terça-feira, novembro 10, 2020

41. Espiritualidade e o planeta

Espiritualidade Cristã (parte 41/64)

      “Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.II Pedro 3.10-13

      “Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.II Tessalonicenses 2.1-4

      Quando pensamos em espiritualidade, seja como cristãos ou mesmo em outras religiões, a maioria de nós pensa em valores para existir no plano espiritual, na melhor eternidade com Deus, no céu, contudo, esse mundo continuará a existir, e muitos que amamos, nossos descendentes, filhos, netos, bisnetos, continuarão aqui. Como espirituais, sintonizados com o Deus Altíssimo, o que temos que desejar para este plano, ou melhor, o que devemos fazer por este mundo? Nada? Só aguardar o juízo onde tudo será destruído pelo fogo, quando novos céus e nova Terra existirão? Até que ponto espiritualidade deve se refletir também num mundo no plano físico com melhor qualidade? Esse assunto é bem relevante nos dias atuais e com certeza um ponto a ser levantado nesse estudo, que pode expandir nosso conceito de espiritualidade.
      Em primeiro lugar é importante que entendamos que certas preocupações com o mundo, como conservação da natureza, das florestas, dos recursos hidráulicos e da atmosfera, equilíbrio ecológico, numa sociedade sustentável capaz de se desenvolver suprindo as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, sem esgotar os recursos do planeta, todos esses pontos que a mídia e outras organizações tanto têm levantado atualmente, bandeiras que têm se transformado quase que em religião, não eram importantes há um tempo atrás, mesmo no início do século XX. Assim, não culpem os cristãos por não se preocuparem com isso, ainda que eles possam ser culpados por ainda olharem o mundo sob uma ótica ultrapassada, em várias áreas. 
      Como parte da estratégia humanista do diabo está o levantamento dessa bandeira, que junta duas coisas importantes para ele, uma prioridade óbvia para o planeta que agrada a tantos mais preocupados com esse mundo que com o outro, e o antagonismo a prioridades ditas espirituais por muitos cristãos, ainda que não por todos (não estou generalizando). Isso coloca o cristianismo como vilão e dá aos que já não simpatizam com o cristianismo mais motivos para continuarem assim. Sim, sem sombra de dúvidas, luta por um mundo melhor é uma bandeira do anti-cristianismo, que de maneira alguma tem prioridades a princípio más ou injustas, ao contrário, junto de tolerância religiosa, igualdade entre sexos e raças e cientificismo, entrega a última e mais completa religião anti-cristá. Estão os cristãos preparados para esse embate? 
      Importante salientar que o estudo, do qual este texto é parte, é palavra direcionada a cristãos, usando termos e conceitos de cristãos, muitos que não forem de fato cristãos e que não tiverem algum conhecimento da doutrina cristã comum às denominações protestantes e evangélicas, talvez não entendam o que é dito, e não possam usar isso de maneira mais adequada. Assim, quando dizemos que algo é do “diabo”, bem, diabo é um conceito que pode ser bem abrangente, que vai de um ser mal que quer levar as pessoas para longe de Deus e finalmente ao inferno, a um ser espiritual simplesmente rebelde à ótica cristã, que quer o bem do homem, só que não de acordo com as “regras“ do cristianismo. Dessa forma, o diabo pode ser somente um anti-cristão, não necessariamente alguém ruim, ainda que para os cristãos ser anti-cristão baste para ser ruim.
      Mas será que muitos de nós cristãos estamos certos em não priorizar tanto assim esse planeta, de nos preocuparmos mais com o céu? A resposta para essa pergunta está novamente num dos conceitos mais simples e aplicáveis da Bíblia, pelos frutos serão reconhecidos. Se o cristão viver de fato a misericórdia e o amor do evangelho, ele terá, como um dos efeitos, uma vivência justa e equilibrada no planeta, com a natureza, com os animais, com a água, com o ar, enfim, com o plano físico. Contudo, numa hipocrisia estrutural instalada em grande parte do cristianismo, nos acostumamos a falar e não a praticar, a pregar, mesmo crer, mas a não averiguarmos se isso tudo de fato está mudando para melhor as sociedades em que vivemos. Estamos mais ocupados com a qualidade do som e das cadeiras de nossos tempos, que com os rios e as matas do planeta. 
      O cristão precisa reavaliar suas crenças, abranger seu conceito de espiritualidade, de forma que isso seja de fato causa de um efeito muito maior, em primeiro lugar em sua vida moral, em suas virtudes interiores, e depois no planeta onde vive. O cristão precisa libertar-se do cárcere dos templos, dos carcereiros, os falsos pastores, assim como dos espetáculos que assistem nos templos e que não levam de fato a Deus, mas só iludem e tiram deles dinheiro. O resultado da incoerência entre o que muitos evangélicos dizem e o que eles fazem é que o cristianismo está “entregando ouro ao bandido”, está armando os inimigos do cristianismo, afastando os que ainda não são cristãos e que precisam de Cristo, e legitimando bandeiras certas, mas levantadas por mãos erradas. 
      Outro ponto é que ninguém sabe quando o mundo vai “terminar”, se é que vai ser do jeito que muito cristão acha, teremos que existir aqui talvez por muito tempo, se não nós, pessoas que amamos. Não pense ninguém que temos motivos mais legítimos para achar que o final está próximo, o cristianismo já achou muitas vezes na história, que o mundo iria acabar e não acabou. Foi assim nas duas grandes guerras mundiais do século XX, na idade média, e mesmo nos tempos do apóstolo Paulo, cristãos se equivocaram sobre quando seria o fim. Atualmente estamos mais próximos do que nunca do fim, isso é fato, mas ainda teremos um longo tempo aqui, e seja como for, luz se faz necessária nas trevas, é o mundo quem precisa dela, o plano físico, não o céu, portanto, cristãos, sejamos espirituais também para o bem do planeta Terra. 

Espiritualidade Cristã
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.


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