sábado, outubro 31, 2020

31. Espiritualidade é mudança

Espiritualidade Cristã (parte 31/64)

      “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste: que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.Salmos 8.3-5

      “Mas tu és o que me tiraste do ventre; fizeste-me confiar, estando aos seios de minha mãe. Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.Salmos 22.9-10

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.Salmos 23.6

      Em algum momento de nossas vidas podemos dizer que somos de fato espirituais? Sim, não tão altos como Deus, mas no máxima que podemos atingir no plano físico. Essa espiritualidade é individual, e nem sempre será aquela que gostaríamos de ter ou que achamos que temos, e isso pode ser para menos ou para mais. Sonhos, erros, desilusões, dores, mas também paixões e amores, em trajetórias solitárias, coletivas, no mundo, nas igrejas, convertendo-se, desviando-se, voltando ao cristianismo, e às vezes ainda continuando desviados, enfim, a verdade pessoal de cada um sempre vence no final da vida, se mostra sem pudor e não se esconde mais. Ou é isso ou é o suicídio, que muitas vezes nem precisa dar cabo do corpo físico para existir, e como existem zumbis neste mundo. 
      No final da vida muitos se acharão no topo da espiritualidade, mas só fizeram manter o que eram no início, nunca de fato cresceram, ainda que se achem melhores que outros por verem em suas vidas uma curva sempre reta. Esses representam muitos religiosos, principalmente no cristianismo, gente com status social em suas comunidades, que nunca perderam uma batalha porque nunca entraram em uma. Venceram a guerra? Não, sequer dela participaram, foram só espectadores. Quem nada faz e só olha sempre tem mais tempo para criticar as vidas alheias, principalmente daqueles que se expõem e perdem muitas batalhas para ganharem a guerra final. Os medrosos especializam-se em chamar coragem de irresponsabilidade, e mesmo busca de felicidade verdadeira de fraqueza e vaidade. 
      É preciso coragem para perder, os orgulhosos, contudo, que não querem expor suas humanidades, acovardam-se, por nada lutam para nada perderem, mas assim também nada ganham, esses estão bem retratados na parábola dos talentos (Mateus 25.14-30). Muitos não entendem que o que mais identifica o ser humano são suas fragilidades, são elas que farão as escolham, já que quem está forte e satisfeito não precisa fazer nada, mas o sedento e faminto sai à procura de água e comida e enquanto não acha não descansa. Quem nega ou quer esconder seus limites nega a si mesmo como aquele que pode alimentar, não só o corpo, mas o espírito, o Santo Espírito de Deus, esse nunca se posicionará na espiritualidade do Altíssimo, esse não quer mudar, no fundo já se acha espiritual o suficiente. 
      Uma vez, ainda em minha juventude como cristão assíduo e trabalhador no ministério de uma igreja batista, ouvi alguém dizer, “as pessoas não mudam”, aquela afirmação vinha de alguém mais novo que eu, mas apesar de eu discordar, e discordo até hoje, e mesmo que eu não tenha entendido de forma consciente tudo que isso diz, me pareceu algo maduro, vindo de uma alma velha, que já tinha vivido muito e sabia das coisas dos homens mais do que eu. Até hoje eu insisto que as pessoas podem mudar, sim, e para melhor, e não devem desistir disso enquanto estiverem neste mundo, é essa persistência que nos dará direito à melhor eternidade de Deus. É o próprio Espírito Santo que nos empurra nisso, o tempo todo, isso é o que de fato significa estar vivo, querer evoluir, não se acomodar. 
      Vejo algo em minha vida hoje, vejo coisas, coisas que nunca mudaram, coisas que nem sempre me eram conscientes, mas que sempre estiveram dentro de mim. Entendo que o meu melhor já me habitava antes, quando eu era criança, adolescente, lutando dentro de mim, é esse melhor, que existe em todos nós, que Deus busca trazer à tona confrontando-nos com os homens, com o mundo e com o tempo. Nossa história tem o formato de uma onda senoidal que se inicia no alto, inclina-se até atingir seu ponto mais baixo e depois torna a subir até o ponto mais alto. Início e fim parecem iguais, mas não são, o que os diferencia? É a consciência. No início não temos consciência, assim o que muda não são nossos valores morais e entendimento espiritual, mas só a consciência do que de fato somos no espírito.
      O momento em nossas vidas em que mais perto estamos de Deus não é em nossa morte, ou próximos a ela, mas logo após nosso nascimento, nesse tempo estamos o mais perto da melhor eternidade de Deus, acabamos de nascer e em nós ainda habita inocência espiritual. A vida nos permite escolhas, e mesmo que sejam em áreas diferentes, profissional, afetiva, ministerial, todas colocam à prova uma escolha maior: estarmos ou não em Deus. Eu não disse sermos ou não religiosos, nem mesmo sermos ou não cristãos, mas estarmos ou não em Deus, em Deus só se pode estar através de Jesus. Viver é ter a chance de conhecer e permanecer em Cristo, e quem está no filho, está no pai, isso é ser espiritual e nisso está nosso melhor como seres humanos. Estar é Cristo é se arrepender do erro. 
      Arrepender-se não é mudar, mas aquele que de fato se arrepende quer mudança, ele sente profundamente a dor que é efeito de seu erro e resolve que não quer errar mais, para não ferir as pessoas, para não machucar a si mesmo, para não desagradar a Deus. Já o que se arrepende só superficialmente, se arrependerá algumas vezes e tornará a errar, o mesmo erro, então não se arrependerá mais, e para seguir com alguma integridade, ainda que enganosa, achará bons motivos para errar, assim como dará outros nomes para seus erros, que não pecados. Esses expuseram suas essências espirituais ao mundo, aos homens e ao tempo, e não tiveram coragem de amar mais ao Deus espiritual, preferiram adorar os seres espirituais rebeldes que estão por trás de todo ídolo, vaidade e ateísmo. 
      Quer uma definição (mais uma) para espiritualidade? Constante desejo de mudar para melhor. O espiritual não se contenta com um degrau, não dorme nele para desfrutar uma vitória, mas tem consciência que o topo é Deus, e que é preciso subir muito para alcançá-lo. Mas será que não é isso que dá graça à existência, o entendimento que sempre há algo novo para aprender e melhorar? Tenhamos cuidado, pois foi o desejo de alcançar o lugar mais alto depressa demais que foi usado pelo diabo para tentar o homem, quando lhe falou sobre o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal no Éden. Não podemos ser Deus, mas podemos estar nele, por Jesus e através do Espírito Santo, esse é o caminho para uma transformação genuína que nos conduz à verdadeira espiritualidade.

      “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” Filipenses 2.10-11  

      “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Coríntios 5.17

      As pessoas não mudam? Suas essências espirituais não, essas apenas têm a oportunidade de serem reveladas. No final de nossas vidas abrimos mão de concessões e máscaras e nos mostramos, pudera, não existem mais forças físicas em nós para mantermos personagens, a verdade é colocada na mesa, agrade a quem agradar. Quem sou eu de fato? O que resistirá em mim no final? Talvez Deus não cobre de ninguém altura espiritual, não aquela que coloca um mais alto ou mais baixo que outro, Deus não nos julga pelos outros, mas por nós mesmos, o quanto olhamos para ele para sermos nossos melhores. Deus julga pela coerência? Sim, mas não pela coerência que temos com religiões ou com os homens, mas com nós mesmos, com nossa cota de fé, nossa dose de iluminação.
       Nascemos com nossas virtudes espirituais, e ninguém pode tirá-las de nós, só nós mesmos, nós fazemos isso quando trocamos as virtudes por vaidades e prazeres com os mercadores de ilusões. Quem são esses mercadores? Os homens maus e os espíritos rebeldes, esses querem impedir que nasçamos espiritualmente, esse nascimento ocorre quando adquirimos consciência de nossas essências, que são divinas, que são da luz, que são do bem, que são do Deus altíssimo. Há muitos meios de se adquirir consciência espiritual, cristão, não se engane com relação a isso, mas em Jesus existe o meio mais direto e eficiente, queridos e sinceros amigos (e irmãos) de outras religiões, não se enganem em relação a isso. Por isso o novo nascimento é tão enfatizado no evangelho, não a reencarnação.
      Do que adianta reencarnar e reencarnar (se é que isso é possível) e não conhecer a Jesus como único salvador? É só prolongar a morte, é só eternizar o inferno, é só adorar os espíritos rebeldes, ainda que fazendo boas obras, levando justiça ao mundo e conservação ao planeta, mas não é ser um com o pai, o Deus altíssimo. Nele há céu, há eternidade de espiritualidade mais alta, há o objetivo mais elevado de todo ser criado à imagem de Deus, entender isso é adquirir a consciência mais iluminada, é achar o real sentido de nossas temporárias passagens por este mundo. Quem entende isso, no final de sua vida, atingiu a espiritualidade mais alta, entendeu o motivo de estar neste mundo. Infelizmente, muitos, andam e andam por esta terra e não libertam seus espíritos, porque não querem pagar os preços.
      É patético ver pessoas que tiveram as melhores oportunidades de adquirir consciência envelhecerem arrogantes, ainda que se achando cheias de conhecimentos, ainda que se vendo como quem enfim está pensando “fora da caixinha”, quando na verdade só buscaram motivos para se afastarem de Deus. Quem se afasta de Deus se afasta de si mesmo e dos outros, pelo menos dos homens realmente de bem, mas quem se afasta de Deus se aproxima da mentira. O que é a mentira? É tudo que nega, de alguma maneira, Deus. Pode ser explicitamente o diabo, pode ser o ateísmo materialista, podem ser objetivos morais e sociais altos, podem ser bandeiras ideológicas, e também pode ser acreditar em algum sectarismo cristão, a mentira também está dentro do que é denominado cristianismo. 
      Mas por que algumas pessoas parece que de fato não mudam? Porque usaram do direito ao livre arbítrio e preferiram não adquirir consciência, isso só é possível quando se amordaça o Espírito Santo, e meus caros e minhas caras, é preciso ser muito forte para isso. Quem pode lutar com Deus e vencer? Só o homem duro de coração. Por isso o céu é para os fracos, fracos não por cederem ao pecado, mas por se humilharem diante do Deus altíssimo, e isso nem é uma fraqueza, mas uma virtude, a lucidez de quem abre os olhos e enxerga as coisas espirituais como realmente são. Contudo, todos nós, todos, temos a arrogância equivocada de em algum momento de nossas vidas tentarmos lutar com Deus e prevalecer, e é o próprio Deus quem permite um confronto assim.
      Você já lutou com Deus? Isso a princípio não é algo ruim, é apenas o confronto honesto de nossas verdades com a verdade maior do Altíssimo, é preciso assumir algumas coisas para se colocar nesse confronto, ter certas convicções, se conhecer ao menos um pouco. Mas só isso já é ter alguma consciência que só será espiritualmente e plenamente adquirida se Deus vencer o confronto. Repito, só na verdade maior de Deus é que enxergamos nossas verdades, assim, infelizmente, quem “vence” Deus sai derrotado, enganado pela ideia de que sua maneira de ver e administrar a vida é melhor que a maneira de Deus. Mas algo pior pode acontecer, o derrotado pode crer na heresia de achar que sua maneira é a de Deus, quem luta com Deus e “vence” se torna um pequeno “Lúcifer”, um falso deus. 
      Por isso não julguemos mal a ninguém, e mesmo um bom julgamento deve ser feito com sabedoria, não sabemos em que ponto da curva alguém está, e obras muitas vezes podem não revelar espiritualidade, nem as boas e nem mesmo as outras. Aqui no plano físico somos todos escravos do tempo, assim tenhamos paciência com os outros, como Deus tem conosco, talvez alguém que nos parece enganado e duro na queda esteja só no último round de sua batalha para entender sua verdade pessoal, talvez falte pouco para que consciência espiritual seja adquirida, para que olhos e ouvidos sejam abertos, e a pessoa entenda o que é em Deus. Talvez as pessoas nunca mudem, e nem precisem mudar, mas só entender que são especiais, desde os seus nascimentos, e que só em Deus suas singularidades serão libertadas. 

Espiritualidade Cristã
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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