sexta-feira, outubro 30, 2020

30. Espiritualidade para os olhos de Deus

Espiritualidade Cristã (parte 30/64)

      “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.I Samuel 16.7

      Somos seres que querem ser vistos, e se já era assim antes, muito mais agora que podemos compartilhar fotos e vídeos no Instagram, Whatsapp e outros espaços da internet, todos querem ser famosos, celebridades, ao menos nas fotos carregadas de filtros. Chegamos ao ridículo de que registrar uma festa é mais importante que a própria festa, assim quando vamos a uma ao invés de vermos gente usufruindo do momento estão todos tirando selfies e acompanhando as vidas alheias nas redes. Nunca parecer foi tão mais importante que ser, nunca aparência externa valeu mais que as virtudes interiores do coração, o diabo está conquistando o mundo, mas não matando cristãos e bem antes de mandar não cristãos para o inferno. O mal tem encarcerando todos numa vida artificial, a vida falsa da internet, isso pode ser o engodo mais eficiente do diabo para desviar o ser humano da espiritualidade. 
      Quando Deus mandou o profeta Samuel escolher um rei para Israel ele foi até Jesse que lhe apresentou sete filhos, ele deve ter feito isso de acordo com um critério dele de qual seria o filho melhor, assim começou por Eliabe. Foi para esse que Deus deu a Samuel a resposta do versículo inicial, mas ela servia para todos os sete filhos que Jesse apresentou, quando achou que esses eram seus melhores filhos. Davi nem estava nessa lista inicial, para Jesse talvez não fosse grande coisa, mas ele também estava ocupado, enquanto que ao que parece os outros sete irmãos não estavam. Mas ainda que seu pai não lhe desse valor, ainda que ele não estivesse no lugar certo fazendo a coisa certa (e com coisa errada me refiro a estar indisponível para a escolha, não por estar fazendo algo errado), ainda que não tivesse as características que podiam elenca-lo como um rei, ele foi escolhido. 
      Por quê? Porque “o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”. Quando Deus tem algo pra nós, o homem pode gritar, fazer-se prevalecer, estar presente no lugar certo e melhor apresentado para algo, pode mesmo nos criticar, diminuir-nos, dizendo mentiras sobre nós, mas também revelando a muitos nossos erros, nosso passado, tentando roubar de nós nossa honra. Mas tudo isso não importa, Deus olha o coração, conhece o sincero do bem, o que não busca honra própria mas a dele, o que de fato está pronto para obedecer, seja qual for a dificuldade, o que já abriu mão de tudo pela verdade. Não tema o homem, os belos e poderosos Sauls, Deus usa os Davis, que podem ter muitos defeitos e limites, mas possuem um coração que agrada a Deus, e se os homens  não veem isso, Deus vê, confie em Deus. 
      Toda a lição da escolha de Davi que está em I Samuel 16 sem resume numa coisa, confiarmos no que Deus sabe sobre nós, não no que os homens sabem e veem. Isso é algo que exige de nós intimidade com Deus e fé, caso contrário desenvolveremos mágoas achando que Deus não liga para nós, não vê nosso esforço e nossa intenção, e que o homem, por sua vez, aparece mais que a gente, é mais visto. Pensamos assim quando damos valor a coisas que podem ser só aparências, e aparências que outros homens valorizam, assim a mágoa nasce quando damos valor para os olhos físicos dos homens, e não para os espirituais de Deus. Deus vê tudo, e mais, vê o que de fato interessa, ele não se deixa enganar com os teatros, com as exibições pirotécnicas, que nos dias atuais podem ser mostrados para todos os olhos e em tempo real nas redes sociais, vivemos um momento em que é fácil ser visto.
      “E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam, mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração“ (Lucas 2.18-19), Maria era discreta porque sabia que a vida de seu filho deveria ser discreta, o mais importante ele faria em sua morte, e isso era algo que teria um preço alto. Quem confia nos olhos do Senhor sabe que a vida não é fácil e deve ser levada com sabedoria, nunca confiando nos homens. O próprio Jesus pediu mais de uma vez a seus discípulos discrição sobre seu ministério, para que as coisas não acontecessem antes do tempo certo, e no seu caso, sua morte, “e, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos“ (Marcos 9.9), Jesus não confiava nos olhos humanos, “mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia“ (João 2.24).
      Quem nós queremos que veja nossa vida, nosso trabalho, nosso melhor, nossas virtudes? Os homens ou Deus? Queremos plateia, aplausos, holofotes, fama, tudo para aplacar alguma carência não resolvida? Ou queremos fazer a vontade de Deus? Só quem faz a vontade de Deus é feliz e abençoa os outros, quem quer os olhos dos homens sobre si poderá até fazer boas obras, ajudar os outros, escrever livros de auto ajuda, até ser famoso, mas só beneficiará a si mesmo, não os outros. Benefícios egoístas são sacos sem fundo, por mais que sejam cheios nunca será o suficiente, parecerão sempre vazios, confiemos nos olhos de Deus, que registra tudo que fazemos, para ele nada fica perdido ou esquecido, e no tempo certo nos recompensa. Para quem confia nos olhos de Deus fazer o bem é um fim em si mesmo, se é feliz pelo simples fato de se fazer, indiferente de reconhecimento ou fama. 
      Interessante que o mesmo homem que confiava nos olhos de Deus acabou cometendo seu pior pecado quando usou mal os próprios olhos (II Samuel 11). A história de Davi também nos ensina que onde se encontra nossa maior força está também nossa maior fraqueza, a ferramenta é uma só e é eficiente tanto para construir quanto para destruir. Sensibilidade espiritual natural pode ser um talento que alguns nascem com ela, se tiverem temor a Deus serão cristãos ungidos e cheios de dons espirituais, mas se não tiverem poderão procurar em outras religiões respostas para seus questionamentos espirituais, se tornando médiuns ou magos. Espiritualidade é algo sério, uma grande benção, mas também algo perigoso, produz um desejo profundo de seu ter comunhão com o mundo espiritual, mas nele não existem só Deus e anjos, seres espirituais rebeldes estão por lá, atentos aos curiosos descuidados. 
      Quem estuda o mal é estudado pelo mal, mas quem olha para Deus é protegido pelos olhos do altíssimo, seja como for não se sai ileso de uma experiência profundamente espiritual, conhecemos e somos conhecidos, e se for na luz do Senhor, crescemos e recebemos a verdadeira iluminação. “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido“ (I Coríntios 13.9-12), Paulo, sempre Paulo, nos fala por mistérios em muitos de seus textos, que tem olhos espirituais pode entender verdades profundas neles.
      Solidão, algo intrínseco em todo ser humano, por isso ele quer ser visto, isso lhe dá atenção, a sensação que está acompanhado, mas só uma vida realmente espiritual pode satisfazer essa solidão, porque a principal solidão que temos não é a que precisa da companhia de uma companheira, de um companheiro, de um amigo, de um pai, de um irmão, mas de Deus, é uma solidão espiritual, não só emocional ou social, necessidades espirituais se resolvem com soluções espirituais e com nada mais. Os olhos de Deus fazem de todos nós reis, como Davi? Mais que isso, como Jesus, um rei que veio para servir e não ser servido, e aí está o mistério, quem a todos serve acaba sendo servido pelo maior de todos, o próprio Deus. Assim, liberte-se dos outros homens, e também de todos os outros seres espirituais, olhe diretamente para o Deus Altíssimo e confie nele, ele nos basta e nunca nos desaponta. 

“Espiritualidade Cristã”
é um estudo dividido em 64 partes,
por favor, se possível, leia todas as reflexões 
para melhor entendimento do assunto abordado.
José Osório de Souza, 30/09/2020.

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