quinta-feira, outubro 31, 2019

A vida é curta

     “O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.Eclesiastes 1.9-10

      Nos tempos atuais o produto mais difícil de se achar é a originalidade, tudo de alguma forma já foi feito em algum lugar e por alguém. Interessante que o sábio Salomão já fazia essa constatação há milênios atrás, e nisso há uma originalidade, uma sabedoria que só o Espírito Santo pode dar. Assim, ainda que viver se torne um tédio, o Espírito Santo pode nos renovar fazendo com que a vida tenha graça e uma razão. A vida é uma chatice quando é sem Deus, e Deus só se prova através de Jesus que nos dá do seu Santo Espírito. Sem Jesus a vida nunca será o bastante, e mesmo que reencarnação fosse plano de Deus para nos evoluir, não seria suficiente, seria o inferno, um retorno constante ao mesmo mundo, num invólucro frágil e inviável para reter a graça do criador. Se o inferno é um sofrimento eterno, viver no mundo eternamente sem Deus é um inferno quase semelhante. 
      Contudo, a vida é curta, principalmente para quem a vive de verdade e não tem medo de se aventurar. Assim dias se tornam meses, meses em anos, anos em décadas, quando vemos temos filhos que estão sonhando os nossos velhos sonhos, de serem famílias e terem filhos. Quando vemos a música que amamos se torna antiga, flashback, ultrapassada para alguns e clássica para muitos. Quando vemos ter cinquenta não é mais ser velho, mas é um jovem que fomos há dez anos atrás, setenta, sim, parecem velhice, mas isso também vai mudar. Quando nos damos por conta os cabelos embranqueceram, nervos e ossos doem, e muitos problemas que antes vinham e iam, agora vêm e ficam. A vida passa depressa e então percebemos que muitos sonhos nunca se tornarão realidade porque eram meras ilusões, que muitos erros não poderão ser corrigidos, que com muitos problemas teremos que conviver aceitando que não têm solução. 
       Curta é a vida, principalmente em nosso corpo material, mas ainda que sejamos confrontados com muitas realidades quando a vida se aproxima do fim vemos que em muitos aspectos continuamos os mesmos, ainda que o corpo esteja cansado a alma ainda é criança. Mesmo que não possamos realizar mais e que saibamos disso claramente, ainda assim temos esperanças, com o passar dos anos não temos mais ilusões, mas ainda temos esperança. Ainda bem, esperança é o que nos mantêm vivos, jovens por dentro, e com o tempo, ainda que saibamos que muitas coisas são impossíveis, ainda assim nos apaixonamos, ainda assim continuamos sonhando. O grande desafio da velhice é desligar o corpo da alma, e isso só pode ser feito quando o espírito é livre, bem, liberdade espiritual só é possível através de Jesus, de mais nada ou ninguém. 
      A vida é curta, mas só percebemos isso de fato quanto nos distanciamos da eternidade e a distância só é maior na velhice, na infância estamos próximos da eternidade, porque estamos mais perto do nosso nascimento, nascer é passar do estado espiritual eterno para o estado físico. Assim, à medida que vivemos nos afastamos da eternidade, ainda que nos aproximemos da morte. A aproximação da morte só nos distancia do espírito e nos prende à matéria, por isso é preciso fé, acreditar sem saber, sem ver, sem sentir, que a morte é a passagem para algo não estranho, mas conhecido, para o estado que tínhamos antes de encarnarmos. Os que conseguem fazer a segunda passagem desprendidos da matéria, ainda que tenham passado muito tempo conscientes nela, os que conseguem ter fé numa existência puramente espiritual e melhor, ainda que impregnados de matéria, esses não serão pegos de surpresa pelo final da vida.
      Mas a vida é curta, cabe-nos vivê-la bem, mas sem idolatrá-la, usufruirmos dela, mas sem nos viciarmos nela, sermos satisfeitos com ela, mas sem acharmos que ela é um fim em si mesma, lutarmos nela e por ela, mas abrirmos mão dela principalmente à medida que ela se acaba. A vida é só um teste, um pequeno teste com uma única pergunta, uma pergunta que nos é feita de tempos em tempos, qual é essa pergunta? Ela não é a mesma para todos, mas seu objetivo é o mesmo, nos questionar até que ponto estamos preparados para morrer, não para viver. Morre-se abrindo mão de direitos, de egoísmos, de honra pessoal, de atenção demasiada, de posição, de status, de holofotes, morre-se diminuindo e deixando que o outro aumente, sumindo e permitindo que o outro apareça. 
      Morre-se servindo e abrindo mão de ser servido. Como servimos? Dando aquilo que temos de melhor sem fazer exigências, só para que o outro seja beneficiado. Servimos sendo em primeiro lugar servos de Deus, não de causas sociais, de ideologias humanas, de justiças e ciências, nem de religiões e espiritualidades, mas do Altíssimo. Servir a Deus é o jeito mais eficiente e justo de servir o próximo, quando fazemos isso mesmo a vida curta ganha sentido, tem razão de ser, nos dá as virtudes que seguirão conosco após a morte. Que pergunta tem sido feita a você dia após dia? Você entendeu qual é o seu objetivo? Não se prenda a essa vida, ainda que seja responsável com ela e com todas as alianças que você faz nela, cônjuge, filhos, amigos, mas abra mão dela, sirva a Deus e através dele sirva ao próximo, quem faz isso vive eternamente.

quarta-feira, outubro 30, 2019

Dor insolúvel de viver

      “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade. Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará? Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas, já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniqüidade; porque o Senhor já ouviu a voz do meu pranto. O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração. Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimigos; tornem atrás e envergonhem-se num momento.
Salmos 6

      Por favor, se possível leia esta reflexão até o fim, penso que assim poderá entendê-la melhor. 

      Não culpo os homens, não mais, nunca culpei Deus, nunca, uma das poucas virtudes que tenho, também não me culpo, sei que assim como eu tenho motivos para sofrer outros tiveram motivos para me fazer sofrer, e vice-e-vesa, eu entendi que ninguém tem culpa do que ocorre de ruim neste mundo, a coisa simplesmente é assim e pronto. Contudo, sinto dor, a dor insolúvel de viver, a dor infinita, minha dor, meu direito pessoal e intransferível. Depois que o nosso pecado é confessado e o perdão é assumido, depois que os homens são perdoados e entendidos, depois que Deus é buscado e se aceita o que ele pode e não pode fazer, e não pode não por limitação de poder, mas por coerência cósmica, depois de tudo isso, a dor ainda resta, pequena, profunda, mas incisiva, brilhante como a ponta de uma faca de prata virgem, como um segredo íntimo. 
      Desse jeito devemos continuar com a dor, guardando-a como um segredo, ninguém tem culpa dela existir, ninguém também precisa ser importunado com ela, que ela permanece assim, encravada em nossa carne, isso, todavia, não é fácil. Quando ela fala alto nós cobramos atenção de alguém, a tristeza sempre quer companhia, contudo, todos estão ocupados com suas próprias dores, não querem dividir os corações com dores alheias, dessa forma, ainda, que manifestemos um grito sufocado para chamar a atenção, logo nos calamos, engolimos o choro e nos retiramos com nossos dores, envergonhados, humilhados, e de nenhuma forma compreendidos por alguém.
      Muitos, todavia, conseguem se convencer que a dor tem cura, assim buscam a religião, eu disse a religião, não Deus, ainda que pensem estarem buscando Deus, e mesmo que sejam ouvidos por um Deus cheio de amor. Deus é só misericórdia, ainda que as pessoas não o conheçam, ainda que digam dele coisas que ele não é, ainda que peçam a ele coisas que ele não pode dar, ainda que o importunem anos a fio com assuntos menores, baixos, inúteis, ainda assim ele pacientemente ouve e dá algumas coisas, as necessárias para que as pessoas não desfaleçam de vez. As pessoas não entendem que recebem porque insistem demais, e que pai nega algo a filhos insistentes, ainda que ele saiba que são coisas que não resolverão de fato o problema? 
      Por isso Deus levanta pregadores nos púlpitos, que digam às pessoas não o que elas precisam ouvir, mas o que elas querem ouvir, por isso Deus dá doces e guloseimas ainda que estraguem os dentes, por isso Deus trata como crianças a velhos que já têm idade suficiente para viverem como adultos. Ah se não fosse assim, há se Deus nos tratasse como nos precisamos, ou pior, como nos merecemos, ah se Deus pai nos tratasse como nos tratam alguns pais, não com mimos, mas com a realidade nua e crua. Por isso Deus é incognoscível, ainda que tantos jurem que o conheçam bem, que o provam bastante, a maioria prova da misericórdia, não da real essência divina, mas o que importa para nós, seres humanos? A misericórdia de Deus nos basta para nos manter vivos neste mundo à medida que empurramos para lá e para cá nossas dores. 

      As pessoas buscam nos púlpitos palavras de incentivo, de superação, de vitória, aquelas que elas estão acostumadas a ler nos Salmos, mas elas não entendem que para Davi ter concluído um salmo com uma palavra assim muita dor ele teve que sentir, muita solidão, muita injustiça, existiram muitos assuntos sem solução com os quais ele simplesmente teve que aprender a conviver. A mesma coisa com os profetas, é bom ler que Elias foi vitorioso sobre os profetas de Baal, mas e todos os anos que ele passou como marginal, fugindo, dependente de uma viúva e de um corvo? A mesma coisa com Paulo e seu espinho na carne. O início dessa reflexão foi o relato de um processo que muitos passam, mas que pouco hoje em dia admitem, já querem ir diretamente para o final feliz da história, sem compartilhar toda a dor que existiu durante todos os outros capítulos. 
      Mas será que alguma história tem final feliz de fato? Eu concluí que não, e quem pensa diferentemente acha que a vida é filme, romance, não a verdade, nem os personagens bíblicos tiveram finais felizes, muitos leem e leem a Bíblia e não percebem isso, buscam nos textos sagrados o que eles nunca disseram. O único final feliz está no perdão espiritual que Jesus nos dá, e isso foi conquistado com o pior dos finais de história de todos os tempos, a tortura e a morte de cruz do homem mais justo de todos, o desprezo da humanidade, principalmente de um povo que tanto deve a Deus, a começar por simplesmente ser um povo, o povo judeu, ao filho desse Deus, que só fez o que fez para salvar esse povo. 
      Existir neste mundo é carregar um fardo que é só a dor insolúvel de viver, enquanto isso nos apaixonamos, pela garota, pelo garoto, pela música, por uma profissão, pelos filhos, pela igreja, por nós mesmos, por um cachorro, por uma taça de bebida, por um prato de comida, por um carro, pela Bíblia, pela religião, pela literatura, por um autor, por um compositor, por um ator, por um diretor, por um amigo, pela natureza, pelas manhãs, pelos entardeceres, pelas noites, pelo sol, pela lua, pelas estrelas, pela morte, por Deus. Eu cheguei ao nível final do jogo da vida, sou apaixonado por Deus, e isso é maior que tudo, é melhor que tudo, a dor ainda existe, e sempre existirá. 
      Contudo, olhar para o Deus verdadeiro, sem os filtros da religião, do cristianismo, dos loucos que buscam a Deus mas de fato não o querem, querem aquilo que querem que Deus seja, assim querem ídolos, não Deus, olhar para a luz pura e altíssima do Senhor me dá forças. Não são forças para fazer milagres, para mover uma montanha daqui para lá, para ressuscitar mortos, mas forças para acordar de manhã, respirar fundo e não me entregar às trevas, o que são as trevas? Trevas é a loucura, os extremos, os dois extremos, tanto dos que odeiam Deus quanto dos que o idolatram. Deus não quer se idolatrado, ele não precisa disso, idolatrar Deus é prendê-lo numa estátua, seja de gesso ou de ideologias, Deus é livre e quer nos fazer livres, ser livre é seguir com o fardo da dor, sem negar o fardo, sem buscar um remédio impossível para ele, mas continuar caminhando com ele, rumo a Deus. 

José Osório de Souza, outubro de 2019

terça-feira, outubro 29, 2019

Aos sessenta anos: perguntas que faço

      Hoje, 29 de outubro de 2019, completo sessenta anos de vida, com essa idade ainda não achei respostas para muitos questionamentos da vida, contudo, penso que tenho aprendido a fazer as melhores perguntas, aquelas que de fato podem me levar a um entendimento do porquê da existência.

- Qual o verdadeiro motivo de eu estar aqui neste mundo, para que nasci? A conclusão que cheguei é que estou aqui para ser grato, para adorar a Deus por tudo que sou e tenho, tudo foi motivo para eu ver a luz de Deus mesmo em meio a tanta treva, para provar seu amor, apesar de mim, apesar de tudo. 

- Por que Deus me ama tanto? Tanta coisa aconteceu, eu errei tanto, sofri e fiz sofrer, tantas expectativas nunca foram realizadas, tantas portas que nunca se abriram, mas ainda assim Deus cuidou de mim e de meus próximos, dando sempre mais que eu merecia, ter consciência disso pode ser a maior bênção da vida. Mas porque de fato Deus me ama, nunca saberei. 

- Como Deus demonstra esse amor? Não é da maneira como muitos acham, e se equivocando muitos acabam caindo em duas armadilhas principais, ou se tornam presas de heresias, ou se tornam cativos do ódio contra o Deus do cristianismo, as duas coisas são mentiras, a verdade é que Deus mostra seu amor aos simples, aos esforçados, aos equilibrados, aos que se perdoam e aos outros perdoam, aos que não esperam de si e dos outros mais do que podem esperar, quem vê o natural como extraordinário verá sempre o amor de Deus e a ele será grato, que vê o amor de Deus conhece a Jesus. 

- O que há de tão especial em Jesus? Não é o que ele disse, por mais profunda e verdadeira que tenha sido a sabedoria que ensinou, não é a espiritualidade superior que ele revelou em sua vida, mas é para que ele morreu e como ressuscitou, isso faz dele o salvador único. Quem entende Jesus como o Cristo entende que é pecador e que precisa de salvação, que busca a verdadeira salvação conhece a Jesus. 

- E as outras religiões, não são verdadeiras também? Podem até ser, mas em parte, não no todo, não no centro, pois mostram frações que explicam a razão da existência humana e do mundo espiritual, só pedaços. A verdade que mais importa, que de fato nos conduz diretamente a Deus só existe em Cristo, a verdadeira religião é Jesus, morto e ressuscitado, para salvar aqueles que o aceitam como único salvador. 

- Mas se o cristianismo é tão especial por que as igrejas cristãs e os cristãos erram tanto e em nome de “Deus”? Porque Deus não deixou um representante oficial seu na Terra, a não ser o Espírito Santo e esse não é propriedade exclusiva de ninguém, ainda que muitos provem dele. Deus usa o cristianismo, usa as igrejas, mas esses não podem usar a Deus, assim nós devemos buscar a Deus em primeiro lugar, não as igrejas ou as religiões. 

- Então não devemos frequentar igrejas? Devemos sim, para abençoar e ser abençoado por pessoas, já que Deus se revela para nós e também para muitas outras pessoas, o tanto quanto isso é humanamente possível, num convívio humilde aprendemos principalmente a amar e só amamos convivendo, não nos isolando. Todavia, nossa melhor comunhão com Deus deve ser a privada, aquela no escuro de nosso quarto, é dessa relação que devemos depender, lançando toda ansiedade aos pés do Senhor, provando tudo no Espírito Santo, clamando pela palavra final que vem de Deus, não de homens. 

      Conclusão: tudo começa, se processa e se encerra no amor de Deus, numa iniciativa divina de salvar o homem, ainda que muitas coisas Deus não mude e pelas quais permita que passemos, Deus cuida dos que respondem sim ao seu chamado de amor em Jesus e seguem fieis, aconteça o que acontecer. 

segunda-feira, outubro 28, 2019

Seja luz

      “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.Mateus 5.14-16

      Seja luz, sem medo e com elegância, mas isso nem precisa ser dito, quando é luz de verdade é sempre corajosa e elegante. Luz é tudo o que permite que a realidade seja vista, ouvida, sentida, tocada, que mostra mais que as obras, mas os frutos delas, de forma que conseguimos discernir o bem e o mal. Todavia, precisamos entender que nem sempre o que lança luz é entendido, apreciado, honrado, ainda que seja corajoso e elegante. Nem todos gostam de ser revelados, assim muitos fogem da luz, ainda que se vistam de religiosidade, por isso os fariseus odiaram tanto a Jesus, por isso João Batista perdeu a cabeça, os hipócritas não gostam de quem lança luz em suas obras, eles preferem permanecer escondidos na mentira. 
      Pessoas do mundo não gostam da luz espiritual? Viciados e cruéis fogem da luz moral? Sim, mas esses são habitantes assumidos das trevas, contudo, outros vivem no meio do caminho, na cor cinza que mostra em parte e esconde em parte, esses são os piores inimigos da luz. Não foram as trevas que entregaram Jesus à morte, mas foram os da luminosidade cinza, os do meio, que se diziam religiosos e tementes a Deus, foram os judeus que escolheram Barrabás. Mas se você ama de fato a Deus, seja luz, e ser luz não é só ministrar louvor na igreja, pregar e ter cargos em ministérios, o ser humano pode mostrar a luz divina em muitas outras áreas. 
      Quando você desempenha o seu talento, um talento verdadeiro e não falsificado, mostrando seu melhor do melhor no melhor, isso é, esforçando-se para fazer o melhor na melhor hora e lugar, mesmo na arte ou na ciência, você está sendo luz. Um bom profissional é sempre luz, um bom professor, é uma das luzes mais fortes, um bom pai, uma boa mãe são luzes que têm prioridade diante de Deus. Contudo, o lugar mais difícil de se ser luz é no meio familiar, entre irmãos, cunhados, primos, tios, esses acham que nos conhecem intimamente e sempre desconfiarão de nós, duvidarão de nossas intenções, desacreditarão de nossa luz. Nem Jesus foi honrado em sua terra natal. 
      A luz mais poderosa, todavia, é natural, acende com simplicidade e é constante, essa luminosidade não pode ser falsificada, manipulada, ela não é forçada, ela é simplesmente consequência de uma vida diária, comum em todos os lugares e com todas as pessoas. Atores “espirituais” não têm essa luz, e como existem atores nas igrejas, principalmente nos ministérios de música, e depois no da palavra, gente que interpreta personagens, personagens que são cópias do que as pessoas queriam ser, ou do que elas acham que outros querem que elas sejam. A “luz azul (neon)” é fogo estranho no altar, que glorifica homem e diabo, não a Deus, tenhamos muito cuidado com ela. 
      Essas falsas luzes, azuis brilhantes, belas se vistas sem cuidado, são sedutoras, dramáticas, podem levar muitos às lagrimas, contudo, são invenções da psiquê humana, ainda que também possam ser profundamente influenciadas pelas trevas mais densas. Lúcifer, quando aparece de anjo de luz, tem uma luminosidade assim, fantástica, que pode enganar mesmo a escolhidos que não estiverem vigiando no Espírito Santo. Assim, cautela e atenção, nem tudo que reluz é ouro, como se diz, nem toda luz com alguma beleza é de Deus, nem todo que se diz ungido, o é no Senhor. Busquemos a luz verdadeira de Deus, com todo o nosso coração, guardemo-la e a mostremos sem receio. 

domingo, outubro 27, 2019

Isaías 55

      Os treze versículos do capítulo 55 do livro do profeta Isaías é um texto rico que nos ensina várias lições:

      “O vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi.

      O que realmente alimenta nossa alma? Feliz o que satisfaz-se com o alimento de fato espiritual, esse alimento Deus dá de graça. Contudo, muitos perdem a vida, tempo e energia, ganhando dinheiro para comprar o que menos pode alimentar o melhor de nós, nosso espírito, que viverá eternamente com Deus. O texto acima nos faz um alerta, “comei o que é bom, ouvi e vossa alma viverá”, paremos então de encher nossos estômagos de porcarias e alimentemo-nos com a presença do Senhor, paremos de ouvir também tanta bobagem e ouçamos a voz de Deus. Se temos direito a uma aliança divina, porque temos que nos gastar com alianças que a nada levam? Alianças com o mundo, com o homem, mesmo com a religião? 

      “Eis que eu o dei por testemunha aos povos, como líder e governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para ti, por amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.

      Deus honrou a Jesus, ele chama a todos à salvação e todos se quebrarão diante dele, mas Deus também nos chama à honra, não necessariamente como achamos ou como os homens acham que seja honra, mas de uma coisa precisamos ter certeza, Deus quer que todos os seus filhos sejam humildes, mas não os quer em posição de humilhados, Deus tem a porção certa, no lugar e no tempo certo, de honra para todos nós. 

      “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.

      Outra chamada de atenção o texto acima nos faz, e uma muito séria, “busquemos a Deus enquanto ele pode ser achado”, mas neste muito, em algum momento Deus nos priva de atenção e salvação? Não, enquanto há vida, há esperança, contudo, nossas almas, podem errar tanto, sofrerem tanto, que acabam consumidas por rancores e remorsos, isso pode-nos levar à cegueira e à surdez espiritual, assim, mesmo que Deus apareça e nos chame, nós não vemos e nem ouvimos, essa é a situação de sentir que Deus não se pode mais achar e está muito distante. A verdade, contudo, é uma, neste mundo os que buscam e creem recebem cura e consolo do Senhor. 

      “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

      Se nossa fé é colocada só em nós mesmos, nos fazemos nossos deuses, como tais terão os limites que nós temos, muitos acham que buscam e creem em Deus mas creem no ser humano, neles mesmos e nos outros homens, assim esperam menos, creem menos, amam menos, simplesmente porque têm referências erradas. Só o Espírito Santo para nos fazer entender, sentir, crer e experimentar as referências de Deus, e elas são infinitamente maiores, abundantemente melhores, maravilhosamente mais altas, todas, em todos os sentidos e em todas as áreas, mas repito, ainda que não sejam as medidas de Deus como muitos pensam que são. 

      “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.

      A palavra tem poder, Jesus é o verbo de Deus, assim ele é a palavra de Deus, Jesus estava presente na criação e está na atuação do Espírito Santo em nossas vidas hoje. Deus nunca joga palavra fora, a palavra de Deus nunca é vazia, ao contrário de nós que falamos e falamos e não cumprimos o que falamos, se o Deus verdadeiro falou, a palavra se cumprirá, em algum momento, em algum local. A nós cabe caminhar com simplicidade e sincronicidade com o Espírito Santo para que experimentemos aquilo que muitos chamam de milagre de Deus no tempo e no lugar certo. Contudo, muitos esperam uma palavra que nunca se cumprirá, porque a despeito do que pensam e do que outros dizem, esperam numa palavra que Deus nunca disse. Pobres os que fizerem promessas aos homens no nome de Deus quando Deus não mandou que fizessem, esses terão maior juízo que os promíscuos e imorais, porque não pecaram só contra a carne, seus corpos, mas contra o Espírito de Deus. 

      “Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cântico diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.

      Esse maravilhoso texto de Isaías encerra-se com lindas e poéticas promessas, ainda que reais, sairemos e caminharemos em paz, não por discórdia ou humilhados, mas na luz, seguindo o Deus de paz que transforma espinheiro em faia, sarça em murta. O que teme a Deus de verdade prova o melhor deste mundo e do próximo, porque vê e sente diferente, vê com os olhos do Espírito Santo e sente com o novo homem que é construído nele a partir de Jesus. O que anda com o Senhor glorifica a Deus e cumpre o plano cósmico vencedor, que o conduzirá a uma paz eterna. 

sábado, outubro 26, 2019

Vítimas?

      De todos os tipos de teimosos, que insistem em não querer mudar de vida, em resolver de fato seus problemas, os que se fazem de vítimas são os piores. É gente tão complicada que muitas vezes é melhor nem se aproximar, se de fato não tivermos orientação de Deus para isso, podemos acabar sendo tratados como agressores, e não como amigos. Os que se fazem de vítimas têm a habilidade de inverter a situação, interpretam as coisas ao contrário da verdade, sempre se tornam vítimas, e os outros, agressores, eu sei disso, joguei esse jogo desleal por muito tempo em minha vida. Joguei porque tinha motivos, não justificações, mas explicações, já que de fato fui vítima de agressor por muito tempo, e também é assim com muitos que se fazem de vítimas, eles de fato foram vítima em algum momento. 
      Essa realidade é a que dá aos auto-vitimizados legitimidade para continuarem se colocando como injustiçados, como perseguidos, como pobres vítimas, contudo, diante de Deus, isso não basta pra que ninguém tenha justificativas para se colocarem o tempo todo como coitados, para não assumirem seus erros, e principalmente, não é motivo para tratar os outros injustamente. Por os maiores agressores foram as maiores vítimas, mas vítimas que não se resolveram em Deus, infelizmente, o meio das igrejas cristãs está repleto de gente que achou na vitimização uma cama, se deitou nela e nunca mais se levantou. Não temos culpa de alguém dizer que não servimos pra nada, mas somos culpados por passar toda uma vida acreditando nessa mentira.
      Deus não quer isso pra ninguém e a todos dá condições de virar o jogo e vencer a violência que sofreram e lhes impôs uma condição inicial de vítimas, basta que queiram e creiam. Contudo, uma condição instalada por muito tempo, mesmo que ruim, pode se constituir em identidade, forte, que define a pessoa, que lhe dá motivos, ainda, que mórbidos, para viver. A grande vantagem desse estilo doentio de vida é que compensa os próprios erros, nada que se faça é pior que o que a eles foi feito, assim tem-se desculpa para errar, e quando alguém é magoado diz-se a si mesmo, “me magoaram muito mais que isso, é frescura”. Os insensíveis são justamente as grandes vítimas, sofreram tanto que não acham mais legitimidade no sofrimento alheio.
      Contudo, se é preciso humildade para se assumir que se agrediu alguém, e então buscar, receber e se apossar de perdão, é preciso muito mais humildade para deixar de se por como vítima, isso porque a vítima já se considera humilde o suficiente. O começo do processo de cura é perdoar o agressor original, isso não significa ter de conviver de perto com ele, aliás muitas vezes é preciso se afastar e muito. Mas mais que distância física, é preciso distância emocional, tirar de vez o agressor do coração, perdoá-lo, deixá-lo ir, para sempre. Quando isso é feito, o mal é anulado na raiz e o sentimento de vitimização começa a perder o sentido, torna-se menor, desnecessário.
      Depois é preciso construir em si mesmo uma identidade sadia, suficiente, forte, não precisa ser alguém obsessivamente grande, mas equilibrado, o suficiente para produzir uma vida independente, responsável, liberto do passado e sem necessidade de prender outras pessoas em cárceres como novos agressores. É preciso se libertar do vício da auto-vitimização que a partir do primeiro agressor sempre tinha a necessidade de criar novos. Para muitos o agressor é algo muito grande, maior até que Deus, mas esse agressor só pode ser destronado com perdão, não com violência. Muitos passam a vida assim, colecionado agressores, substituem pai ou mãe por marido ou esposa, marido ou esposa por outros maridos ou esposas, por chefes, por pastores e assim vai.
      Nessa libertação a pessoa aprende a tomar iniciativas de fato positivas, pois o que se faz de vitima sempre exige que os outros façam por ele, que os outros o beneficiem de algum maneira, achando-se no direito de podem permanecer passivos só “curtindo” a dor a auto-comiseração. Por último devemos admitir que como outros nos agridem, nós também agredimos a outros, e muitas vezes de maneira absolutamente injusta, cega, só por mera vingança. Aliás, no coração do auto-vitimizado nasce todo tipo de mal, vingança, inveja, ódio, mentira, que ele não chama de agressões, mas de dores com bons motivos para existirem. Um dos principais males de se auto-vitimizar, todavia, é não conseguir entender e experimentar a salvação de Jesus, só Jesus foi vítima de verdade até o fim, e o foi para nos salvar. 
      Na verdade o que se auto-vitimiza não sente de fato a necessidade de redenção, ainda que ame frequentar cultos e missas, que seja um religioso devotado, que tenha empatia com o cristianismo, principalmente com aquele que celebra o Cristo homem sofredor na cruz, mais que o Cristo Deus ressuscitado e salvador. Sim, as duas coisas são facetas do verdadeiro evangelho, mas o que se arrepende e se vê como pecador vivencia e celebra o Cristo Deus Salvador eterno, pois sabe que sem ele não tem cura, não tem perdão, não tem paz. Não posso encerrar esta reflexão sem compartilhar o texto de Isaías 53, onde o profeta prediz em detalhes o sofrimento da obra messiânica de Cristo e nos fala sobre toda a dor de uma verdadeira vítima. 

      “Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 
      Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” 
Isaías 53.2-7

sexta-feira, outubro 25, 2019

O maior dos arrependimentos

      "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento." Eclesiastes 12.1

      Sirvamos a Deus o quanto podemos na juventude e enquanto temos forças, porque na velhice as forças se vão, os arrependimentos vêm. O maior deles, que teremos mais dificuldades para conviver se tememos a Deus de fato, é o de não termos aproveitado nosso melhor tempo fazendo a melhor de todas as coisas, servir a Deus. Arrependimento melhor é o que é um efeito por algo que não fizemos mas que podemos usar usar como causa para fazermos algo, nós seres humanos somos orgulhosos e temos necessidade de pagar as coisas, mesmo o perdão de Deus não queremos receber de graça, e isso tem um lado positivo.
      Contudo, arrepender-se por ter feito algo errado e receber o perdão de Deus, porque Deus sempre perdoa os que o buscam, mas não ter novamente a chance de fazer a coisa certa, exige de nós muito mais fé e resignação, principalmente na velhice quando as oportunidades se tornam escassas. É na velhice que nossa fé é mais provada, que nossas verdades vêm à tona e são reveladas aos homens, é na velhice que as máscaras caem e ficamos emocionalmente nus diante do mundo. Ninguém pense que se safará disso, assim, enquanto pode, esforce-se, e muito, não meça trabalho para desempenhar seu melhor. 
      Principalmente na juventude temos a paixão, sim, uma energia até certo ponto indomável, mas que pode nos levar a obsessões construtivas, ao mesmo tempo que pode nos dar forças para nos apossarmos da esperança que existe uma nova chance a cada esquina da vida que nos limpa das coisas destrutivas que fizemos obsessivamente. Mas com o tempo a paixão se esfria, pelo menos a interação dela com o plano físico, com à matéria, com o nosso corpo, apagar-se de vez isso nunca acontece, não com a maioria das pessoas. Mesmo velhos, ainda mantemos a chama da paixão acesa, só se torna mais difícil realizá-la. 
      Temos, todavia, uma vantagem na velhice, aprendemos a discernir paixão da carne da paixão acesa pelo Espírito Santo que é muito mais sútil e que respeita nossa vontade, à medida que só se realiza se permitirmos. Nesse aspecto, a velhice pode ser a melhor idade porque nela qualidade é valorizada acima da quantidade, e se tivermos ainda alguma força física, poderemos realizar ainda algumas coisas, e quiçá, as melhores de nossa existência neste mundo. Quais coisas? Aconselhar, monitorar, liderar os mais jovens, seremos enfim humildes mestres, e acredite, essa é a vontade do Senhor para todos, a maturidade.

quinta-feira, outubro 24, 2019

Graça nos faz sorrir

      “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Coríntios 12.9-10

      Saindo um pouco da lição mais conhecida do texto acima, que um grande servo de Deus aprendeu quando recebeu de Deus um não a uma oração que fez pedindo que fosse livrado de uma fraqueza que o envergonhava tanto, penso um pouco mais na palavra graça. Com relação a Deus significa algo que ele nos dá sem pedir nada em troca, nossa salvação em Cristo é a maior das graças do Senhor. Com relação aos homens é algo que recebemos e pelo qual não precisamos pagar nada, ganhar um sorteio é algo que alegra qualquer um. Mas graça também significa algo que nos faz sorrir mesmo sem termos ganho nada objetivo, rimos só pela graça. 
      Algo engraçado nos leva a gargalhadas, na vida isso geralmente ocorre quando vemos alguém sendo surpreendido por algo, que faz com que a pessoa perca o rumo, pare de fazer algo que parecia normal porque algo inusitado aconteceu, alguém tropeçando, geralmente nos faz rir. Mas as coisas que bebês e crianças inocentes dizem e fazem também nos fazem rir, e esse não é um riso causado porque alguém sofreu algo, é só o jeito diferente que algo foi feito ou dito. Isso deixa o inocente feliz, visto que achou empatia por algo que estava fazendo, foi louvado mesmo que só por nos ter feito sorrir. A graça de Deus nos basta, e deveria bastar não só para que aceitemos com resignação uma coisa que não tem solução, na maioria das vezes algo não tão bom, mas deveria ir além. 
      De fato deveríamos nos sentir felizes, gratos, com um sorriso de orelha a orelha, só por saber que ainda que tenhamos fraquezas e limites com os quais teremos de conviver até o fim, temos a graça de Deus para nos equilibrar, nos suprir, a graça que cuida de nós e compensa tudo o que nos falta. A falta, o limite, na verdade são oportunidades, oportunidades para experimentarmos mais a maravilhosa graça do pai, assim, que bom que somos defeituosos, humanos, tem um Deus poderoso que nos sustenta, que nos ama, um Deus gracioso. O apóstolo Paulo foi além, não só aceitou o não de Deus e o seu limite, não só glorificou a Deus por sua graça, mas se sentiu honrado por ser o que era, talvez porque enfim entendeu e aceitou o que era. Ele aprendeu que era forte quando era fraco. 
      Quando aceitamos o que somos, paramos de lutar com nós mesmos, e isso, só isso, já nos faz mais fortes, porque deixa mais tempo e energia sobrando para que possamos fazer o que realmente importa, servir a de Deus. Se for o teu caso, pare de lutar, se já orou, aceite a vontade de Deus, apenas siga, dependendo da graça de Deus, de mais nada, é só isso que Deus espera para poder abrir a porta que você tanto bate, que aceite o teu limite. Quando isso acontecer, parará de fazer e deixará que Deus faça, afinal de quem é tua vida? Você não a entregou a Deus? Então aceite que ele a aceitou, e do jeito que é, com todas as fraquezas, aliás Deus não precisa mais que isso. O resto ele fará, de graça, de modo que você possa compartilhar essa graça com outros que não têm nada para dar, apenas esperam que a graça de Deus se manifeste e os salve. 

quarta-feira, outubro 23, 2019

Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo (Parte 2)

      “O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então entendeu Eli que o Senhor chamava o jovem. Por isso Eli disse a Samuel: Vai deitar-te e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e se deitou no seu lugar. Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.I Samuel 3.8-10

      Você busca a Deus para pedir a ele uma bênção? Saiba que só o fato de você buscar a Deus já é uma bênção em si, quem faz isso de coração nem se importa se a resposta será um sim ou um não, a esse basta estar em comunhão com o pai e abrir para ele o coração. Terrível é passarmos por uma luta e não termos ânimo para orar ao Senhor, não termos fé de que Deus possa nos ajudar, não termos esperança que de algum jeito Deus vai nos ouvir e vir em nosso socorro. Contudo, muitas vezes nos acostumamos tanto a pedir coisas ao Senhor em oração que não vemos que orar já é uma bênção sem medida, é prova que o Espírito Santo está nos atraindo à presença do pai, é provar que o pai nos chama de filhos. 
      Não pensemos nunca que buscamos a Deus porque somos crentes, porque somos servos fieis, porque somos pessoas espirituais tementes ao altíssimo, não temos nenhum crédito por nos aproximarmos de Deus, o crédito é só de Deus. É Deus quem nos atrai, e sempre com uma voz mansa, porque a voz mais poderosa do Senhor não se manifesta em meio a uma tormenta, num brado ao estilo do filme “Os dez mandamentos” de Cecil. B. DeMille (1956), com uma trilha sonora grandiosa e sinfônica ao fundo, na verdade a trilha sonora preferida de Deus é o silêncio, além do mais quando estamos com a alma torturada berros não nos atraem, nos assustam ainda mais. 
      O Senhor, contudo, o Senhor Deus verdadeiro e único Deus, é sempre elegante e suave, simplesmente porque ele não precisa gritar, mas também porque nos respeita, nos conhece, nos trata com um delicado amor. É nessa fineza que o altíssimo nos atrai à sua presença e nos chama a buscá-lo, e isso é A bênção maior, o que advém disso é mera consequência, é a vontade de Deus se manifestando aos predestinados a ouvirem sua voz sempre que ele chama. Quanto tempo teremos que sofrer, por quantas lutas teremos que passar, quantas decepções teremos que experimentar, quantos nãos teremos que receber para entender isso? Para entender que Deus só quer que paremos tudo e o escutemos? 
      Ao profeta Samuel bastou uma terceira chamada, e ainda jovem aprendeu a ouvir a voz de Deus. “Fala, porque o teu servo ouve”, só isso, parar e ouvir a Deus, sem pedir e pedir, sem barganhar fé por bens materiais, apenas conhecer a sabedoria do Senhor, receber seu consolo, aprender sobre justiça com o justo dos justos, a ser santo com o santo dos santos, para então poder caminhar por esse mundo tão difícil em paz, estudando, trabalhando, fazendo alianças com gente de bem e sendo fiel a elas, enfim, sendo cristão como foi Cristo, produzindo uma igreja cristã pura, o mais parecida possível com aquela que morará eternamente com Deus no céu. 
      Se procedermos assim o mundo provará um Deus poderoso, não por dar coisas, mas por transformar vidas de verdade, o mundo conhecerá um Senhor espiritual, não por realizar milagres materiais, mas por gerar virtudes nos corações. É desse Deus que precisamos e ele existe, nos espera, aguarda que parecemos de pedir coisas desse mundo e busquemos em primeiro lugar o seu reino. Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo, buscar só por estar com ele, mais nada. Os sábios que amadurecem com o tempo e não se amarguram com ele entendem isso, esses provam a mais preciosa das delícias, simplesmente estar na presença de Deus, como Enoque, que por isso nem morreu, foi arrebatado em vida. 

terça-feira, outubro 22, 2019

Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo (Parte 1)

      “Mas ele lhes respondeu, e disse: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas; Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas.Mateus 12.39-41

      Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo, aceitá-lo, adorá-lo, conhecê-lo já nos deveria bastar, e não só como contemplação passiva, mas isso deveria ser o suficiente para que quiséssemos agrada-lo e servi-lo, pelo simples fato de estarmos em sua presença. Contudo, como as pessoas usam a fé para conseguir de Deus alguma coisa, como buscam a Deus com segundas intenções, como acreditam que se Deus não fizer um milagre físico ele não é Deus, aliás, pregam e buscam Deus só por isso, porque tem poder para manifestar bênção no plano físico. 
      Eu me pego assim muitas vezes, quando surge um problema, quando tenho que decidir sobre algo que me dará um retorno material, penso, “preciso buscar a Deus, preciso PEDIR isso a ele”, como se Deus fosse um caixa de banco e nós, correntistas com um crédito imenso a ser descontado (ainda que eu use a obra de Cristo como direito para que eu tenha esse crédito). Sim, o crédito existe, em se tratando de perdão espiritual, mas quando cresceremos, deixaremos de ser filhos meninos e mimados, que só buscam a Deus para obter retornos materiais? 
      Vender um Deus todo-poderoso que faz milagres, todavia, é produto bom e muitos querem vendê-lo, obviamente para ficarem com os lucros dessa venda e usarem em benefício próprio, neste mundo. Assim, muitos, ao invés de serem usado por Deus, usam a Deus, e vá alguém dizer algo contra esses, eles dirão que estamos nos levantando não contra eles, mas contra o todo-poderoso. Deus faz proezas, eu não tenho dúvidas disso, já provei várias, em todas as áreas de minha vida, mas faz porque andamos com ele, ainda que muitas vezes peçamos coisas erradas e nos momentos errados. 
      Deus dá pela misericórdia, por seu amor, já que se fosse esperar que nós estivéssemos prontos para receber nunca daria, ou teria que esperar muito tempo. Mas nós não suportaríamos esperar, assim Deus planejou no início dos tempos nos dar tudo o que precisamos, se soubéssemos mesmo disso, ou se se confiássemos nisso, pois ainda que saibamos não conseguimos confiar, não pediríamos nada, apenas contemplaríamos sua presença, em adoração e depois faríamos tudo para agradá-lo com uma vida virtuosa enquanto fazemos a nossa parte neste mundo trabalhando. 
      O texto inicial é revelador, “uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas”, Jesus não se referia a Jonas, mas a ele, ele não era só um homem que morreria, mas Deus que ressuscitaria, essa é a grande sacada do evangelho, o que diferencia o cristianismo de qualquer religião. Uma geração má e adúltera, egoísta e hedonista, infantil e materialista, isso somos nós, todos nós, você e eu! Estamos encarnados e temos muita dificuldade para entender as virtudes espirituais, ainda que saibamos que na carne vivemos menos de cem anos, e no espírito toda a eternidade. 

segunda-feira, outubro 21, 2019

O consolo do meu Deus

      “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo. Não temas, tu verme de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.Isaías 41.13-14

      Algo que nada pode substituir, que nenhuma religião, que nenhum conhecimento mágico, que nenhuma filosofia pode dar, é o consolo pleno, no tempo certo e afetuoso de um Deus que é pai. As religiões podem até nos confortar afetivamente, mas muitas crenças não são em Deus, mas em ídolos, em homens e mulheres mortos, em imaginações que trabalham muito mais as carências com soluções psicológicos que com realidade espiritual. 
      Outras experiências ocultistas podem oferecer explicações de mistérios, mesmo revelações do outro plano, contatos com entidades, mesmo uma realidade espiritual, mas tudo coberto de complicados rituais, que se não forem feitos do jeito e no tempo corretos podem virar o feitiço contra o feiticeiro. Filosofias, por outro lado, podem trazer algum alento intelectual, baseadas na ciência, na racionalidade, na matéria, mas são frias respostas do vazio da alma que nega a Deus, ainda que razoáveis e lógicas. 
      Só Deus dá aquele consolo que enche nossa alma de alegria, no exato momento que precisamos e que s que não temos mais ninguém e nem nada para nos ajudar, e isso de uma forma humana, pessoal, paternal, como o abraço puro e sincero de mãe. Deus é maravilhoso por isso, o capítulo 41 de Isaías é um desses consolos, que por mais que a gente leia, que por mais que nos preguem, que por mais que ouvimos e lemos, sempre soará como uma brisa fresca, limpa e nova, que nos levanta e nos faz seguir em paz. 
      “Não temas porque eu o Senhor tomo pela mão a você, que se sente tão pequeno, fraco, desprezado, injustiçado, você que se sente um pequeno verme dentro de uma goiaba, insignificante, não temas, eu, Deus, sou teu redentor, mais ninguém, estou vivo, atento e nunca te deixarei“. Por isso amamos ao Senhor, por isso Jesus é tão especial, por isso quem começa a andar com Cristo pode passar por muitas provas, mas nunca desistirá de segui-lo. 

domingo, outubro 20, 2019

O poder pertence a Deus

      “Grandes homens não buscam o poder, o poder é colocado sobre eles”, ouvi essa frase num filme, como é verdade. Num momento quando todos buscam empoderamento (palavra da moda), quando a agenda anti-Cristo quer empoderar o indivíduo para tirar o poder de Deus, perde-se o conceito de ter por merecer, e afirma-se o ter simplesmente pelo querer. Não estamos dizendo que as pessoas não devam lutar por direitos e que não devam usufruir deles com liberdade, principalmente algumas minorias que foram tão escravizadas e impedidas por séculos de serem livres e terem os mesmo direitos que outras maiorias. Contudo, é perigoso dar poderes excessivos às crianças, passando por cima de pais, a afro-descendentes, passando por cima de estudo e trabalho justo, dar poderes a outros que podem de fato nem serem capazes de administrarem seus direitos visto que podem ser limitados mesmo por doenças mentais. 
      Sábio é temer a Deus e saber que mesmo que façamos nossa parte, mesmo que a sociedade seja mais justa, mesmo que o mundo seja mais tolerante, muitas potências não devemos receber de graça, por algum direito especial, todos são especiais e se todos são, ninguém é. Conceder um direito especial a alguém porque é minoria pode, em muitos casos, não ser tolerante, mas preconceituoso às avessas, visto que enfatizamos algo que faz de alguém diferente da maioria do contexto para dar a ele algo facilitado. Ser tolerante e não agir com preconceito é tratar a todos de maneira igual, assim qualquer espécie de cota é preconceito às avessas, que acaba sendo preconceito do mesmo jeito, pois a pessoa adquire um direito não por esforços próprios em um sistema igualitário, mas simplesmente porque é diferente. Se é diferente não é igual, se alguém é tratado como não igual então está sofrendo preconceito, ainda que esteja aparentemente sendo protegido por isso. 
      O poder não é tomado, não num sistema justo (ainda que utópico em muitos casos), ele é dado aos merecedores, contudo, a maior das honras é receber algo não dos homens, esses podem ser sempre de alguma maneira convenientes, falsos, manipuladores. A honra maior é receber poder de Deus, e não me refiro a poder espiritual, esse Deus dá igualmente a todos, me refiro a poder intelectual, social, financeiro. Mesmo nas igrejas, células em que o evangelho deveria mandar, orientar, honrar, devemos esperar que o poder social nos seja dado por Deus, enquanto isso devemos andar em simplicidade e humildade, sem segundas intenções ou vaidades. Tantos almejam os púlpitos, principalmente nas pentecostais e neo-pentecostais onde o acesso é mais fácil, e para isso fazem de tudo para terem um microfone na mão, serem ouvidos e aplaudidos.
      Nas igrejas protestantes tradicionais existe um filtro de preparo acadêmico estabelecido que só autoriza acesso ao púlpito aos realmente preparados intelectualmente em faculdades e seminários, e não estou dizendo aqui que isso é melhor ou pior, é apenas diferente. Quantos, contudo, em todos os lugares, buscam um poder que não lhes é legítimo, que não merecem, que Deus não lhes quer dar. Que bom seria estarmos trabalhando, cuidando de nossas vidas, como os apóstolos, cada um no seu ofício, e Jesus nos ver e nos chamar, colocar sobre nós um poder, uma autoridade, uma missão, porque ele viu não em nossos discursos públicos, mas em nossas vidas privadas, em nossos corações, que estávamos preparados para receber tal potência. Que bom seria que nos sentíssemos surpreendidos nesse momento, e não andarmos amargos e nos sentindo injustiçados por não ganharmos dos homens o poder que achamos que merecemos. Na verdade, as melhores honras só ganham os que se acham absolutamente indignos delas. 

sábado, outubro 19, 2019

O que são as trevas?

      “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.Efésios 5.8

      Acostumamo-nos a dizer que fazer ou dizer isso ou aquilo é coisa do diabo, é coisa das trevas, mas o que de fato são essas trevas? Estar a vícios é estar nas trevas, facilmente aliamos as trevas a viciados em drogas, n bebida alcoólica, também enquadramos como nas trevas os adúlteros, os viciados em sexo, os presos a transtornas sexuais que não têm controle sobre obsessões na área da sexualidade. Trevas é ausência de virtudes, de valores morais e espirituais, é afastar-se do Deus verdadeiro e se aproximar de entidades, de anjos caídos, enfim, de maneira geral chamamos de trevas a falta do bem ou o excesso do mal. Mas será que é só isso que é trevas, só os criminosos, viciados, promíscuos é que estão em trevas?
      Fisicamente, andar em trevas é não saber onde se caminha e nem para onde se vai, enfim, é não ter um caminho reto e certo para andar, um objetivo para se alcançar, um bom objetivo. Ninguém que busca a Deus com boa sinceridade anda em trevas, ainda que a princípio esteja num caminho que muitos chamam de trevas, se há boa sinceridade Deus achar e encaminha. Já citei esse termo aqui antes, “boa sinceridade”, porque não basta ser sincero, tem que ser sincero com um bom objetivo. Muitos alegando sinceridade são estúpidos, maldosos, agridem e não abençoam, e ainda assim são verdadeiros, não são falsos. Mas não basta não ser falso, tem que ter um objetivo bom, um bom sincero, é a esse que Deus ouve.
      Contudo, mesmo dentro de igrejas, mesmo ministrando em templos, mesmo cantando louvores, mesmo profetizando, tem muitos que estão em trevas. Por quê? Porque só enxergam o que que querem, falam de Deus, cantam sobre Deus, mesmo se quebrantam emocionalmente, mas ainda como crianças espirituais, ainda que se considerem ungidos e maduros. Esses Deus ouve e deles cuida, mas ainda precisam de libertação para que conheçam e andem no verdadeiro caminho de luz. O caminho de luz só se vê de cima, só Deus o vislumbra, se queremos conhecê-lo temos que deixar que o Espírito Santo nos mostre, o Espírito é Deus em nós. O Espírito Santo não pode ser limitado, freado, controlado.
      Mas alguns podem argumentar, “mas eu dou liberdade para o Espírito Santo, eu choro, que clamo, eu danço...”, a esses dizemos, liberação emocional e física não representa necessariamente liberdade espiritual, e mais, liberdade do Espírito Santo em nós. Nos centros de afro-espiritismo as pessoas têm plena liberdade física, emocional e espiritual, dançam, cantam, se jogam ao chão, e experimentam um frenesi ímpar, que os coloca num transe profundo permitindo que se comuniquem com o mundo espiritual e tragam informações desse mundo para o plano físico. Ainda assim, tais pessoas, sinceras e sérias no que buscam, estão em trevas, trevas profundas. 
      Sim, alguns podem dizer, “mas minha interação é com o Espírito de Deus, não com espíritos malignos”, mas o ponto é que a verdadeira luz de Deus não se mede por experiências emocionais, ainda que essa luz possa nos impressionar emocionalmente de maneira profunda. Precisamos parar de medir causas pelos efeitos, achando que porque o efeito foi assim, a causa é legítima. Não podemos por a carroça na frente dos bois, como diz o ditado, isso é que muitas igrejas atuais estão fazendo, começaram buscando uma experiência maior com o Espírito Santo e acabaram buscando os efeitos da verdadeira experiência antes da causa. Por isso tanto descontrole, tanta vergonha, tanta “línguas estranhas” estranhas mesmo. 
      Por isso tanto emocionalismo que não muda a vida de fato, tanto choro, tanto louvor, mas que na prática não faz o evangelho genuíno ser vivido. Muitos estão em trevas achando que estão na luz, e a culpa é de muito pastor que prefere ter ovelhas equivocadamente espirituais que acabam sendo controladas com mais facilidade. Contudo, uma experiência espiritual verdadeira é substituída por um emocionalismo viciante, assim homens e mulheres buscam êxtases em congressos missionários, em vigílias, em “ungidões”, quando na verdade só estão vivenciado emocionalismo carnal. Repito, mesmo a esses Deus vê, ama, abençoa, mas acima de tudo Deus chama para que saia da primeira infância espiritual e cresçam espiritualmente. 
      Como sabemos se estamos na luz ou nas trevas? Não é pelo fato de não estarmos presos a nenhum vício carnal, aos prazeres físicos, aos excessos materiais, não só por isso. Podemos simplesmente estar trocando um vício por outro, outro que a princípio parece melhor, mas que no final será cadeia do mesmo jeito, assim como distanciamento de Deus. Ninguém pode ser criança para sempre, e quem só busca emoções está se prendendo numa periferia da vontade do Senhor que só é interessante enquanto somos crianças espirituais. Se quisermos ficar nessa posição para sempre, acabaremos nos afastando de Deus e sendo aprisionados por heresia humanas. 
      Luz é antes de tudo o centro da presença de Deus. Quem busca ao Senhor de todo o coração, sem amarras físicas, emocionais ou espirituais, tem uma experiência com a luz. A luz da presença de Deus em primeiro lugar nos revela como somos pecadores, assim o que anda na luz enxerga o próprio pecado, enoja-se dele e quer deixá-lo, imediatamente Andar na luz é amar a santidade de Deus, e isso é muito mais que querer obedecer a uma coleção de nãos. A santidade de Deus se deseja porque somos compungidos a amar a Deus, assim andar na luz é andar em amor pelo Senhor, não por medo, queremos obedecer porque amamos um pai de amor, não porque temos medo de um juiz vingador. 
      Luz é Deus, é santidade, é amor, mas acima de tudo, é adquirir uma consciência racional do que é melhor e querer praticar isso. A emoção vem depois, como efeito desse processo de iluminação divina, de conscientização, de conhecimento. Emoção não se entende, conhecimento sim, e sim, podemos entender muito sobre Deus depois, eu disse, depois, que cremos. Luz de Deus é santidade, é amor, é conhecimento de Deus e é prática de vida. Quer saber se de fato anda na luz de Deus? Na luz há frutos e frutos que permanecem, ainda que sejam frutos difíceis de serem colhidos e que podem levar anos para frutificarem. Mas não desistamos, na luz sempre há a verdade de Deus, que nos faz provar o melhor da vida. 
     Este espaço virtual, o blog “Como o ar que respiro”, tem um compromisso com a luz de Deus, com o centro da vontade do Senhor, com o amadurecimento espiritual dos cristãos através do conhecimento profundo do Altíssimo, através exclusivamente de Jesus e pela revelação pura e clara do Espírito Santíssimo de Deus. Essa luz está acima das religiões cristãs, das interpretações tradicionais do cânone bíblico, só essa luz prepara o homem para se encontrar com Deus, seja pelo arrebatamento ou pela morte física. Só essa luz pode vencer as últimas estratégias dos diabos, dos anjos rebeldes, das verdadeiras trevas. Glória ao pai da luz, ao Deus da iluminação maior, a Cristo Jesus, seu filho, e ao único Espírito iluminado, o Santo. 

sexta-feira, outubro 18, 2019

Fraqueza grande exige consagração maior

      “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Coríntios 1.27-29

      A regra é simples, o que é mais fraco é o que precisa buscar mais a Deus e consequentemente terá uma intimidade maior com Deus. Ou aceitamos isso, essa regra que só é mais uma faceta do princípio fundamental do evangelho, onde tudo funciona de maneira oposta às regras do homem caído, ou nos fazemos prezas dos vícios, dos pecados, colocando a culpa nos outros, e até em Deus, mas não em nós mesmos. Assim, se caiu de novo e no mesmo erro, peça perdão, receba a purificação, mas medite profundamente no estado de reincidência, para não pecar de novo e de novo. 
      Enquanto neste mundo, sempre pecaremos, até nosso último suspiro como encarnados, mas o melhor é que o pecado diminua com o tempo, pelo menos o mesmos pecado. Para que isso aconteça não depende só de Deus, a parte dele ele faz, deixa-nos disponível o perdão em Cristo e nos dá o consolo do Espírito Santo para seguirmos perdoados. Deus não se cansa de amar, e sempre nos chama ao arrependimento, assim como neste mundo sempre nos espera para que acertemos as coisas, sempre. Não permita que nada e nem ninguém, nem você mesmo, te convença que não existe mais jeito, mais uma chance, mais um perdão. 
      Mas para que tenhamos uma libertação precisamos querer, e para querer é preciso se posicionar, pensar profundamente em porque certos pecados são tão reincidentes. Isso a princípio é uma atitude muitos mais racional que emocional, um posicionamento de fé, que depois então modifica nossas emoções, nossos desejos, nossas fraquezas. Quem acha a convicção aprende a vigiar, a andar no mundo com mais cuidado, com mais cautela, procurando ficar o mais longe possível daquilo que é para ele tentação, daquilo que ele sabe que se aproximar-se demais poderá fraquejar. 
      Contudo, o que se consagra, que busca, que vigia, adquire uma vida espiritual de mais qualidade, e assim, conhece a Deus de maneira diferenciada. Você pensa que os grandes homens de Deus, os da Bíblia e tantos outros, eram os homens mais fortes? Não, eram justamente o contrário, os mais fracos, e o episódio do espinho na carne de Paulo, que tantas vezes já refletimos aqui, é prova disso. Veja também a vida de Moisés, que teve que passar quarenta anos esquecido no deserto cuidando de ovelhas para aprender a ser manso, ou de Davi, que mesmo no auge de seu reinado adulterou, ou de Pedro que negou a Cristo três vezes antes de entender sua chamada. 
      Mas eles aprenderam a depender da misericórdia de Deus, grandes fraquezas precisam de uma fortaleza ainda maior para serem vencidas, e os fracos descobrem em Deus a maior das forças. Nessa ligação eles conhecem a Deus e consequentemente entendem mais a si mesmos e aos homens, esses, os fracos fortalecidos no Senhor, são os mais aptos a fazerem a obra de Deus neste mundo, são esses que Deus chama de maneira especial. Assim, levante-se, peça perdão, posicione-se de maneira diferente, cuide-se melhor, e obedeça a chamada que Deus tem pra você. 
      Não adianta ficar se remoendo em remorsos, o Senhor tem um plano maravilhoso para sua vida, ele só espera que você entenda isso. A fraqueza acaba sendo não uma limitação, mas uma oportunidade para conhecer mais a Deus, visto que os que se acham fortes, sãos, lúcidos, ou que não se arrependem de seus pecados, os orgulhos, não assumem seus pecados e não buscam o perdão do Senhor. Ninguém deve se gloriar por ser fraco, mas devemos nos sentir honrados por termos a noção que dependemos muito de Deus e que só nele podemos nos fortalecer, feliz o que é atraído por Deus e que responde com um humilde sim a essa atração de amor.