domingo, novembro 28, 2021

Imprevisibilidade da vida

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.Jeremias 10.23

      Às vezes estamos caminhando bem, andando certo, afinal, chegamos num ponto de nossas vidas onde já aprendemos o principal, já sofremos o suficiente com nossos egoísmos, sabemos da paz que existe no calar, no esperar, no dar a outra face. Contudo, sem que estivéssemos esperando, de um lugar que não sabemos nem onde é, uma seta do mal nos é lançada, então, desmoronamos, desanimamos, ainda que estejamos amadurecidos o suficiente para não entregarmos os pontos. A dor é grande, a esperança apequena-se, a fé desequilibra-se, parecemos afundar e perder o chão, mas nosso coração quer agradar a Deus, ainda que soframos, ainda que não entendamos e nem saibamos como acabará a experiência. 
      Em momentos assim não conseguimos orar, e na verdade não é para fazermos o que já fizemos, apenas aguardarmos, mesmo doendo, mesmo que as luzes pareçam se apagar e nossos olhos nada vejam, numa situação assim o justo permanece com os olhos em Deus. Quando os sentimentos faltam, os pensamentos falham, os ouvidos espirituais perdem a acuidade, creiamos, sem exigir justificação, apenas passemos pelo momento como por um luto, onde nada se pode fazer se não aceitar e esperar. Como amadurecemos quando passamos por experiências assim sem pecar, sem apelar para o consolo de um prazer físico passageiro, nem reclamar ou duvidar, não do Deus que nos trouxe até onde chegamos sempre fiel e misericordioso. 
      Podemos passar muito tempo de nossas vidas achando que já temos uma experiência profunda com Deus, quando na verdade só fomos, até então, crianças fazendo trocas, quando doía mudávamos algo em nossas condutas para agradar o pai e ter dele de novo aprovação. Mas o adulto experimenta dor sem ter feito nada diretamente para merecê-la, sabendo que nada pode dar em troca para que ela suma. Jesus experimentou isso no Getsêmani, até pediu, mas Deus não impediu que ele passasse pela sua maior prova. Quando estaremos prontos para isso? Para sofrer não como crianças, mas como adultos, não por mesquinharias, por bobagens, mas por algo maior, algo que só Deus sabe o que é e que importância tem? 
      Experiências assim nos colocam em nossos devidos lugares no universo, nos mostram que nada somos, que não temos controle das coisas, muito menos de nossas vidas, que não somos maiores nem mais importantes que outros, e que só Deus sabe de tudo e tudo controla. Por isso, devemos confiar nele, não em nós, não naquilo que conquistamos, não em nossos bens, não em nossas reputações, não nas alianças sociais que fizemos, tudo isso vai por terra se Deus em sua onipotência estala os dedos. Experiências assim nos ensinam a sermos humildes, a amarmos mais as pessoas, a nos prepararmos melhor para a eternidade, da qual viemos sem nada e para a qual retornaremos também sem nada, só com nossa fé no Senhor.

sábado, novembro 27, 2021

Sei que preciso amar mais…

      “Pois, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?” “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo? Bom é que retenhas isto, e também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.” 
Eclesiastes 6.12, 7.16-18

      O que preocupa não é ver jovens achando que sabem tudo, mas velhos com a certeza que já aprenderam tudo. Os jovens ainda não tiveram tempo de confrontar teoria com prática e a si mesmos com tudo o mais, são egocêntricos e com direito temporário a isso. Mas os velhos, que já viram invernos se transformarem em primaveras por inúmeras vezes, que já testemunharam altos caírem e baixos serem elevados, que já viram famosos tornarem-se anônimos e desconhecidos apareceram como novas celebridades, os velhos têm a obrigação de saberem que nada sabem. 
      A vida, sob o ponto de vista espiritual, tem um significado oposto ao que o senso comum diz, quando esse entende a existência só pelo que se passa no mundo, só sob o ponto de vista físico, desconsiderando espírito e eternidade. Nascemos velhos e temos a oportunidade de rejuvenescer à medida que o tempo passa, por outro lado é na infância que estamos mais próximos da eternidade, não na velhice, e nos afastamos dela à medida que envelhecemos. Entretanto, ainda assim, temos a missão de nos prepararmos para a morte, nosso nascimento no plano espiritual. 
      Se escolhemos conhecer a Deus e persistimos em agradá-lo, praticando obras de amor e justiça, crescemos, a evolução do espírito o torna mais vivo porque o afasta da morte. Morte é um lugar de trevas dentro dos seres humanos onde não existe Deus. Se há Deus, há luz, se há luz, há vida, se há vida somos rejuvenescidos no espírito, ainda que o invólucro exterior de carne envelheça, se corrompa, como diz Paulo (II Coríntios 4.16). O que sabe uma criança? Intelectualmente ainda não está formada e moralmente não foi provada, ainda que próxima da eternidade. 
      Um jovem já tem faculdades físicas, intelectuais e boa parte das emocionais formadas, e dessas últimas ao menos as bases já que só o tempo lhe mostrará o que realmente importa. O jovem deverá usar seu livre arbítrio para escolher o caminho da vida e não o da morte. O que se aprende no caminho da vida? Que nada somos, que o caminho é infinito, que a existência não acaba na morte física, que Deus é o início, o processo e o fim, assim como o veículo para nos movermos nesse caminho, mas principalmente, que nos aproximarmos de Deus é aceitarmos seu amor e amarmos. 
      É justamente o confronto com a urgência de amar que nos faz humildes, que nos leva a assumirmos nossa dívida de amor e de serviço, que tudo que sabemos e adquirimos nesse mundo nada vale se não amarmos. Aqueles que se dão importância demais, que se consideram superiores aos outros, mesmo com sinceridade, mesmo baseados em formação intelectual e experiência profissional, que determinam suas vidas pela fria lucidez científica, carregam, ainda que escondido dentro deles, o desejo de serem servidos e não de darem amor sem pedirem nada em troca. 
      Eclesiastes 6.12 é a conclusão do escritor de que nada sabemos, seja desta vida, seja da próxima, mas Eclesiastes 7.16-18 orientam-nos a conduzirmos nossas vidas aqui com sabedoria. Esses versículos falam sobre equilíbrio, que sabedoria não está em saber tudo, nem em ignorar tudo, não está em provar tudo, nem em se privar de tudo, mas eles ensinam mais. Neste mundo o melhor caminho não está na matéria, naquilo que homem pode comprovar e comprar, mas também não está só no espírito, pelo qual só se pode crer, assim não está nem na ciência, nem na religião.
      O que sabe mais é justamente o que se libertou dos extremos, que temeu a Deus e achou o equilíbrio, harmonizando as coisas, e, portanto, não sendo inimigo de ninguém nem desejando ser superior a ninguém. Afinal o que se esmera na ciência o faz pela vaidade, tanto quanto o que se aprofunda na religião, o que acumula bens é tão vaidoso quanto o que acumula experiências de fé. Jesus homem viveu como quem não tinha que provar nada a ninguém, mas focado em sua missão, não se sentindo melhor que ninguém, ainda que soubesse que salvaria toda a humanidade. 

sexta-feira, novembro 26, 2021

A beleza é reta

      Dois pontos de vista sobre estética, um alia beleza ao reto, outro ao curvo, um moral, outro poético, um sobre o Espírito, outro sobre a matéria, um sobre Deus, outro sobre homens. Qual o correto? Depende, mas leia o texto até o final para um entendimento adequado da reflexão. 

      “Bom e reto é o Senhor; por isso ensinará o caminho aos pecadores. Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho.” Salmos 25.8-9
      “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” Oscar Niemeyer

      Poeticamente diz-se que a beleza da vida é como a beleza da natureza, não existem nela retas, só curvas e irregularidades, e que quando as coisas ficam muito retas perdem a graça porque sabe-se onde vão dar, ficam previsíveis. Há também outra frase que diz “Deus não escreve com linhas retas”, novamente porque a natureza é desenhada em curvas e irregularidades, já construções dos homens, em centros urbanos, prédios e ruas, há retas. A ciência é reta, explica diretamente as coisas, sem ambiguidades, ainda que humana. 
      Um arquiteto brasileiro, famoso em todo o mundo, Oscar Niemeyer, tinha como marca em seus projetos as linhas curvas, lembrando as ondas do mar, a natureza do Rio de Janeiro, o Corcovado, assim ele e Lúcio Costa projetaram Brasília, e nas construções no Eixo Monumental vemos isso, muitas curvas, os pilares do Palácio  da Alvorada são famosos. Os caminhos curvos respeitam os contornos da geografia física, não violenta-os, mas em termos espirituais, será que é isso, no reto não há beleza? Deus é curvo ou reto? 
      Na espiritualidade ocorre justamente o contrário, é no caminho reto onde há os maiores mistérios, as maiores belezas da existência, esse caminho nos conduz ao Altíssimo Deus. Contudo, se você diz que está caminhando em direção a Deus, mas o caminho ficou previsível, sem graça, sem desafios, talvez seja porque você na verdade está caminhando num caminho de homem, de religião, e não no caminho que realmente conduz a Deus. Novamente é o reto do homem que é tedioso e sem graça, não o de Deus. 
      O caminho de Deus é revelado por ele e é ele, não religiões, quem nos fortalece para nos movermos em seu caminho, reto e renovado a cada dia, seguro, mas sempre prazeroso, claro, mas experimentado de forma gradativa e empolgante. Assim podemos provar nesse reto caminho as belezas mais esplêndidas da existência, um conhecimento espiritual que nos dá esperança e vigor, e nos faz ver além das referências materiais da vida neste mundo, da injustiça do homem e de nossos próprios limites como encarnados. 
      O homem gosta das linhas curvas porque elas iludem, como a fumaça que se desprende de um cigarro e sobe, desaparecendo aos poucos. Uma curva não leva diretamente a um lugar, e neste mundo o último lugar que chegaremos nós sabemos bem qual é, é a morte. Assim, na embriaguês de uma bebida alcoólica, numa relação sexual, num prazer do corpo físico entortamos as coisas, numa tentativa de fazer as coisas durarem mais, e isso para que não enfrentemos o fim, não depressa, e neste mundo tudo passa rapidamente. 
      A natureza é curva porque é expressão artística de Deus que usa matéria como substância de criação. Deus criou o mundo para seres encarnados, para que num curto período de tempo, vivendo numa ilusão, eles possam evoluir espiritualmente, conhecerem a Jesus. Contudo, mesmo que estejamos no mundo, podemos conhecer a Deus como ele realmente é, em sua natureza espiritual, e nessa experiência sentimos que o caminho que leva a ele, o Espírito Santo, é reto, nisso não há fim, não há morte, só vida e eterna.
       Vida espiritual é o contrário da morte, se morte é fim, vida é sem fim, se morte dói, vida dá prazer, se morte ilude, vida ilumina, se morte precisa de artimanhas para ser driblada e aceita, vida pode ser encarada em verdade, não como obrigação, mas como escolha, e só escolhe vida quem já se libertou das ilusões curvas da morte. Estando no mundo podemos usufruir das belas e poéticas curvas, mas com equilíbrio, harmonizando-as com a retidão de uma vida espiritual que conheceremos sem véu só na eternidade. 

quinta-feira, novembro 25, 2021

Contar ou guardar?

      “O homem prudente oculta o conhecimento, mas o coração dos insensatos proclama a estultícia.A.R.A.
      “O homem prudente não alardeia o seu conhecimento, mas o coração dos tolos derrama insensatez.N.V.I.
Provérbios 12.23

      Eis um texto bíblico, principalmente a primeira frase, cujas versões mais antigas de tradução do original, deixam seu entendimento meio difícil, e até oposto ao ensino que ele de fato pode nos dar. Compartilhei acima duas traduções, a primeira (Almeida Revista e Atualizada) é semelhante às mais antigas, e por ela podemos até entender que é melhor não compartilhar coisas boas, que a sabedoria deve ser escondida. Mas como assim, não foi o próprio Cristo que disse que a lâmpada não deve ser escondida debaixo da cama, mas exibida para que todos a vejam? Entendemos isso em Lucas 8.16, e ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama, mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz”.
      Já a segunda tradução, de uma versão (Nova Versão Internacional) que não é uma das que pessoalmente mais gosto, oferece, contudo, um texto mais adequado ao melhor ensino que o autor bíblico possa ter desejado nos passar. A diferença ocorre na troca da palavra “oculta” pelos termos “não alardeia”, assim entendemos que a lição principal não tem a ver com dizer ou não algo, mas com vencer a vaidade guardando algumas coisas, ao invés de sair contando para todo mundo, mesmo que seja algo benigno e elevado. O texto de Provérbios 17.28, até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio, e o que cerra os seus lábios é tido por entendido”, explica de outra maneira o mesmo ensino, a importância de sermos discretos mesmo na sabedoria. 
      Seja como for, a segunda frase do texto não deixa dúvidas sobre o ensino, usando uma ferramenta comum na literatura do livro de Provérbios, entre outros livros bíblicos, que é colocar duas afirmações opondo uma a outra, dando orientações opostas para atitudes opostas. Se numa o sábio é exaltado, na outra o tolo é repreendido, e se tem uma característica marcante nos tolos é a vaidade, eles não resistem a ela, eles têm sempre línguas soltas. Mesmo que tenhamos adquirido sabedoria, verdadeira e baseada em prática de vida não só em teorias, se nós a usarmos como moeda de vaidade, em jogo de poder para nos sobressairmos sobre os outros, colocaremos tudo a perder, seremos tão tolos quanto aqueles que não entendem os caminhos da luz.
      Todos somos tentados pela vaidade, principalmente para contarmos algo que sabemos e que outros não sabem, estamos mais frágeis a ela quando somos apresentados pela primeira vez a conhecimentos mais profundos, e podemos abrir a boca na hora errada só pelo encantamento ingênuo. Contudo, se persistirmos não será mais por inocência, assim só nos livraremos da vaidade quando entendermos a última lição da verdadeira sabedoria: quem a acha a guarda, não conta, mas vive, silenciosamente. Engana-se quem pensa que o conhecimento mais profundo de Deus tem a ver com informações espirituais privilegiadas que a poucos são reveladas, não, tem a ver com amor exercido com humildade, para servir, e principalmente aos mais vulneráveis. 

quarta-feira, novembro 24, 2021

Não encerre a obra antes do tempo

      “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus CristoFilipenses 1.6

      Um dos grandes erros que todos nós cometemos é acharmos que estamos prontos antes que seja o tempo certo, assim encerramos a obra prematuramente. Nosso crescimento espiritual só acaba quando nosso corpo físico parar de funcionar e nosso espírito acordar na eternidade, até esse momento, men at work, homens seguem trabalhando em si mesmos. Por que fazemos isso? Porque é mais fácil, se nos esforçamos no trabalho material, se temos responsabilidade para sabermos que temos que produzir dia a dia para ganharmos o pão, nossa evolução moral relegamos para segundo plano. Isso não significa vivermos em pecado e presos a vícios, mas é nos acomodarmos com um nível e acharmos que isso é suficiente, afinal de contas, podemos pensar, “ninguém é melhor que isso”. 
      Por isso as pessoas têm tanta dificuldade para mudar de opinião, e o motivo principal disso nem é não sentirem que isso é necessário, não reavaliarem um posicionamento e verificarem que a primeira avaliação estava incorreta. O motivo principal é o orgulho, não queremos que os outros saibam que mudamos de opinião, achamos que isso pode mostrar para eles que nos enganamos, que somos fracos de alguma forma. Que equívoco há nisso, inteligência não é acertar na primeira vez, saber tudo de prima, mas seguir aprendendo, analisando, escolhendo, aperfeiçoando-se, afinal de contas somos homens, não deuses. Mudar de opinião, sim, é prova de inteligência, não permanecer igual a vida toda. Só Deus é sempre o mesmo e mesmo assim perfeito, inequívoco e inteligente. 
      Se nos equivocamos com relação a nós, fazemos o mesmo com relação aos outros. Se achamos que seguirmos melhorando não é preciso, e para melhorar é preciso reconhecermos erros e defeitos, que antes não víamos e que agora vemos e podemos resolver, se pensamos que quem é bom acerta de cara e que quem não é vai morrer assim, também condenamos os outros a serem iguais por toda a vida, principalmente em seus erros e defeitos e não em suas qualidades. Quantas vezes nos vem à memória alguém, que conhecemos há anos atrás, alguém que teve algum tropeço na vida, principalmente nas áreas matrimonial e financeira, e mantemos a certeza que a pessoa ainda é igual, ainda está errada, sem ao menos nos darmos ao trabalho de sabermos como ela é e está hoje? 
      A pessoa pode ter se acertado, pode até estar melhor que nós. Erramos ainda mais sendo cristãos e pensando isso de cristãos, como cristãos temos mais que ninguém a obrigação de saber que Deus trabalha nas vidas das pessoas, dá-lhes segundas, terceiras, quartas chances. Quando potencializamos o homem diminuímos Deus, quando como cristãos achamos que Deus faz uma obra de transformação num instante e que quem erra depois está traindo a Deus, às igrejas, aos cristãos, estamos só criando um álibi para dar ao homem mais poder e autoridade que a Deus. Precisamos de muito tempo para melhorar, e quem não entende isso não entende a Deus, não entende a vida, não entende os outros, não entende a si mesmo, mas acima de tudo, nunca entendeu o verdadeiro amor. 

terça-feira, novembro 23, 2021

Tentativas, erros e acertos

      “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.Mateus 24.13

      Só acerta bastante quem tenta bastante, mas quem tenta bastante também erra muito, assim o que pouco erra, pouco acerta porque pouco tentou. No caminho em direção a Deus é diferente? É um caminho certo e direto para o alto? Se dependesse só de Deus atraindo todos à sua luz pelo seu amor isso seria possível, mas depende também de nosso livre arbítrio, que só aprende a fazer as melhores escolhas fazendo escolhas erradas e colhendo delas seus amargos frutos. Deus permite provações, tentações, mesmo armadilhas em nossas vidas, que vão burilando nosso senso de escolha.
      Nossa capacidade de escolher corretamente evolui à medida que paramos de avaliar as coisas pela aparência, pelo que dá menos trabalho e ocupa menos tempo, para avaliarmos pelo interior, quem exige não só trabalho, mas persistência, pois não é necessariamente quantidade de trabalho, mas esforço focado e contínuo. Não nascemos sabendo e ainda que aprendamos nos esquecemos com facilidade, dessa forma para retermos a sabedoria que sabe fazer as melhores escolhas, ela deve ser anexada ao nosso espírito, mais que aos nossos pensamentos e aos nossos sentimentos. 
      Aprendemos de verdade na insistência, na perseverança de dizer não aos prazeres passageiros do corpo físico, às vaidades, ao egoísmo, aos frutos que nascem depressa, mas que só geram em nós paz temporária, mesmo falsa, crescemos no tempo. Mas não é para isso que Deus, o pai de todas as almas, coloca no mundo material seres espirituais imortais presos a corpos com começo, meio e fim? O espírito é aperfeiçoado no corpo, e no corpo o aprendizado espiritual é difícil, quase que um paradoxo que temos que aprender a administrar e driblar na perseverança das virtudes morais. 
      Portanto, não caíamos no engano de acharmos, que uma vez que aprendamos certas coisas, poderemos usar isso daí em diante e não teremos mais problemas. Não tentemos formular receitas para a paz, para a vitória, para experimentarmos a presença e os favores de Deus. Deus usa um algoritmo que está sempre criando variáveis para as nossas vidas, e ele faz isso como um pai de amor que deseja que aproveitemos o máximo possível nosso curto tempo nesse mundo para crescermos. Quem encara isso com fé e humildade descobre a verdadeira e melhor aventura que existe na vida. 

segunda-feira, novembro 22, 2021

Coração e olhos

      “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.Provérbios 23:26

      Coração e olhos, todos devem estar retos, não só o coração, nem só os olhos. O coração nos lembra de nossa existência interior, de nosso sentimento, de uma experiência e uma convicção espiritual com Deus, Deus não pede nosso corpo, nem nossos pensamentos, mas nosso coração. Isso no sentido de que o mais importante é aquilo que temos no mais profundo do nosso ser, pode ser o centro de nossas emoções, mas pode ser nosso espírito. Se ele está nas mãos de Deus, em sintonia com o Altíssimo, todo o resto entra em sincronia com o Senhor, há conhecimento, há entendimento desse conhecimento, há objetivo, há um sentido de vida que conduz à vitória, na luz que revela mesmo o escondido. 
      Os olhos nos falam de nossa vivência exterior, nossa interação com o que está fora de nós, material e também espiritual, coração no céu, mas olhos na Terra. Neste mundo nossos olhos administram de forma mais direta a realidade material, suas diretrizes, assim como os seres humanos nos vários círculos sociais que nos rodeiam, do mais íntimo, o familiar, aos mais distantes, colegas de serviço, de escola, mesmo de igreja, que conhecemos, mas que não convivemos com mais proximidade. Não é porque nosso coração está nas mãos de Deus que podemos conduzir de qualquer maneira o que está fora de nós. Mas tanto olhos físicos quanto os espirituais devem estar atentos, armadilhas dentro e fora de nós existem.
      No mundo existe maldade num nível que muitos de nós não têm consciência do quanto é, gente que não gosta de nós, gente que quer nos lesar de alguma maneira, gente sem referências morais e espirituais. Precisamos prestar atenção por onde vamos, e nestes tempos modernos não só nos caminhos físicos, mas também nos virtuais, na internet, nas redes sociais, nas lojas eletrônicas, devemos ter cuidado com dados e privacidade. Vigiemos, o mundo está estranho, complexo, o mal sofistica-se, ainda que o bem foi, é e sempre será simples, simples e poderoso. O que tem o coração em Deus e os olhos abertos ainda que lhe armem armadilhas não cairá nelas, Deus o avisará antes e ele será livrado. 

domingo, novembro 21, 2021

A melhor maneira de se apagar o fogo

      “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Salmos 51:17  

      Só existe uma maneira de se apagar o fogo, retirando o oxigênio próximo a ele. Na prática isso não é tão fácil, é mais fácil jogar água sobre ele, contudo, se entendermos como o fogo funciona, veremos que ele se alimenta de oxigênio, quando jogamos água no fogo limitamos o oxigênio ao seu redor. Não é a diferença de temperatura que o apaga, mas a ausência de oxigênio, que uma quantidade suficiente de água exerce sobre a região em que ele está. Nesse processo gastamos água, mas um pouco mais perigoso, e que surte o mesmo efeito, é jogarmos um pano sobre a chama, se for rápido e em toda a superfície que está queimando, apagaremos o fogo e não queimaremos o tecido. Como com a água, não foi o pano que apagou a chama, mas a diminuição de oxigênio ao redor dela, sendo assim podemos usar qualquer material sólido. 
      Podemos usar isso como metáfora para entendermos lutas morais e espirituais que enfrentamos contra o pecado. Todos sabemos que nossas vidas é um apagar de incêndios, quando conseguimos dar conta de um, outro surge, e assim vamos. Incêndios são lutas, são imprevistos, tanto nos conflitos necessários que temos para sobreviver no mundo, quanto nas batalhas pessoais de espírito contra a carne, onde o inimigo é o pecado. Frisando: nosso inimigo é o pecado gerado dentro de nós, não é o diabo, espíritos maus ou homens. Somos responsáveis pela criação desse mal interior, assim como temos livre arbítrio para decidirmos se o mal morrerá ali, no campo das ideias dentro de nossas consciências, e não se transformará em palavra ou ação no mundo físico exterior, envolvendo ou não outras pessoas e mesmo seres espirituais do mal. 
      Você já sentiu algumas vezes, que por mais água que jogasse, por mais panos que usasse, o fogo seguia forte? Em certos casos água e panos não resolvem, temos que ir direto à origem, tirar o oxigênio, anularmos não o efeito, mas a causa, não o mal, mas aquilo que o mantém vivo. Quando você estiver perdendo muito tempo, e ainda assim não conseguir vencer uma luta, a solução não é lutar mais, mas usar melhor o tempo. Talvez o inimigo esteja te vencendo porque ele está achando tempo disponível para isso, tempo que você mesmo está dando a ele. Tempo livre ou gasto com algo errado, pode ser o oxigênio que o mal está usando para te vencer, então, pare e reavalie como usa teu tempo. Podemos perder batalhas não por sermos fracos, mas por estarmos engajados nelas, em batalhas erradas, quando devíamos estar fazendo coisa melhor.

sábado, novembro 20, 2021

Necessidade ou merecimento?

      “O qual recompensará cada um segundo as suas obrasRomanos 2.6a

      Alguns necessitam mas não merecem, outros não merecem mas necessitam, outros ainda merecem e não necessitam, em que grupo estamos? Alguns, por carência afetiva, por insegurança, desejam ansiosamente serem reconhecidos, contudo, não merecem esse reconhecimento, isso por um de dois motivos. Um motivo é não terem feito por merecer, não trabalharam para isso, não construíram uma obra íntegra e sincera, que resistisse ao tempo e que fosse de fato algo bom, que contribuísse de forma positiva para sua vida e para as outras vidas. Assim, seguem iludidos pela vaidade, vulneráveis a feridas não curadas, achando que a solução está fora deles, no que os outros pensam, e não dentro deles e em Deus.  
      O segundo motivo de alguns desejarem reconhecimento, mas não o merecerem, é que ainda que tenham trabalhado para construírem algo íntegro e sincero permaneceram inseguros, vaidosos, até fizeram algo certo, mas por motivos equivocados, dessa forma o reconhecimento poderia lhes fazer mais mal que bem. Eles não estão prontos para administrar mesmo o merecimento, não neste mundo, pois construíram para os outros, se preocuparam com o mundo e esqueceram-se de suas almas, assim, é o próprio Deus protegendo-os deles mesmos que não permite que certas honras se realizem. Esses terão que sofrer um pouco mais de injustiça, de anonimato, para que aprendam a trabalhar com o coração certo e para o Senhor certo.
      Mas existem outros, que ainda que não tenham feito tudo aos olhos dos homens, fizeram tudo que podiam aos olhos de Deus, o Senhor os conhece, sabe que a honra que não lhes foi dada foi usurpada por homens, esses sim, injustos e egoístas, que julgam pela aparência e pelo passado. O Senhor sabe que esses esquecidos não necessitam de reconhecimento para satisfazerem inseguranças e vaidades, mas porque já estão cansados, e mesmo assim permanecendo fiéis ao Senhor, não baseando suas persistências no que os outros pensam, mas no que Deus pensa deles. Para esses a injustiça tem limite, na hora certa Deus os honrará, não para que dependam de homens, mas para que sejam fortalecidos e louvem a Deus. 
      Existe, contudo, um terceiro grupo, os que merecem reconhecimento, mas não necessitam dele, não de reconhecimento humano. Deus, o pai, desejaria que todos os seus filhos estivessem nesse grupo, nele estão os que trabalham, e muito, e que ainda que não sejam valorizados pelos homens, não ligam para isso. Esses já aprenderam a satisfazerem-se com a intimidade do Senhor como sua maior recompensa, esses veem em fazer o bem um fim em si mesmo, sem necessidade, pelo menos neste mundo, de recompensa. Esses podem até ser importantes no mundo e diante de homens, mas têm como prioridade o aperfeiçoamento espiritual, o amor que serve, a santidade sem fingimento que agrada a Deus, esses amadureceram certo. 

sexta-feira, novembro 19, 2021

Precisamos dos outros

      “Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente. Então ele se levantou, e foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou, e lhe disse: Trazê-me, peço-te, num vaso um pouco de água que beba. E, indo ela a trazê-la, ele a chamou e lhe disse: Trazê-me agora também um bocado de pão na tua mão.I Reis 17.8-11

      Algumas pessoas fazem de tudo para não dependerem dos outros, é preciso entender que isso a princípio não é ruim, é um instinto básico de sobrevivência física do ser humano prevalecendo. No mundo material, com tanto egoísmo, com tanta maldade, com tanta injustiça, de fato é importante que entendamos o quanto antes que precisamos ser independentes, ensinar isso a filhos é sábio. Mas a questão é que não somos só corpos físicos, somos também espíritos eternos, esses crescem não só com independência, onde se é senhor responsável de si, mas também sendo servo humilde.
      Crescemos espiritualmente servindo, não sendo servidos, dando, não recebendo, entender isso nos dá o dever de ajudarmos os outros, mas também o direito de sermos ajudados pelos outros, ambas as coisas não são danos, mas privilégios, no equilíbrio e na harmonia que o universo controlado por um Deus sábio experimenta o tempo todo. O orgulho, contudo, é muito forte em nós, e em alguns de nós mais forte ainda, assim para não dependermos dos outros, devermos algo a alguém, podemos fazer muitas coisas, inclusive sermos trabalhadores esforçados e religiosos fiéis, crentes em Deus. 
      Alguns, para não passarem por aquilo que consideram ser vergonhoso, algo que para eles seria a diminuição de seus valores diante dos homens, visto que só se consideram algo diante de homens se mostrarem-se sempre fortes, independentes, se tornam ótimos cristãos e profissionais prósperos, dependerem de Deus para eles tudo bem, mas de homens, jamais. Sim, o certo é dependermos só de Deus, mas Deus sabe até que ponto uma disposição nossa nesse sentido é sincera e humilde, ou é só desculpa para mantermos uma arrogância que nos exiba como melhores diante de pares. 
      Se agirmos assim, por um orgulho teimoso, o Senhor poderá dirigir nossas vidas a uma situação onde tenhamos que precisar da ajuda dos outros, e muitas vezes justamente daquela pessoa que mais não queríamos depender. Deus não humilha ninguém, muito menos desnecessariamente, mas tenhamos cuidado, não persistamos no orgulho, ajudar é bom, mas permitirmos sermos ajudados é melhor, no sentido que revela, não só a providência do Senhor levantando alguém para nos auxiliar num momento difícil, mas também dando oportunidade para alguém servir e para nós sermos servidos.
      O exemplo de Elias é marcante para mim, já refletimos alguns vezes a respeito aqui. Ele tinha segurança em Deus de sua missão, sabia que precisava da ajuda dos outros, não porque era vagabundo, mas porque dedicava o tempo de sua vida a algo importante, servir a Deus. Por isso se Deus levantasse alguém para servi-lo, ainda que fosse uma viúva pobre, ele humildemente aceitaria. Quem lê superficialmente I Reis 17 pode achar Elias um insensível, folgado, mas ele sabia que Deus podia sustentá-lo tanto quanto honrar quem fosse usado para isso, que isso não seria um sacrifício, mas uma honra. 

quinta-feira, novembro 18, 2021

Como um passarinho

      “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?João 11.40

      Se nos sentarmos na grama de um jardim e permanecermos lá quietos e calados por algum tempo, pode ser, que em algum instante, um passarinho pouse bem perto de nós, e numa situação ainda mais difícil, pode ser até que pouse sobre uma de nossas mãos, aberta e relaxada sobre a grama. Contudo, pelo menor gesto, ao mais baixo som, mesmo por uma respiração mais profunda, ele será espantado, voará para longe. A nós só restará olhá-lo de longe, voando livre no céu.
      Assim é com uma experiência mais profunda com o Espírito Santo, requer de nós muita paz, muito silêncio, muita consagração, muita fé, muita perseverança. Mas ao mesmo tempo que é trabalho espiritual, é abrir mão de esforço físico, emocional, do ego, de fazer qualquer tipo de troca com Deus, de achar que temos algum direito por termos algum crédito, algum merecimento. Podemos ver a “glória” de Deus? Sim, é possível, mas é algo tão poderoso quanto delicado. 
      Por que é assim? Porque assim como pássaros foram criados para voarem livremente, e por serem frágeis têm o instinto de ficarem longe de homens ou de quem possa lhes fazer algum mal, nós seres humanos, vivendo encarnados no mundo, não podemos entender e conviver com total plenitude com o mundo espiritual e com o Espírito Santo de Deus. Ainda assim podemos ter profundas experiências com Deus, se nos dermos ao trabalho de “não trabalharmos”. 
      O texto desta reflexão parece vago, impreciso? Pois ele é, experiências mais profundas com Deus não podem ser padronizadas, o caminho para elas não pode ser detalhado, como um mapa para se chegar a um lugar. No máximo podemos dar a direção geral, como com uma bússola, dizer que um local está ao norte, mas detalhes só descobre o que se põe a caminho e por si mesmo experimenta como as coisas funcionam para aquilo que Deus pode mostrar especificamente a ele. 
      Uma coisa eu sei, “um passarinho pode pousar em nossas mãos”, e quando isso acontece é maravilhoso, diferente de tudo, faz toda a nossa vida ter sentido, entendemos coisas que por muitos anos carregamos dentro de nós como mistérios. Quando “vemos a glória de Deus” queremos experimentar isso de novo, mas é só a partir da segunda vez que começamos a entender como as coisas funcionam, a trabalhar para “não trabalharmos”, e que isso é só o início de uma jornada. 

quarta-feira, novembro 17, 2021

Perdão muda tudo

      “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.Salmos 130.3-4

      Nossa relação com as pessoas só muda quando experimentamos perdão de Deus. O perdão muda tudo, primeiro nos muda quando entendemos que necessitamos dele, depois muda nossa relação com Deus quando cremos que Deus existe, nos ama, nos perdoa, e que isso é suficiente para que tenhamos paz. Mas quando mudamos, para nós e para Deus, mudamos no universo, a imagem que temos de nós muda. Não nos sentimos mais deuses com direito de exigirmos dos outros devoção por sermos melhores, nem inferiores sem deveres, com direito de sermos vítimas, e como tais, com necessidade de sermos servidos pelos outros, não de servirmos.
      A experiência do perdão, que todos em alguma instância deveriam provar, já que não existe um justo no mundo, todos carecem da graça de Deus, põe nossos pés no chão, para podermos olhar todos como semelhantes, mas nossos corações no céu, para entendermos que todos dependemos de Deus e de seu amor. Isso nos faz iguais, não superiores nem inferiores, como iguais podemos amar com justiça, sabendo que também precisamos das pessoas tanto quanto elas precisam de nós. Isso ocorre numa relação de serviço em humildade, de generosidade, que não nega perdão aos outros, já que também se provou perdão e por ele se obteve paz.
      O texto bíblico inicial revela um daqueles mistérios que a Bíblia maravilhosamente contém. Podemos pensar, equivocadamente, que temos poder sobre alguém por sabermos de seu pecado, assim, como acusadores, acharmos ter uma posição superior, na qual podemos agredir e controlar alguém. Mas o Salmo 130 diz o contrário, Deus é temido, é superior, justamente por perdoar. A mesma coisa deve ser conosco, só perdoando é que temos, não o medo das pessoas, para dominarmos sobre elas, mas o respeito, para que elas sejam nossas amigas sinceras, numa relação de amor. Queremos ser melhores? Humildemente amemos e perdoemos. 

terça-feira, novembro 16, 2021

Seguremos a paz

      “O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.Salmos 29.11

      Nos sentirmos culpados por algo que não fizemos ou por algo que já fomos perdoados, é porta para fazermos algo que realmente possa nos deixar culpados. A culpa, seja legítima ou não, sempre nos enfraquece, mas quando acolhida sem motivo é arma mentirosa do “diabo”, que pode vencer mesmo o que não fez nada de errado. Por isso é importante orarmos constantemente, vigiarmos espiritualmente, alcançarmos a paz de Deus e a retermos.
      Paz de Deus é segurança de estarmos com as vidas acertadas com ele, perdoados e não acusados, por nada, se Deus se agrada de nós nenhuma culpa pode nos atormentar, assim como estamos fortalecidos contra qualquer ataque de mentira do “diabo”. Quem é o diabo? Pode ser tanto um ser espiritual das trevas, a nossa própria insegurança, como a insegurança de homens, que não se humilham diante de Deus, e que só crescem diminuindo os outros. 
      Nós somos seres variáveis, volúveis, emocionalmente não confiáveis, assim podemos viver fases onde parece que retemos paz por mais tempo, mesmo não tendo uma vida de oração como deveríamos ter. Em outros momentos, porém, podemos experimentar uma grande dificuldade em reter a paz, mesmo que estejamos orando bastante e tendo uma vida agradável a Deus. O segredo é persistirmos buscando a Deus e não confiarmos em nós mesmos.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Aceitar ou repreender?

      “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.João 10.10

      Quando algo que não é o melhor de Deus para nossas vidas vai acontecer, pelo menos algo que não seja até o momento o melhor, pode ser por dois diferentes motivos. Ou é Deus mudando alguma variável para que cresçamos, ainda que seja a diminuição ou a perda de algum usufruto material, ou é o mal querendo nos roubar algo, e nesse caso devemos orar para saber como repreendê-lo. As duas coisas serão a vontade de Deus sendo feita e por isso serão boas para nós, mas no segundo caso Deus quer nos fazer participantes da vitória exercendo luta espiritual em oração. 
      Tendo vida de oração recebemos de Deus discernimento para sabermos que algo pode mudar, essa vigilância é necessária para não sermos pegos despreparados por mudanças, achando que a existência é zona de conforto onde podemos nos acomodar. Neste mundo existir é lutar até nosso último instante de vida, assim o próprio Deus mexe nas variáveis para que sejamos motivados a crescer. Crescemos nos adaptando a mudanças autorizadas por Deus, assim como lutando contra aquelas mudanças indevidas, que o mal tenta fazer em nossas trajetórias.  
      O importante é estarmos vigilantes para sabermos o que fazer na hora certa, seja suportando uma mudança ou lutando contra uma. Jesus disse que nos concede vida abundante, assim se a mudança for sua vontade, ainda que limitando-nos de algum jeito, será para termos uma vida espiritual melhor. Por outro lado Jesus disse que o “ladrão” vem para roubar, perder para ele não é o melhor de Deus, “ladrão” deve ser confrontado e de maneira alguma aceito passivamente. De um jeito ou de outro temos que entender e fazer a vontade de Deus, nisso há vitória e paz.