quinta-feira, novembro 16, 2023

4º passo para Deus: Bíblia (4/7)

      “disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.Lucas 24.44-45

      Veja que conhecimento bíblico está como o quarto passo para Deus, ainda que muitos ouçam ou leiam um simples versículo e tenham suas vidas transformadas. Mas nesse caso é porque havia intenção de santidade, fé pura e consciência da importância do Cristo como sendo o centro da Bíblia. Ainda que a Bíblia deva ser estudada com cuidado, principalmente onde se refere a costumes sociais de sociedades antigas, com temor a Deus e bom senso todo o cânone sagrado é bênção e é em todos os dias de nossas vidas. Mesmo que tenhamos lido um texto várias vezes, ele sempre trará algo novo, que consolará nossas almas. A Bíblia sempre será o texto sagrado mais relevante que a humanidade recebeu do Espírito de Deus.
      É nesse quarto passo que igrejas são relevantes, ensinando a Bíblia. Ao novo na fé convém procurar, achar e ficar em igreja que ensine a Bíblia, e acreditem, bons pastores mestres, mais professores que pregadores, mais eruditos que carismáticos, são ferramentas eficientes de Deus nisso. Muitos iniciam suas caminhadas e ficam presos a pastores que falam bonito, com vozes empolgantes, com brilhos encantadores nos rostos, sim, Deus pode e usa esses, mas um conhecimento bíblico correto pode ser mais aprendido de líderes que dedicaram tempo a estudo acadêmico da Bíblia, em faculdades e seminários sérios. Ainda que teologia tradicional tenha seus equívocos, como tanto exortamos aqui, ela é fundamento imprescindível. 

“Sete passos para Deus”,
leia as sete postagens
para melhor entendimento.
José Osório de Souza 29/04/22

quarta-feira, novembro 15, 2023

3º passo para Deus: Jesus (3/7)

      “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.João 1.1-4

      Eu creio que esteja onde estiver o ser humano, se tiver a intenção melhor, limpeza moral e a ferramenta certa, uma fé pura, entenderá a relevância de Jesus como enviado do Deus verdadeiro para ser como homem o início e em espírito o fim. Ainda que existam algumas diferenças de doutrina, como há na igreja católica em relação às protestantes, e mesmo em espiritismos e religiosidades orientais, o exemplo de vida simples, santa e de amor do Cristo eleva-se aos olhos do que de fato quer se aproximar de Deus. Ninguém precisa aceitar doutrinas e costumes de igreja nenhuma, basta ler os evangelhos, conhecer a vida do Cristo, fazer uma oração em seu nome e receber o perdão que dá a paz que fortalece para seguir rumo a Deus. 
      Ainda que o cristianismo tenha usado referências de religiões e de um cânone bíblico construído por interesses humanos, a luz do Cristo brilha forte nele. Passaram muitos profetas, escritores de textos sacros, fundadores de religiões e filósofos espiritualistas relevantes por este mundo, mas Jesus é único. Seu nascimento, sua vida, sua morte, sua ressurreição, suas palavras e suas ações, atravessam séculos ensinando a espiritualidade mais elevada e ainda assim simples. Ninguém precisa ser teólogo erudito ou monge isolado, basta ser ser humano comum, pisando a Terra para ganhar o pão, constituindo família, e foi isso que Jesus mostrou, como ser diferente sendo normal, com humildade, mas em santidade e com amor. 

“Sete passos para Deus”,
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José Osório de Souza 29/04/22

terça-feira, novembro 14, 2023

2º passo para Deus: Fé (2/7)

      “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.Hebreus 11.6

      Crer no que não se vê, esperar o que ainda não existe, ouvir o intocável, dialogar com Deus e ser seu amigo, isso tudo não se consegue só com conhecimento, nem bíblico, mesmo com disciplina e com boa intenção. É preciso acreditar, exercendo não só convicção emocional e foco racional, mas fé espiritual dada por Deus àqueles que o buscam. Fé é um mistério, muitos não dão importância para ela e a possuem, outros a idolatram e ainda não entenderam o que ela é, nem a receberam do alto. Fé se conquista com tempo e com muitas decepções, que vão fazendo ruir ilusões e vaidades e construir em nós uma conexão profunda com Deus. Fé não se compra, se recebe com a humildade que confia que alguém maior ouve e responde. 
      Todos têm algum tipo de fé, todos acreditam em algo, ateus e materialistas são crentes ferrenhos, ainda que no conhecimento científico e em si mesmos, e isso não está errado, aliás, muitos crentes cristãos deveriam crer mais na ciência e neles mesmos. Quem diz que não tem fé em Deus tem a mais dolorida das fés, que opõe-se a seu homem interior. Mas a fé melhor e mais alta contempla o que está acima de tudo, dos homens, do mundo e de toda riqueza material e intelectual, e confia no que está lá no alto, de uma maneira que nem pode entender direito ou explicar, mas que sente e persiste em sentir. Fé não se explica, nem se julga, se experimenta e pronto, conduz ao que há de eterno no ser humano, livrando-o da segunda morte. 

“Sete passos para Deus”,
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José Osório de Souza 29/04/22

segunda-feira, novembro 13, 2023

1º passo para Deus: Santidade (1/7)

     “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.” Salmos 24.3-5

      O primeiro passo para se achar Deus é desejar uma vida moral limpa. Alguns podem dizer, “mas santidade é só o fruto final que colhemos depois de andarmos muito com Deus”, sim, isso é verdade, mas aqueles que buscam religiões, sejam elas quais forem, cristãs ou não, por outro motivo que não seja vencer obras da carne e apetites do corpo, não acharão o melhor de Deus, nem em igrejas evangélicas. Muitos até querem exercer fé, mas para receber bens materiais, casamento, honra entre os homens, outros querem conhecer o plano espiritual, mas só por curiosidade, e alguns querem até manipular “espíritos”. Contudo, só o que deseja ser santo tocará o coração do Santíssimo e será encontrado por esse, esteja onde estiver.
      Busca de Deus é busca do melhor para si mesmo, encontro de paz interior, de libertação de vícios, de vida equilibrada e coerente, sem hipocrisia ou manipulação. Acha Deus quem de fato procura Deus e não outras coisas que religiões possuem ou podem dar, assim o que realmente teme a Deus, ainda que em religiões imperfeitas, e todas são imperfeitas, saberá separar trigo de joio, mundo do céu, senhores do Senhor. Persistirá até achar o que busca, não o seu corpo ou o seu intelecto, mas o seu espírito, com a melhor intenção e com as mais verdadeiras obras. Nesse processo pode não se achar o procurado no primeiro lugar, mas o que quer achar não se acomodará a zonas de conforto, seguirá até ter santidade e paz. 

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José Osório de Souza 29/04/22

domingo, novembro 12, 2023

O que é certo? O que é errado? (2/2)

      “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” Tito 1.15-16

      O que é certo e o que é errado num mundo pretendendo viver uma era pós cristianismo-religião-oficial de muitas nações que proibia outras crenças? Muita coisa que a moralidade cristã tradicional diz que é pecado, não é mais, e ainda que Deus nos avalie pelas nossas consciências, nós não devemos julgar os outros por elas, o que é errado para um pode ser certo para outro. Cada um constrói suas referências de certo e errado sobre muitas variáveis, criação familiar, formação religiosa, cultura social, graduação intelectual, possibilidade financeira, temperamento, preferências estéticas, idade, características sexuais, ainda assim podemos ter coisas comuns com outros e sermos diferentes deles, fazendo escolhas distintas na vida.
      Um cristianismo ainda algemado a legalismos, materialismos e antropomorfismos do antigo testamento, tem dificuldades para entender a santidade que agrada a Deus no século XXI. Ainda que muitos se achem cristãos mais santos por serem conservadores, são só museólogos ou pior, coveiros, guardando doutrinas religiosas e espiritualidades de seres humanos do passado e mortas. Mas a humanidade não está caminhando para a perdição, para as trevas, Deus está no controle, o ser humano caminha para a luz. O coletivo perde lugar para o individualismo, não são mais os seres humanos que devem se encaixar em óticas criadas e lideradas por uns poucos homens, o que era confortável e fácil ainda que limitado. 
      O ser humano chegou num momento de sua história em que poder fazer escolhas pessoais, de acordo com especificações individuais, não precisa mais se formatar em alguns poucos padrões, hoje cada ser humano é único e tem direito de sê-lo. Essa é a verdade que muitos cristãos não entendem, e que muitos não cristãos entendem, ainda que queiram liberdade sem o Deus verdadeiro. É claro que muitos no planeta ainda estão longe de poderem usufruir desse direito e dessa liberdade, opressão e preconceito resistem fortes em muitos lugares. Mas quem disse que o caminho para Deus é curto e rápido? Não é, ainda que achem que seja muitos cristãos que pensam que o mundo esteja para acabar e que Jesus está voltando. 
      O que todos precisam saber é que Deus tem sempre as portas abertas, seu amor move o universo e atrai todos para o alto. O que nos limita, nos prende, nos atrasa, são nossas consciências machucadas e sujas por quebras de alianças afetivas, por vida profissional e financeira desonesta e ociosa, por mentes transtornadas e sentimentos pesados por iras, invejas e falta de dar e receber perdão. Tem muita coisa que o cristianismo legislou como pecado, mas para que Deus não dá assim tanta importância, contudo, muita coisa sempre deixará o ser humano sem paz, por independer de espaço e tempo, mas estar ligada a valores espirituais eternos, que vieram conosco da eternidade e que devemos levar de volta ainda mais aperfeiçoados. 
      Muitos cristãos vivem uma utopia e não têm noção disso, se acham melhores, salvos, dignos do céu, e se revoltam com muita coisa que consideram perdição do mundo. Se consideram virtuosos paladinos lutando pela moralidade da tradição judaica-cristã. Meus queridos irmãos evangélicos, quem sabe da luta que cada um passa para ser melhor, ainda que olhando do lado de fora os achemos ruins? Mas os outros também nos olham e nos julgam, e muitos veem em muitos cristãos assíduos em templos e se postando como diferentes, só hipócritas sem noção, quando falam e falam de Bíblia, mas muitas vezes não conseguem dar pequenos testemunhos de misericórdia e justiça no ambiente de serviço e entre familiares.
      A verdade é que o momento atual pede ainda mais cuidado, mais silêncio, menos pregação de Bíblia em praça pública, e mais oração solitária nos lares. Deus está conduzindo a humanidade a uma busca pessoal, já que se o direito de todos serem tudo for manifestado levará o planeta ao caos e a guerras. Sim, podemos mudar o mundo e devemos, mas de dentro para fora, individualmente, não coletivamente, com discrição e silêncio, deixando que obras de santidade e amor falem mais alto que palanques, púlpitos e palcos, sejam físicos ou virtuais na internet. É tempo de vencer a vaidade de querer ganhar discussões ideológicas, sejam de política, de sexualidade, do que for, de ouvir Deus, não religiões, dizer o que é certo e o que é errado. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

sábado, novembro 11, 2023

Nele o sim, por meio dele o amém (1/2)

      “Porque todas as promessas de Deus têm nele o "sim". Por isso, também por meio dele se diz o "amém" para glória de Deus, por meio de nós. Mas aquele que nos confirma juntamente com vocês em Cristo e que nos ungiu é Deus, que também pôs o seu selo em nós e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.II Coríntios 1.20-22

      Não há palavra de acusação, de reprovação, de negação no Espírito de Deus, só palavra de iluminação, de aprovação e de afirmação. Posto essa afirmativa vamos entendê-la melhor. Se um cruel assassino, um ladrão, um ser humano sem respeito à vida alheia, que faz qualquer coisa para ter um desejo seu satisfeito, se esse parar e buscar ouvir a palavra de Deus, o que Deus lhe dirá? O Espírito Santo não dirá você é um assassino, mas dirá você pode não ser um assassino, o Espírito Santo não dirá você será condenado por roubar, mas o Espírito Santo dirá se você trabalhar honestamente poderá ter o que precisa, o Espírito de Deus não dirá você é mal e merece o tormento, mas você pode ser um homem de bem e gozar paz e honra.
      Isso não significa que Deus seja irresponsável com o mal cometido pelos homens, que esqueça dos pecados e livre os homens das consequências de seus erros. Isso significa que Deus sempre vai direto ao ponto com o ser humano, mostra-lhe uma saída para o acerto, uma oportunidade para ser melhor, uma chance de fazer diferente e mudar de vida. Na iluminação do Altíssimo, se for aceita com humildade, o homem saberá que terá que arcar com as consequências dos erros que cometeu no mundo dos homens, mas será fortalecido para seguir pela paz do perdão de Deus, ainda que outros, mesmo depois que o tempo passar e o homem tiver pago os preços, o cobrem, o acusem, não se esqueçam do mal que cometido dia.
      A ideia que muitos fazem de Deus, e que foi calcada em nossas mentes pelo cristianismo do mundo, é de um Deus bipolar, que dá com uma mão e tira com a outra, que abençoa com um olho e amaldiçoa com o outro, que ama com uma parte de seu coração e se ira com a outra parte. Nós podemos nos esquizofrenizar, somos seres partidos e em conflito, mas o Deus espírito da luz mais alta não pode, ele é uma coisa só e sempre. Vou repetir o que tanto digo aqui: o homem se afasta de Deus quando não quer viver a verdade e nesse afastamento se pune, Deus não toma a iniciativa de punir ninguém. Se a ira de Deus, se seu juízo, se a condenação do Senhor parecem enormes, é porque nós mantemos isso em nós. 
      A afirmação feita nesta reflexão pode não ser entendida por dois tipos opostos de pessoas. Muitos não cristãos dizem que o Deus de amor a ninguém julga ou condena e dá direito a todos de serem e fazerem o que querem. Muitos cristãos vão usar um argumento, muito usado atualmente por eles, que utilizar o amor de Deus como desculpa para se sentir aprovado fazendo coisas erradas é blasfêmia. Não é uma coisa nem outra. Os cristãos erram achando que o amor de Deus abre mão de santidade, ao contrário, ele atrai o ser humano para ela, confronta-o com a luz moral mais alta, sem aceitar e querer praticar a santidade de Deus não se pode provar seu amor. Os não cristãos erram por não conhecerem a Deus e dizerem que conhecem. 
      Mas existe um efeito muito ruim no equívoco cometido pelos dois lados, cristãos afastam não cristãos do verdadeiro Cristo. Quando a falsa moralidade de uns e a imoralidade de outros se confrontam, usando o nome de Deus em vão, quem deixa de ser mostrado é o Deus verdadeiro. Ainda que os cristãos tenham experiências inequívocas com o verdadeiro Cristo, a maneira imatura como eles compartilham esse Cristo faz com que não cristãos creiam num falso Cristo. Todos buscam a Deus e ao plano espiritual, de alguma maneira, mas só acham o Altíssimo os que querem, se não quiserem suas buscas serão limitadas a “espíritos” mais baixos, e esses costumam identificar-se mentirosamente, para terem atenção e glória. 
      Não provamos amor de Deus sem santidade, se alguns dizem que provam e não vivem e persistem na santidade, provam o “afeto” de outro espírito, não de Deus. Ninguém se engane achando que engana os outros, quem vive moralmente errado e se diz aprovado pelo amor do evangelho, dentro de seu coração sabe se de fato possui uma conexão íntima com o Espírito Santo do Altíssimo. Ainda que a mídia e os poderes desse mundo digam que Deus está em toda religião e espiritualidade, os frutos que cada um dá e que permanecem no tempo, provam se isso é ou não verdade. Por outro lado, cristãos, Deus ouve a todos e em todas as religiões, mas só o que de fato obedece a Deus prova de seu amor e tem um coração limpo. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

sexta-feira, novembro 10, 2023

Ao limite e além?

      “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.II Coríntios 12.10

      “Não há limites para os teus sonhos, corra atrás deles e se realizarão”. É por acreditar em afirmações como essas que muitos jovens estão doentes atualmente, deprimidos e infelizes, ainda que com boas formações acadêmicas e até bem remunerados profissionalmente. O que ocorre é que muitos atingem seus limites e não querem parar, assim tentam seguir numa jornada impossível. No desperdício de energia podem perder o que tinham conquistado até então, e ao invés de se manterem na boa posição conquistada, retrocedem a posições mais baixas, humilhados e desfalecidos. Aceitar limites não é covardia de fraco, é decisão inteligente do forte, e é preciso ser muito forte para assumir diante de outros homens um limite. 
      Por várias vezes já refleti aqui na passagem sobre o espinho na carne de Paulo, registrada em II Coríntios 12, não farei isso novamente, mas vou frisar uma frase desse texto, sinto prazer nas fraquezas. Isso é dizer “não estou deprimido porque tenho barreiras, porque nem tudo que sonhei se realizou, mas sou feliz por reconhecer e respeitar meus limites”. Mas é ainda mais que isso, é sentir prazer nas fraquezas, isso não é masoquismo ou alguma doença emocional, é efeito de quem prova a segunda parte do mistério. Quem assume sua fraqueza depende da fortaleza de Deus, e nessa parceria pode-se ser feliz, útil, vencedor, não só na área material, mas na moral, a que constrói o céu no homem interior e leva o espírito a superar limites. 
      Que fique claro, achar o limite pode não ser fácil e rápido, precisamos tentar muito, trabalhar bastante, nos esforçar o máximo, para termos certeza que fizemos tudo que podíamos. Ainda assim alcançar o limite não é parar, é só conhecer o que se é e ser, em paz, sem a ganância e a vaidade de querer fazer o que não se é para fazer. Deus vai conosco até nosso limite, respeita-nos e nos protege, mas depois somos nós que temos que ir com ele, priorizando vida espiritual sobre a material. Muitos, contudo, não querendo assumir seus limites, largam Deus e seguem sozinhos, perdem o melhor da vida, a amizade do Altíssimo. É preciso ser humilde para saber quando ir e quando parar, e assim provar um Deus de luz e paz sempre por perto.
      Limite não é restrição, é proteção, entender isso é crescer no melhor plano de Deus. O Senhor não precisa de nossas capacidades para nos usar e nos ensinar, precisa de nós, obedientes e simples. Pela visão material dos homens, muitos acham que estão melhor preparados para serem mais eficientes tendo mais informação, mais experiência, mais bens, mais amigos, mas muitas vezes o mais atrapalha, não ajuda, exalta o ego e afasta o ser do Espírito de Deus. O propósito mais alto de Deus é nos aproximar dele, não das riquezas do mundo ou da aprovação de homens. Limites nos protegem de nós, criam delimitadores para que não nos percamos e foquemos no que importa. Assumir limites é ir direto ao ponto, a glória de Deus. 

quinta-feira, novembro 09, 2023

Paixão, bom ou ruim?

      “Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.I Tessalonicenses 4.4-5

      Quando eu era jovem, tentando viver um evangelho utópico em igreja protestante tradicional, achava que espiritualidade era vencer as paixões e viver sem elas, mas só pensava assim porque estava apaixonado por uma utopia. Depois, quando amadureci um pouco, bem casado e com filhos, achava que ser maduro era manter paixões vivas, descobrir novas e manter as antigas, isso coincidiu com minha fase pentecostal. Se tem algo que pentecostal prova é emoção, na adoração e nas manifestações dos dons, vendo no êxtase das primeiras experiências com dons a espiritualidade maior e mais madura, e não só mais uma paixão.
      Contudo, finalmente, mais velho, e após ter experiências passionais em muitas áreas, percebo que a verdadeira maturidade espiritual é estar em paz e ser santo ainda que não se esteja apaixonado. Não porque não existam coisas e gente pelas quais podemos nos apaixonar, mas porque nossa alma não se apaixona mais, pelo menos não com a mesma extensão de tempo e de intensidade. Paixão é bom ou é ruim? É bom, claro que é, e podemos, sim, nos apaixonar sempre. O que não podemos é confiar na paixão, ela é efeito emocional de algo, não causa racional para nos manter sendo e fazendo algo. Paixão sempre termina. 
      Não percebemos, ou percebemos e não admitimos, mas somos viciados em paixão. O lado bom disso é que somos levados a começar algo novo e acreditar que será melhor, mas o lado ruim é que podemos ver a paixão como fim em si mesma. Muitos querem se apaixonar, não importa pelo que ou por quem, não importa os preços pagos, os corações machucados, o dinheiro perdido. Amadurecer é poder dizer não a uma nova e vã paixão para manter uma antiga e madura, e não é fácil negar prazer novo e fácil. Na força da paixão adquirimos super poderes, mas o que parece construir no início depois se mostra frio destruidor.
      Mas preciso confessar algumas coisas. Estou casado há mais de vinte e cinco anos e sou apaixonado pela minha esposa tanto quanto era no início, nunca foi assim com alguém. Contudo, minha paixão maior sempre é Deus, desde que tenho noção que existo há algo que me instiga para ver o invisível e ouvir os mistérios do Espírito Santo. Buscar a Deus para receber dele uma palavra nova é meu principal motivo de vida, aventurar-me em oração é apaixonante, nunca é igual e é sempre melhor. Meu corpo envelheceu, meus sentimentos não são mais tão impressionáveis, mas meu espírito ainda sente algo único pelo Senhor. 

quarta-feira, novembro 08, 2023

Já abençoou um inimigo hoje?

      “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.Mateus 5.44-45

      Você já abençoou um inimigo hoje? Em primeiro lugar temos que entender que como amigos de Deus não podemos fazer e nem manter inimigos. A palavra inimigo também é um pouco forte, no dia a dia não nos confrontamos com inimigos explícitos, com gente má e que quer nos destruir, mas muitas vezes só com indisposições, de pessoas com as quais temos certos desconfortos, que agem e falam e nos incomodam por razões que conscientemente nem sabemos quais são. Mas são essas indisposições menores que são mais constantes, que nos roubam a paz e que podem nos levar a conflitos mais sérios, por isso precisamos ser rápidos para assim que sentirmos o desconforto abençoarmos quem nos fez senti-lo. 
      Verbalizar de forma clara e objetiva “eu abençoo essa pessoa, desejo de todo o coração o bem para ela, em todas as áreas de sua vida, afetiva, profissional, espiritual”, converte “energia ruim” em “energia boa”. Precisamos entender que sentimentos ruins não somem por nada, se estivermos vazios eles continuarão em nós, precisamos invocar coisas boas para que os substituam. O problema é que muitas vezes não damos a certos problemas a importância que eles têm, principalmente se já nos acostumamos a pensar que certas pessoas são chatas, nos incomodam e nós simplesmente temos que conviver com isso. Nessa disposição até não queremos o mal de alguém, mas não tomamos a iniciativa para querer o bem.
      Pensamento positivo, crer que vai dar certo, sem Deus são ineficientes, vazios, de curta duração, mas são ferramentas úteis para manter-nos construtivos e fortes. Esse é o espírito de Deus, sempre amor que atrai à luz, sempre nova oportunidade para fazer certo, sempre vendo o lado bom, e quase todos, mesmo quem te faz sentir-se mal por algum motivo, têm um lado bom. Por isso o texto bíblico inicial completa a exortação bendizei os que vos maldizem com vosso Pai que está nos céus faz que o seu sol se levante sobre maus e bons. Deus não te ama mais que aquele que você sente como teu opositor, e muitas vezes o sentimento teu é baseado num engano teu, a pessoa na verdade nada tem contra você. 

terça-feira, novembro 07, 2023

Peça perdão

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.I João 1.8-9

      Se magoamos alguém e pedimos perdão exercemos duas restaurações de paz, a nossa e a do outro. Se pedimos perdão é porque reconhecemos nosso erro e não queremos cometê-lo mais, assim restauramos a nossa paz, mas se pedimos perdão damos oportunidade para o outro restaurar a paz que ele pode ter perdido quando ficou magoado. Contudo, se não pedimos perdão, continuamos sem paz e jogamos para o magoado um trabalho que deveria ser prioritariamente nosso, o outro terá que tomar a iniciativa que não tomamos e nos perdoar, ainda que não tenhamos solicitado seu perdão. Nesse caso além de magoarmos alguém ainda exigiremos dele a grandeza de nos perdoar, o prejudicaremos duplamente.
      Quem é maduro espiritualmente não necessitará nem que o outro peça perdão por ter-lhe magoado para perdoar, e se for ainda mais gracioso procurará quem o magoou e buscará restaurar a paz do agressor. Isso não é tão fácil de ser feito, temos a tendência de nos acomodar na posição de vítima e achar que por sermos vítimas a responsabilidade de acertar as coisas é do agressor, não nossa como agredido. É claro que existe a possibilidade de pedirmos perdão e não sermos perdoados, mas aí o problema não está mais em nossas mãos, fizemos a nossa parte e podemos seguir em paz, ainda que sem o perdão do magoado. O humilde confia que o perdão de Deus está acima de tudo, não se faz presa de mal alheio. 
      Contudo, existe uma outra situação, magoarmos alguém e nem termos noção que magoamos, estarmos endurecidos de tal forma que achamos que o que fizemos era nosso direito, que o outro merecia nossa atitude dura e que é ele quem deve administrar a questão, não nós. Já tive oportunidade de conviver com gente assim, que diz o que pensa, quando quer, magoa-nos, mas não volta para pedir perdão, ao contrário, segue convivendo conosco como se nada tivesse ocorrido. Pessoas assim devemos perdoar, com toda nossa alma, não maquinar nem a mais sutil vingança, entregá-las nas mãos de Deus e pedir a ele orientação para conviver com elas com sabedoria, sem mágoa, mas com educada distância. 

segunda-feira, novembro 06, 2023

O que é para você o bom combate?

      “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.II Timóteo 4.7-8

      O que é o bom combate para você? No fim, o que te deixará em paz ter vivido? Não queiramos nos apropriar do texto bíblico inicial no contexto que o apóstolo-teólogo Paulo usou, não temos a espiritualidade, a capacidade nem a chamada dele. Paulo se referia à sua missão como pregador e fundador de igrejas, num momento que o cristianismo era novidade e perigosamente confrontado, tanto que ele acabou preso e morto. Hoje os tempos são outros, somos seres humanos diferentes, cristãos diferentes, com problemas e metas diferentes. Ainda assim Deus pede de nós, ao menos no final de nossas vidas, o sentimento que houve em Paulo no final de sua vida, consciência tranquila de quem fez o que devia fazer.
      Só faz o que devia quem faz a vontade de Deus, para fazê-la é preciso conhecê-la e ter coragem de executa-la, ainda que homens se oponham. As pessoas, e nós também, gostam de dizer aos outros como devem viver suas vidas, cobrar os outros faz com que se sintam menos cobradas, dá-lhes um álibi para serem o que são, as faz pensar assim, “não fiz tudo certo, mas quem faz? muitos erram até mais que eu”. Devemos atentar a conselhos sábios, e muitas vezes, se formos muito teimosos, Deus usa até “inimigos” para nos acordarem e fazermos o que precisamos fazer. Mas o que busca a Deus com humildade será orientado pelo Espírito Santo e não será humilhado, saberá o que, onde e quando fazer, para que tenha paz. 
      Muitas vezes somos desconfiados, invejosos, irados, não gostamos de ser confrontados, que vejam nossas fragilidades. Contudo, devemos lutar contra tendências vaidosas e egoístas até o fim, senão acabaremos possuídos pelo mal, e ainda que nossos corpos estejam envelhecidos e nossas mentes lentas para reagirem, nossos corações permanecerão atormentados. Pois bem, eis o combate que todos temos que fazer, contra nós mesmos, para que nosso ego seja diminuído e Deus, em seu amor, em sua justiça e em sua santidade, seja exaltado. Amar a vinda do Senhor é estar pronto para a morte, onde seremos confrontados pela luz do Altíssimo, avaliados e revelados, o que for revelado dirá se estaremos num céu ou num inferno.

domingo, novembro 05, 2023

Fim ou só outro início?

      “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.João 14.26

      Naquilo que muitos veem o fim do mundo, o apocalipse, a perdição, um anti-cristianismo, vejo só o cristianismo do mundo sendo desafiado a ser o cristianismo do Cristo. Vejo tradicionais religiões cristãs sendo confrontadas com aquilo que Jesus ensinou lá no primeiro século, mas que lideranças religiosas inescrupulosas, apoiadas por leigos acomodados, esqueceram ou esconderam, por medo de perderem poder no mundo. Desculpe-me se você não concorda, mas pense melhor em tantos ensinamentos do Cristo, que sempre estiveram na Bíblia e que muitos cristãos até entenderam do jeito certo, mas que não viveram porque se acostumaram a pensar que as igrejas não precisam ser perfeitas, que nem tudo pode-se pôr em prática, assim tomando o anormal como normal.
      Agora, para quem é conservador, e em conservador entenda-se manter tradição religiosa não a palavra original de Jesus, para esse as mudanças sociais que estão ocorrendo, principalmente nas áreas da família e da sexualidade, não são libertação, mas libertinagem, não são abertura e iluminação, entendendo mais a fundo a verdade, mas desobediência e trevas, desprezando a verdade. O conservador nega a característica da humanidade que faz o planeta se manter e evoluir, o aprendizado de novos conhecimentos que permitem uma existência de melhor qualidade, tanto na área material quanto na moral, tanto na área científica quanto na social. Quem não crê em evolução amarra Deus a uma visão antiga e menor de Deus, a ótica de homens do passado, que não representa o Deus eterno. 
      Não é Deus quem muda, é o homem e sua visão de Deus. Sabendo disso Deus, em seu amor paciente, revelou ao homem mistérios verdadeiros e eternos, mas do jeito que o homem antigo podia entender. Os fatos descritos em Gênesis não são científicos, mas também não são fantasiosos, são alegóricos, quem for humilde, lúcido e temente a Deus, verá em Gênesis assim como em tantos outros mitos e textos sagrados, seja do cristianismo ou fora dele, verdades eternas. Não negará a ciência assim como não desdenhará de doutrinas religiosas, mas achará o conhecimento maior de Deus. Agora, se um fim de mundo ocorrerá, será o fim do mundo conservador, e graças a Deus por isso, para dar lugar a uma profundidade maior sobre a verdade que o Espírito Santo pode nos entregar. 
      Um argumento conservador para muitos se manterem conservadores é “isso não está na Bíblia”, e na verdade não está mesmo, aliás, muita coisa relevante para nós hoje não está na Bíblia. Direito de mulher trabalhar, estudar e ser ativa em cultos, não está na Bíblia, oposição a trabalho escravo não existe na Bíblia, assim como a Bíblia não fala de doenças psicológicas, transtornos psiquiátricos, depressão, bipolaridade. Talvez isso explique porque Jesus ordenava e muitas pessoas eram libertadas, e registros de tais acontecimentos eram feitos identificando as pessoas como endemoniadas, não como doentes. O que o homem do século um não entendia como doença mental, algo subjetivo e que interfere na interação com a realidade, era chamado de obsessão espiritual.
      Mas o que conservadores não aceitam é que a Bíblia não é o fim, é o início, ela não delimita a verdade, não fecha-a, mas dá noções básicas e primárias dela, para um homem antigo que não podia entender mais que isso, e isso bastava para Deus abençoá-los. O início, o meio e o fim são o Espírito Santo, estava nas vidas de escritores bíblicos, do antigo e do novo testamento, e está presente hoje, eis a terceira dádiva que Jesus entregou. A primeira dádiva foi seu exemplo de vida no mundo como homem, a segunda é sua presença espiritual nas alturas nos conduzindo ao perdão de Deus, e a terceira é a liberação do consolador e professor Espírito Santo. Obras, fé e conhecimento, três experiências que o Cristo nos permite ter, viver como Jesus, crer em Deus e conhecer pelo Espírito Santo. 
      Não é o fim, só novo começo, a humanidade ainda precisa digerir liberdade, ampliá-la, torná-la não exceção, mas regra e normalidade, liberdade roubada pelas trevas e muitas vezes usando ferramentas veiculadas por quem deveria promover a luz, refiro-me a igreja católica, protestantismo e outras denominações cristãs. Só depois do ser humano se entediar com liberdade, com sexo, com prazeres, é que entenderá que a prioridade é espiritual, não material. É sempre assim a evolução do ser na Terra, numa onda senoidal, onde existe subida até o ponto mais alto e depois queda até o ponto mais baixo, num processo lento em repetidos ciclos. O ser humano só escolhe certo depois que enjoa do errado, e mesmo liberdade, sem Deus, é ilusão, que ele precisará enjoar para ser livre em Deus.

sábado, novembro 04, 2023

Siga o rio

      “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.Salmos 46.4

      Um homem segue pela margem de um rio, sente-se cansado e às vezes tem vontade de parar, mas persiste na caminhada. O rio está num vale com montanhas em ambos os lados, o rio é estreito, mas sua água é limpa e fresca. Nas margens do rio, nas montanhas, não existe vegetação ou qualquer espécie de vida. Tudo está sob terra vermelha, sem árvores, gramas, matos, flores ou qualquer tipo de flora, também não há vida animal. No alto das montanhas há homens e mulheres, procurando lugares melhores, se achando melhores que os que estão no vale, mas onde estão não há água, não há vida, só morte.
      De vez em quando o homem para, estende o braço, com a mão pega um pouco de água e leva à boca, é tudo que ele precisa para se manter vivo, mas logo segue seu caminho. A água desce, o caminho sobe, mas não para uma montanha, para um lugar alto, coberto por nuvens, parece que o rio nasce no céu. O homem olha para trás e vez sua família, mulher, filhas, elas não estão andando, mas permanecem próximas ao rio, alimentam-se dele e perto dele constróem suas vidas. O homem não tem mais nada a construir, assim deve seguir o rio, chegar ao lugar onde ele nasce, escondido nas nuvens. 

      Muitas vezes, depois de orar, no escuro e no silêncio da sala, eu abro os olhos, relaxo e simplesmente vejo cenas. Não me esforço para inventar nada, não é uma história fantasiosa que minha mente inventa, é como um filme, que se passa diante de mim sem que eu me esforce, só preciso descansar em Deus e focar no Espírito Santo. A história acima é mais que uma fantasia, é uma alegoria que o Espírito Santo, para facilitar meu entendimento sobre minha vida, meu passado, meu futuro, o plano espiritual e a vontade do Senhor para mim, me permite conhecer. Quando uma experiência assim nasce em Deus ela é viva, quanto mais refletimos nela, mais nos é mostrado e com mais clareza.
      Três tipos de pessoas são exibidos na história acima: as que estão longe do rio, as que estão perto do rio, mas paradas, e o homem, perto do rio e seguindo em frente. O rio é o Espírito Santo de Deus, estamos no mundo para trabalhar, nos mantermos vivos fisicamente, mas também para aprendermos que vida espiritual só há perto de Deus. Essa posição pode parecer menor para aqueles que vivem sem Deus, esses escalam montanhas, aparecem mais, parecem mais poderosos e sábios, mas ainda que tenham muito no mundo estão mortos espiritualmente. Só o rio que vem de Deus pode alimentar os espíritos humanos, mas ter esse privilégio é ser humilde, limitando-se ao vale onde passa o rio. 
      Muitos desprezam o rio, outros fazem moradas às suas margens, mas alguns devem caminhar perto do rio. Todos que amam a Deus não se sintam menos por habitarem às margens do rio, mas o chamado para seguir pelo rio também não se ache mais por isso. O caminho do homem que segue o rio, em direção à sua nascente é solitário, se no vale há humildade, do que caminha pelo rio mais humildade é pedida. Mas ele deve seguir, nada mais lhe resta a fazer no plano físico, deve dedicar-se às coisas espirituais, preparar-se para a passagem. Todos deveriam fazer esse caminho no final de suas vidas, mas muitos não fazem, ficam parados onde viviam e nada tendo para fazer desfalecem de tristeza.
      De uma pessoa que exalta a ciência e leva uma vida com saúde de qualidade, e entendamos que nada há de errado nisso, ouvi o seguinte: “quando envelhecer vou dedicar-me à natação”. Sim, é sábio cuidarmos bem de nossos corpos e acatarmos a ciência, mas priorizar a matéria na velhice é fazer uma morada no alto da montanha, longe do rio, e querer morrer lá. Essa morte não é feliz, nem a melhor de Deus, a melhor é nos aproximarmos mais de Deus em nossas vidas, nos achegarmos ao rio e pagarmos os preços para vivermos perto dele. Mas é na velhice que o rio ganha sua maior relevância, quando se torna não só alimento em alguns momentos do dia ao orarmos, mas razão de viver. 
      Convém a todos se aproximarem de Deus, mas ao velho isso é mais importante, não só parar de vez em quando para beber a água do rio, para ter forças para trabalhar no mundo mantendo sua excelência moral. Ao velho compete seguir pelo rio, ter mais experiências espirituais, manifestar os dons do Espírito, conhecer os mistérios e as verdades de Deus, santificar-se, acostumando-se com o céu e sendo libertado do mundo. No final isso não é só escolha, é missão, para quem quer a melhor eternidade. Quem segue pelo rio ao morrer no mundo se elevará ao céu sem grandes dificuldades, já estava acostumado com esse caminho no mundo, construiu a melhor eternidade em seu homem interior, salvou-se. 
      Mas quem para no mundo e estaciona mesmo às margens do rio, desfalecerá ainda com o corpo vivo, não terá forças nem para tomar a água do rio. Se enquanto temos que trabalhar no mundo o universo nos dá forças para isso, ainda que bebendo de Deus só de vez em quando, quando temos que parar de trabalhar no mundo e seguir o rio só teremos forças numa comunhão mais íntima e constante com Deus. Felizes os que vivem bem cada tempo de suas existências aqui, trabalha quando precisa, cuida de sua saúde física o quanto precisa, ama quando precisa, ora quando precisa, para de empreender no mundo quando precisa, se consagra quando precisa e se prepara mais para o céu quando precisa. 

sexta-feira, novembro 03, 2023

Resposta certa vem do silêncio (2/2)

      “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram.” Daniel 7.15

      Todos somos dissimulados e orgulhosos, não admitimos tudo que somos e sentimos, assim, não confiemos nos posicionamentos, nas palavras, nos semblantes de muitos que dizem que não precisam de Deus e de religião para terem paz. Todos têm em si espíritos e esses têm sede do grande Espírito, sem saciar essa sede não há paz, ainda que a mente esteja lotada de informação intelectual, da ciência e de todos os seus cuidados. Muitos possuem para cada ensino espiritual que compartilhamos um questionamento, mas não para se aproximarem mais da verdade mais alta, para se distanciarem dela. Muitos não querem Deus pois teriam que assumir humildade que acham que os inferiorizaria diante de pares, puro orgulho.
      Entretanto, mesmo quem crê em Deus, muitas vezes mesmo depois de pôr perdão em ordem pela oração, de receber de Deus e de si mesmo, e de dar aos outros, ainda está sem paz. Esse tenta exercer fé, clamar por necessidades que acha que Deus pode e quer resolver, mas ainda assim não acha consolo. São nesses momentos que a alma deve calar, parar de perguntar e só ouvir. No silêncio do invisível ouvimos o Espírito de Deus nos dizendo pelo que devemos orar, o que temos que pedir, que perguntas podemos fazer. Isso não é um todo-poderoso prepotente tentando forçar sua vontade, mas a luz mais alta nos abraçando em amor e nos pondo como parte de algo maior. Nessa elevada posição há a causa maior e todas as respostas. 
      Daniel sofria por seu povo, pelo cativeiro de Israel, por isso se pôs a buscar a Deus. Muitas vezes Deus permite uma dor, não por ser nosso problema principal, mas para nos levar a buscá-lo, isso é só uma desculpa, que nossas almas facilmente acomodadas a zonas de conforto onde Deus não é buscado, precisam para buscarem o Senhor com mais profundidade. Contudo, nessa busca Daniel recebeu muito mais que respostas para o problema de Israel naquele momento histórico, Deus revelou a seu amigo acontecimentos futuros e sobre toda a humanidade. Por isso ele diz no texto bíblico inicial, “meu espírito foi abatido dentro do corpo e as visões da minha cabeça me perturbaram”, a pergunta que Deus tinha para ele era muito, muito maior. 
      Ah, se conseguíssemos nos desprender de nossos mundinhos, de comer, beber, namorar e pagar boletos, se de fato colocássemos em prática Mateus 6.33-34a, “buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas; não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo”. Se isso acontecesse seríamos levados a servir a Deus em causas muito maiores que as nossas vidas pessoais, então, seríamos cuidado por Deus de forma maravilhosamente natural, ainda que aparentemente milagrosa para muitos. Mas enquanto estivermos ocupados em fazer perguntas mesquinhas, para responder curiosidades infantis, seguiremos insatisfeitos, aquém do melhor do plano de Deus para nossas vidas. 
      A verdade é que falamos demais e vivemos pouco, e muito que fazemos é para nossa própria glória neste mundo e diante dos homens, não é parte da glória de Deus manifestada através de nós e que fará diferença na eternidade. Deus não chama escravos que o adorem de baixo para cima, ainda que o processo de conhecimento de Deus do ser inicie-se assim, com humildade que reconhece um poder maior que tem o melhor para si. Deus quer nos elevar espiritualmente para sermos seus amigos, parte de sua glória, assim sua luz emanará aos outros seres, no plano físico e no espiritual, através de nós. Nessa íntima conexão sabemos as perguntas que devem ser feitas que terão respostas, na tua luz veremos a luz (Salmos 36.9b). 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão