domingo, outubro 25, 2020

25. Espiritualidade exercida com amor

Espiritualidade Cristã (parte 25/64)

      “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Colossenses 4.6
 
      A verdadeira espiritualidade deve ser guardada como o bem mais precioso, assim não deve ser compartilhada de qualquer jeito, com qualquer um, em qualquer momento, principalmente quando é explicada de maneira mais profunda. Vivida, sim, precisamos vivê-la sempre e da melhor maneira possível, ainda que com cuidado, mas para falar sobre ela é preciso amor e sabedoria, isso porque não é todo mundo que está preparado para ela, e pior que isso, alguns podem usar um conhecimento nosso, adquirido a duras penas, para se promover, ou então, para odiar mais ainda o cristianismo à medida que entendem mal o que não estão preparados para saber. Algumas coisas é melhor que fiquem “ocultas”. 
      Ser espiritual é saber de certas coisas, sim, isso está correto, mas não basta saber. Em Deus as coisas funcionam de maneira diferente, não basta saber sobre ele ou poder dizer algo sobre sua palavra, é preciso ter ordem dele para manifestar isso aos outros. Quando ele manda ele nos prepara, senão será palavra de homem, não de Deus, e pior, palavra de homem dita em nome de Deus, o que agrava mais ainda o pecado. Para coisas de homens, basta saber que se tem direito de dizer, mas mesmo nisso se coisas certas forem ditas em tempo errado, no lugar errado ou para pessoas erradas, poderão funcionar mal, ainda que nesse caso, quem fala, fala por si, e assume responsabilidade pessoal por isso, nada tendo a ver com Deus. 
      A verdade é que o bem só é bem quando usado com bem, senão pode se tornar mal. Os tolos acham que basta saber, os estúpidos defendem legitimidade para o que têm a dizer na coragem que têm para dizer isso, mas coragem em si não confere legitimidade, pode ser apenas irresponsabilidade, falta de noção de quem fala o que pensa de forma errada. Qual é a forma certa de falar coisas certas? Em amor, o amor é o tempero adequado que dá equilíbrio à sabedoria, que torna mesmo a exortação mais insípida, salgada. O amor não humilha o exortado, nem exalta o exortador, mas glorifica o Deus de todas as virtudes buscando restaurar o exortado para Deus, não vencê-lo numa guerra pessoal e humana.
      Só sob ordem de Deus temos o amor certo para revelar a palavra dele, assim, se você entender que tem algo a dizer a alguém, se sentir que deseja ajudar alguém com uma orientação de sabedoria para uma área da vida, não necessariamente área espiritual, mas se perceber que não sentiu ainda amor suficiente para fazer isso de forma elegante, educada, espiritual, não faça, não ainda. Ore mais a Deus e espere que Deus propicie o momento certo, no tempo de Deus temos não só o que dizer, mas o modo certo de dizer, em amor ganhamos amigos consolados mesmo na exortação, e não fazemos inimigos humilhados com uma verdade dita de maneira insensível e egoísta para a qual eles não estavam preparados. 
      “Não toque em ferida que não possa curar”, orientação que um dia recebi e nunca mais me esqueci, e como nós evangélicos nos achamos tantas vezes donos da verdade e com capacidade diferenciada para resolver problemas alheios. Por outro lado, quem está sempre achando que pode resolver os problemas dos outros, grande parte das vezes não quer resolver os próprios problemas, já quem se conhece e se resolve em Deus age com paciência, com amor, com humildade, pois dá para os outros o que recebeu, e cada um só dá o que recebe, eis uma “economia” básica no universo. Quem recebe exortação dura e violenta dará isso aos outros, e nem se sentirá mal por agir assim, mas quem recebe amor dá amor e ganha mais amor.
      Quem não ama pode ser impelido a agir por inveja, e não se pode confiar em quem quer expressar espiritualidade, seja ensinando mistérios ou praticando caridade, com um coração invejoso. Inveja revela que alguém não se conhece, não se ama e deseja ser ou ter o que o outro é ou tem, assim a inveja até consegue bens e conhecimentos, mas falsos, porque o invejoso não busca para si, mas para o outro. O invejoso não vive para si, mas para impressionar o outro, assim nunca estará satisfeito, terá tudo mas não usufruirá de nada, por isso tudo o que acumula é falso. O coração do invejoso é o de um ladrão, que ainda que não manifeste isso roubando algo material, tem um desejo profundo de adquirir algo que não é dele. 
      Existem duas coisas difíceis de serem detectadas no coração humano, uma é boa, a humildade, sobre a qual refletiremos adiante, a outra é ruim, a inveja. É difícil de ser detectada porque o homem pode ser motivado a fazer coisas esplêndidas por ela, assim suas ações não refletem suas intenções. Como ser liberto dela? Pelo amor, o diabo invejou a Deus, por isso perdeu direitos, o que o fez ferramenta para testar no homem justamente a inveja, Adão e Eva provaram do fruto proibido porque queriam ter o mesmo conhecimento de Deus, invejaram a Deus ao invés de amá-lo. Quem vence inveja com amor entende um dos mistérios da espiritualidade mais elevada, e será servo. O servo, contudo, sempre é servido por Deus.  

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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