terça-feira, novembro 24, 2020

55. A verdade sobre o mundo espiritual

Espiritualidade Cristã (parte 55/64)

      A verdade sobre o mundo espiritual é que nele existem seres espirituais que por algum motivo são rebeldes ao Deus altíssimo. Nessa afirmação temos que entender várias coisas para podermos enxergar a verdade, a primeira coisa é que existe um Deus altíssimo. Esse Deus não está em conflito com ninguém, nem se iguala em tamanho e altura a ninguém, seja na pureza de sua luz espiritual, nas virtudes de sua essência moral e no controle que ele tem sobre tudo, em todos os planos, espiritual e físico, e em todos os tempos (estudamos sobre isso em “Deus e o diabo”). Não existem no universo dois poderes numa batalha eterna, bem contra o mal, ou luz contra as trevas, a batalha existe dentro dos seres humanos e esses podem permitir a vitória de um lado ou de outro dentro deles, através do livre arbítrio. Essas escolhas afetam a eles e a seus próximos, mas não o universo e muito menos a Deus, ainda que o Altíssimo possa permitir que exércitos da luz lutem contra exércitos das trevas para beneficiar um ser (Daniel 10.11-13).
      A segunda coisa a saber é que existem seres espirituais não encarnados, que podem estar ou não em comunhão com o melhor de Deus (leia mais em “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual”), assim, quando alguém se prontifica a se comunicar com o mundo espiritual há varias possibilidades, pode-se fazer contato com seres de índoles distintas (I João 4). Falar com os mortos não foi proibido porque não pode ser feito, mas porque não deve ser feito, essa é a opinião desse que vos escreve (falamos a respeito em “Comunicação com mortos...”). Por que não deve ser feito? Porque pode-se incorrer em muitos erros, e o principal deles é se desviar do Espírito Santo que através da salvação em Cristo é o meio autorizado por Deus para todas as pessoas saberem e viverem as verdades espirituais. Para ser sincero eu não creio que seja só isso, mas creio que isso seja a vontade de Deus segura e eficiente para salvar qualquer homem, em qualquer tempo, indiferentemente de seus conhecimentos, cuidados ou experiências. 
      A terceira coisa a saber é sobre alguns seres espirituais especiais, que nunca se encarnam, são mais que demônios menores, são príncipes, grandes diabos, anjos ou arcanjos caídos, rebeldes de alguma maneira ao Deus Altíssimo. Esses, em algum momento, também tiveram oportunidade de escolha, mas não puderam, depois disso, mudar o efeito dessa escolha. Eles possuem, do próprio Altíssimo, liberdade de ação em diversas instâncias, mais que isso, são ferramentas de Deus, e nunca semelhantes a ele de maneira alguma, visto que são criaturas e não criadores. O início da história de Jó é o melhor exemplo disso (Jó 1 e 2), Satanás pedindo permissão a Deus, depois de andar pela Terra, e Deus permitindo que ele tirasse coisas de Jó, não foi Deus quem tirou diretamente, mas o Diabo, que tocou os bens, a família e a saúde física de Jó. Podemos entender com isso que o diabo é a ferramenta de Deus para o serviço “sujo”? Mas se for isso sua existência é útil aos propósitos divinos de alguma maneira, ou não (Deuteronômio 32.39)? 
      Citar a serpente no Éden como exemplo de Deus usando o diabo, pode tocar em assunto polêmico para muitos, se alegarmos que mais que ser instrumento de tentação, que só testou o livre arbitro dado ao homem pelo próprio Deus, a própria queda que adveio da desobediência foi “vontade“ do Altíssimo. Se Deus tudo sabe, ele já sabia que o homem iria cair na tentação. Será que podemos dizer que o diabo foi instrumento de Deus para que a humanidade tomasse o caminho que tomou? Seja como for, o que precisamos entender é que o mundo espiritual pode ser bem complexo para os que forem além daquilo que o cristianismo tradicional recomenda, e o conhecimento disso é o que muitos chamam de elevada espiritualidade. Contudo, aliado a isso, pelo menos em muitas religiões e visões espiritualistas, espiritualidade está numa vida de abstinências materiais, que para muitos é condição sine qua non para se receber conhecimentos espirituais, para se ser digno das revelações dos grandes mistérios. 
      Não é só ser um bom cidadão, trabalhador honesto, tolerante com todas as diferenças e praticante de caridade para com os mais necessitados, é experimentar uma vida de sacrifício no corpo, “refrear” a carne para libertar o espírito. Todavia, o início dessa reflexão foi a afirmação de uma verdade, e tão importante quanto saber que existe um Deus, que se estivermos em comunhão com ele pode nos abençoar, é saber sobre a rebeldia de seres poderosos. Essa rebeldia não é só aprovada por nós quando de alguma maneira agradamos mais a nós, a nossa carne, que a Deus e aos outros, não, pessoas em íntima comunhão com os grandes príncipes rebeldes espirituais podem viver existências de privações e caridade, e ainda assim serem rebeldes com o Deus Altíssimo. Por que levantei esse tema no estudo “Espiritualidade Cristã”? Porque para muitos espiritualidade pode ser mais uma armadilha que encarcera e faz retroceder, que uma fonte de águas vivas que renovam, curam e permitem evolução espiritual.
      “Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados. E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mateus 10.26-28), viciar-se nos apetites carnais pode matar o corpo, contudo, a espiritualidade dos príncipes espirituais rebeldes pode matar o espírito, porque nega o Espírito Santo, peca contra ele, não aceita o caminho reto de Cristo e desvia-se do Deus Altíssimo para os falsos deuses. Tenhamos cuidado com as armadilhas desses “anjos” caídos, e eles podem influenciar mais que vidas individuais, mas sociedades inteiras, toda uma civilização, através de ideologias que fazem a cabeça de líderes intelectuais, sociais, políticos e religiosos. O homem de bem, contudo, sempre terá a chance de fazer a escolha certa, terá uma visão lúcida de tudo, para esse nunca se apagará a luz de Deus. 
      Nosso exemplo maior e completo de espiritualidade é Jesus encarnado, não o que ele sempre foi como Deus, esse é nosso salvador e Senhor, mas como ele viveu no mundo desprovido de poderes divinos. O que muitos não entendem é que o ministério do Espírito Santo não é nos fazer deuses, com poderes para operar atos extraordinários, seu ministério é nos ensinar a ser homens, como foi Jesus encarnado. Mas sim, para aqueles que buscarem de Deus mais que vaidades e satisfação de necessidades materiais, o Espírito Santo pode revelar mistérios acima de qualquer conhecimento que obtêm magos e espiritualistas com os grandes anjos rebeldes, mas mistérios com a autorização do Altíssimo pelo poder de Cristo o redentor eterno. Assim, anime-se, espiritualidade é ouvir a voz de Deus que nos entrega o real sentido da vida, os simples e humildes a acharão e serão muito felizes, não para exibirem isso aos homens, a eles basta nossa prática de vida em amor e paz, mas para nos prepararmos para a eternidade que é plenamente espiritual. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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