quarta-feira, maio 20, 2020

Reavaliemos Dízimos (20/30)

20. Dízimos

      Esta é a terceira parte da reflexão sobre equívocos que podem ser cometidos quando tentando transferir conceitos de Israel para a cristã, continuando sobre a religião hebraica. Pensaremos agora sobre um tema polêmico, dízimos, uma lei da velha aliança, que não é para a igreja cristã do novo testamento.

      O tema dízimos é uma consequência do que refletimos sobre a religião de Israel no antigo testamento até agora, sobre a tribo sacerdotal de Levi, e sobre sua função exclusiva de administrar o templo e os sacrifícios dos israelitas. Uma tribo que se dedicava a esse trabalho não teria tempo para outras atividades, assim, Deus ordenou que as outras tribos a sustentassem. “Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” (Números 18.24). O costume de dizimar como oferta de louvor, contudo, era costume anterior à lei de Moisés, “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” (Gênesis 14.18-20). 
      Hoje o Espírito Santo habita nossos corações, o templo de Deus somos nós, o lugar onde fazemos os cultos são só locais para reuniões, e a parte na frente e mais alta dos templos não é um altar, é só um palco, ainda que consagrado. Solicitação de dinheiro na igreja cristã deveria ser só para ajuda de custo de pastores e missionários, e principalmente, para auxílio aos necessitados, primeiro os da igreja e depois os outros. A área financeira é uma necessidade secundária, não um objetivo primário, a igreja usa o dinheiro, não é usada por ele, uma igreja não é uma empresa com fins lucrativos, isso parece óbvio, mas não é o que acontece em muitos ajuntamentos religiosos cristãos. Uma igreja de fato de Deus deveria ter total transparência na maneira como administra ofertas e dízimos, movimentações financeiras e de bens deveria estar num balancete visível a todos no templo. 
      Não posso encerrar essa reflexão sem pensar sobre um texto tão usado na “dizimolatria”, heresia cometida num falso culto, dentro do culto principal, que muitas vezes é mais importante que o próprio culto em muitas igrejas evangélicas. “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.” (Malaquias 3.10-11). Essa palavra é dura, mas é para o contexto da nação de Israel dentro da antiga aliança. Podemos aprender algo com esse texto hoje? Sim, com certeza, mas de maneira alguma interpretando-o ao pé da letra. 
      A não entrega de dízimos no antigo testamento, para uma religião que necessitava deles para existir, já que os levitas e todo o serviço religioso dependiam dele, era negar a própria religião, era impedi-la de funcionar, e sem ela, naquele tempo, Deus não poderia se reconciliar com os homens. Assim, o jeito certo de aprender com o texto de Malaquias é fazendo-nos a seguinte pergunta: o que eu devo fazer para que o cristianismo continue vivo dentro de mim, já que eu sou o templo de Deus, não o prédio da igreja e o pastor? O texto a seguir é claro sobre quem é o templo de Deus no novo testamento, “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” (II Coríntios 6.16-18). 
      O mesmo egoísmo materialista e adoração a falsos deuses que levaram Israel a pecar deixando de dizimar, também podem nos desviar, isso acontece quando não nos humilhamos diante de Deus, quando desejamos coisas materiais ou mesmo religiosas só para nos exibirmos diante dos homens, quando buscamos, mesmo em igrejas e lideranças de ministérios, poder no mundo e aprovação humana, quando adorando um”Deus” falso obedecendo heresias. Em tudo isso deixamos de adorar e servir a Deus, e por causa isso, sim, o “devorador” destrói nossas famílias, na área financeira? Sim, mas principalmente na área moral, e aí toda a sociedade sofre, a criminalidade aumenta, o tráfego de drogas seduz, os maus políticos roubam e tudo vai mal. Isso por que não demos o dízimo? Não! Não e não! O evangelho não funciona assim, a nova aliança de Cristo não é isso, é muito mais que isso.
      O “devorador” nos afligi quando não entregamos a Deus nosso coração, a parte mais íntima do nosso ser, aquela que ninguém conhece, só o Senhor. Sim, a consequência final dessa entrega é uma vida material digna, e nessa vida ajudamos financeiramente igreja e necessitados com alegria, sem peso e com absoluta pureza de intenção. Isso, sim, é um louvor perfumado e suave que sob ao trono de Deus de maneira agradável, esse é o melhor “dízimo”. Contudo, de forma alguma fazemos essa entrega financeira para fins materialistas, para obter créditos de Deus para que ele nos faça prosperar materialmente. A nova aliança ensinada no novo testamento é baseada em fundamentos espirituais, ela prepara o homem para a eternidade espiritual, não para esse mundo, esse Deus espiritual não precisa de dízimos, os pobres nesse mundo sim, muito mais que falso Israel, falso templo e falso levita. 

Esta é a 20ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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