sábado, outubro 03, 2020

3. Para ter prosperidade material

Espiritualidade Cristã (parte 3/64)

      Muitas pessoas querem ser espirituais, por isso procuram religiões e outras práticas, mas por que realmente elas querem isso? Alguns acham que ser espiritual é respeitar a moralidade da sociedade em que vivem, assim virtudes como honestidade, controle emocional, caridade e não se dar a vícios como cigarro, bebida e prostituição devem definir espiritualidade. Contudo, isso tudo é só deveres de cidadania, de vida em grupo, que respeita limites e não invade limites alheios. Outros pensam que ser espiritual é ser fiel a doutrinas religiosas, mas em sua maioria as religiões sempre ensinam e cobras boa moralidade e equilíbrio os apetites carnais, mais regras para se viver em sociedade nesse mundo que de fato espiritualidade. Outros ainda, pensam que ser espiritual ter experiências místicas com o sobrenatural, ter mediunidade, se comunicar com o mundo espiritual. 
      Assim, as pessoas entendem espiritualidade de maneiras e em níveis diferentes, assim como a buscam em lugares e de formas distintas, de acordo com suas idiossincrasias, curiosidades, medos e paixões. Mas e quanto a você, evangélico, que frequenta uma igreja protestante, por que você quer ser espiritual? As questões nessa reflexão têm o objetivo de fazer pensar e conduzir a reavaliações os cristãos, não os outros, olhamos para dentro e não para fora, para os filhos de Deus. Será que nós, que acreditamos que cremos na verdade maior e absoluta do evangelho, experimentamos de fato uma espiritualidade melhor? Será que somos melhores que monges e espiritualistas de outras religiões, que esotéricos, clérigos e tantos que se dedicam exclusivamente à busca do divino? (Ou será que eles são piores por isso?) E se somos melhores, por que somos, ou mais, para que somos? 
      Atualmente muitas pessoas em igrejas evangélicas querem ser espirituais por razões absolutamente materialistas, a prova disso é a dizimolatria da qual tanto falamos aqui no “Como o ar que respiro”. Até querem ter vidas morais melhores e tentam ser fiéis às doutrinas que seus líderes ensinam nos púlpitos, mas que nem sempre conduzem de fato à espiritualidade, só à religiosidade. O que é essa religiosidade? Sim, é a obediência a algumas leis morais e sociais, basicamente no cristianismo aos mandamentos mosaicos, mas a isso são adicionadas regras específicas de uma denominação, e uma presente em muitas, principalmente pentecostais, é a obrigação do dízimo. Nem venham dizer que isso não é verdade, é sim, e ocorre uma verdadeira chantagem que tenta convencer as pessoas que caso elas não dizimem sofrerão os flagelos da tão usada passagem bíblica de Malaquias 3.10-11, ou melhor, mal usada. 
      Assim, no entendimento de muitos, se acha que é necessário ser “espiritual” para receber os favores de Deus neste mundo, principalmente prosperidade material, numa visão infantil, rasa e física do Senhor e de sua mais alta espiritualidade. As pessoas têm no materialismo não só o meio de atingirem espiritualidade, vivendo dessa e daquela maneira, fazendo isso ou deixando de fazer aquilo, mas também o objetivo, já que prosperidade material pode ser vista como critério de avaliação para espiritualidade, quando o próspero é membro de igreja e fiel ao dízimo. Num ambiente que só dinheiro e bens interessam, de um jeito ou de outro, onde fica de fato a espiritualidade, aquela evidenciada na vida simples de Jesus homem? Por isso o evangelho perde muitos para o espiritismo ou para o budismo, porque muitas pessoas encontram nessas religiões mais espiritualidade prática que em igrejas evangélicas, e assim o caminho mais reto e mais eficiente que é o nome de Jesus não é trilhado por tantos. 
      Contudo, fica difícil as pessoas não serem enganadas quando o engano começa na liderança, no conceito que muitos pastores têm do que seja um evangelho vitorioso e glorioso, conceito mostrado nas construções dos templo, nas vidas pessoais dos líderes, e na maneira como dízimos e ofertas arrecadados são administrados. Se quem deve dar exemplo não dá, aqueles que chegam, como novos cristãos, já começam suas carreiras incorretamente. Muitas igrejas atuais nem batistério têm, o que mostra que o objetivo não é converter incrédulos, mas só seduzir crentes insatisfeitos de outras igrejas, o produto usado nessa sedução é a promessa de prosperidade material que ganha ainda mais valor num momento econômico do nosso país onde há tanto desemprego. O erro não é só de líderes, é também dos liderados, enquanto buscam líderes que lhes agradem, que falem o que desejam ouvir, que vendam o produto que querem comprar, contudo, o juízo maior de Deus é, sim, sobre líderes mal intencionados, que ainda que o povo estivesse errado deveriam orientar o caminho certo e não obterem vantagens pessoais com o engano. 
      Mas o que muitos não entendem é que a disciplina de Deus não vem sobre os incrédulos, esses serão julgados no juízo final, no tempo atual ela vem sobre os cristãos, não como condenação eterna, mas como correção passageira. Assim, se o Brasil vai mal é porque os cristãos não estão andando corretamente, a culpa não é dos incrédulos no mundo, usufruindo a vida material e não se importando com espiritualidade, mas de cristãos materialistas dentro de igrejas. Da mesma maneira a bênção voltará ao país não para que o Brasil seja uma nação totalmente convertida e que possa ser chamada de cristã, não, isso não irá acontecer e nem é necessário que aconteça. A bênção voltará especificamente ao povo de Deus, quando esse voltar-se para Deus através de Deus, não de promessas de políticos que se dizem em nome de Deus, uma bênção espiritual e também material. Essa última, suficiente para que os cristãos tenham vidas financeiras dignas, não mais que isso, bênção material que nunca deve ser pedra de tropeço que impeça o cristão de atingir a verdadeira espiritualidade que o evangelho pode entregar pelo nome de Cristo e através do Santo Espírito.

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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