quarta-feira, maio 13, 2020

Reavaliemos Comunicação com mortos na Bíblia (13/30)

13. Comunicação com os mortos na Bíblia

      O assunto deste texto é polêmico, refletiremos sobre passagens bíblicas que relatam algo que parece destoar da doutrina bíblica protestante tradicional sobre necromancia, consulta aos mortos, comunicação de vivos com falecidos e de mortos com mortos. Na próxima parte, ainda dentro do estudo “Reavaliemos nossas Crenças”, a continuação dessa reflexão, assim, se possível, leia todo o estudo para ter uma opinião sobre o ponto de vista do “Como o ar que respiro” sobre o assunto. 

      - Deuteronômio 18.10-13: uma lei mosaica que condena consulta a espírito adivinhador e aos mortos. A Bíblia é clara quando Moisés orienta a nação de Israel que a prática de consulta aos mortos não deveria ser feita, contudo, se existe proibição é porque a experiência pode ser realizada, isso pode ser interpretado, ainda que não seja aconselhável, senão nem seria proibida. Dessa forma se Moisés legislou enfaticamente uma proibição é porque comunicação com os mortos faz mais mal que bem, conduz mais ao afastamento de Deus que à aproximação com ele, não que seja impossível de ser feita. 

      - I Samuel 28 (todo o capítulo, por favor, leia todos os textos citados nesta reflexão, mas esse em especial leia com calma e mais de uma vez, se possível): a experiência de Saul falando com o espírito do morto Samuel através da feiticeira de En-Dor. Ela é a mais polêmica, talvez a mais polêmica da Bíblia protestante, cita uma experiência de contato com espírito de um morto, Saul com Samuel através da médium, em momento algum a Bíblia diz com clareza que é mentira, sonho, ou algum tipo de engano demoníaco. I Crônicas 10.13-14 diz que Saul teve o fim que teve porque dentre outras coisas buscou a adivinhadora para a consultar, desprezando a orientação que Deus já tinha dado (ou não) por meios legítimos, conforme a religião israelita da época. Contudo, ainda assim, a Bíblia não diz que a experiência não foi real, só diz que não era a maneira aprovada por Deus para orientar Saul.

      - Lucas 9.28-36, Mateus 17.1-9 e Marcos 9.2-9onde Jesus transfigura-se e os espíritos de Moisés e Elias aparecem a ele, a Pedro, a Tiago e a João. Nessas passagens duas pessoas mortas apareceram a uma pessoa viva, isso é, os espíritos de Moisés e Elias apareceram a Jesus, esse acontecimento foi uma exceção ou um dos registros únicos na Bíblia de um evento real? O consenso da teologia tradicional protestante é que foi um evento único que antecedeu a ressurreição de Jesus, legitimando essa, revelando, antecipadamente, o poder diferencial que Cristo teve de vencer a morte. O aparecimento especialmente de Moisés e Elias, representantes dos pilares da religião de Israel, Moisés a lei e Elias os profetas, revela o valor superior da nova aliança de Cristo com relação a velha aliança. Interessante que justamente esses dois personagens tiveram mortes, digamos assim, não normais e envolvidas em mistérios (Enoque é um terceiro exemplo bíblico disso, Gênesis 5.24), ambos tiveram experiências diferentes com seus corpos físicos. A Bíblia até cita que Moisés foi enterrado, mas não se sabe exatamente onde (Deuteronômio 34.5-6), além do que houve uma disputa entre o diabo e o arcanjo Miguel por seu corpo (Judas 1.9), por quê? A Bíblia não diz. Já Elias foi levado ao céu, ao que nos parece, ainda em vida por uma carruagem de fogo celeste (II Reis 2.11).

      - Lucas 16.19-31: a parábola do rico e do mendigo Lázaro, onde é dito que existe um abismo entre inferno e céu. Interessante que a pergunta do rico morto no inferno diz respeito a uma possibilidade de quem está no céu (no seio de Abraão) se comunicar com que está no inferno, na “parábola” Abraão responde, “está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá“. Assim o que fica claro neste texto é que não é possível ou permitido uma comunicação entre quem está no inferno com quem está no céu, e vice-versa. Mas o rico faz um segundo pedido a Abraão, que ele pudesse alertar seus irmãos em vida para que agissem melhor para não virem ao inferno, contudo, a resposta de Abraão é, “se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite”, a palavra não diz exatamente que não seria possível a comunicação, só diz que seria inútil. Um detalhe sobre essa passagem é que estudiosos têm a opinião que apesar de relatar uma história fictícia ela se baseia em realidade espiritual, não em metáforas, assim não se configura uma parábola tradicional, isso dá ainda mais argumentos para uma explicação teológica sobre a vida além morte e comunicação entre mortos e entre mortos e vivos.

Esta é a 13ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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