sábado, outubro 24, 2020

24. Espiritualidade gera santidade, humildade e amor

Espiritualidade Cristã (parte 24/64)

      Uma experiência marcante com o Espírito Santo sempre gera em nós três coisas: santidade, humildade e amor. Se uma dessas coisas faltar, não é o Espírito de Deus quem agiu, não em sua plenitude. Essas virtudes abrangem todas as nossas relações, a santidade nos permite agradar a Deus, a humildade nos permite aceitar a nós mesmos e o amor nos permite respeitar os outros. Só o Espírito Santo de Deus habitando o espírito dos salvos através do perdão exclusivo e completo de Cristo, pode colocar o homem no mais alto nível espiritual, limpando sua alma e curando seu corpo. Precisamos entender isso e não aceitar falsificações de experiências espirituais, feitas por muitos que podem estar provando outras coisas, mas não de fato a unção do Espírito Santo de Deus. 
      Santidade é a primeira coisa que nossa alma sente como prioridade quando temos de fato um encontro com Deus, uma passagem bíblica que bem exemplifica isso é a do profeta Isaías, “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” (Isaías 6.1-5). 
      “Então disse eu, aí de mim”, essa é a reação de quem de fato se aproxima de Deus, esse sente medo, não por por recear algo mal, moralmente reprovável ou violento, mas por sentir-se indigno, como se fosse colocado diante de alguém famoso, rico, poderoso, mas com vestes inapropriadas, sem banho, com cabelos desarrumados, com a barba por fazer, ou se for mulher, sem maquiagem ou unhas feitas. Deus é muito mais nobre, poderoso e limpo que qualquer homem ou ser espiritual, assim o sentimento honesto de quem se aproxima dele é temor por se achar indigno, despreparado, em pecado. Hoje temos o sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado, mas ainda assim muitos não se apossam disso e ousam tentar entrar na presença do Senhor de qualquer jeito, e muitas vezes só para impressionar os outros, para dizerem que entraram mesmo não sendo verdade.
      Humildade é o segundo efeito de quem encontra Deus, porque quando olhamos para Deus nos vemos e quando nos vemos de verdade, sem máscaras ou filtros, entendemos o quanto somos fracos, imperfeitos, dependentes da misericórdia do Senhor, necessitados de mudanças, de melhoras. Quando nos vemos como somos olhamos os outros diferentemente, não exigimos desses o que nem nós somos. A humildade nos leva a agir de uma outra forma com as pessoas, mas antes disso, ela nos dá paz, pois com ela podemos nos aceitar, sem exigir de nós o que não somos ou podemos, e amando nossas verdades pessoais sem vaidades. Só o humilde se aceita, se gosta, tem paz e pode então se relacionar melhor com os outros, essa é a verdadeira humildade que nasce só de um real encontro com Deus, onde nos humilhamos e clamamos por misericórdia e perdão.
      “O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra“ (Salmos 147.6), humildade é um dos grandes mistérios espirituais, pois algo que a princípio pode parece que nos diminui no final acaba nos engrandecendo, isso porque abrimos mãos da referência errada e confiamos na referência certa. A errada é a do homem, nós mesmos ou os outros, o humilde abre mão de ser honrado pelo outros sendo aquilo que ele acha que vai agradar os outros ou a si mesmo. A referência certa é a referência de Deus, quando paramos de nos importar com o que os homens acham que é importante Deus nos revela o que é importante para ele, e nessa experiência nos sentimos muito bem, satisfeitos, úteis, completos, em paz, num orgulho pessoal que não sente necessidade de mostrar aos outros, mas que se sente feliz só por saber que Deus sabe e se importa. 
      A terceira experiência que temos quando vivenciamos um real encontro com Deus é o amor. Se pela santidade nos equalizamos com Deus e com a humildade nos aprumamos com nós mesmos, podemos, então, ver os outros como são e tratá-los como Deus quer os tratemos. Amor é dar ao outro o mesmo direito que queremos para nós, mas não de um jeito frio, como se fosse só obedecendo cegamente uma lei. O verdadeiro amor compungi-nos, move nossas estranhas, toca profundamente nossos sentimentos, nos faz querer abraçar alguém, física e emocionalmente, e assim, enternecidos, queremos que a pessoa seja honrada, ainda que isso signifique que nós não seremos. O amor não espera recompensa, se sacrifica em silêncio e entrega nas mãos de Deus, esperando dele e somente dele qualquer espécie de retorno, só após um encontro profundo com o Espírito Santo conseguimos amar. 
      “Então foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes dissera; e o Senhor aceitou a face de JóE o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía“ (Jó 42.9-10), essa passagem de Jó é um dos registros mais reveladores sobre o amor na Bíblia, mostra o amor na prática, demonstrado por quem não podia fazer outra coisa a não ser amar, e que precisava receber nada melhor que amor sincero. Os “amigos” de Jó foram punidos por Deus por terem falado a Jó sobre Deus com uma falsa sabedoria, aquela que até usa Deus e sua palavra como argumentos, mas que por não ser em amor julga e condena. Contudo, ainda assim, aquele que vivia uma provação enorme de Deus, que tinha sofrido muito e perdido tudo, se deu ao trabalho de orar por falsos amigos. 
       Quem se lembra de amigos falsos quando está lá no fundo do poço? E muitas vezes depois que saímos do fundo ainda tentamos nos vingar dos que foram cruéis conosco, ainda que seja só com um desprezo discreto. Mas Jó orou, pois bem, Deus não só ouviu a oração como “mudou a sorte de Jó”, e não só o levantou, mas com honra dobrada em relação a tudo que ele tinha perdido. Contudo, tem algo que passa quase que desapercebido no último capítulo do livro de Jó, no final do versículo 9, “fizeram como o Senhor lhes dissera e o Senhor aceitou a face de Jó”, não podemos dizer com certeza se uma coisa tem relação direta com a outra. Contudo, será que podemos interpretar que o Senhor aceitou a face de Jó só depois que seus amigos ofereceram a Deus sacrifícios por seus pecados? Em seguida, aceito por Deus, Jó ora pelos amigos e o Senhor concretiza a bênção. 
      Se interpretarmos dessa maneira, parece-nos que a bênção de um vem pelo esclarecimento dos outros, e vice-versa, Jó é abençoado quando seus amigos se arrependem e seus amigos são abençoados quando Jó ora por eles. Somos muito materialistas, gostamos de interpretar a bênção maior que Jó teve com a provação que passou, como a multiplicação de seus bens, nos esquecemos da bênção maior, a “iluminação” que tanto ele como seus amigos tiveram com a experiência Essa “iluminação” proporcionou-lhes uma visão mais clara do porquê estarmos neste mundo, uma experiência que os tornou mais preparados, e mais que para viver no plano físico, para habitar a eternidade espiritual com Deus. Jó não só ficou mais rico, mas com certeza mais santo, mais humilde e mais amoroso, assim como seus amigos, esse é o propósito maior de Deus em todas as provações que permite que passemos. 
      Quando temos de fato um encontro com Deus essas três experiências transbordam de nossos corações, desejo de ser santo, humildade não fingida e amor sem concessões, quem não demonstrar isso depois de ter alguma experiência espiritual precisa rever suas referências de experiência espiritual, seu entendimento sobre dons do Espírito. Uma experiência profunda com e no Espírito Santo mexe com nossas emoções, mas é muito mais que isso, mexe com nosso espírito, e isso nos coloca num nível espiritual diferenciado, nos dá uma convicção mental, um esclarecimento intelectual que transcende o emocional. Uma experiência com o Santo Espírito não deixa nossos corpos “sem controle”, como acontece em experiências com espíritos ”estranhos”, somos curados psicológica e fisicamente quando temos uma experiência verdadeira, ela nos coloca de fato mais perto de Deus e de sua espiritualidade mais elevada. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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