo de um coração frio que só quer achar outras pessoas para poder usar.
Se nós não nos livrarmos do medo, curando-nos de nossas culpas, inseguranças e vaidades, nunca poderemos amar de verdade, nossa relação com as pessoas sempre será egoísta e carnal, nunca provaremos o amor de Jesus, o fruto máximo de quem realmente tem a presença de Deus em sua vida.

segunda-feira, agosto 04, 2014

João, o discípulo amado

        "Perto de Jesus estava sentado um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava. Então, Simão Pedro fez-lhe sinal, pedindo: Pergunta-lhe de quem ele está falando. Esse discípulo, inclinando-se para Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?João 13.23-25

        Três características daquele que sabe que Jesus o ama:

        1ª Tem consciência disso por isso fica perto, "aconchegado" com Jesus.
     
        2ª É reconhecido pelos outros, mas não se auto-promove por causa disso.

        3ª Sabe levar suas indagações a Jesus porque tem intimidade com ele.

(Palavra do meu culto de domingo).