sexta-feira, maio 15, 2020

Reavaliemos Céu (15/30)

15. Céu

      Alguns creem que céu e inferno não são regiões acima e abaixo do plano físico, mas estão no mesmo nível do plano físico, só que em realidades ou dimensões diferentes, assim o que gradua alguém não é sua posição geográfica, mas sua qualidade espiritual, ligada obviamente à moralidade estabelecida por Deus. Ser mais ou menos espiritual é estar mais próximo ou mais distante do melhor de Deus, da luz do altíssimo santíssimo Deus, assim pertencer ao céu ou ao inferno espirituais. O planeta Terra, interior, superfície e atmosfera ao redor, assim como o espaço sideral ao redor dele, estão submergidos no plano espiritual, com anjos e diabos todos convivendo ao mesmo tempo com os seres humanos, os animais, a natureza, assim como com a Lua, o Sol, as estrelas etc.
      Existe uma classificação mais simplista que define três tipos de céu, Paulo cita um 3º céu em II Coríntios 12. O primeiro céu é o físico, que está ao redor do globo celeste, o segundo, e o primeiro espiritual, ocuparia o mesmo espaço físico que o primeiro e físico, nele se encontram os demônios e outros seres espirituais e é onde se fazem as batalhas entre as legiões, como a descrita em Daniel 10 (já refletimos sobre isso no estudo “Desvendando o mundo espiritual”). O terceiro céu, o segundo espiritual, é onde estão o trono do altíssimo e santíssimo mais outros seres espirituais, em Isaías 6 é mencionado um local assim, com Deus e os serafins. Mas e o céu e o inferno onde habitarão os seres humanos e os seres espirituais malignos depois do juízo final, onde se encontram?
      Como nós cristãos evangélicos e protestantes temos facilidade para julgar onde alguém vai passar a eternidade, como dizemos com tanta certeza, “esse vai para o céu”, ou, “aquele vai para o inferno. Algo que também precisamos reavaliar é o que pensamos e quem pensamos que tem direito a essa ou àquela eternidade. Céu ou inferno? Se quiser, se estiver pronto para isso, você pode ter tua certeza, e se tiver fé pode dizer isso para os outros, mas infelizmente o que mais ocorre é gente sem noção ter certeza de coisas que nem sabe o que é, muito menos ter vida digna para ter direito a essas coisas. Reavaliemos céu e inferno estudando o texto de Mateus 25.32-46, um texto tão completo quanto revelador, este tema será dividido em três reflexões, esta, sobre o céu, a próxima, sobre o inferno, e a última sobre a eternidade.

O Juízo Final

      “E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.Mateus 25.32-33

      O evento escatológico deste texto é o último, na série de eventos sobre o final dos tempos, após o arrebatamento, a grande tribulação, a volta de Cristo em Jerusalém e o reinado de Cristo e dos santos na Terra por mil anos (o milênio), depois disso é que ocorre, segundo a interpretação de muitos estudiosos protestantes, o trono branco ou o derradeiro juízo final. Antes disso ainda haverá oportunidade de escolha do tipo de eternidade que se deseja viver, chance de salvação haverá mesmo após o arrebatamento quando os salvos e consagrados subirão para as bodas do cordeiro, sendo preservados da grande tribulação. O que precisamos entender é que sob o ponto de vista cristão protestante haverá um momento onde todos os seres humanos, de todas as nações e tempos, serão divididos em dois grupos, dois extremos, sem meios termos, direita e esquerda, ovelhas e bodes, sem purgatório e sem reencarnação. 

O Céu

      “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.Mateus 25.34-36

      Um grupo terá uma herança boa, em paz, com e em Deus, gozará de delícias e maravilhas que não podemos ter ideia do que sejam. Jesus é o meio direto que pode nos levar a fazer parte desse grupo, não religiões ou mesmo boas obras. Não basta seguir fielmente uma religião, é preciso ter uma experiência espiritual e interior com o verdadeiro Deus, que nos transforma de dentro para fora. Também não basta fazer boas obras, ainda que elas possam ser o efeito da causa fé em Deus, mas se as obras não forem para adorar a Deus, podem até valerem como créditos de prosperidade neste mundo, mas não levarão as pessoas para perto de Deus na eternidade. Por quê? Porque os egoístas e materialistas aqui, continuarão sendo lá, mesmo que tenham sido bons cidadãos, estarão num abismo sem fim na eternidade.

Quem vai pro Céu

      “Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?Mateus 25.37-39

      Na passagem, os justos questionaram o supremo juiz sobre quando fizeram coisas boas que lhes deram direito a uma eternidade com e em Deus, só essa pergunta dos justos já explica tudo, revela o coração de um justo, sua intenção verdadeira e sua essência. O justo não pratica boas obras porque isso lhe dará alguma recompensa, e mesmo que faça conscientemente coisas boas, nunca se acha bom o suficiente, nunca se acha no direito de receber um pagamento eterno de Deus por isso. Isso é uma das definições mais precisas de humildade, o humilde vigia de tal maneira sua mente e seu coração que não ficam nele qualquer presunção ou sentimento de arrogância, de se achar melhor por ter feito isso ou aquilo. Ele faz por obrigação, por dever, mas ainda assim, não faz com frieza ou displicência, mas com alegria, dando o seu melhor no tempo certo, age depressa e com generosidade porque sabe que isso é certo. 

      “E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.Mateus 25.40

      O versículo 40 nos revela um mistério espiritual e universal importantíssimo, que esotéricos e espiritualistas, principalmente orientais, muitas vezes conhecem mais que os cristãos, o mistério é: somos todos um em Deus e Deus está em todos. Foi a partir de um belíssimo texto de John Donne, que o escritor norte-americano Ernest Hemingway encontrou inspiração para o título do seu romance “Por Quem os Sinos Dobram” (1940), o texto original de Donne, escrito em 1623, diz: “Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós” (Link da Fonte).
      Desculpe-me recorrer à arte secular, mas ela se encaixa muito bem ao ensino deste texto bíblico. Infelizmente, como muitos evangélicos atuais são egoístas, materialistas, escondem-se nos templos com medo do diabo, condenam muitos ao inferno, se acham no direito do céu, e pouco praticam para ajudarem o próximo, mesmo que esse próximo esteja de fato próximo a ele, na cadeira ao lado num culto. Quando desprezamos um pequenino de Cristo, é a Cristo que desprezamos, e um pequenino pode estar bem ao nosso lado, às vezes com uma cara feia, com uma postura que até não achamos de cristão, mas com um coração humilhado diante de Deus, adorando a Deus em silêncio, na solidão. Ajudar um pequenino como esse, muitas vezes com algo que nem nos custa muito, só com alguma atenção, com algum carinho, pode nos dar muito mais direito à eternidade com e em Deus que assiduidade em cultos, fidelidade em dízimos e ofertas, e só aparência externa de crente.

Esta é a 15ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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