quarta-feira, setembro 30, 2020

O melhor possível

      “E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.Marcos 9.47-48

      Um dos segredos de felicidade é aceitar em paz que muitas vezes não podemos fazer o melhor, ainda que o conheçamos e o queiramos, assim o possível se torna a única saída, que ainda que não mostre para os outros aquilo que realmente somos ou queremos ser, é o que de fato podemos ser. Se não tivermos a humildade para aceitar essa realidade poderemos seguir num conflito interno que acabará nos mostrando de um jeito pior ainda, manifestando nossas fraquezas para quem não nos ama ainda que não assuma isso e só espera uma brecha para nos difamar ainda mais. Dar prioridade para a paz interior tem um preço, mas compensa, e deixa-nos com tempo sobrando para o que realmente importa. 
      Novamente lembro o ensino, também presente no texto inicial, no qual tenho achado orientação para tomar certas atitudes, principalmente relacionadas à exposição social, seja na vida real e mais ainda na virtual, visto que essa tem ganhado muita relevância nos dias atuais. Traduzindo é o seguinte: se não temos forças para administrar da melhor maneira a opinião que os outros têm sobre a nossa opinião, é melhor não expormos nossa opinião, não para todos. Por outro lado, se alguns não têm a coragem de se afastarem de nós, ainda que não nos amem, tenhamos nós a coragem, para o bem de nós mesmos, continuar com certas coisas só pra manter aparências não leva a nada e só rouba nosso tempo.
      Mas sigamos em paz, perdoados e perdoando, sem mágoas ou vinganças, quem de fato se encontra em Deus descobre em si mesmo alguém especial, forte, não fraco, sincero, não falso, íntegro, não dividido, Deus não fez ninguém menor, todos podemos ser felizes e singulares, desde que sejamos humildes. Algumas coisas podemos resolver, outras não, algumas pessoas nos amarão sem fazer força, outras se esforçarão para achar o nosso pior e divulgar isso, algumas coisas teremos que levar conosco, não como erros indesculpáveis, mas como provas que temos que confiar antes e mais em Deus, não em nós mesmos ou nos homens. Mas trabalhemos até o fim, para sermos o melhor possível. 

terça-feira, setembro 29, 2020

Deus está atento

      “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor.Salmos 34.15

      Que versículo mais lindo esse, entendo por ele que se eu precisar de uma palavra de consolo Deus me responderá, porque na verdade ele está sempre pronto para ouvir o “justo”. Contudo, tenho medo de usar a palavra “justo”, eu não sou justo, nunca houve um justo na Terra, a não ser Jesus, melhor é usar o termo justificado, justificado por Cristo, ele nos torna justos porque ele pagou o preço para sermos justos, ele nos justificou em sua obra de redenção. Em Cristo Deus nos vê como justos, e isso é algo maravilhoso, por isso em Cristo o Altíssimo está ligado a nós, pela presença de seu Espírito, nessa comunhão Deus está sempre perto, sempre atento, sempre pronto para nos dar uma palavra de amor que nos entrega paz. 
      Quando estamos bem nem nos preocupamos em dimensionar a distância de Deus, contudo, quando nosso coração aperta e nossa alma se sente só e desprotegida, como ficamos sensíveis, só um abraço apertado fará com que nos sintamos amparados, ouvidos, importantes. Deus nos abraça pelo seu Espírito, nos olha de perto e ouve mesmo nosso sussurro em meio às lágrimas que às vezes nem forças têm para subirem do nosso interior, ficam lá, engasgadas, reprimidas, silenciosas, o tempo pode fazer isso conosco. Mas Deus se aproxima de nós, imutável, Deus nunca desiste de nós, ele não é homem, ele é o amor na essência e têm o bem em seu íntimo reservado para os justos que precisam dele e de mais ninguém.

segunda-feira, setembro 28, 2020

Quem conhece, confia

      “Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam.” Salmos 9.10

      Conhecemos a Deus, de verdade? Quando conhecemos alguém confiamos nesse alguém, é assim com amizades e com nossos cônjuges, esses últimos temos a obrigação de conhecer e bem, senão não estamos de fato casados com eles. Conhecemos convivendo, dialogando, muito, de perto, aprendendo não aquilo que os outros sabem, as superfícies, mas profundamente, intimamente, se não se conviver e muito não se pode conhecer de verdade. Se conhecemos, podemos confiar, e em se tratando de nossos parceiros afetivos mais próximos, não haverá nisso espaço para ciúmes ou medos, quem conhece para amar, não teme. 
      Contudo, como muitas vezes, na prática, agimos com Deus como se não o conhecêssemos de fato, duvidando de sua boa vontade para nós, por mais que já tenhamos provado de sua amizade tão querida. Quantas vezes não buscamos a Deus, numa situação onde nos parecia impossível uma solução, e Deus nos deu paz? Não, nem sempre Deus disse sim, nem sempre disse não, muitas vezes disse espera, mas essa experiência nos dá uma certeza, Deus nunca desampara os que o buscam, nunca. Se nos aproximarmos com fé, com humildade e com paciência, ouviremos a voz do Senhor e seremos consolados por ele, sempre.

domingo, setembro 27, 2020

Paz

      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.João 14.26-27

      Paz, o bem mais procurado, mais caro, mas raro, pelo menos depois que o prazer carnal é satisfeito, passou a falsa paz e ficou o vazio, o vazio sem ar e sem chão que afoga a alma. O ser humano é ambíguo, desde cedo aprende que a paz que fica é insubstituível, mas passa a vida tentando substituí-la por prazeres que só dão paz temporária. Sua alma é um mar profundo que frequentemente se move violentamente, sofre tempestades, são as ansiedades, as curiosidades, os desejos, assim o homem tenta navegar sobre as águas, dominá-las do seu jeito. Ele deseja um barco, o constrói, pagando às vezes preços caros por ele, e num determinado momento ele consegue, com o barco pronto, flutuar e se mover sobre as águas. Primeiro ele sente um grande prazer por isso, depois uma paz, contudo, que dura pouco, o mar revolto é traiçoeiro e logo desequilibra o barco que submerge, é então, só então, que o homem pede socorro, socorro a Netuno. 
      Netuno, o deus das águas, diz que pode acalmar o mar e fazer com que o homem ande sobre elas, alguns homens despendem uma fé tão grande que chegam a caminhar sobre o mar, mas esses dão suas almas em troca de algum tempo a mais de vida do corpo. É só quando as forças terminam e o homem afunda, profundamente no mar, que alguns, com humildade, buscam ao Deus verdadeiro, esse não oferece uma saída sobrenatural, mas ensina o homem a nadar. O Deus verdadeiro faz uma sociedade com o homem, parte do trabalho ele faz e parte faz o homem, os “netunos”, não, não fazem nada, deixam o homem fazer tudo sozinho, mas requerem do homem enganado adoração por isso. Com suas próprias forças, mas crente no ensino de Deus, os humildes persistentes nadam até terra firme, e lá acham finalmente a paz. 
      A primeira vez que o homem pisa essa terra prometida é como um sonho bom, é quando o homem prova a paz por mais tempo na vida. Um momento assim terá talvez só na velhice, quando a alma se cansar de iludir, quando o homem não sentir mais prazer nela, mas permanecer em Deus. Todavia, mesmo os que já aprenderam a nadar e já acharam terra firme, ainda são seduzidos pelo mar, podem se lançar nele, esquecerem que sabem nadar e tornarem a construir barcos, que novamente lhes darão um prazer imediato, uma paz passageira e novamente um final infeliz no fundo das águas. Pela misericórdia de Deus, esses se lembrarão que já aprenderam a nadar e que existe terra firme, mas perderam um tempo precioso com a ilusão do mar e do barco. Ainda que o espírito esteja pronto, tenha aprendido sobre nadar e que existe terra firme, a alma humana sempre será um mar tempestuoso e tentador. 
      Viver é aprender a não confiar na alma, no mar de emoções e pensamentos presos ao plano físico, ao corpo, à carne, mas confiar na paz que permanece e que está na terra firme que é a vontade de Deus. O que será a eternidade? Um grande mar de águas espirituais, nele, sim, poderemos estar sem nos afogar, andar sobre ele ou ir até o fundo, na verdade “o que está embaixo é como o que está em cima”. O sábio, contudo, aprenderá a respeitar os limites, não dos universos ou de Deus, esses não têm limites, mas dele, humanos, de acordo com o plano em que está. O que buscam ao Deus altíssimo saberão, ainda que na carne, sonharem com o mar espiritual, o desejarem, se prepararem para ele, mas com os pés firmados em terra firme, enquanto vivendo neste mundo, esse é o segredo da paz que permanece.
      Aprender a nadar é entender Jesus como único e suficiente salvador, alcançar a terra firme da melhor vontade de Deus e poder viver nela, mas tenhamos cuidado, as religiões, incluindo as cristãs, podem oferecer ao homem não o que ele precisa, mas o que ele quer, para poder manipula-lo. Muitos homens rebeldes à vontade de Deus buscam mesmo em igrejas cristãs palavras convenientes e doces aos ouvidos, assim “netunos” existem não só na idolatria, nos “espiritismos” ou no esoterismo, mas também em muitas igrejas que se intitulam evangélicas. Essas pregam fé na fé, dizimolatria e Canaã neste mundo, desses “netunos” devemos fugir, ainda que a princípio suas palavras de saídas sobrenaturais pareçam tão sedutoras, esses parecem sob ordens de Deus, mas obedecem seus próprios corações, e quem leva a glória por isso, sem fazer nada, é o diabo.
      Jesus viveu como homem comum, fez milagres por amor e principalmente para convencer um povo, enganado por uma religiosidade de aparência exterior, que basta fé nele para alcançar salvação. Se o povo de fato vivesse a fé na nova aliança em Cristo, talvez muitos sinais não precisariam ser feitos, ao contrário do que muitos pensam, ver sinais não é para os fortes mas para os fracos, que precisam ver para crer, e ver curas e vitórias materiais, não espirituais. Os sinais que de fato agradam a Deus são um espírito humilde e misericordioso, numa vida simples e em paz. Jesus, com todo o seu poder de Deus, não fugiu da cruz, mas nadou com as forças humanas até cumprir o plano divino para sua vida, o plano que nos permite posse do reino de Deus em nossos corações e uma paz de espírito que não tem fim. 

sábado, setembro 26, 2020

Roubo por trabalho honesto

      Muitas vezes podemos estar trabalhando honestamente e muito, mas ainda assim estarmos cometendo um roubo, à medida que precisamos ganhar mais dinheiro para pagar um estilo de vida que não era para ser o nosso. Eu disse trabalho honesto e também não disse um estilo de vida que não é para ninguém ter, mas que pode não ser para nós, eu e você, termos. Nessa desobediência, que se constitui um roubo já que obtemos algo que não é para nós, perdemos tempo, saúde, oportunidade de ser nesta existência alguém de fato melhor, espiritual. Mas a quem roubamos, a Deus? Não, Deus não perde com isso mas fica impedido de dar, enquanto nós roubamos a nós mesmos e até a outros. 
      A nós mesmos porque usamos nossa existência com a finalidade errada, sonegando de nós a oportunidade de ganhar coisas mais importantes, e importantes não de acordo com o mundo, com os homens, mas de acordo com o plano maior e melhor do Altíssimo. Mas podemos estar roubando também aos outros, por duas maneiras, por estarmos ocupando um tempo e uma energia só com nossos interesses deixando de usar esse tempo e essa energia para dar atenção a outras pessoas, e por estarmos fazendo, ainda que de maneira honesta, algo que outro deveria estar fazendo, portanto roubando o lugar desse, a chance desse desempenhar seu melhor e ser feliz com o que pode de fato ter.
      Não entendeu ou não concordou com esse raciocínio? Eu não me refiro aqui a buscar e ter uma vida material e financeira digna, para nós e para nossas famílias, mas em ir além disso e ir sem de fato ter um aval de Deus. Alguns podem argumentar, “mas estou trabalhando honestamente, me esforçando”, a esses podemos perguntar, mas para quê? Para ter dois carros ao invés de um? Para pagar viagem de férias ao exterior ao invés de para o Brasil? Para vestir grife ao invés de em magazines? Para comer nouvelle cuisine ao invés de self-service? Enfim, para luxos e excessos que muitas vezes nunca foram o normal de nossa criação, mas que queremos só para nos exibir socialmente.
      A questão não é nem ter ou deixar de ter, ser rico ou ser pobre, usufruir luxos ou não, o problema não está nas coisas e no corpo que as consome, mas no coração e no espírito, o quanto o melhor, o mais caro materialmente importa para que nos sintamos satisfeitos ou realizados. Se só nos sentimos felizes com algo que vai jogar na cara dos outros que é mais caro que aquilo que eles têm, só para que nos sintamos superiores a eles, então temos um problema, deixamos de querer para nos satisfazer e queremos só para satisfazer referências dos outros. Assim não vivemos só para nós, mas para os outros, e dessa maneira mais longe ainda de viver para Deus, visto que Mamom (Mateus 6.24) se tornou nosso deus.
      Infelizmente na maior parte das vezes, se não em todas, quem tenta fazer mais que precisa, quer ser e ter para mostrar para os outros, não para ser feliz. É diferente de quem nasceu num lar com um padrão financeiro alto e se acostumou desde cedo a coisas caras, não que esse não possa cair na tentação de viver para os outros e de gastar a vida para ter e ser mais do que de fato precisaria para ser feliz, mas esse a princípio não tenta ser o que nunca foi. Concluindo, como temos gasto nossas vidas? Fazendo o suficiente para ter uma vida material digna e usando o resto do tempo para nos preparar para a eternidade? Ou sendo escravos de aparência exterior e dos valores físicos dos outros? 
      Que não sejamos condenados no último momento por roubo, ainda que achemos que estamos sendo hoje trabalhadores honestos e esforçados. “Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias.” (Lucas 12.32-35). Que sejamos encontrados no juízo não com as contas bancárias cheias, mas com os lombos cingidos e com as candeias acessas, plenos do Espírito Santo e moralmente fortes.

sexta-feira, setembro 25, 2020

Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor?

      “Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas.Isaías 33.14-16

      As pessoas não precisam viajar até o Sol, com naves e roupas especiais, para sentirem seu calor. A energia desprendida do astro rei é tão forte que mesmo a milhares de quilômetros dele podemos sentir seu calor e sermos beneficiados por ele, na verdade, todo o planeta Terra, flora e fauna, depende desse calor, a maior fonte de energia nosso plano físico, e ainda não aproveitada da maneira mais eficiente. Nenhuma comparação é perfeita, mas isso talvez não ajude a entender a influência positiva que podemos ter com as pessoas, é preciso cuidado , educação, respeito, elegância, para abençoar as pessoas. 
      Se nos aproximarmos demais podemos “queimá-las”, ninguém na verdade está preparado para a verdade plena de cada um, só Deus para nos olhar de perto, nos conhecer, não se escandalizar, e ainda assim enxergar algo bom em nós. Por outro lado, ter que fazer concessões demais para se aproximar de alguns, construir “naves” e “trajes” caros e sofisticados para estar próximos a eles, tomando um cuidado danado para não se queimar, também não vale a pena, que cada um administre seu próprio “fogo” e o use como achar melhor, colhendo com responsabilidade as consequências disso. 
      Mas acho que todos nós somos estrelas incandescentes, podemos construir e destruir com um toque, com uma palavra, por isso tantos se mantêm distantes, talvez não sejam tímidos ou covardes, mas sábios, talvez os corajosos e impulsivos é que sejam irresponsáveis e sem noção. Mas quem consegue ser o que não é ou fugir do próprio destino? Às vezes passamos a vida lutando contra tendências pessoais que ao mesmo tempo são nossas bênçãos e nossas maldições, nosso melhor e nosso pior, que nos fazem conquistar com uma mão e perder com a outra. 
       Só o tempo para nos levar ao equilíbrio, na maneira como agimos e como reagimos, como nos aproximamos e como respondemos a quem se aproxima de nós, mas a Bíblia nos orienta que ouvir é melhor que falar, que esperar é mais sábio que agir, que aprender é mais sensato que ensinar, que ser discípulo ensina mais que ser mestre. Assim, seja como o Sol, distante, mas quente, imenso, mas parecendo pequeno aos olhos de muitos, não fazendo força para ser, mas sendo, sempre fazendo bem, iluminando, esquentando como o calor certo, sem “queimar” ninguém.
      O texto inicial, contudo, nos revela que alguns poderão habitar no “sol” e não serão queimados, esses são os amigos íntimos de Deus, filhos que foram além da religião e buscaram pelo Espírito Santo os mistérios do Altíssimo. Esse “sol” é o Altíssimo, fogo consumidor que arde, ilumina, mas não consome, não os purificados no sangue do cordeiro Jesus. O mal foge dos que ardem nesse fogo, os espíritos das trevas e mesmo possessos em algum nível pelo mal, esse “sol” só se pisa em santidade, com persistência e humildade, nele somos protegidos e supridos de forma especial. 

quinta-feira, setembro 24, 2020

Deus te ama!

      “Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce. Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.” Salmos 103.13-16

      Muitos não querem amar, e como consequência não permitem que sejam amados, por homens mas até por Deus. Negar o amor de Deus é afastar-se de seu perdão, o fruto nobre do amor é o pleno perdão, sem perdão segue-se com o pecado para depois inventar desculpas para negar sua existência. Os que não experimentam o amor de Deus fatalmente chamarão o pecado de outros nomes, arrumando desculpas para continuar pecando, esses têm medo de se aproximar de Deus e serem amados. Por quê? Porque o amor desarma.
      Desarmados temos que enfrentar a realidade de uma outra maneira e nos reposicionarmos, contudo, isso é um processo que se tem que ser humilde para vivenciar, numa nova disposição que assume dependência de Deus. Nessa dependência ganhamos liberdade e amor, mas precisamos aceitar os valores de Deus, que ainda que sejam mais elevados muitas vezes não nos colocam na evidência que gostaríamos de ter neste mundo e diante dos homens. O amor de Deus aproxima, perdoa, desarma, transforma e nos dá novos valores. Só ama quem amado foi!
      A verdade é que não podemos entender o amor de Deus, eu não consigo entender o porquê do Senhor me amar tanto e há tanto tempo, mesmo quando eu não sabia, mesmo quando eu sabia mas não agia de acordo. O segredo, contudo, está em não entender, se entendermos é porque achamos o motivo dele nos amar, que equivocadamente pode ser porque nós merecemos esse amor, e nós nunca merecemos. Dia a dia nossos atos confirmam nosso desmérito, mas a iniciativa do Senhor também é vista pelos que querem ver, na insistência de nos amar.
      Deus rega a flor no início de um dia, espera-a crescer, alegra-se com ela ao meio-dia no apogeu de sua beleza, para depois vê-la murchar no ocaso e secar-se na noite. Ainda assim o Senhor tornará a regar a flor, na alvorada de um novo dia, e novamente o processo ocorrerá. Deus é jardineiro persistente, sabe que somos fracos, pó, por isso é tão paciencioso e nunca exige de nós mais do que podemos suportar, ainda que nós mesmos e os outros exijam. Essa delicadeza de nos tratar como delicadas flores, que encantam por tão pouco e a custo de tanto, é o amor de Deus, quiçá tivéssemos a mesma delicadeza para amar os outros. 

quarta-feira, setembro 23, 2020

Deus me ama?

      “Pois o mesmo Pai vos ama, visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.João 16.27

      Se quer saber se Deus te ama, e o quanto ele te ama, lembre-se, depois de você ter se convertido e recebido o selo do Espírito Santo, de todas as vezes que você, mesmo já salvo e tendo experimentado a presença maravilhosa do Senhor e a paz singular que se tem através do perdão por Cristo, ainda assim pecou, sujou o templo, foi infiel, trocou o eterno pelo passageiro, o real pela ilusão. Mesmo assim, teu pai espiritual, santíssimo e perfeito, te atraiu para o arrependimento e te perdoou, dando-te de novo a alegria da salvação, te enchendo do Espírito Santo e te levantando diante dos homens.
      Deus não te abandonou e te aceitou, e isso aconteceu muitas vezes, apagando teu pecado dos “livros divinos”, te tratando como se nada tivesse acontecido, só porque você creu que em Jesus há perdão. Isso é amor sem fim, que gosta e protege sem segunda intenção, que é fiel para com o infiel, forte com o fraco, aceitando-o e nunca humilhando-o ou acusando-o. Se tem algo que você pode ter plena certeza é que Deus te ama, se for humilde e crente nele entenderá isso, de todo o coração, e será consolado, terá forças para se por de pé e seguir em frente, com esperança e em paz. Deus te ama!
      Mas se quer saber mais sobre o amor de Deus, compare-o com o teu, com o que você dá às pessoas. Via de regra amamos quem nos ama, ou mais, quem de fato gostamos e que nos dá aquilo que queremos receber mesmo quando erramos e não nos arrependemos. O amor humano é sempre conveniente, é sempre “toma lá dá cá”, não é de maneira alguma sacrificial, e se se sacrifica muitas vezes é de forma doentia, tentativa de amar alguém mesmo sendo maltratado por esse alguém. Esse falso tipo de amor faz mais mal que bem, de alguns temos mais que nos afastar mesmo, é o melhor que podemos fazer.
      Deus, contudo, não age assim, com nenhum ser humano, neste mundo está sempre disponível para mudar a vida de alguém, mudança que começa nesse mundo e vai até à eternidade. Nesse mundo Deus é salvador para os ímpios, pai para os filhos rebeldes, Senhor dos servos abnegados e amigo dos verdadeiros profetas, que o buscam com intimidade. Na eternidade é irmão dos que o escolheram seu amor e juiz dos que não escolheram. São as várias facetas de um amor único, maior, eterno, que é mais que uma virtude ou um sentimento, mas a essência da espiritualidade mais alta e iluminada. Deus é amor!
      Talvez no final de nossas vidas, quando nos livramos das vaidades, de querer dar a última palavra, talvez nesse momento conseguimos amar mais proximamente à maneira como Deus ama, talvez velhos e cansados conseguimos dar sem exigir nada em troca, deixar que os outros brilhem mais do que nós. O amor entre homens é basicamente isso, deixar que o outro brilhe forte, sem impedir isso, sem invejar isso e promovendo isso. Deus vê nosso potencial de iluminação ainda quando somos trevas, nos redime e nos coloca num lugar especial para que brilhemos, esse é o objetivo prático do amor de Deus.

terça-feira, setembro 22, 2020

O que as pessoas nos levam a ser?

     “Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria.” João 4.44

      Por que com algumas pessoas é tão fácil sermos o nosso melhor, enquanto que com outras parece que somos sempre levados a ser piores? Bem, em primeiro lugar é preciso admitir que se fôssemos perfeitos já não estaríamos mais aqui, e em segundo lugar precisamos aceitar que por algum motivo, que Deus o pai de todas as almas sabe, as pessoas que mais nos incomodam são nossos familiares mais próximos, justamente aqueles com os quais temos que conviver mais assiduamente e mais proximamente. 
      Todavia, são críticos próximos que exigem de nós mais atitude de amor e de profunda humildade, e eles existem em nossas vidas para isso, acredite e não fuja desse confronto, vivencie-o em Deus e será alguém melhor ainda que aquele que você acha que é, com os que você não precisa se esforçar para ser. Deus sabe o que faz, o reconheçamos em nossos caminhos e teremos vitória. Uma coisa é certa, somos confrontados com a descrença e desonra para aprendermos a seguir para Deus, isso é o que nos empurra para frente. 

segunda-feira, setembro 21, 2020

Por que as pessoas caem?

      “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.Provérbios 16.18

      As pessoas não caem porque erram, muitas neste mundo ainda que errem e não se arrependam, não sofrem grandes tropeços, pelo menos nesse plano. O que leva às quedas, contudo, é a arrogância, principalmente quando se joga publicamente na cara dos outros que se é intocável, que nunca errou ou ainda que tenha errado não será julgado por isso. O homem pode enganar a si mesmo, até a outros homens, mas não tente ele ludibriar a justiça, desdenhar do juízo, desprezar o juiz, não se ache ele deus pensando que nunca erra e tentando construir neste mundo obras de justo, defendendo uma reputação mentirosa como correta, usando isso para enganar e se apossar do que nunca foi ou será seu. 
      Quem lhe será juiz nesse caso? Nem será Deus em pessoa, mas os semelhantes de tal homem, principalmente seus opositores, esses o odiaram por ter se mostrado como melhor, como moralmente diferente, quando não era. Melhor teria sido para ele aliar-se aos errados, ser amigo dos pecadores, fazer alianças, como fazem todos que querem algum poder nesse mundo. Ele escaparia do juízo de Deus? Não, mas nesse mundo poderia ter alguns anos de glória, já que ainda que errado teve certa “humildade”, errou mas não foi arrogante. Não, as maiores vergonhas neste mundo não passam os pecadores, todos somos pecadores, mas os loucos que se colocam acima da justiça e não fazem alianças com seus semelhantes.

domingo, setembro 20, 2020

Ore mais!

      “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
  João 15.7
      “Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”
  Gálatas 5.25

      Quando oramos frequentemente várias coisas boas acontecem:

- falamos diretamente com Deus, isso é de suma importância para termos de fato comunhão com o Senhor, ninguém conhece alguém só pensando nesse alguém, mesmo gostando ou admirando à distância, é preciso dialogar, de perto, olho no olho;

- testamos nossas intenções e nos conhecemos, ninguém resiste orar por muito tempo pelas coisas erradas, assim, ainda que comecemos a pedir a Deus algo que não é para nós termos, na insistência nosso coração esfria, a paixão passa e fica só o que é de fato legítimo;

- entendemos a intenção de Deus, quando nossas ilusões caem por terra, o que fica é a firme vontade de Deus, a qual se tivermos humildade e maturidade aceitaremos como a melhor para as nossas vidas, ouvir a voz de Deus com precisão é um trabalho de oração persistente;

- conhecemos a Deus, nesse conhecimento há comunhão, nos sintonizamos na “vibração” do Altíssimo, nessa experiência nos colocamos num local especial, elevado espiritualmente, nesse lugar há paz e vitória, orar é mais que dialogar, é se posicionar;

- nos santificamos, a oração confronta homem com Deus, esse confronto, se verdadeiro e íntimo, exige do homem limpeza espiritual e moral (e mesmo física), quem se aproxima do rei quer estar com os melhores trajes, banhado e bonito;

- somos ouvidos por Deus, o resultado de tudo isso é que pedimos e recebemos, antes ainda de pedirmos, pois não só andamos com Deus ou seguimos a Deus, mas vivemos em Deus, somos nele, numa comunhão plena, em todas as alturas e dimensões.

sábado, setembro 19, 2020

Ganhar ou perder?

      “Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios.Salmos 37.16

      Talvez, só talvez, os homens sejam divididos em dois grupos, os que vieram ao mundo para ganhar e os que vieram para perder, e me refiro a ganhar ou perder valores materiais, bens, posição social, fama, por ter ganho isso ou sido aquilo, não às virtudes morais e espirituais. Alguns de nós precisam se esforçar, mais e mais, estudar mais, trabalhar mais, para entender que neste mundo as coisas são obtidas com trabalho árduo e honesto, isso é o que os tirará de suas zonas de conforto e os fará crescer. Contudo, outros de nós, precisam aprender a renunciar, precisam entender que por mais que se esforcem certas coisas não darão certo, não para os deixarem ricos e famosos, talvez esses não estejam preparados para serem ricos e famosos, ainda que nasçam com aptidões e em lares que lhes propiciem isso. 
      Talvez você não veja a vida assim, talvez a veja por um dos dois extremos, um extremo, crédulo até fantasioso, que diz que todos devem fazer o máximo para chegar ao topo, ou o outro extremo, amargo ou simplesmente abnegado, que diz que ninguém é feliz nessa vida e nunca consegue ser o que realmente quer. Ilusão e mágoa são coisas que todos nós, de um jeito ou de outro, sempre levamos na alma. Mas podemos ver a vida ainda de uma outra maneira, como uma oportunidade para crescimento espiritual, onde os valores materiais são só provas, que a uns conduzem para melhor quando existem e a outros para melhor quando faltam. Por que pode ser assim? Porque nós, seres humanos, somos maravilhosamente diferentes.
      Qualquer generalização que desrespeite as diferenças é injusta, impede de entender o real motivo da nossa existência neste plano, assim é falsa a premissa que a felicidade é alcançada por todos do mesmo jeito, que todos têm que vencer sempre, em termos materiais. Sim, todos precisam ter na sociedade os mesmos direitos de escolha, mas as escolhas devem ser diferentes, contudo, o que tem feito muita gente infeliz é achar que o que faz o outro feliz a fará também, que alguém tem que ser e fazer algo porque os outros têm e são, assim, muitos tentam e tentam e nunca ganham, perdem e perdem, por quê? Porque esses têm que aprender a perder, não, não tudo, mas o suficiente para que sejam libertados de vida de aparência, ou que acha que tem que agradar os outros, para ser e ter o suficiente para achar a felicidade. 
      Quem precisa perder para de fato achar a espiritualidade, encontrar a humildade, a simplicidade, será infeliz se não aceitar isso, será amargo e terá inveja dos que são ou têm o que eles gostariam de ser ou ter. A felicidade é descobrir quem somos de verdade, e isso só descobrimos em Deus, ele é o espelho puro e limpo que nos mostra quem realmente somos, revela-nos nosso melhor homem interior. Muitos, todavia, passam a vida fugindo do espelho, se olham nos outros, ao invés de em Deus, e nos outros só veem os outros, não eles mesmos, assim podem até enriquecerem e serem famosos, mas não são felizes. Em primeiro lugar busque a Deus, conheça-o e assim a si mesmo, só depois poderá construir uma vida sobre a rocha, será uma pequena casa ou um castelo? Não importa, contanto que seja o que de fato você em Deus. 
      A felicidade não está no muito ou no pouco, mas em ser justo com o que se tem, se podemos ser justos com o pouco, nos resignemos com isso, e não almejemos mais, contudo, se podemos ter muito e ainda assim sermos justos, nos esforcemos para isso em Deus. Não nos esqueçamos, porém, de Marcos 10.25, “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus“, não que Deus não queira que sejamos ricos, mas riqueza nesse mundo, assim como fama, podem ser tentações grandes demais para a maioria. A realidade para a maioria de nós é, aprendamos a perder, a morrer, a abrir mão, com a certeza que por Jesus ganhamos vida e liberdade espiritual, bens que transcendem esse plano e que nos acompanharão onde as riquezas e a fama não irão, a melhor eternidade com Deus. 

sexta-feira, setembro 18, 2020

Ter ou não ter?

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.Romanos 15.1-2

      Pessoas diferentes precisam pagar preços diferentes para se aproximarem mais de Deus e amadurecerem espiritualmente. Alguns precisam aprender a administrar com misericórdia o poder que recebem, outros com humildade o podem que não recebem. Os que recebem algum tipo de poder não são maiores, nem os que não recebem menores, não diante de Deus, e ambos precisam e podem crescer igualmente para chegarem ao mesmo nível. Misericórdia ou humildade? É claro que em alguma instância todos precisamos das duas virtudes, assim como todos temos poderes para dar aos outros para administrar assim como administrar falta de alguns poderes que dependemos de outros para ter. Na verdade é tudo um jogo de equilíbrio, o universo é equilibrado, Deus é equilibrado, ainda que a princípio o mundo não pareça e muitos homens insistam em não ser, também a princípio.
      O que é ter poderes? Ter uma empresa com funcionários é ter poderes, os que colaboram conosco como empregados trocam serviços por dinheiro, mas são os empregadores que mantém empregados, e esses podem ser despedidos e trocados pelos proprietários das empresas. Mas existem poderes mais subjetivos, muitas vezes apenas em ter possibilidades de ajudar alguém, sem receber nada por isso, de fazer um favor, é esse tipo de poder que pode exigir de nós mais espiritualidade, para que não o exerçamos com arrogância, frieza ou displicência, nem querendo algo em troca. Os poderes que de fato são provas da vida para que adquiramos misericórdia podemos realizar sem fazer muita força, sem que seja um peso para nós, podemos fazer simplesmente para sermos ferramentas da providência divina, do amor de Deus com as pessoas. Nesse caso é importante, se queremos de fato amadurecer espiritualmente, entender que não somos donos de nada, apenas mordomos de algo, de um direito, que nos foi dado por Deus para abençoar, libertar, as pessoas, não prende-las a nós.
      Por outro lado convém a Deus, através do universo, de seus sistemas e probabilidades, que estão diretamente ligadas às nossas escolhas, que não tenhamos certos poderes, certas vantagens, assim precisamos aceitar, em Deus, se é que queremos crescer nele, que dependemos de outros para tê-los. Nesse caso é preciso humildade para aceitar isso com um coração simples e pacífico, que não cria amargura por causa dessa dependência nem busca vingança contra aqueles dos quais depende. Quem é maior o que tem ou o que recebe? O evangelho diz que mais bem-aventurado é dar que receber, mas por outro lado ter parece ser mais fácil que não ter, dar parece ser mais fácil que receber, ser humilde parece ser mais difícil que ser misericordioso. Em última instância, como já dissemos no início, tudo pode ser um desafio espiritual que pode nos conduzir a um crescimento em direção ao Deus altíssimo. O que tem coração de aluno, não de mestre, sempre achará na vida uma oportunidade para ser alguém melhor e mais parecido com Jesus.
      Contudo, muitos recebem a possibilidade de exercer poder porque talvez não conseguiriam viver de outro jeito, porque não são humildes suficientemente para depender de algum poder alheio. Outros, por sua vez, precisam aprender a receber, serem fiéis no pouco, para só depois poderem dar, serem fiéis no muito, mas o mais espiritual é sermos misericordiosos enquanto recebemos, enquanto dependemos de alguém, e humildes enquanto damos, enquanto administramos os que dependem de nós. Se entendermos, todavia, que ninguém é dono de nada, que tudo pertence a Deus, e que muitas posições neste mundo são passageiras, hoje pode ser de dono de poder e amanhã de dependente do poder de outro, aceitando assim a fragilidade do ser humano, tanto fará estar numa quanto em outra posição, teremos paz das duas maneiras, seremos homens de bem das duas formas, glorificaremos ao Senhor dos dois jeitos, nunca ao homem, nunca a nós mesmos, nem por sermos poderosos materialmente para poder dar, nem elevados espiritualmente para receber e não se sentir menor por isso. 

quinta-feira, setembro 17, 2020

Ser ou não ser?

      “Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.Salmos 91.7-9

      O texto inicial nos faz pensar na situação política atual do Brasil e no envolvimento de cristãos nela, ele diz, “mil cairão ao teu lado e dez mil à tua direita”, mesmo nossos “irmãos” de fé podem ser derrotados se quiserem estabelecer um reino de Deus neste mundo. O amigo de Deus, contudo, não se apoia nos lados, nos extremos, nos homens, mas no altíssimo, que está no plano espiritual, não nos poderes, mesmo religiosos, deste mundo. No altíssimo somos protegidos, de todos os extremos, sejam à esquerda e à direita, dos homens, seja abaixo, dos seres espirituais das trevas.
      Ocorre todavia um engano entre muitos cristãos, que começa quando refletem erroneamente no adjetivo altíssimo que é dado a Deus, um adjetivo que mostra como o Senhor está num ponto extremo. Isso leva muitos a pensarem assim: “mas a Bíblia não ensina algo extremo, sobre santidade e verdade? O crente fiel não deve ser extremista em sua fé? Ser cristão não é viver num extremo moral e espiritual?” Sim, isso está correto, mas o extremismo de Deus é o espiritual, não o material, ele se reflete numa vida de virtudes interiores, não necessariamente refletidos em prosperidade material e domínio político sobre a sociedade. 
      Esse extremismo que vem de Deus, e não de tradição religiosa, deve nos levar a abrir mão de querer ter, ser ou dizer, diante dos homens. Depois de refletirmos bastante, nas últimas postagens aqui do blog, no extremismo exterior equivocado que muitos cristãos têm tentado viver no mundo, reflitamos agora em como alcançar o extremismo espiritual verdadeiro do altíssimo, que é o oposto do que muitos pensam. Nele muitos valores são trocados, nele perder é ganhar, não se impor é ser e calar diz mais que muitas palavras.

      Quando o que você tanto deseja ter não fizer mais para você diferença se tem ou não, quando o que você deseja ser você não quiser mais ser para mostrar para os outros que é, quando o que você tem tanto a dizer for satisfeito com o silêncio ou mesmo com a ausência de ouvidos para ouvir, então você poderá dizer. Isso tudo se buscar ter, ser ou dizer em Deus, não em teu ego para os homens. 
      Não é assim para quem vive longe de Deus, ainda que seja um bom religioso ou um cidadão preocupado com o planeta, esse tem o próprio ego como deus, esse precisa ter, ser ou dizer a todo custo, e enquanto isso não acontecer não achará que fez diferença no mundo. Mas não se engane, esse ter, ser ou dizer não é necessariamente ter, ser ou dizer algo mau, ruim, ao contrário.
      Os mais focados em brilharem neste mundo acham forças para isso porque legitimam suas lutas com boas intenções, debaixo de bandeiras levantadas por gente importante. Mas mesmo o bem, desejado, feito ou falado, longe de Deus, é mal, porque não adora o Altíssimo, se não adora não conduz a ele, e se não conduz a ele leva ao homem e aos seres espirituais, por mais bem intencionado que alguém esteja.
      Temos de Deus, recebemos verdadeiramente do Altíssimo, e por nenhum outro meio, ainda que esse outro meio seja através de trabalho honesto e competente, quando o que queremos não nos afasta de Deus. Somos em Deus e podemos dizer em Deus da mesma maneira, quando o que tanto desejamos ser e dizer não desagrada ou não nos afasta de algum jeito do Altíssimo, antes nos aproxima ainda mais dele.
      Abra mão de ter, ser ou dizer, apenas adore a Deus, busque-o, ouça-o, aprenda dele e então cale, que toda a vaidade se vá, que o que o homem pode dar neste mundo, por mais verdadeiro que seja, não seja mais teu objetivo maior, que não seja a motivação para você persistir e se esforçar para ser melhor, que o que o homem pense, qualquer homem, não faça mais diferença para você.
      Quando tua motivação for somente exaltar a Deus, não teu ego, haverá uma legitimidade maior para a tua existência, não apoiada por homens, mas por Deus, não para estabelecer um reino neste mundo, mas na eternidade espiritual, não para convencer as pessoas e ter uma graduação diante delas, mas simplesmente para ser canal direto e limpo da luz mais alta do Senhor, que revela as trevas silenciosamente. 
      Esse é o extremo que cristãos verdadeiros devem almejar, não no plano físico, mas no espiritual, não um extremo para a esquerda ou para a direita, mas para cima, e não nos altos castelos deste mundo, mas na presença elevada do Altíssimo, onde a luz moral está, onde a verdade está, onde o amor está, onde não há conflito, de espécie alguma, mas equilíbrio, o equilíbrio eterno e universal do criador e Senhor de tudo.