terça-feira, maio 19, 2020

Reavaliemos Altar, sacrifício e levita (19/30)

19. Altar, sacrifício e levita

      Esta é a segunda parte da reflexão sobre equívocos que podem ser cometidos quando tentando transferir conceitos de Israel para a igreja cristã, refletiremos agora sobre a religião hebraica, o templo, o altar, os sacrifícios e a tribo sacerdotal de Levi. 

      “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado vacum e de ovelha. Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor. E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.” 
Levítico 1.2-7

      O altar era parte do Templo de Jerusalém, o templo de Jerusalém não era uma igreja, nem uma sinagoga, era um local único e exclusivo para que a religião israelita fosse realizada. Abraão e seus descendentes ofereceram a Deus sacrifícios em outros lugares, em montes, em pedras empilhadas, que não no tabernáculo itinerante de Moisés ou no Templo fixo, construído por Davi e Salomão. As sinagogas surgiram durante os cativeiros e exílios de Israel, quando não podiam exercer sua religião no Templo, eram locais para estudo dos textos sagrados judeus, da Torá, essas talvez se aproximem mais do conceito igreja cristã. Mas o que precisamos entender é principalmente o conceito do altar dentro do Templo, existente não só na religião israelita como também nas pagãs, esse era um local para matar e queimar animais. Interessante que no caso da religião israelita, a carne dos animais era queimada, não era oferecida crua, assim o cheiro era agradável, como de um churrasco, isso é diferente de animais mortos em rituais, por exemplo, nas religiões afro-espíritas. Até nisso há diferença, entre uma religião oficial do Deus verdadeiro e as de entidades espirituais. 
      Usar o termo altar em igreja cristã é um erro doutrinário, no mínimo uma comparação inexata, mas pode ser até um sacrilégio, pelo menos para a teologia protestante tradicional, por quê? “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (I Pedro 3.18), para o cristianismo esse sacrifício foi único, suficiente e para todos os homens de todos os tempos e nações. O altar foi a cruz no calvário, um evento histórico singular, não há mais necessidade de novos sacrifícios nem de outros altares. O altar que Deus construiu no século I d.C. na Palestina nunca mais se repetirá! Por que esse sacrifício foi especial, melhor e mais eficiente que os de animais? Porque foi o de um cordeiro perfeito, do qual os outros eram só símbolos, o filho de Deus encarnado. Contudo, algo é de suma importância para conferir ao sacrifício de Cristo o autoridade que tem, é a santidade, o sacrifício tinha que ser de um homem santo, por isso Jesus nasceu do Espírito Santo, cresceu e viveu sem pecar, morreu santo e ressuscitou, vencendo a morte, todas essas etapas tinham quem ser cumpridas. 
      Se Jesus tivesse vindo ao mundo, feito tudo isso, sem ter realizado um milagre ou sem ter deixado um registro escrito de seus ensino, sua obra já teria sido completa. Mas ainda assim ele fez milagres, para que homens incrédulos vissem para crer, como também suas palavras foram registradas no novo testamento, para que homens, também incrédulos, tivessem como conferir o ensino vivo e em primeira mão que o Espírito Santo pode dar a cada um de nós. O que Jesus fez foi muito mais importante que o que ele disse, ainda que tenha deixado palavras singulares, que nenhuma outra religião possui, e ainda que tenhamos palavras de excelente sabedoria registradas por outros fundadores de religiões, nenhum desses, todavia, fez o que Jesus fez, oferecer-se como puro cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Essa é a grande diferença do cristianismo, é algo que NÃO precisamos reavaliar em nossas crenças, mas que devemos nos focar mais para crer, conhecer, viver e compartilhar com o mundo. Jesus é único, especial, suficiente, digno de toda confiança, adoração e sob todo poder, seja na terra, seja no céu, desde o início dos tempos, hoje e para sempre!

      “Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança com Israel; das ofertas queimadas do Senhor e da sua herança comerão. Por isso não terão herança no meio de seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como lhes tem dito. Este, pois, será o direito dos sacerdotes, a receber do povo, dos que oferecerem sacrifício, seja boi ou gado miúdo; que darão ao sacerdote a espádua e as queixadas e o bucho. Dar-lhe-ás as primícias do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e as primícias da tosquia das tuas ovelhas. Porque o Senhor teu Deus o escolheu de todas as tuas tribos, para que assista e sirva no nome do Senhor, ele e seus filhos, todos os dias.” 
Deuteronômio 18.1-5

      “E Davi, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério” “Todos estes estavam sob a direção de seu pai, para a música da casa do Senhor, com saltérios, címbalos e harpas, para o ministério da casa de Deus; e Asafe, Jedutum, e Hemã, estavam sob as ordens do rei.
I Crônicas 25.1, 6

      Levitas eram israelitas de uma tribo específica, a tribo de Levi, separados para fazer exclusivamente a manutenção dos serviços religiosos, entre eles, os filhos de Asafe, de Hemã e de Jedutum, eram responsáveis pela música (I Crônicas 25.1-7). É correto usar o termo levita hoje em dia para identificar obreiros ou mesmo músicos que tocam em igrejas? Não! Jesus, já realizou toda a obra de salvação, bastando aos homens que aceitem isso pela fé em seus corações, então, não existe mais Israel, muito menos levitas, pessoas sem as quais os sacrifícios não eram feitos para que a reconciliação com Deus fosse acessada. Na verdade, na nova aliança, não precisamos nem de pastores, de obreiros, de diáconos, de presbíteros, de missionários ou ministros, e nem dos músicos, para termos uma comunhão com Deus. Sim, eles nos auxiliam, são de grande importância, devem ser honrados e Deus os guarda de um jeito especial, mas eles não são levitas. Para cada um de nós basta fé no nome de Jesus e a presença do Espírito Santo, essa é toda a religião cristã, o resto é conveniência social, necessidade que se tem quando comungando em grupo. O cristianismo verdadeiro é basicamente uma religião individual, não coletiva ou de nacional, a responsabilidade é pessoal e não se ganha privilégios só por ser de um povo ou de uma nação deste mundo. 
      Pastores ou líderes de ministérios não têm qualquer dever, assim como qualquer direito, que tinha a tribo sacerdotal levita. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2.9), aliás, numa possibilidade de transferir o termo levitas para a igreja cristã, poderíamos dizer que todos os cristãos são levitas, e os sacrifícios que esses oferecem são suas próprias vidas, não para serem salvos ou para ganharem qualquer espécie de créditos diante de Deus, mas somente para adorarem a Deus, por tudo que ele faz e dá, e muito mais por tudo que ele é. Com o termo igreja nos referimos ao conjunto de todos os filhos de Deus, não de todos os seres humanos, esses são só criaturas de Deus enquanto não escolhem ouvir e obedecer ao Deus verdadeiro, condição que se prova com eficiência através unicamente de Cristo. Assim, Igreja, noiva do cordeiro, que viverá com o melhor de Deus no céu, são todos os salvos, selados com o Espírito Santo, novos nascidos em Cristo, indiferente de a qual denominação cristã pertençam, seja católica, ortodoxa, anglicana, protestante, evangélica, pentecostal etc, incluindo outros filhos de Abraão que nem pertencem oficialmente a denominações cristãs. Veja que esse conceito vai muito além do conceito nação política de Israel neste mundo, e bem mais que o de tribo sacerdotal de levitas. 
      Por esse motivo a igreja católica, sob o ponto de vista da igreja primitiva do livro Atos dos apóstolos, do primeiro século, da teologia protestante oficial, pode ser considerada tão desviada, ela deixou a simplicidade do Espírito Santo, do evangelho, do cristianismo de Cristo e perdeu o poder de salvar, de consolar, de curar. Por isso teve que retroceder, recriar uma religião de ritos, onde o poder está nos objetos, nos rituais, nos sacramentos, no batismo, na hóstia, na extrema-unção, nos homens, nos santos, no altar que existe na parte frontal de todo templo romano (quanto mais elaborados os rituais mais distante do Deus altíssimo e verdadeiro se está). Quando se deixa o sacrifício eficiente e único de Jesus, deve-se fazer novos sacrifícios para se obter redenção, a igreja católica é toda baseada nisso, em homens fazendo sacrifícios de homens e para homens, não no sacrifício único do filho de Deus. Ela pode até usar a obra de Jesus como um molde, sim, como um exemplo, contudo, faz isso para criar uma nova religião, ainda que baseada no conceito da retrógrada e ultrapassada religião de Israel misturada com o paganismo greco-romano. A igreja com sede no Vaticano é só uma continuação do Império Romano, uma igreja pagã rudemente maquiada com os ícones do cristianismo, um poder político e econômico no mundo, com pouca eficiência espiritual. 

      “Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços; Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo, Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço; Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.
      Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.” 
Hebreus 9.6-15

Esta é a 19ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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