sexta-feira, outubro 23, 2020

23. O que Deus tem e o que não tem para nós

Espiritualidade Cristã (parte 23/64)

      “Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade. Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente. Sou como um prodígio para muitos, mas tu és o meu refúgio forte. Encha-se a minha boca do teu louvor e da tua glória todo o dia. Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força.” Salmos 71.5-9

      Ser espiritual é aceitar a espiritualidade de Deus, onde ela começa e onde ela termina para cada um de nós, assim, temos que aprender a ser felizes com o que o Senhor tem para nós e estarmos em paz com o que o Senhor não tem para nós. Eis o segredo de uma alma tranquila e de um corpo curado, satisfeitos em viver o plano de Deus. Para isso é preciso buscar a Deus com todo o coração para saber qual de fato é a sua vontade para as nossas vidas, seja na área afetiva, isso é na família, na área profissional, em nossa formação acadêmica e em orientação de emprego secular, ou na área ministerial, em nossas atividades dentro de igrejas. Somos corpo, alma e espírito, Deus nos fez assim e quer nos usar nessas três áreas no plano físico.
      É importante que se entenda que sob a ótica de Deus nenhuma dessas áreas tem prioridade sobre as outras, nossa missão maior neste mundo compreende as três áreas, ainda que a quantia de tempo que se possa usar para cada área possa variar de pessoa para pessoa, conforme o plano de Deus. Como já tantas vezes tenho dito aqui, o que trabalha mais em serviços ligados a uma igreja local não é mais espiritual que o que trabalha no mundo, o que leciona na E.B.D. não é mais espiritual que o que leciona numa escola pública ou particular, nem o que toca um instrumento em cultos não é mais espiritual que o que toca em festas e cerimônias, desde que faça debaixo do temor de Deus e para a glória dele.
      Depois que descobrimos o que Deus quer de nós, de verdade, sem ilusões ou medos, sejamos feliz nisso, não invejando o que Deus tem para os outros nem sendo relapsos com nossas responsabilidades, é claro, com equilíbrio, não idolatrando nada ainda que seja algo separado por Deus para nós. Quem idolatra, até coisas legítimas que são permitidas por Deus, amará mais as coisas e a si, e menos as pessoas e a Deus, nada deve ser idolatrado, nem serviços puramente espirituais. Muitos não são felizes com o que fazem para Deus porque não se descobriram em Deus, assim não têm uma visão correta do que são e do que podem fazer, ou acham que fazem demais, ou acham que fazem menos que deveriam.
      Se olhar por inteiro e se aceitar só é possível quando nos olhamos em Deus, Deus é o espelho, que nos revela à medida que andamos com ele, falamos com ele em oração, observamos a vida e verificamos os frutos, medindo até onde podemos ir sem pecar, ou o que precisamos fazer para não pecar. Se conhecer, contudo, não é uma tarefa rápida, levamos a vida inteira para isso, só o tempo para nos mostrar quem de fato somos, e se conhecer e se aceitar está diretamente ligado a ser feliz. Só achamos felicidade quando entendemos com humildade qual é nossa missão nessa vida, infelizmente podemos descobrir isso só na velhice, é mais que entender, é aceitar e aceitar do jeito certo. 
      Muitos acham que estão se esforçando em Deus para fazer mais e serem melhores, mas na verdade só estão lutando contra a vontade de Deus, e quando isso acontece nos violentamos e levamos infelicidade principalmente para aqueles próximos a nós. Muitos não entendem que menos pode ser mais quando é tudo no Senhor, aquele que faz a ferramenta é o que sabe a maneira mais eficiente de usá-la e Deus nos constrói por toda uma existência. É realmente feliz o que faz o que Deus quer ele faça, mas são necessários limites para saber e ter paz naquilo que não devemos fazer. Você sabe exatamente aquilo que Deus não quer que você faça? Sim, tem esse outro lado, saber o sim e aceitar o não.

      “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelha-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” Mateus 7.21-25

      Não entendamos aquilo que Deus não quer que façamos como coisas erradas, mas como coisas que mesmo que a princípio sejam certas, podem ser tornar más, por não serem a vontade de Deus para nós, e por fazermos na desobediência. Não basta ao cristão ter fé e força de vontade, é preciso comando de Deus, e muitos hoje em dia fazem um monte de coisas por fé e com força de vontade, contudo, sem comando de Deus. Isso inicialmente pode até funcionar, pode colaborar para que o evangelho seja pregado, e creia, mesmo esses equívocos Deus usa, principalmente quando não tem outro jeito. Mas em algum momento pode escandalizar o evangelho e prejudicar muito a obra de Deus. 
      Mesmo o bem, sem ordem de Deus, é mal. Por quê? Porque o que prega, mesmo uma visão da palavra do Senhor, mas sem ordem dele para isso, não conseguirá viver o que prega, não da maneira certa, a maneira de Deus. Assim esse tropeçará nas palavras e poderá escandalizar aqueles que creram em sua pregação. Preciso repetir Mateus 7, ele é citado com frequência no “Como o ar que respiro”, mas é porque ele é muito relevante para entendermos o falso evangelho que se prega atualmente. Dessa vez quero chamar a atenção para a segunda parte do texto, a que diz, “o que escuta estas minhas palavras e as pratica”. Por que ela segue na passagem a exortação sobre os falsos cristãos? 
      Porque os falsos até falam a verdade, mas não conseguem praticá-la, isso acontece porque não aceitam o não de Deus, não são humildes o suficiente para terem paz naquilo que não é para eles, e que eles desejam fazer, não para obedecer e louvar a Deus, mas por vaidade e ganância. Não, meus queridos, o verdadeiro evangelho é simples, mas “não” é fácil, justamente porque é simples, e muitos não aceitando essa simplicidade complicam as coisas para as próprias perdições. É simples porque não exige de nós mais do que somos de verdade, mas não é fácil porque precisamos entender e aceitar o que somos de verdade, somos porque Deus nos fez assim e nos fez assim para cumprirmos uma missão.
      Feliz com o que devemos fazer e em paz com o que não temos que fazer, simples assim, isso é ser prudente, é construir casa sobre rocha. Ah, meus queridos, muitos caem e são humilhados porque não acatam a vontade de Deus, querem ser o que não são e terem o que não estão preparados para ter, e ainda que trabalhem muito e sejam bons cidadãos, não têm humildade espiritual para acatar a orientação do pai que nos conhece e sabe o que é melhor para nós. Deus só quer que sejamos felizes e tenhamos paz, assim ouçamos sua voz mansa de pai, obedeçamos sua vontade. A tempestade se levanta contra todos, já está ocorrendo uma e bem forte, só sobre a rocha nos manteremos de pé até o fim. 
      Esta reflexão nos leva muito mais adiante, a entender o que é espiritualidade, o que é ser espiritual, como e quando devemos ser. Muitos ainda aliam espiritualidade as quatro paredes de templos religiosos, tanto para serem espirituais só dentro dos templos, quanto para levarem ao mundo certos conhecimentos que deveriam ser restritos as quatro paredes. “Então temos que ser diferentes, de um jeito dentro da igreja, e fora de outro?“ Não, não é isso. Primeiro ponto: Deus quer que sejamos o nosso melhor sempre e em todos os lugares. Segundo ponto: o efeito disso diante de todos são obras de justiça feitas em amor, não só palavras. Ponto três: falar disso com mais profundidade, contudo, só para quem Deus orienta.
      O equilíbrio que nos traz a felicidade do que Deus tem para nós e a paz com o que ele não tem, nos permite ser espirituais o tempo todo, não atores em púlpitos que tentam ser os que não são, ou frustrados em bares que não aceitam o que são. Esse equilíbrio também nos leva a respeitar limites, falar o que devemos no lugar melhor, e finalmente nos livra da hipocrisia, de pregar algo que não vivemos. Enfim, só entendendo nossa chamada podemos ser espirituais, para Deus, para nós mesmos, e para as pessoas que realmente interessam e o Senhor quer abençoar através de nossas vidas. Eu estou feliz e tenho paz? Pois se não sou feliz e não tenho paz ainda não entendi o que é ser cristão e muito menos sou espiritual.

      “Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.” João 15.11

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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