sábado, maio 23, 2020

Reavaliemos Chamadas (parte 1) (23/30)

 23. Chamadas (parte 1)

      Nesta reflexão, dividida em duas partes, pensemos sobre chamadas. Todos temos de alguma maneira vocações para servir a Deus neste mundo, seja na área afetiva, isso é, na família, seja na área profissional, na sociedade, ou na área espiritual, através das igrejas. O texto a seguir é a primeira parte da reflexão sobre vocação espiritual, nela somos chamados como indivíduos, como líderes de grupos e como líderes de grupos maiores, isso é, de igrejas, pensemos esse último tipo de chamada, a feita para pastores.

      “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” Marcos 16.15-16

      Deus age com inteligência, diferente do que o ditado “Deus não chama os preparados mas prepara os chamados” diz, ele chama espiritualmente os preparados intelectualmente, ainda que tenha que prepará-los espiritualmente. Exemplo disso é Paulo, mesmo preparado intelectualmente teve que ser preparado espiritualmente para se tornar um apóstolo. Já Pedro, estava preparado espiritualmente, foi apóstolo direto de Cristo, mas sem preparo intelectual teve um ministério mais restrito, seja na abrangência geográfica, seja como escritor dos fundamentos evangélicos. Paulo viajou mais como missionário e escreveu mais como teólogo, assim quem acha que cultura não importa, tem na chamada de um homem com passaporte romano, com formação acadêmica grega e com autoridade religiosa judaica, uma negativa (Atos 23.3). 
      Paulo foi o homem certo para desempenhar a vontade de Deus naquele tempo e naquele mundo, assim como foi Pedro. Contudo, ainda que para servirmos em e através de igrejas seja a vocação espiritual quem estabeleça a chamada, ninguém ache que basta fé e unção. Deus usa as duas coisas, aptidões humanas que nascem com a gente e que são aprimoradas por experiências intelectuais e profissionais seculares, somadas a dons e vocações espirituais, recebidos à medida que andamos com Deus. Paulo tinha o preparo intelectual para desempenhar a chamada que Deus tinha para ele, e Pedro o preparo intelectual para a chamada que Deus tinha para ele, Paulo não tinha que tentar fazer o trabalho de Pedro, nem o contrário, assim como Pedro não deveria se sentir melhor que Paulo pode ter uma chamada diferente, nem o contrário. 
      Deus chama todos para que reflitam sua luz no mundo, mas as chamadas são diferentes, tanto quanto as pessoas são. Uma chamada é mais importante que a outra? Uma tem um nível espiritual mais alto que o nível de outra? Não, todas são importantes e todos somos chamados para termos uma comunhão plena com Deus, o que difere são nossos dons, nossas habilidades e nossas experiências, que podem nos ajudar a compartilhar essa comunhão, seja com um grupo menor ou com um maior. Deus chama respeitando tudo isso, de modo que cada um dê o seu melhor no lugar e no tempo certo para abençoar melhor os outros. Obviamente o que tem um grupo maior sob liderança deverá ter o conhecimento adequado para além de servir espiritualmente, administrar áreas do mundo material, principalmente a financeira. 
      Muitos, contudo, pensam ter chamada espiritual de Deus, quando na verdade são só seres humanos carentes de atenção, tentando convencer a si mesmos que estão certos. Como aliamos a vontade maior de Deus para pregarmos o evangelho com palcos, ainda que o chamemos de altares e púlpitos, como acreditamos que ser espiritual é ser reconhecido publicamente. Essa é uma visão do cristianismo atual, não das religiões orientais, mas também não a de Cristo encarnado. O texto inicial cita o “ide” de Jesus, uma ordem que Cristo deu nas ultimas palavras à Igreja, querendo obedecê-lo com sinceridade muitos tentam ser Pedro ou Paulo, contudo, entendem só a parte da quantidade, de ter ministérios poderosos com templos cheios de membros, não entendem a espiritualidade melhor provada no solitário anonimato.
      Querendo quantidade, não qualidade, vemos hoje em dia um evangelho vendido barato, em todas as esquinas, oferecido fácil e sem obrigações, pérolas vendidas a porcos a troco de dízimos. Os “pastores“ que vendem esse “evangelho” sentem-se especiais, orgulhosos de suas chamadas, são esses, evangélicos? Sim, mas no fundo a grande maioria quer um ministério grande como o do Vaticano, deixou a Igreja Católica mas continua louca para ser igual a ela, com o mesmo poder. Na eternidade? Não, no mundo, e muitos Jovens que sentem chamada missionária atualmente também querem isso para si mesmos, não querem ser Pedros ou Paulos, muito menos como Cristo, só ambicionam ser outros “Macedos”, “Hernandes” e “Malafaias”. Por isso reavaliar chamada pastoral é uma necessidade tão urgente, identificar o erro na raiz. 
      Se um homem tivesse tido base familiar melhor, cuidado mais carinhoso de pais e próximos ou sofrido intervenção de amigos colocando-o sob cuidados psicológicos, milhões de vidas talvez não tivessem sido terrivelmente massacradas, o nome desse homem é Adolf Hitler. Sim, coisas importantes, sejam para o bem ou para o mal, foram feitas no mundo, deixando homens famosos, poderosos, ricos, só para satisfazerem uma necessidade de auto-afirmação ou compensarem inseguranças e falta de amor de um indivíduo. Se soubéssemos de detalhes sobre a vida, principalmente familiar, de muitos líderes, cientistas e empresários, faríamos essa constatação. Líderes religiosos não fogem disso, aliás, desbalanceados psicologicamente têm predileção especial por religião, principalmente por uma que se diz dona da verdade.
      Às vezes, após buscarmos a vontade de Deus com a igreja, em humildade e obediência, sem que tenhamos obtido uma certeza, uma busca solitária pode ser a saída. Em algumas situações a palavra final de Deus só conhecemos orando sozinhos. Homens usados de maneira diferenciada pelo Senhor, para missões decisivas, foram chamados na solidão, e assim foram seus ministérios, conduzidos exclusivamente sob a aprovação de Deus. Com Jacó foi assim, fugindo de seu irmão, com José foi assim, odiado por seus irmãos, com Moisés foi assim, exilado no deserto longe tanto da parentela egípcia de criação quanta da de sangue israelita. Interessante como familiares podem ser nossos maiores inimigos, os que menos entendem nossas chamadas, Jesus no final foi crucificado por escolha dos judeus, não dos romanos.
      A maioria de nós, todavia, hoje é chamada dentro de denominações evangélicas, sob lideranças estabelecidas, assim nos coloquemos debaixo de orientação dos mais experientes, isso é sábio e livra de armadilhas que podem ser armadas por nós mesmos. Para isso precisamos estar em igrejas idôneas, sob pastores sérios homens de Deus, que também achamos buscando no Senhor. O importante é não termos pressa para desempenhar nossas chamadas, não para aparecer diante de homens em igrejas, antes, sejamos diligentes, sim, para viver uma vida agradável diante de Deus, no dia a dia, como pessoas comuns. Não caiamos no engodo da vaidade de desejar títulos eclesiásticos, achando que isso nos torna especiais para Deus, o Senhor não se importa com isso, ele busca os que o obedecem mesmo que ninguém saiba ou veja.

Esta é a 23ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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