domingo, agosto 22, 2021

Eleva-nos, ilumina-nos, vivifica-nos

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.Salmos 9.9

      A comunhão espiritual com Deus pelo caminho do Espírito Santo até a porta para as regiões celestiais mais elevadas em Cristo, coloca nosso espírito numa posição de proteção e conhecimento, ao mesmo tempo que consola nossos sentimentos e pensamentos, tendo como efeito final a cura de nosso corpo físico. Vamos entender melhor isso. Apesar de muitos céticos, materialistas e ateus não admitirem, a prioridade é o espírito, não o corpo, espírito bem cuidado abençoa todo o resto de nosso ser, mente, emoções e corpo. Nosso espírito só atinge sua melhor forma estando em comunhão com Deus, de Deus saímos, nele vivemos e para ele retornaremos, a matéria é uma ilusória passagem, curta e fugaz, que não deveria ter prioridade sobre o espírito. 
      Comunhão com Deus não podemos estabelecer sozinhos, mas com a ferramenta que o próprio Deus nos dá, o Espírito Santo. Esse é o caminho até o Altíssimo: emanado por Deus conduzindo a vontade do Senhor para nós homens, ecoado em nós contemplando nossas intenções e adoração, e retornado a Deus levando nossas necessidades, questionamentos e agradecimentos. O Espírito Santo alcança o Altíssimo através de uma porta, Jesus, o filho primogênito do Senhor, ser espiritual único para o planeta Terra, enviado aos homens com uma missão singular e existindo na eternidade com uma função exclusiva. O Espírito Santo é o caminho espiritual que acha na porta, Jesus, as virtudes e as riquezas mais altas do criador e Senhor do universo. 
      Quando a comunhão com Deus é perfeita, e ela pode ser pelo Espírito Santo em Jesus, todo o nosso ser percebe, há paz em nossas mentes, alegria em nossos sentimentos, refrigério para nossos corpos, Deus nos cura por inteiros. Mas é mais que isso, se nossos corpos ainda estão presos ao mundo físico, nossos espíritos podem alcançar as regiões mais elevadas e nessas regiões há proteção e conhecimento. A luz de Deus é poder, chama que não queima, luz invisível que protege mesmo as coisas visíveis, santidade que afugenta todos que não amam a pureza moral. Basta a luz de Deus ser emanada para que “demônios” saiam correndo, assim quem se coloca em oração nas regiões celestiais mais altas, tem o reflexo do espiritual mais elevado no físico. 
      A mesma luz que exige santidade compartilha conhecimento, e conhecimento de Deus não é só informação passiva para saciar curiosidade, é vida, é a palavra, é o verbo, criando, renovando, libertando, fortalecendo. Pobres os que limitam conhecimento divino a entendimento intelectual da Bíblia, isso é bom, mas é apenas o vaso, o conteúdo é o óleo, que vai além de mente e coração, é espiritual. É sobre isso que Hebreus 4.12 se refere quando diz: “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Essa palavra é mais que letra morta, é o vivo Espírito Santo. 

sábado, agosto 21, 2021

Deus é luz

      “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.I João 1.5

      O assunto no qual refletiremos a seguir pode ser um pouco difícil de ser entendido, é verdade que ele fala de conceitos que bem ou não tão bem compreendidos não fazem muita diferença nas vidas práticas da maioria dos cristãos, Deus valoriza mais a intenção que o conhecimento. O “Como o ar que respiro”, contudo, é espaço para fazer pensar, mas que o que será compartilhado não escandalize e nem confunda ninguém, não abramos mãos da fé em Deus que nos trouxe em vitória até onde chegamos. Contudo, que tenhamos calma e tempo para reavaliar e quiçá crescer um pouco mais no conhecimento espiritual da luz, “faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.11-12).

      Deus é luz! Entenda luz não como claridade que facilita visibilidade, usando referência de luz física, isso por si só não representa ou exige qualidade moral já que no mundo pecados são cometidos com o Sol a pino e mesmo dentro de ambientes bem iluminados. A luz espiritual divina está relacionada com santidade, verdade e autoridade, ela pede limpeza moral, revela a mentira e tem poder afugentando aquilo que se opõe a Deus. Deus está em todos os lugares e tem poder sobre tudo, mas na sua misericórdia ele permite que os seres exerçam livre arbítrio e se afastem, não dele, mas do melhor dele. Crer de outro jeito limitaria Deus, ou nos levaria a entender que Deus age diferentemente com as pessoas, Deus é equânime sempre! 
      Quem constrói diferenças e as usa para julgar e condenar os homens, é o próprio homem, não Deus, Deus ama a todos e a todos atrai para sua luz mais alta, mas quem não quiser isso terá um lugar de trevas para se esconder. Trevas acabam sendo um local de refúgio para quem já está envergonhado e não quer ser confrontado na condição de rebelde contra Deus, mas só ter a companhia de seus pares. Deus ama até demônios, diabos e outros seres e espíritos inferiores e maus, e se esses são o que são, o são por escolhas próprias, não por punição de Deus. Deus não pune ninguém, são os seres, afastando-se do melhor de Deus, que punem a si mesmos, Deus não destrói nada, mas longe de seu melhor tudo se torna corruptível. 
      Sei que muitos, baseados em textos bíblicos escritos por homens inspirados pelo Espírito Santo, mas de outros tempos, sociedades e culturas, e interpretando a Bíblia ainda sob a ótica tradicional cristã, têm dificuldades para entender o conceito “Deus é luz”. Deus não vem e expulsa o mal ao nosso redor, somos nós que vamos, nos aproximamos de Deus e saímos da região espiritual onde está o mal. Se o mal está num lugar, está com direito legítimo de estar, pois foi o próprio Deus que deu ao mal esse direito, éramos nós que estávamos no lugar espiritual errado. Quando um demônio é expulso, é o espírito do endemoniado que é elevado saindo do território espiritual do mal, o demônio permanece onde lhe é autorizado estar. 
      Entendamos que isso são conceitos espirituais e verticais, vendo o ser humano como alguém que ainda que pise o mundo material horizontal, tem um espírito que pode se elevar ao Deus espírito e altíssimo. Mas tudo bem, podemos orar da forma tradicional, pedindo que o Senhor nos proteja e expulse o diabo que nos afronta, clamando para que ele vença nossos inimigos. Deus atende essa oração, mas somos protegidos pelo simples fato de fazermos tal oração, ainda que com palavras imprecisas, pela intenção certa que há nelas nosso espírito se coloca nas regiões celestiais mais altas em Cristo. De outras maneiras também alcançamos essa posição, ainda que também com termos inexatos, como quando adoramos e cantamos louvores.
      Se há intenção correta e foco no fim certo, bastarão para nos proteger, mas na verdade não é Deus quem desce, somos nós quem subimos. Deus desceu uma vez, através da obra redentora de Jesus, que agora está lá em cima, como porta para o altíssimo, acessada por todos que buscam a Deus pelo Espírito Santo. Entender isso diferentemente pode nos levar a ver Deus como um general de exército fazendo guerras e conquistando territórios, como se estivesse no mesmo nível espiritual de seus opositores, como se fosse só uma entidade espiritual oposta a Satanás, e não é assim que é. Deus é muitíssimo superior a todos, ninguém nem chega perto dele, assim como não existe guerra espiritual, a única guerra que há é em nossas mentes
      Intenção interior é algo tão poderoso e importante que muitos, sem saberem, tocam o trono de Deus nas regiões celestiais mais altas, e outros, ainda que em igrejas cristãs e com bocas cheias de Bíblia, não passam dos tetos dos templos com suas preces. Com a intenção espiritual correta, que muitos chamam de “unção”, nem são necessárias palavras e raciocínios, pode bastar um desejo focado e forte. Orar visualizando mentalmente aquilo ou aquele que se quer abençoar, nos permite ver a luz de Deus sendo emanada, curando, libertando, protegendo e guiando, se fazemos isso na autoridade e na mobilidade do Espírito Santo. Deus é luz, e nessa luz há uma qualidade de vida que muitos nem imaginam existir. 
      Por que tantos cristãos infelizes, apoiando atualmente ideologias políticas de guerra e ódio? Porque creem mais nas trevas que na luz, e quando digo isso não estou querendo dizer que cristãos confiam no diabo, mas que inventam trevas tão empoderadas que o Deus de luz acaba ficando muito menor que é. Quem dá ao “diabo” poderes que ele não tem, constrói uma guerra que não existe e perde tempo e energia num embate inútil, mas cristão assim não pode ser feliz e ter paz, e muito menos se preparar adequadamente para a eternidade. Esses até se preparam, para um apocalipse que nunca vai acontecer, enquanto deixam de dar no mundo testemunhos de verdadeiros luzeiros espirituais do genuíno Deus de luz. 

sexta-feira, agosto 20, 2021

Engenharia, eficiência, design, conforto

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado.I Coríntios 7.20

      Vi, numa propaganda de bateria para autos, quatro características de construção de carros, aliadas a quatro construtores diferentes, achei interessante: engelharia alemã, design italiano, eficiência japonesa e conforto norte-americano. As pessoas são diferentes, as nações, suas culturas e histórias, são diferentes, assim são diferentes suas qualidades, suas capacidades, assim como suas restrições e suas fraquezas. Já os que vêm de um mesmo ambiente, com mesma formação intelectual e mesma estrutura emocional, são semelhantes, bons em certas coisas e não tão bons em outras. Viva a diversidade, viva a multiforme sabedoria de Deus que se revela em partes diferentes em pessoas diferentes, para que todos sejam úteis no todo. Vamos entender melhor essas quatro características: engenharia, eficiência, design e conforto. 
      A engenharia resolve problemas humanos criando máquinas, inventando ferramentas que antes não existiam. Os primeiros modelos de um engenho podem não ser os mais eficientes, mas cumprem suas funções, ajudam o homem a fazer algo que antes ele tinha que fazer sozinho, com sua força física ou com força animal. Os que buscam eficiência também se ocupam com a função, podem até não inventar nada, construir algo do zero, mas aperfeiçoam, tornam o que outros criaram mais eficientes, de maneira que algo desempenhe sua tarefa em menos tempo, com menos gastos, energia, combustível ou força, e ocupando menos espaço. Tanto engenheiros quanto desenvolvedores de eficiência trabalham sobre o conteúdo, querem que algo funcione, melhor e mais barato, sem se preocuparem muito com a forma.
      A forma se manifesta exteriormente e interiormente, no lado de fora é a beleza estética que os outros veem, o design, no lado de dentro é a interação do engenho com aquele que o opera e com outros passageiros, que encontram no conforto mais facilidade para usarem a ferramenta. Nem tudo que é bonito por fora é confortável por dentro, para exibir algo para os outros muitos fazem sacrifícios que mantêm em segredo. Por outro lado muitos priorizando o conforto interno relevam a aparência externa, assim quem vê pode ter uma impressão oposta da experiência de quem está dentro, pode achar que o operador sofre com um engenho ruim, enquanto esse está bem confortável. Esses são quatro critérios para avaliarmos uma ferramenta, dois sobre o conteúdo e dois sobre a forma, dois sobre a função e dois sobre a estética. 
      Um carro de corrida, de Fórmula 1, por exemplo, tem engenharia sofisticada e pode até ter um design externo elegante, mas não é eficiente para andar em ruas comuns fora de um autódromo e nem é confortável para o motorista. Por outro lado uma limusine tem confortos até exagerados para seus ocupantes e também pode ter um design luxuoso, mas não é um topo de linha em termos de engenharia de motor e muito menos é eficiente, ela tem custo bem alto para ser mantida em funcionamento. Carros europeus populares são pequenos, ágeis, adequados para as vias estreitas do velho continente, já carros norte-americanos são amplos, resistentes, não precisam ser rápidos para ganharem uma corrida, só confiáveis para se viajar com toda a família de costa a costa num país continental como os E.U.A..
      E nós, seres humanos, somos adequados para a realidade em que vivemos? Ou estamos tentando ganhar uma corrida que não fomos feitos para correr com um carro popular, ou pagar caro por um carro luxuoso quando só precisamos chegar depressa no trabalho que não nos paga o suficiente para termos um carro caro? Podemos também estar usando um Fórmula 1 para ir à padaria ou ir à cidade todos os dias com um ônibus que só leva a nós como motorista e passageiro. Saber o carro que se pode ter e saber onde se tem que ir com ele, é o segredo de uma vida eficiente e confortável, não ociosa, nem sacrificada, mas equilibrada. Auto-conhecimento é a chave para a felicidade e a utilidade, mas só nos conhecemos quando conhecemos a Deus, a jornada para conhecer a Deus é a mesma que nos leva a nos conhecermos. 
      O segredo é entender que ninguém é igual a ninguém e nem precisa ser, contudo, por querermos ser o que não somos, por usarmos como referência os homens e não Jesus, na maior parte das vezes somos inadequados para a vida que podemos viver, assim acabamos infelizes e não tão úteis. Aceitar as diferenças é aceitar o destino, e destino não é uma cela, mas o melhor caminho para chegar no lugar que precisamos chegar, que só descobrimos à medida que caminhamos. Destino não é algo que se descobre seguindo fórmulas de outros homens, sejam intelectuais, morais ou espirituais, destino se entende buscando a Deus, tendo uma profunda comunhão com ele, para depois pôr em prática no dia a dia de nossas existências no mundo. Deus sabe porque dá a cada um carros diferentes, isso não é limitação, mas oportunidade. 

quinta-feira, agosto 19, 2021

Respeite

      “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.Miqueias 7.7-9

      Não inveje o que desponta pela qualidade de seu trabalho, não guarde mágoa daquele que te tratou injustamente, não mantenha expectativas de ganhar de homem um reconhecimento. Dê a cada um a oportunidade de receber a mesma honra que você quer receber, e faça isso com o coração, generosamente. Deus ama a todos igualmente e se trata diferentemente a cada um é porque cada um precisa, para o seu próprio bem, ser tratado assim, com oportunidade diferente e em tempo diferente. 
      Aprenda com todos, ouça a todos, respeite a todos, mas trilhe seu caminho só, debaixo do pequeno facho de luz que Deus emana sobre você, ele é suficiente para que você veja o que precisa ver a cada passo que dá. Ande devagar mas continuamente, aprenda aos poucos deixando que o conhecimento se assente em teu espírito e fique lá, então, um novo facho de luz de Deus emanará, mostrando o que vem a seguir. Deus te respeita, mais que você ou os homens te respeitam, ele caminha contigo sem pressa. 
      Quantas vezes saímos correndo, achando que sabemos mais e não precisamos ter paciência para esperar quem não sabe, e fazendo isso sinceramente convictos que temos o direito de estar à frente, afinal nos esforçamos para conquistar algo. Deus não age assim, ainda que saiba de tudo, não joga verdades em nossos rostos, não se prevalece por saber mais, não sai correndo e nos obriga a ir atrás. Isso é respeito, o mesmo que temos que ter conosco e com os outros, seja na área material, intelectual ou moral. 
      Consegue respeitar quem sentiu a necessidade de respeito e o provou. Que respeito é maior que aquele que provamos do próprio criador, Deus santo e eterno? Quem sente na pele o respeito do Deus que vê o pecado, mas ainda assim nos ama e nos perdoa, dando-nos uma segunda, uma terceira chance, respeita os outros, tem paciência com os outros, ama os outros. Por isso não há condenações nem endemoniados eternos, só criaturas respeitadas por Deus com tempo para aprenderem a respeitar a si mesmas. 
      Respeite mesmo o que está em pecado, e mais ainda o que esteve e não está mais, amar é olhar as pessoas com os olhos de Deus, vendo nelas o que elas podem vir a ser. Isso não é escolha ou simples complacência, é prova da espiritualidade mais alta para a qual todos somos atraídos por Deus, e de um jeito ou de outro, um dia todos aprenderemos a respeitar a todos. Não dê vereditos finais só pelo que seus olhos veem neste mundo, Deus nos respeita pois sabe que temos tempo para melhorarmos. 

quarta-feira, agosto 18, 2021

Sem atraso ou risco

      “Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.João 11.7-10

      O homem espiritual vê o invisível, sabe onde e quando andar, pois o faz na orientação de Deus, e quando o Senhor orienta sempre há luz. Há perigo, existem opositores, há torcida contrária, existem invejosos? Sim, mas se Deus manda, faça, com humildade e cuidado, mas sem medo e com segurança. A vitória não está no ambiente, nas pessoas, na situação, no mundo visível, mas na ordem de Deus. 
      Contudo, o contrário também é verdadeiro, se Deus não mandar, ainda que tenhamos as melhores intenções e os maiores esforços, ainda que os homens nos apóiem, ainda que as situações econômica e política estejam favoráveis, estaremos em trevas. Na escuridão do noite espiritual, não há clareza intelectual ou fortaleza material que resistam, o maior perigo é espiritual, não físico. 
      Andemos enquanto há dia, pois virá uma noite maior para toda a humanidade e nela só a graça de Deus para sustentar os humildes que confiam num Deus espiritual invisível, e não no que os olhos acham ver. O invisível se torna visível para os simples, as mudanças de estações, de eras, a passagem do dia para a noite, são discerníreis aos que temem a Deus. A força não está em fazer, mas em obedecer. 
      Em sua jornada pessoal, você sabe se é dia ou se é noite? Se é amanhecer ou é entardecer? Não durma com o Sol a pino, mas também não tente trabalhar à meia-noite, pelo que conseguiu construir no tempo certo agradeça a Deus e descanse. Se não foi suficiente, ainda assim Deus cuida com misericórdia dos que se quebrantam diante dele, mas o teimoso que quer fazer fora de hora cairá e não saberá onde. 
      Na passagem de Jesus “ressuscitando” Lázaro (leia todo o capítulo onze do evangelho de João para melhor entendimento) parece que Jesus estava fazendo tudo errado, demorou para ir ver Lázaro e suas irmãs, não era um momento propício, visto que os judeus queriam seu mal, mas ainda assim ele teve calma. Seus discípulos, olhando a situação de fora, não entenderam e exortaram o mestre, cegos. 
      Contudo, quem anda na luz não se perde, não é confundido, não é pego por surpresas, por armadilhas, pela maldade do homem, e acima de tudo, quem está na luz pode pedir uma interferência extraordinária de Deus (extraordinária pelo menos aos olhos dos homens) e ser atendido. Os tolos poderiam dizer, “se Jesus tivesse ido ver Lázaro na hora certa um milagre não precisaria ser exigido”. 
      Mas quem de nós entende os planos de Deus, o que de melhor Deus pode nos ensinar, não através do impedimento do mal antes que esse se realize, mas com a vitória sobre esse depois que já se realizou no mundo material? Deus age de muitas maneiras, e muitas vezes não porque seja o melhor jeito, mas porque é o único jeito de nós, homens de duras cervizes, sermos quebrantados e aprendermos algo. 
      O ponto desta reflexão é um só: quem anda na luz de Deus não se atrasa, nem se expõe a perigos desnecessariamente, antes cumpre o propósito maior de Deus, glorifica seu nome e cresce espiritualmente. Cuidado, os que julgam pelos olhos físicos, mas que são cegos espirituais, que se achando lúcidos estão em trevas. Estejam felizes, contudo, os que obedecem a Deus, para vocês a luz mais alta nunca falta.

terça-feira, agosto 17, 2021

Invisível

      “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.” 
Mateus 6.2-4
      “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” 
I Timóteo 1.17
      “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.”
João 18.36

      A verdadeira espiritualidade deve ser invisível aos olhos físicos, no destino, e na origem, para onde vai e de onde vem. “Fazer o bem não importa a quem”, eis um ditado popular que tem como base o texto inicial de Mateus 6, o verdadeiramente espiritual é humilde e ajuda os homens sem exigir desses reconhecimento. Por outro lado, quem viu a Deus? Quem pode estar onde está Jesus? Quem sabe como trabalha o Espírito Santo e as legiões de seres espirituais de luz que nos aconselham e nos protegem? 
      Tudo que se vê se torna ídolo, e como tal é limitado, ainda que o homem sinceramente use uma imagem visível como meio para focar no invisível, como católicos tanto alegam. Deus responde a esses? Sim! Com certeza. Mas é o caminho mais maduro, mais espiritual? Não. A maturidade e a espiritualidade neste mundo, enquanto estamos encarnados, depende de fé e fé é crer no invisível. Isso não é uma limitação que Deus nos impõe como pena, mas como provação para crescermos. Será que entendemos isso? 
      Crescemos vivendo no plano físico dando prioridade a valores do plano espiritual, eis o paradoxo que define nossas existências. Esse mistério só compreendemos e praticamos pela fé. O que é fé? Não é só convicção mental e sentimento antecipado de algo que ainda não ocorreu, isso na verdade é a consequência da fé genuína. Fé é dádiva divina, revelação do céu, origina-se no Altíssimo, que devidamente acolhida por nós, nos permite experimentar a expectativa de algo que vai acontecer porque Deus disse que vai. 
      Cuidado com aquilo que confiamos porque vemos, porque entendemos em sua totalidade, ainda que pareça cristão, ainda que fale e se porte como cristão, ainda que queira estabelecer no mundo algo cristão. O reino de Deus é invisível porque é espiritual e só se revelará plenamente na eternidade. Na verdade até teremos um “reino de Deus” na Terra, mas isso demorará não pouco tempo, ele não será o que é o Vaticano ou o que muitos evangélicos brasileiros (não todos) acham que é apoiando poderes visíveis do mundo. 

segunda-feira, agosto 16, 2021

As pessoas não precisam saber…

      “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santosEfésios 6.18

      Algumas coisas, talvez as mais importantes, as pessoas não precisam saber que fazemos por elas, às vezes só nos basta orar por elas. Uma oração sincera, convicta, nem precisa ser com muitas palavras, pode bastar mesmo nenhuma palavra, mas um sentimento forte pedindo que Deus emane sua luz mais alta sobre alguém. Isso pode ser tudo o que Deus precisa para abençoar alguém, libertar alguém, proteger alguém, curar alguém. 
      Deus precisa de nós para agir? Sim, precisa. Em seus mistérios e em seu grandioso amor ele não faz participantes de suas bênçãos, de suas intercessões, de seus milagres, não porque ele seja fraco ou dependente de suas criaturas, mas porque ele age assim. Deus concede o privilégio de ser instrumento de luz e de amor a todos nós, e assim como oramos por alguém, alguém também pode estar intercedendo por nós e nós nem saibamos.
      Tudo isso acontece no imenso mecanismo cósmico divino, que usa muitos para abençoar muitos, assim ninguém é inútil e todos podem achar a maravilhosa alegria de ser colaborador no plano de Deus para atrair os seres humanos às regiões celestes mais elevadas em Cristo Jesus, através do Espírito Santo. Os abençoados pelas nossas orações nem precisam saber que oramos, que a glória seja só de Deus, eis o caminho da espiritualidade. 
      Algumas pessoas se afastam de nós, pessoas importantes para nós, mas que por um motivo ou outro, acabam se fechando nelas mesmas. Deus sabe porque cada um constrói muros ao seu redor. O sofrimento e as decepções podem tornar as pessoas duras e solitárias, e às vezes vendo em nós inimigos que na verdade não somos. Não é fácil orar por quem nos despreza, mas esse alguém pode ser quem mais necessita de nossas orações.

domingo, agosto 15, 2021

Você sabe que Deus tem?

      “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.Hebreus 5.13-14

      Você sabe quem é o Deus com o qual tem direito de se relacionar? Sim, porque ainda que você não creia nem na existência de Deus, Deus existe e te ama, aceite você isso ou não. Mas a palavra aqui, como na grande maioria das vezes no “Como o ar que respiro”, não vai para os “de fora”, os “do mundo”, termos que evangélicos se acostumaram a usar, mas é para os evangélicos, os de dentro das igrejas. Evangélicos, vocês de fato conhecem o Deus que temem e adoram? Conhecem de perto e em primeira mão, ou só como meninos, através daquilo que outros homens compartilham sobre ele? 
      Um pai, orgulhoso de seu trabalho, da empresa onde trabalhava, do dono da empresa que o empregava, agendou uma reunião com seu patrão e quis levar junto o filho, um adolescente de doze anos. O pai já tinha falado bastante com o filho sobre seu emprego e o dono da empresa, o pai admirava o homem, um empreender, justo líder de seus colaboradores. O filho tinha a melhor das impressões do homem, mas então teria a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Durante o encontro o filho permaneceu calado, só ouvindo a conversa, feliz de estar conhecendo ao vivo alguém tão importante. 
      Um dia o menino cresceu e conseguiu empregar-se na mesma empresa onde o pai trabalhou por anos. Algo, contudo, aconteceu, ele conheceu melhor o patrão, o dono da empresa, não por ouvir dizer e dizer por alguém que ele respeitava, seu pai, um homem honesto e esforçado. Ele, então, percebeu coisas que não percebia quando seu pai lhe contava a respeito, e mesmo naquele encontro pessoal que teve quando adolescente com o patrão. Ele entendeu que o homem não era perfeito, mas que também tinha qualidades que seu pai não relatou, ele enxergou a realidade com os próprios olhos. 
      Essa breve parábola nos mostra que por mais que respeitemos certas coisas não podemos ser crianças para sempre, e que a verdade só conhecemos convivendo nós mesmos com a realidade. Visto de perto Deus não tem defeitos, mas mais qualidades ainda, contudo, não precisamos de superstições e mistificações religiosas para ter comunhão com ele, num relacionamento distante, mas podemos conhecê-lo de perto e como ele de fato é. No momento adequado todos precisamos ser crianças, conduzidas por pais, mas o tempo passa, nos tornamos adultos e temos que ter nossas próprias experiências. 
      O leite mantém forte o bebê, mas o adulto precisa de outros alimentos, se continuar só tomando leite ficará fraco e poderá até adoecer. A mesma coisa com nossas vidas espirituais, por um tempo podemos ser felizes sabendo de Deus só o que a religião, os púlpitos, a tradição, nos ensinam, mas crescemos, e isso não pode ser impedido. Crescidos precisamos do alimento mais forte, a comunhão íntima com Deus pelo Espírito Santo nas regiões celestiais mais altas onde Cristo está. Por não trabalharem para isso é que muitos morrem dentro de igrejas e se tornam presas de tantos enganadores. 
      Tenhamos novas e profundas experiências com Deus, isso começa com períodos de oração mais sérios, onde perguntamos, respondemos, falamos, mas principalmente, ouvimos o Santo Espírito. Deus tem muito a dizer para o que tem na oração mais quem momentos para pedir coisas para o plano físico e agradecer pelas coisas que recebeu. Muitos acreditam em tantas bobagens, em tantas fake news, porque não param para perguntar a Deus, e Deus quer nos orientar sobre tudo, basta que o busquemos. “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29.13).

sábado, agosto 14, 2021

Você sabe que olhos tem?

      “Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.I Coríntios 14.12

      Vivemos neste mundo avaliando tudo, trabalhando, ganhando, perdendo, amando e desgostando, juntando e separando, tudo sob o ponto de vista desse mundo. Pudera, estamos presos a corpos físicos que nos limitam, mas nossos espíritos eternos estão dentro deles e pelo Espírito Santo de Deus podemos dar a eles alguma liberdade, de forma a podermos ver as coisas sob os olhos mais precisos da eternidade. Você sabe que tem olhos espirituais? Você os usa? O texto inicial, assim como a passagem bíblica da qual ele faz parte, muitos ignoram, promovem o mal uso da exceção e negam o bom uso da regra, mas uma crítica a isso não é o ponto dessa reflexão. O ponto é acordarmos para a realidade dos “olhos espirituais” que todos nós temos.
      Nossos pés morais são nossos olhos e nossos ouvidos físicos, são eles a entrada do mundo para nossas mentes, que depois decidem se vão ativar o resto de nossos corpos para reagir. Nossos olhos e nossos ouvidos espirituais são os dons do Espírito, e eles são mais abrangentes que o que Paulo descreve em sua primeira epístola aos coríntios, não que Paulo não soubesse mais, mas registrou de uma forma didática, para abençoar a todos, não só “especialistas”. Algo que precisamos entender é que encarnados somos limitados para interagir com o mundo espiritual, assim, toda comunicação que experimentamos é uma aproximação, interpretamos com faculdades físicas conhecimentos espirituais, são planos distintos tentando se comunicar. 
      O mundo espiritual não usa palavras, línguas nacionais, dialetos ou qualquer outro tipo de protocolo de comunicação, assim quando sentimos algo de Deus a mesma coisa pode ser sentida por outra pessoa, de outra nacionalidade e mesmo de outra religião. As interpretações são as mesmas? Sim, porque a fonte e a intenção dessa são as mesmas, mas os receptores são diferentes, assim, a maneira como descrevemos essa comunicação pode variar, não só na qualidade intelectual, como também na moral. Se Deus fala a uma criança que ela deve amar o próximo ela interpretará isso de maneira diferente da maneira que um adulto vai interpretar. Diferenças também podem haver entre as interpretações de um adulto sadio e de um sociopata. 
      Todos temos sentidos espirituais para estabelecermos uma comunicação com o mundo espiritual, seja com espíritos malignos, seja com Deus, mas nos comunicarmos com mais facilidade depende de intimidade, do tempo que usamos para aperfeiçoar nossa ligação com o plano espiritual. O amigo entende até o olhar silencioso de um amigo, visto a intimidade que ambos compartilham. Contudo, como tudo na interação com o mundo espiritual, dialogar com o plano espiritual implica em mente e fé. Com o mundo espiritual nos comunicamos através dos pensamentos, indiferente se esses são verbalizados ou não por sons. Por outro lado, dialogar com algo que nossos olhos físicos não veem e nossos ouvidos físicos não ouvem implica em crer.
      Nossa mente é poderosa e por isso deve ser usada com sabedoria, ela pode se comunicar com Deus, também com espíritos malignos, mas também pode simplesmente imaginar, criar entidades mentais que a princípio nem existem, e isso não é dom do espírito, é transtorno mental. Eu disse “a princípio não existem” porque quando não há Deus pode haver espaço para espíritos mistificadores, usando imaginação equivocada humana para “aparecerem”. A magia, o ocultismo e outros esoterismos, permitem ao homem comunicação com espíritos enganadores através de imagens mentais do homem, construídas em séculos de maldade, medo e engano. Assim, precisamos provar e aprovar para saber se nossa comunicação mental é com Deus.
      A prova é simples: paz e bons frutos, uma experiência com o Deus verdadeiro sempre deixa essas duas coisas em nossas vidas. Se não há paz verdadeira e que fica e se nossa vida não melhorou de qualidade moral, podemos estar em comunhão com loucuras ou com demônios, que é a mesma coisa no final das contas. Você sabe que sentidos tem? Tem olhos e ouvidos espirituais, aprimore-os com vida de oração e com experiência com os dons espirituais, que tem como consequência uma vida de humildade, de amor fraterno e de santidade que quer agradar a Deus nos detalhes e numa paz que nos protege do mal. Você tem olhos espirituais, use-os, apesar de viver no mundo sua vida só será completa enxergando o que Deus quer te mostrar. 

sexta-feira, agosto 13, 2021

Você sabe que vida tem?

      “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.Salmos 36.9 

      Algumas pessoas têm vidas abençoadas e não sabem, dessa forma, ainda que possuam tudo o que precisam e até beneficiem muita gente, são infelizes e tornam outras pessoas também infelizes. Elas têm boa saúde, são motivadas, trabalham bem e sempre, são cidadãs produtivas na sociedade, em suas famílias, na igreja, não são escravas de grandes vícios, mas ainda assim estão insatisfeitas, nunca têm e vivem o suficiente, sempre parece que lhes falta algo. Quem foge da luz de Deus nunca verá a si e a tudo o mais com clareza, sempre estará perturbado. 
      Que expectativas temos da vida, o que de fato queremos, o que achamos que se conquistarmos nos fará de fato felizes? Será que precisamos mesmo de certas coisas? E outras coisas, que achamos que nos são necessárias para tirar de nossas costas certos pesos, será que seríamos felizes sem essas obrigações? Será que certas coisas que queremos nos livrar, para poder fazer outras, que achamos mais importantes, mais úteis, não constituem de fato nossa missão principal neste mundo e as outras coisas são só ilusões, vaidades? Complicamos demais a vida. 
      Se as pessoas, muitas delas, soubessem de fato o que vai importar no plano espiritual, um segundo depois que seus corpos físicos pararem de funcionar e seus espíritos estiverem livres de tempo, espaço e matéria na eternidade. Se muitos de nós pudéssemos entender a pequeneza de nossas expectativas, de nossos desejos aqui neste mundo, o quão desnecessárias são tantas coisas. Se por um instante pudéssemos ver a nós mesmos e ao universo com olhos realmente espirituais, e isso é possível, se nos colocarmos em íntima comunhão com o Santo Espírito. 
      Pouco precisamos de fato para sermos felizes, se não nos incomodarmos com o que outras pessoas, principalmente aquelas com referências materiais da existência, pensam de nós. O ponto é esse, vivermos para Deus, não para os homens. Se fizermos isso seremos indigentes sem honra e sem bens, nossas famílias passarão necessidades? Não, ao contrário, poderemos ter até mais, e na verdade sempre têm mais os que se satisfazem com o suficiente, para esses sempre sobra, eles sempre são felizes e fazem os outros felizes. Na luz de Deus vemos as coisas como são. 

quinta-feira, agosto 12, 2021

Você sabe quem te escolheu?

      “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.João 15.16-18

- três versículos, cinco lições: chamada, frutos, oração respondida, amor e perseguição 

      O evangelho nos ensina coisas importantes sobre nossa relação com Deus e a razão de nossas existências, a primeira delas é que Deus nos escolhe, não nós a ele. Se você é atraído à presença do Altíssimo e isso te enche de desejo de orar, se sente uma satisfação singular estando em comunhão com Deus, saiba que isso não é mérito seu. Nós podemos dizer sim para Deus, mas ele nos chama antes, se não o fizesse nem nossa melhor intenção e nossos esforços mais sinceros nos dariam direito à sua presença. 
      A segunda coisa é que a chamada de Deus tem um objetivo, fazer de nós seres frutíferos do bem, da luz e da paz. Se existe chamada de Deus e obediência de nossa parte, podemos dar frutos, e serão os melhores que podemos dar. Se estamos fazendo algo, por melhor que seja nossa intenção e mais sinceros nossos esforços, e não estamos dando frutos que permanecem, é porque não estamos fazendo o que Deus nos escolheu para fazer, e não nos iludamos com falsos frutos ou com equivocadas intenções. 
      A terceira coisa é que após as duas coisas anteriores serem vivenciadas há uma promessa: tudo que pedimos Deus nos concede. Sim! Tudo! Mas quem é chamado por Deus, quem tem consciência disso e obedece à chamada genuína do Senhor, sabe o que pedir, e nada é negado a quem pede corretamente. Infelizmente muitos, argumentando simplesmente fé, põem a carroça na frente dos cavalos, não obedecem a chamada que Deus lhes escolheu para exercer e pedem aquilo que Deus não pode lhes dar. 
      A quarta coisa é a mais importante, como intenção nossa, como vontade de Deus e como nossos frutos: amar os outros. Tudo começa nisso, processa-se nisso e nisso termina. Deus é amor e conhecê-lo é conhecer o verdadeiro amor para, então, amar. Na eternidade não haverá nenhuma outra obrigação, senão amar, com um amor ativo que ajuda, aconselha, toma a iniciativa, constrói e conduz ao Altíssimo. Ninguém se engane achando que o céu é lugar só de contemplação e descanso, amar é trabalho que não cessa. 
      A quinta e última coisa que o evangelho nos ensina é uma atenção: quem vivenciar às quatro coisas até aqui descritas, chamada, frutos, oração respondida e amor, não será entendido e honrado pelo mundo. O mundo perseguiu e matou a Jesus que viveu tudo de forma correta, por que seria diferente com quem quer seguir em seus passos? Estejamos cientes e preparados, quanto mais nos aproximarmos de Deus e o obedecermos, mais seremos perseguidos, e muitas vezes por próximos a nós, parentes e religiosos.  
      O texto inicial é mais uma das maravilhosas passagens que só a Bíblia tem, em poucas palavras tanta sabedoria, cinco conceitos que todos nós temos e podemos viver, que mostram o melhor caminho a seguir para agradarmos a Deus, amarmos o próximo e termos vidas dignas no mundo. Contudo, não podemos escolher só um deles para viver, ou pegar quatro e deixar um de fora, para sermos aprovados em nossas provações neste mundo todos têm que ser vividos e até o final, quando, então, reinaremos com Cristo. 

quarta-feira, agosto 11, 2021

Você sabe a paz que tem?

      “Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu.Salmos 43.5

      Quer vencer a ansiedade e ser paciente? Aprenda a vivenciar a paz em todo o tempo, a guardá-la dentro de si como seu bem mais precioso. Impossível ser paciente, ter controle sobre culpas e medos que insistem em retornar às nossas almas, mesmo depois de racionalizações e de perdões serem provados, sem termos paz, a paz que é a virtude efeito de todas as outras virtudes. Vivermos na luz de Deus e sermos atraídos e envolvido pelo amor de Deus, nosso objetivo maior como seres espirituais eternos, para quê? Para estarmos em paz com Deus, experiência que tem como efeito estarmos em paz com nós mesmos, com os outros, assim como conseguirmos praticar a santidade moral que agrada ao Senhor e que nos aproxima dele. 
      Em muitos momentos de nossas vidas a paciência parece não ser relevante, estamos tão excitados com relações e profissões, mesmo servindo à religião (serviço que Deus em sua misericórdia pode até usar), que achamos que não precisamos ser pacientes. Contudo, com o tempo e esse tempo chega para todos, impaciência começa a doer, e pode mesmo instalar doenças físicas e emocionais, mas é só na velhice que a falta de paciência pode nos prejudicar mais. No fim de nossas vidas não fazemos mais tantas coisas, pelos próprios limites físicos que temos, e podemos até estar usufruindo alguma prosperidade, contudo, se não estivermos em paz não teremos paciência e sem ela não seremos felizes nem conseguiremos amar. 
      Só entende a importância da paciência quem desvincula paz de poder, e isso é difícil para cristãos que consideram prosperidade no mundo seu objetivo principal de vida, achando que têm acesso pela fê ao poder de Deus para conseguirem isso. O que rouba a paz são expectativas de poder, quaisquer que sejam elas. Esperança não é ansiedade, quem espera do jeito certo não adianta o tempo em sua alma, não quer poder, e todo poder é vaidade, mesmo o espiritual. A esperança descansa no tempo de Deus, prova o benefício do que espera antes de acontecer no plano fisico. Isso é viver a vida sob o ponto de vista espiritual, não material, de Deus, não do homem, é construir o céu dentro de si hoje para que se manifeste depois.
      Entregamos algo nas mãos de Deus? Cremos que ele pode fazer? Não importa se fará hoje ou amanhã, tenhamos paz. A paz autorizada por Deus se tem direito acertando vida moral, pedindo perdão, perdoando e praticando boas obras, contudo, para que esse direito legal se realize em nossas mentes e em nossos corações pode ser necessário algum trabalho espiritual. Nosso corpo, pensamentos e sentimentos, precisam aprender a reter a paz, o que nos ajuda nisso é vida de oração e adoração a Deus, é prática de dons espirituais. Qualquer espécie de prática emocional de relaxamento só administra efeitos, não anula causas, a causa é moral na essência espiritual do homem, assim a paz começa e termina espiritualmente em Deus. 
      Conseguimos reter a paz quando descansamos em Deus, mas repito, isso não é feito só com força de vontade e boa intenção, é feito sintonizando-se o Espírito Santo e se colocando nele. Já tentei outras vezes descrever esse processo aqui no “Como o ar que respiro”, mas sempre encontro dificuldades para achar as palavras, mistério não se explica, não se cria uma fórmula para experimentá-lo, pode-se até compartilhar o efeito dele, a paz singular que ele deixa, mas achá-lo é busca pessoal. Só posso dizer que paz e entender mistérios espirituais são possíveis, ao que busca do jeito certo, para os fins certos a partir de uma chamada genuína de Deus para isso. Quem quiser e estiver preparado entenderá os mistérios e achará a paz. 
      Tem gente que prova uma certa “paz”, depois que desabafa, depois que diz tudo o que pensa e sente das pessoas e para as pessoas, por incrível que pareça tem gente assim que dorme bem à noite, segura por se achar certa, bem, isso pelo menos é o que certas pessoas demonstram na maior parte do tempo aos outros. Mas será que essa gente tem a paz que resisti à morte e que conduz à melhor eternidade com Deus? Temo que muitas pessoas que se consideram cem por cento corretas e que dormem bem à noite enfrentarão um inferno, que já existe dentro delas, mas que elas escondem bem. Não existe paz sem paciência e paciência só se prova com amor, que não retém o mal nem o lança sobre o outro, mas que o anula na paz de Deus. 

terça-feira, agosto 10, 2021

Sem cobranças

      “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.Mateus 5.6-7

      Algo que tenho procurado levar muito a sério nestes últimos anos de minha vida, é conviver com as pessoas sem cobrá-las. Confesso que durante muito tempo eu cobrei muita gente, principalmente parentes próximos, cobrei atenção, reconhecimento, justiça, afeto. Talvez tenha cobrado tanto do homem porque ainda não estava satisfeito em Deus, o certo é que à medida que minha paz em Deus aumentou, a importância das pessoas diminuiu. Se o que estava errado deixou de ter lugar em minha alma, o que sempre será certo pôde ocupar seu espaço de relevância, minha comunhão com Deus e minha aliança de amor com pessoas que realmente importam para mim e das quais nada preciso cobrar. 
      A cobrança é algo ruim, para quem é cobrado e para quem cobra, cria uma relação baseada em qualquer coisa, mas que nada tem a ver com amor. Amor não cobra, oferece, não exige, dá, não manda ou submete, mas serve e é humilde. Quem cobra o faz com uma desculpa muito forte, se acha no direito de cobrar, cobra porque acha que pode, e pode porque é superior de alguma maneira, ainda que por se achar mais vítima, mais explorado, mais injustiçado. Mas a verdade é que o que cobra se coloca no papel de vítima, de juiz e de polícia, ao mesmo tempo, assim, apesar de dizer que cobra porque foi lesado, porque está no direito de vítima, se coloca como deus, que pode julgar e fazer justiça com as próprias mãos. 
      Alguns acham identidade como vítimas, isso não é bom, é mais passivo mas acaba prejudicando só a própria pessoa, contudo, os que se postam como juízes prejudicam os outros, fazem de vidas alheias verdadeiros infernos. Se eles se acham lesados de alguma forma, acham na cobrança a vingança, para não deixarem que os outros sejam felizes, ainda que os outros nada ou pouco tenham a ver com seus problemas. Vemos “cobradores” desempenhando funções importantes na sociedade, a cobrança que se iniciou sobre pai, mãe, irmãos, cônjuges, se transfere para patrões, pastores e mesmo para líderes políticos. Enfim, a posição equivocada de “cobrador de justiça” cresce enquanto não é bem resolvida.
      Os carentes de justiça serão saciados, não precisam se pôr na posição equivocada de “cobradores”, mas mais que isso, os que confiam na justiça de Deus não são justiceiros, mas misericordiosos, e os que exercem misericórdia, misericórdia acham. Eis a chave da questão, quem é humilde sabe que necessita de misericórdia tanto quanto os outros, sabe o quanto dói ser cobrado, por isso não cobra. Não cobre os outros, nem que eles não te cobrem, esteja em paz com Deus e confie no tempo, toda voz altiva, que se levanta contra pecadores arrependidos que se esconderam atrás da cruz de Cristo, será silenciada. Nesse momento os humildes estarão lá, ainda humildes, e cheios de amor para acolher os “cobradores”.   

segunda-feira, agosto 09, 2021

Livre para ser escravo?

      “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.João 17.20-23

      Liberdade é algo essencial no ser humano, e nas últimas gerações as pessoas têm conseguido entender isso, assumir isso, lutar por isso, em muitas instâncias. Ter comunhão com Deus, apesar de ser uma necessidade que também faz parte da essência espiritual dos homens, está debaixo do livre arbítrio humano, assim creem, conhecem e obedecem a Deus os que querem. As pessoas não querem a Deus por motivos diferentes, mas o principal motivo que as leva a isso é julgarem algo sem conhecê-lo de fato, e muitas julgam baseadas em mentiras que as próprias religiões, que se dizem embaixadoras de Deus, propagam. Como na maior parte das vezes, as religiões buscam controle pela ignorância e não liberdade pelo conhecimento. O homem, não se dando ao trabalho de buscar Deus com liberdade, simplesmente assumindo que Deus é aquilo que as religiões dizem que é, ou seja, controle humano pela ignorância, não quer esse Deus. Quem quer algo que o escraviza? Só alienados. 
      Sem Deus as pessoas até desejarão ser livres, e até conseguirão libertarem-se com as próprias forças de muitas coisas, mas acabarão no caos e consequentemente escravas dele. Caos é trevas e trevas é inferno, nele há liberdade, mas não há o melhor de Deus, os que querem liberdade sem Deus acabam no vazio sem ordem. Só com Deus e em Deus as pessoas podem realmente ser livres, e serão livres para quê? Para fazerem a melhor das escolhas, aquela para as quais seus seres eternos foram originalmente criados: estarem em comunhão com Deus, o que o cristianismo tradicional chama de “servir” a Deus. Mas isso não é bem verdade, Deus não procura servos, escravos, nem soldados ou empregados, mas amigos, sócios, colaboradores, que ainda que reconheçam e respeitem a grandiosidade dele e queiram obedecê-lo e agradá-lo, serão parte dele, não pedaços menores submetidos. Foi isso que Jesus quis dizer no texto bíblico inicial com como eu e o pai somos um todos devem ser um em mim.  
      No mundo material temos dificuldade para entender essa interação espiritual dos seres com Deus, é mais fácil entendermos os conceitos “patrão e empregados”, “dono e escravos”, “general e soldados”, mesmo o bíblico “pastor e ovelhas” A Bíblia foi registrada sob esses conceitos e Deus usou esses conceitos para revelar ao homem sua vontade, Deus sempre usa o que os homens disponibilizam para ele, ele pinta o quadro com pincéis, tintas e tela que o ser humano fornece. De outra forma seu amor não teria como iluminar seres ainda em trevas espirituais, em ignorância intelectual, com limitações morais. Mas mesmo essas limitações não impediram Deus, o pai, de revelar aos seres humanos a Jesus, o filho, o mais poderoso mistério divino para religar o homem a seu criador. Em comunhão com Deus por Jesus, ainda que a maioria de nós não entenda bem quem é Deus e o que ele quer de nós, podemos ser parte do céu, o melhor do Altíssimo, o objetivo maior que todas as criaturas devem atingir.