terça-feira, outubro 20, 2020

20. Espiritualidade conforme tua fé

Espiritualidade Cristã (parte 20/64)

      “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.“ “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.“ “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova.Romanos 12.3 e 14.12, 22 

      Fé é um evento produzido pela alma, através de um elemento emocional e outro mental. O emocional sente com convicção algo que se quer que aconteça, ele gera o conteúdo, o mental dá forma ao conteúdo, pode imaginar, visualizar aquilo que se deseja que ocorra. Isso, contudo, é só a parte humana, mas ainda que não encontre a parte divina pode trazer benefícios positivos ao ser humano. Essa convicção emocional que consegue ver uma solução pode influenciar o corpo, de alguma maneira que a ciência ainda não explicou, sua estrutura material e psíquica, realizando mesmo cura de enfermidades físicas e psicológicas, seria um efeito oposto ao do evento psicossomático, com a mente tendo influência positiva sobre o corpo.
      Essa “energia humana”, que mesmo cristãos podem achar equivocadamente que é ação direta de Deus, só se torna fé espiritual de verdade quando encontra uma vontade de Deus em realizar aquilo que se creu. Assim, não é qualquer coisa que se crê que Deus “responde”, é preciso que seja algo da vontade do Senhor, que de alguma maneira abençoará o homem e glorificará o nome de Deus, no tempo e no lugar melhor de acordo com o plano de Deus. Se isso ocorre nosso espírito saberá, visto que o Espírito Santo o informará que a bênção é de fato dom de Deus, e não mera casualidade do universo, é preciso que fique claro que “milagres” podem acontecer por motivos diversos, não tendo diretamente a mão de Deus envolvida.
      Mas quanto aos benefícios no corpo colhidos por um coração crédulo e positivo, também não foram permitidos por Deus? Sim, mas sob esse ponto de vista nada ocorre no universo sem que Deus permita, contudo, essa experiência pode vivenciar mesmo ateus ou adoradores de Satã. O ponto é que a princípio o limite da fé é a imaginação humana e o quanto podemos focar nela uma convicção emocional, assim, uma pergunta precisa ser feita: há limites para a fé? Sim, o limite é dado pela nossa imaginação, pelo menos para o evento inicial, não para a fé que é respondida por Deus no final. Espiritualidade é uma experiência que se inicia com fé, assim em sua origem também depende da fé pessoal que cada um de nós pode exercer.
      Se desejamos que Deus nos responda, há limites no que podemos crer, simplesmente acreditar, com sinceridade, não basta, é preciso sensatez, coerência e equilíbrio, e o Espírito Santo sempre nos orienta a crer da maneira correta. Contudo, mesmo entre os “filhos de Abraão” que habitarão o “ceio de Abraão” na eternidade, a fé pode diferenciar, é assim que tem que ser e Deus respeita isso. Ainda que achemos que alguns vivenciam uma fé menor que a nossa, devemos respeitar isso, muitos não conseguiriam entrar no reino de Deus com os dois olhos (usando o ensino de Mateus 18.9), olhar as verdades espirituais de maneira mais profunda poderia escandalizar alguns, e Deus na verdade não julga as pessoas dessa maneira. 
      Assim, que cada um caminhe segundo a fé que consegue carregar e seja fiel a ela, fazendo as coisas em paz indiferentemente daquilo que outros pensam ou creem. Agora, se fazemos com dúvidas, tentando convencer os outros porque nós não estamos convictos e na verdade queremos é convencer a nós mesmos, aí estamos em pecado, essa fé que dizemos ter, e não temos, não agrada a Deus. É melhor retroceder, fechar um olho, mas estar em paz, que pensar de si mesmo mais do que se é, por vaidade ou ganância, e não com humildade de espírito. Deus não nos julgará pelo número de olhos abertos, nem de pés que andam, nem pelas mãos que são usadas, mas pela paz real dos que creem nele, tenham esses os limites que tiverem. 
      Quando o objetivo da fé é Deus, o efeito dela é uma paz diferenciada, quem de fato crê tem a tranquilidade dos justificados, não o delírio dos loucos, que acreditam em sandices, imaginam alucinações e colhem amargura. Fé que para existir precisa que outros também creiam igual não é a fé dom de Deus, que salva e consola, é obsessão, ideia de homem para exaltar o homem, não é espiritual, não conduz nem adora a Deus. A fé genuína começa e termina no Altíssimo e à medida que o tempo passa fica mais firme, mais discreta, mesmo mais silenciosa, ainda que muito, muito mais eficiente, pois encontra a Deus sem subterfúgios, sem segundas intenções, se torna mais simples e estreita, mas mais reta e forte.
      “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito“ (João 15.7), eis um dos versículos mais simples e profundos da Bíblia, um mistério espiritual importante é revelado nele, dois princípios extremos são citados mas um limita o outro. Temos que estar em Deus, isso é estar em obediência a Deus, com uma vida que agrada-lhe totalmente. Temos que pedir conforme a palavra de Deus, dentro daquilo que o Espírito Santo ensina como sendo Deus e sua vontade para o homem. Mas não basta uma das coisas, quem tem vida certa e pede uma tolice, ou pede algo sábio mas tem vida errada, não acessará a fé dom de Deus que conduz à espiritualidade cristã. 
      Como em tudo na vida com Deus, espiritualidade se processa com fé, e se foi assim nas primeiras coisas, no perdão que dia a dia nos apossamos na presença de Deus, também é assim no “conhecimento espiritual mais profundo”. Usei e ainda usarei muitas vezes no estudo “Espiritualidade Cristã”, do qual essa reflexão faz parte, o termo “conhecimento espiritual mais profundo”, muitos talvez não entendam o que seja isso. É um conhecimento bíblico e teológico maior? Sim. É um conhecimento doutrinário maior da nossa religião cristã? Também. Mas o que está escrito, apesar de conter fundamentos essenciais que nos dão “limites”, é só o início, o que saber mais depende da fé de cada um no Espírito Santo. 
      Vimos que fé envolve convicção e imaginação, o sentimento foca e a mente visualiza, algo que se quer sem que ainda exista, de quem a fé espera resposta? De qualquer coisa, espírito ou homem, incluindo de si mesmo, o homem é livre para crer no que quiser para receber o que quer que seja. Há resposta para toda fé? Sim. É sempre resposta de Deus? Sim, nada ocorre nos universos sem autorização de Deus. Mas toda resposta abençoa o homem espiritualmente? Não, ainda que em curto prazo pareça abençoar. Fé só beneficia de fato o homem, em todas as áreas, e de uma maneira que o benefício permaneça e faça o homem crescer espiritualmente, quando é exercida no Espírito Santo, isso é muito mais que prosperidade material e cura física. 
      Fé é movimento, mas o Espírito Santo é o único caminho que conduz a Deus. Você pode ter um carro e usá-lo em estradas diferentes para chegar a lugares distintos, mas somente o carro em movimento na estrada certa vai levá-lo à casa do pai, onde há um amor especial. O selo do Espírito Santo só tem quem entendeu, aceitou e viveu a salvação de Jesus, nessa redenção ganhamos o Espírito de Deus que nos permite entender as verdades espirituais mais elevadas e construir em nós a vida eterna, que será plenamente manifestada no plano espiritual quando deixarmos nossos corpos físicos, seja pela morte ou pelo arrebatamento. 
      Quem tem o Espírito Santo tem acesso a Deus porque está em Deus, assim têm acesso livre à melhor estrada que leva ao mais excelente lugar. Contudo, não basta estar na estrada certa e ficar contemplando, de longe, o destino, é preciso fé para se mover nessa estrada, e uma fé aprovada por Deus. A fé que Deus aprova é a descrita em João 15.7, ela movimentará nosso espírito através do Esprito Santo até o Deus altíssimo. Para a maioria das pessoas acreditar não é um problema, no divino muitos creem, outros só em si mesmos, passando por uma infinidade de entidades, homens, objetos e ritos mágicos, contudo, muitos, incluindo cristãos, têm dificuldade para se apossarem do caminho reto do Espírito Santo. 
      Esse caminho é vivenciado através de um processo de colocação espiritual, que inicia-se com perdão e adoração, para estão alcançar um estado de tranquilidade onde nos posicionamos na mais pura estrada espiritual. A grande maioria dos cristãos pede perdão, louva, deixa seus pedidos, e para aí, não medita, não contempla e não ouve a voz do Espírito Santo ensinando e revelando. Muitos evangélicos, ainda que livres emocionalmente para sentirem o prazer que advém da liberdade do Espírito Santo, não abrem suas mentes para discernirem a voz do Espírito Santo, assim param no início da estrada e não se movem por ela até o Deus Altíssimo, e infelizmente, achando que isso é o máximo na espiritualidade cristã.
      Tudo é possível ao que crê no Espírito, tudo o que Deus quer dar a alguém para que seja feliz. Isso não faz de alguém um super-herói, muito menos um religioso famoso que realiza sinais e prodígios, não, o plano de Deus nunca foi esse apesar de muitos acharem que o evangelho prega essas referências. Mas se fizermos tudo certo poderemos nos aproximar mais do homem que Jesus foi quando encarnado, só não se esqueça, que o que alguém espiritual como ele provou no final da vida, foi perseguição e descrença. Andemos conforme a nossa fé e nos movamos com ela no Espírito Santo, mas cientes que ser um cristão espiritual neste mundo é buscar a vida de Jesus homem, não de “deuses”. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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