sábado, outubro 17, 2020

17. Uma espiritualidade gradativa

Espiritualidade Cristã (parte 17/64)

      Parece que por mais excelente que pareça a novidade de Deus nesse mundo, ela sempre perde o encanto, Jesus nunca deixará de ser o salvador, isso é para sempre, mas a mesma arrogância que tinham os líderes da religião de Israel no primeiro século, que os levou a matarem o Cristo e a perseguirem os primeiros cristãos, também existe hoje em evangélicos. O princípio nunca mudou desde a queda de Adão, Moisés legalizou o sacrifico de animais dando à humanidade uma metáfora do verdadeiro sacrifício que ocorreria com Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mas é só isso? Não, isso é só o início, é só o meio que nos dá direito a entrar na presença de Deus para começar a aprender com o Espírito Santo. 
      Contudo, uma velha mentalidade precisa morrer para dar lugar à nova, e em seu final, a velha se torna mais arrogante e resiste à nova com violência. Isso ocorre hoje no mundo e vemos claramente no Brasil, o que já existia de forma velada e que não foi corrigido ganhou espaço, saiu dos templos e invadiu a política à medida que achou representantes que encarnassem o equívoco, que mais que uma arrogância é uma heresia. O resultado é uma guerra ideológica, que do campo verbal facilmente pode cair no físico. Sim, os antigos líderes religiosos de Israel eram intolerantes religiosos, mas um cristianismo desviado, que já provou isso na inquisição católica, também prova isso no meio protestante atual. 
      Um evangelho que foi oferecido à humanidade como o melhor e mais eficiente caminho para a espiritualidade, torna-se só uma ideologia para satisfazer a vaidade de homens que se acham donos da verdade e que querem que todos pensem como eles pensem, algo que nem Deus exige de ninguém. Apesar disso tudo não tem como a gente não se emocionar com a declaração de Pedro e João em Atos 4.10, “seja conhecido de vós todos... que em nome de Jesus Cristo... é que este está são diante de vós”, que autoridade sincera e poderosa, pura e nova, não como as palavras de muitos imitadores atuais, envelhecidas, manipuladas, com segundas intenções e principalmente no tempo errado.
      Os tempos são outros, Deus não mudou, mas o homem, sim, e esse precisa de uma palavra renovada de Deus fornecida não por interpretação tradicional da Bíblia, mas pelo Espírito Santo. Muitos ainda pensam que a melhor expressão do evangelho é experimentada com uma fé enorme que realiza milagres, como o que Pedro e João realizaram em Atos 4. Mas vou dizer algo que talvez espante alguns, um grande erro nas igreja evangélicas atuais é que existe fé demais, e fé demais, perdoem-me o trocadilho, fede. Interessante que existe muita fé e ainda assim poucos milagres genuínos são realizados. Por que isso acontece? Porque Deus não age mais assim, e isso porque a lição sobre fé já foi aprendida.  
      Hoje o homem sabe lidar com valores subjetivos e não só olho por olho e dente por dente ou trocar valores morais por materiais. Ele entende que adultério não é só o ato em si, mas que mesmo o desejo não realizado que existe na mente já é adultério, ele sabe que não precisa matar um animal para ter perdão, basta crer no sacrifício de Cristo. O homem entendeu que existe um mundo mental e espiritual, o homem entendeu espiritualidade e espírito, o homem entendeu a fé, assim ele já está pronto para aprender coisas novas. Ênfase na fé era de suma importância no início do cristianismo porque era necessário desconstruir uma velha religião baseada em obras, por isso tantos milagres e tantos textos defendendo a fé. 
      Todavia, a ênfase exagerada na fé que se dá hoje só tem fortalecido o humanismo, feito o homem crer em sua fé, não em Deus, levando-o a pensar que basta crer para ter. “Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4.20), isso nunca muda, mas o que de fato temos visto e ouvido de Jesus? O que de fato tem sido feito por Deus e não só por convicções humanas e mesmo por “intercessões diabólicas”? O que de fato Deus tem feito e que não é só fantasias ou invenções de homens em nome de Deus? O que de fato Deus quer fazer para o ser humano do século XXI? Se é que entendemos o que é o homem atual e não queremos que ele seja alguém infantil ou ultrapassado. 
      Eu posso só responder por mim, eu sei o que tenho ouvido de Deus em oração, sincera, profunda e constante, quando o Espírito Santo me compunge à santidade e à humildade, eu sei o que tenho visto de Deus em minha vida, em sessenta anos de existência e com mais de quarenta de conversão ao evangelho, em minha vida e nas vidas de minha mãe, esposa e filhas. Eu sei e isso não posso negar, por isso o “Como o ar que respiro” existe, para testemunhar a minha verdade na verdade maior do Altíssimo, esse espaço não tem razão de ser na busca de fama ou para convencer alguém a pensar como eu penso, mas só em dar testemunho, quem quiser que tire, ou não, suas própria conclusões. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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