quinta-feira, outubro 15, 2020

15. O Espírito Santo é espiritualidade

Espiritualidade Cristã (parte 15/64)

      “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.” 
Atos 1.4-9

      “E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.“ “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas.” 
Atos 2.2-6, 38 e 41

      “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.” 
João 16.7-14

      Não podemos estudar o assunto espiritualidade sem falarmos sobre o Espírito Santo, no cristianismo genuíno espiritualidade é a pessoa do Espírito Santo. O texto inicial de Atos 1 é o registro das últimas palavras de Jesus neste mundo, já ressuscitado e com um corpo transformado, dando as derradeiras orientações a seus discípulos, elas foram especificamente sobre o Espírito Santo. A orientação de Cristo deixa claro que os homens devem passar por uma experiência clara e marcante, que os habilite para testemunharem do evangelho, que não seja só um comprometimento público com uma religião pelo rito do batismo, nem só um entendimento racional do que é o evangelho e de que ele foi adotado como estilo de vida. A descida do Espírito Santo em Atos 2 foi bem mais que isso e teve efeitos poderosos, físicos, no local onde os discípulos estavam, nas vidas dos discípulos, assim como nas vidas daqueles que ouviram os discípulos testemunharem na plenitude do Espírito Santo. 
      É claro que como evento inaugural, a descida do Espírito Santo na festa de Pentecostes em Jerusalém, deveria ser diferenciada, isso não acontece hoje com todos os que recebem o selo do Espírito Santo, contudo, é importante que entendamos que o grande debate teológico presente nos evangelhos e principalmente nas epístolas paulinas se trata de ensinar o quanto a nova aliança pela fé em Cristo é superior à velha aliança pelas obras, ritos e sacrifícios de Moisés. Muitos dos textos que usamos como argumentação para provar muitas teologias relacionadas a temas atuais, na verdade, originalmente, não estão no mesmo contexto no novo testamento, e muitos podem não ter nada a ver com as relevâncias atuais. Mas por causa desse debate é que foram necessários tantos sinais e milagres, e em minha opinião, não para provar o poder de Deus, Deus não precisa disso, mas a legitimidade de Jesus como seu filho e, mais ainda, para convencer homens incrédulos e presos a tradições.
      Mas a promessa de Jesus em João 16, feita antes de sua crucificação, deixa claro que a religião que fundaria proporcionaria ao homem bem mais que a escolha de uma ótica metafísica, de uma estética de Deus para se adorar, de ritos a se fazer a fim de se ter onde colocar a fé e entender o divino e a existência, assim como de um jeito de se livrar de culpa e obter uma paz interior que vá além das satisfações do corpo, a grande diferença do que Jesus deixou após salvar o homem é o Espírito Santo. Muitos até professam isso com a boca, mas na prática não vivem à medida que confiam mais nos textos tradicionais da Bíblia que numa relação viva com o Espírito Santo, e não, não estou diminuindo o valor do cânone bíblico, mas estou dando ao Espírito Santo o valor que Jesus deu. Jesus diz algumas coisas muito importantes sobre o Espírito Santo, que chama de Consolador, talvez a principal característica do Espírito de Deus.
      Nos consolar no caminho tão curto e muitas vezes dolorido que é nossa passagem por este mundo, só isso bastaria, só isso é o que precisamos tantas e tantas vezes, quando buscamos a Deus com um problema que parece impossível de ser resolvido, sozinhos e sem que ninguém de fato possa entender nossa situação e muitas vezes nem estar interessado em saber ou nos ajudar. Um Deus que nos consola, isso diferencia o cristianismo de qualquer outra ótica religiosa, um Deus pessoal e que sente o que sentimos, que nos faz companhia, não só uma energia impessoal que nos leva a crermos em nós mesmos, talvez isso baste para os “fortes”, mas os fracos precisamos de mais, de um pai, de alguém de quem possam depender. Mas será que isso é fraqueza ou é de fato a verdade sobre nós, verdade que os espíritos das trevas escondem atrás do álibi que o forte não precisa depender de ninguém só dele mesmo? Respeito quem pensa assim, que se acha “forte”, mas eu já entendi que não sou e sou totalmente dependente de Deus e de seu Espírito.
      Na parte seguinte de João 16 Jesus diz que o Espírito Santo convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado porque o mundo não crê em Jesus, da justiça porque Jesus voltou para Deus, e do juízo porque o príncipe do mundo está julgado, vamos entender isso um pouco mais. Ninguém pode convencer o homem que ele é pecador e precisa de salvação, só o Espírito de Deus que está sobre a Terra, mas ele só faz isso se o homem permitir. Só Jesus através de seu Espírito pode confrontar o homem e convencê-lo da necessidade de justiça, porque não existe nenhum justo no mundo para fazer isso. Isso ensina que não devemos nos usar como referência para julgar e condenar alguém, ainda que devamos persistir em viver o evangelho. Contudo, existe um juízo, porque pela justiça de Deus existe alguém que nos dá a oportunidade de escapar dele, o Espírito Santo, e ninguém ficará impune pelo que tiver praticado aqui, o mal maior, o diabo, a quem foi dada a autoridade sobre este mundo, já está julgado e condenado. 
      A última parte de João 16, contudo, é reveladora, “ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora, mas quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade“, eu afirmo que o maior erro que os cristãos, não o mundo, mas os da Igreja cometem, é desprezar de alguma maneira o Espírito Santo. O que muitos chamam de aprender com Deus é só conhecer intelectualmente o princípio da doutrina através da Bíblia, e o que outros chamam de plenitude do Espírito Santo é só experimentar emocionalmente o começo de uma experiência espiritual genuína que poderia ir muito mais além se as pessoas tivessem fé e dessem menos importância à tradição de homens. Por que ser espiritual? Para darmos liberdade ao Espírito Santo, o único que pode nos levar ao conhecimento de toda a verdade, verdade que nem Jesus revelou os seus mais próximos simplesmente porque eles ainda não estavam preparados. Nós, contudo, já estamos preparados, e há algum tempo. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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