quinta-feira, março 28, 2019

“A minha graça te basta”

      “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.II Coríntios 12.9a

      Não, não vou fazer de novo uma reflexão sobre o espinho na carne de Paulo, assunto do capítulo 12 de II Coríntios, nem citei acima o versículo 9 inteiro, foi só a parte “a”, e isso basta, ou a graça de Deus nos basta. Basta mais que termos sempre todas as forças para fazer as coisas certas, se assim fosse, se Deus nos desse esse poder, com o tempo nós nos afastaríamos dele, achando que não precisamos mais dele e que as nossas forças nos bastam. Mas Deus não nos dá certas forças para que não nos percamos, e assim possamos depender dele, de sua graça, o tempo todo. Mas será que precisamos mais que da graça de Deus? Não se entendermos de fato o que é essa graça.
      O significado de graça é simples, é o que ele nos dá sem pedir de nós nada em troca, mesmo sem merecermos, é gratuito, por um amor maravilhoso e fiel. Assim Deus procede com aqueles quer se aproximam dele, que o buscam e confiam nele, mais que em qualquer coisa, mais que em si mesmos. A graça de Deus é de graça e nos enche de graça, os agraciados por Deus são felizes mesmo sem terem motivos para isso, sorriem, acham graça na vida pelo simples fato de terem suas vidas entregues nas mãos de Deus. Não peçamos o que não precisamos e não podemos ter, nos basta a graça, sejamos felizes e tranquilos nela, é a maior bênção que temos na vida.

quarta-feira, março 27, 2019

Jesus é diferente, e ponto!

      “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.Isaías 57.15

      Preciso repetir isso, e assim farei até o fim, Jesus é diferente! Já refletimos sobre isso aqui (veja no link A simplicidade do Evangelho, por exemplo), mas sempre que oro e sou curado, essa verdade brilha forte em meu coração e me faz querer gritar isso pro mundo. Mesmo que o cristianismo fosse só mais uma religião, mesmo que tudo o que diz esoterismos, espiritismos e outras filosofias e magias metafísicas sobre o universo, sobre o homem e sobre Deus, fossem verdade (mesmo que sejam, em alguma instância...), ainda assim há um poder em invocar o nome do Deus único e verdadeiro através da intercessão exclusiva de Jesus, poder que não existe em nenhum outro lugar, outras coisas, outros homens ou outros deuses.
      A diferença está no fato que Jesus, buscado da maneira correta, conforme o novo testamento bíblico, muda nossas vidas na prática, liberta-nos de vícios, tira nossas culpas, permite-nos que perdoemos as pessoas e a nós mesmos, enfim, dá-nos a paz lúcida e que permanece. O evangelho faz tudo isso de maneira simples, inteligível por qualquer pessoa em qualquer lugar e em qualquer tempo. Por essa razão, mesmo com tantos desvios doutrinários, com tanta manipulação de homens em busca de poder, as religiões cristãs conquistaram uma parte importante do mundo ocidental e que manda, ainda, na política e economia do planeta, não podemos negar essa relevância.
      Sim, repito, a Igreja Católica manteve essa parte do mundo numa era das trevas, principalmente científica, por muito tempo, dominou a ferros, perseguiu e matou. O protestantismo assim como as igrejas evangélicas atuais também não são tão melhores, se tivessem tempo, e eu penso que não terão, fariam a mesma dominação de homens sobre homens no mundo, com finalidades materiais. Mas também não arrogue as outras religiões pureza de intenção, tudo o que o homem toca corrompe-se, ainda que a teoria seja maravilhosa, a prática entra em desincronia com ela a partir do momento que o primeiro ser humano que a recebe tenta praticá-la, e quando o segundo a recebe o primeiro tenta dominá-lo através da religião.
      Mas Jesus sempre será diferente e imaculável, não o dos crucifixos, da teologia protestante ou dos “milagres” pentecostais, mas aquele que nasceu, viveu e morreu santo, que ressuscitou e está à destra de Deus intercedendo pelos verdadeiros filhos do Altíssimo. Eu sei, porque provo essa verdade todos os dias, porque depois de conviver com ela por mais de quarenta anos ainda me surpreendo com a novidade de vida que Jesus me dá, com a esperança em Deus que me renova todos os dias, com a clareza de como o Espírito Santo me fala e que através de uma simples frase no meu coração me tira do poço mais profundo de trevas e confusão e me coloca num lugar alto, seguro e tranquilo.

terça-feira, março 26, 2019

Promessas para a outra vida

      “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.” João 14.1-3

      Por mais espirituais que queiramos ser ou parecer, somos cristãos muito materialistas, tendenciosos, principalmente para interpretar promessas bíblicas. Queremos o cumprimento de muitas promessas que lemos na Bíblia aqui e agora, neste mundo, e se possível com gente nos aplaudindo e muito dinheiro em nossas contas bancárias. Não foi isso que Jesus ensinou de fato, precisamos ter maturidade para entender e aceitar que muitas, muitas honras, reconhecimentos e posições, só teremos na outra vida, na eternidade, no céu. Muitas injustiças sofremos e continuaremos a sofrer até o fim, muitas faltas temos e será assim até o fim, aliás isso não é desmérito, mas sinal que não somos desse mundo, por isso não somos aprovados por ele, nem ele se sente na obrigação de ser agradável a nós.
      Os cristãos dos primeiros séculos entendim isso melhor, mas à medida que o tempo passou, que o cristianismo se tornou religião oficial, a religião cristã foi se tornando materialista e imediatista, aliás uma característica da espiritualidade ocidental. Enquanto os orientais sacrificam-se fisicamente para serem espirituais neste mundo, negando a carne, tentando antecipar a vida pura no espírito que terão no outro mundo, os ocidentais querem ser espirituais para vencerem a matéria aqui e terem alguma vantagem também aqui, não pensam, na prática, na eternidade. Os ocidentais fazem jejum, negam os apetites carnais, mas para obterem um favor material de Deus, para terem um bom casamento, um bom emprego, prosperidade financeira. A espiritualidade oriental abenega-se a este mundo físico, isso não salva, mas é uma lição que o cristão salvo por Jesus deveria aprender.
      Assim, tenhamos cuidado em como interpretamos versículos como João 14.12, “na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”, não achemos que o nível mais alto de espiritualidade é fazer milagres, sinais, prodígios e maravilhas. Jesus fazia tudo isso com um objetivo, ensinar a verdade do evangelho, a exclusividade da salvação em seu nome, a realidade do único Deus na vida dos que nascem de novo, ele não fazia milagres para beneficio pessoal e material. Os que entendem de verdade o evangelho veem prioridade nos valores espirituais, nas virtudes morais, e com certeza os que atingirem tal espiritualidade capaz de fazer milagres, e me refiro a genuínos milagres do Espírito Santo de Deus, fatalmente sofrerão as mesmas perseguições que o mestre Jesus sofreu.

segunda-feira, março 25, 2019

Respeite o “sábado”

      “Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não fazendo nele obra alguma, Então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de Davi, andando em carros e em cavalos; e eles e seus príncipes, os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será habitada para sempre.Jeremias 17.24.25

      O contexto histórico do texto acima diz que se o povo de Israel obedecesse os mandamentos de Deus, então Deus abençoaria Israel com honra e prosperidade. Para o cristão, que segue o evangelho, leis mosaicas como guardar o sábado, não são mais mandamentos que devem ser guardados o pé da letra para que haja comunhão entre ele e Deus. Outros mandamentos, que dizem respeito à relação do homem para com Deus e para com outros homens, são cumpridos nos dois principais princípios do evangelho, amai a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. Contudo, guardar o sábado nos ensina uma lição que pode ser praticada hoje e que abençoa o homem em todos os planos, físico, emocional e espiritual. 
      Que lição é essa? É a que nós seres humanos temos nossos limites e precisamos, sim, de vez em quando, de momentos sabáticos. O Espírito Santo, ciente dessa limitação e amoroso como é, naturalmente nos conduz a descansos ocasionais, isso não significa parar com tudo na vida, mas deixar em “stand by” (modo de espera) algumas atividades, justamente para que possamos dar mais relevância a outras. Assim é importante em primeiro lugar saber quando Deus nos manda parar, e depois obedecer essa ordem, sem o orgulho de achar que os outros podem nos julgar mal por isso ou de nós mesmos nos acharmos menos porque estamos descansando. 
      Se Deus mandou parar, pare, e confie, melhor fazer nada numa determinada área por um tempo que quebrar a cara e ser humilhado publicamente a ponto de não ter mais forças para fazer todas as coisas. Aos que trabalham nas igrejas e que gostam disso, parabéns, Deus conhece seus esforços e os recompensará no tempo certo, mas se Deus mandar que deem um tempo ou mesmo, numa situação extrema, que não façam mais algo, sigam a orientação de forma completa. O espírito no Espírito de Deus está sempre pronto, mas nossas almas e corpos não estão, precisam de “sábados”, antes que adoeçam, muitas vezes de forma irremediável.

domingo, março 24, 2019

Complicado coração

      “O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.” 
Provérbios 28.26

      Ah, o coração do homem, não o órgão físico, válvula que bombeia sangue para o corpo, mas o coração subjetivo, centro das emoções, que antigamente se dizia estar no meio do corpo, nos intestinos (por incrível que pareça), o mesmo lugar que nos refirimos quando dizemos sentir um frio na barriga diante de grande ansiedade. Quem o conhece de fato, quem o pode entender? Os filmes, os livros, as canções, gostam de dizer, “não ligue pro resto, siga seu coração”, e isso não deixa de ter alguma verdade, quando queremos conhecer o que somos e o que queremos de fato. Contudo, essa verdade, essa sinceridade pessoal, pode não conter realmente o que é melhor para nós ou para as pessoas ao nosso redor que sofrerão as consequências de nossa escolha “do coração”. O clássico texto bíblico sobre o assunto, Jeremias 17.9, deixa isso claro.
      O certo é que se estivermos em comunhão com Deus, nosso coração e o “coração” de Deus estarão em harmonia, essa é a situação ideal para quem quer seguir a Jesus, dessa forma o que sentirmos de melhor será o que Deus tem de melhor para nós. Mas como foi dito, esse é um ideal difícil de ser experimentado, Jesus em sua oração derradeira no Getsêmani, antes do início de seu calvário, disse “meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice, todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26.39b), fica claro que mesmo ele tinha no coração algo que sabia que não era o plano de Deus para ele naquele momento, obviamente movido pelo terror que sentia diante do que iria ocorrer. Tenhamos sempre em mente que Jesus encarnado era homem sujeito às mesmas tentações que todos nós passamos. 
      Mas ainda que precisamos aprender a conhecer e a valorizar nossos corações, já que eles representam nossa identidade mais íntima e verdadeira, temos que entender que ele é mestre em criar sofisticados enganos. Podemos sentir uma coisa, interpretar uma coisa, quando na verdade o que ocorre é outra coisa, levando-nos a fazer coisas que nada têm a ver com a realidade, principalmente das outras pessoas envolvidas. As emoções por mais fortes e prazeirosas que sejam só podem ser dominadas pelo Espírito de Deus, esse, contudo, precisa de liberdade para agir, uma autorização nossa, senão nosso egoísmo vaidoso terá vitória. Isso acontece simplesmente porque prazer físico é força em nós quase irresistível em busca de satisfação, enquanto estamos encarnados, priorizar prazer espiritual é algo aprendido a duras penas.
      Muitos clamam por justiça, mas só querem continuar rancorosos e orgulhosos, fingindo-se de vítimas. Outros veem defeitos em seus cônjuges, mas só buscam álibis para o adultério, também fingindo-se de vítimas só desejam satisfazer suas luxúrias. Outros, ainda, criticam pastores quando na verdade são rebeldes invejosos que não querem se colocar debaixo de autoridades, não só de homens, mas principalmente de Deus. Alguns cristãos protestantes tradicionais interpretam como diabólico (o que pode até ser pecado contra o Espírito Santo) e herege a manifestação de dons espirituais no meio pentecostal, porque insistem em viver um evangelho intelectual e frio, privando-se de uma cura emocional possível aos que se quebrantam aos pés de Cristo. 
       Alguns evangélicos pentecostais, todavia, posam de espirituais enquanto taxam outros cristãos de frios e descrentes, isso para continuarem numa atitude emocional infantil e escandalosa, que nenhum proveito tem para o testemunho do evangelho no mundo. Enfim, muitos são os enganos do coração que em suma sempre beneficia seu dono e demoniza os outros, busca prazer rápido, mesmo disfarçados de espiritualidade, e não permite submissão humilde a Deus. O coração humano sempre quer ser senhor, não servo, mestre, não aprendiz, “deus”, não ser humano, o maior ídolo que o homem tem é seu coração, tanto que a ferramenta que o diabo mais usa para separar o homem de Deus não é a adoração dele mesmo, mas do coração enganoso do homem.
      A pergunta que queremos responder, diante de um implacável coração que sempre tende ao egoísmo, é: como saber quando Deus está falando em nossos corações, como discernir a voz do Espírito Santo em meio a outras tantas vozes que nossos corações ouvem? Andar com Jesus em todo o tempo é o que nos transforma, não queira um cristão desatento, imaturo, carnal, que anda o tempo todo na misericórdia extrema do Senhor, querer, numa situação especial, entender com facilidade a voz de Deus em seu interior. A confusão existe nos superficiais e irresponsáveis, que amam a muitos senhores, mas sempre querendo agradar só a si mesmos. O que se foca em Deus saberá que a primeira voz que fala, quando ele pede a Deus que fale com ele, é a voz de Deus, e eis aqui um mistério que só os de fato espirituais entenderão.

sábado, março 23, 2019

Seja aprovado!

      “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.Tiago 1.12-14

      Tiago fala de duas coisas diferentes no texto acima, vou inverter a ordem e falar em primeiro lugar sobre um segundo tipo de tentação, a última no texto. Essa é uma tentação mais óbvia, aquela que passamos todos os dias, que nos é imposta pela nossa carne. Em Deus não há mal, assim se o mal nos tenta, ele vem de outro lugar, nós somos salvos e recebemos o Espírito Santo, isso transforma nosso espírito, mas nosso corpo e nossa alma continuam sensíveis e sucesptíveis às mesmas tentações que têm os não salvos e sem o selo do Espírito. A diferença é que os não salvos não conhecem referência melhor de virtude que não seja a de sua própria natureza, assim, além de serem limitados estão escravos de si mesmos, do mundo e do diabo. O salvo experimentou a referência excelente do Espírito Santo, essa experiência muda nossas vidas, nos faz conhecer a verdade maior, quem prova isso pode até fazer escolhas temporárias ruins, pecaminosas, mas sempre volta ao refúgio do Espírito Santo. Eu creio que o salvo nunca se perde, mesmo que passe por momentos difíceis, mesmo em pecado, mesmo longe do convívio de igrejas. 
      Gostaria, contudo, de refletir sobre a primeira parte do texto acima, onde podemos interpretar um outro tipo de tentação, que podemos provar levados por Deus. Essa é uma provação diferente, não igual à diária, e que nos conduz a uma mudança de vida, a uma passagem de fase, a um crescimento espiritual. Jesus passou isso em sua provação no deserto, veja que o texto diz “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” (leia todo o texto de Mateus 4.1-11 para melhor entendimento), o diabo o tentou, mas Deus mandou que Jesus se expusesse a essa tentação. É importante que se diga que ninguém pode provar uma tentativa como essa, só Cristo a experimentou, nenhum de nós tenhamos a presunção de achar que somos tentados nesse grau. Não foi homem, o mundo, nem demônios que tentaram Jesus, mas um ser espiritual poderoso do mal, no nível de arcanjo, de chefe de potestades, e não poderia ser diferente com aquele que salvou a humanidade da morte eterna. Nessa tentação foram oferecidas riquezas que homem comum não resistiria, não só materiais como espirituais.
      Mas que tentação nós, homens comuns, somos conduzidos pelo Espírito Santo para sermos tentados? Não são as tentações que nos deixam aparentemente mais fracos, as que tentam nosso lado mais baixo, mas as que nos deixam aparentemente mais fortes, as que tentam aquilo que temos de melhor. Esse tipo de tentação pode ocorrer depois que passamos um tempo de vitória, onde ficam estabelecidos nossos fundamentos, nossos valores, por isso o diabo é autorizado a confrontar isso, a ver até que ponto confiamos mais no que somos que em Deus. Quando confiamos em nós, agradamos ao nosso ego, deixamos a vaidade nos dominar, queremos aparecer como superiores. Veja que foi nisso que Jesus foi tentado, a assumir sua posição espiritual de Deus e de sair daquele deserto alimentado, empoderado, honrado e satisfeito, mas não do jeito que Deus queria para ele naquele momento, um jeito que o prepararia para a sua maior e final missão. 
      Quando caímos na tentação de ter uma vitória rápida, abrimos mão do plano maior que Deus tem para nós, deixamos de entender que a vitória do momento, conforme a vontade de Deus, é só uma preparação, um degrau, não o final que nos espera acima no fim da escada. Não é mais fácil ser aprovado nesse tipo de tentação, já as tentações diárias de todos nós, com os prazeres fáceis da carne, o adultério, os vícios, a ira, são bem mais fáceis de serem vencidas. Mas dessas, o sangue de Jesus nos purifica, enquanto que a outra, se não recebermos aprovação do Senhor, pode nos atrasar por muito tempo, e entenda, enquanto que as diárias sempre existirão, as tentações especiais são como exames se vestibular, acontecem só de vez em quando. Se houver reprovação, um longo tempo de “cursinho” terá que ser usado para nos preparar até que sejamos submetidos a um novo “vestibular”. Repetir demais nas provas de Deus pode não cansar a Deus, Deus não se cansa, mas pode nos levar a uma condição de exaustão emocional que nos impeça de tentar de novo.
      O mais trágico, contudo, é que muitos que insistiram em agradar a si mesmos não resistindo a provações especiais, não tiveram de Deus uma nova chance de prova e de consequente aprovação, foram condenados a viverem em Deus, como salvos, mas longe do centro do plano do Senhor para suas vidas. Esses são os servos frustrados, os pastores sem ovelhas, os profetas que têm muito a dizer, mas que não tem quem os ouça, esses vagarão solitários e tristes entre as nações sem nunca encontrar terras que sejam suas. Não queiramos esse destino, antes nos humilhemos diante de Deus, nos calemos diante dos homens, resistamos à pressa e à vaidade, o sacrifício de um momento. Por mais difícil que seja, pode representar uma grandiosa vitória, uma maravilhosa honra, e a oportunidade de ser usado por Deus de forma única, surpreendente, usando o nosso melhor para a glória do Senhor. Encerro com um texto importante para a minha chamada ministerial, texto que me consola quando preciso me calar e obedecer para ser aprovado, resistindo à pressa e à vaidade.

      “E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor. E arrebatar-te-ei da mão dos malignos, e livrar-te-ei da mão dos fortes.” Jeremias 15.20-21

sexta-feira, março 22, 2019

Tristeza tem fim

      “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse. E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais. Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a fazer grande regozijo; porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber.” Neemias 8.8-12

      O pior tipo de tristeza é aquele que parece não ter motivo de existir, cuja causa, se conseguimos identifica-la, parece já ter sido sarada, mas ainda assim insiste em voltar e doer. A verdade é que a tristeza reincidente sempre tem causa conhecida por nós, o que nos tortura é justamente essa causa, que parece não ter perdão, não ter cura, não ter solução. Assim o “universo” parece não se esquecer, dia a dia, noite após noite, joga na nossa cara algo que de tão impossível de resolver nos deixa rendidos diante de uma tristeza incomensurável. 
      Eis a raiz de tantas doenças, físicas e emocionais, cria tumores tanto quando depressão, a tristeza sem fim, quem nunca a sentiu não pode entendê-la, e mesmo alguns pregadores zombam de quem a vive, a menosprezam como se fosse só um resfriado infantil, só frescura. Acho que existem dois tipos de pessoas, o tipo alegre e o tipo triste, não que o alegre não se entristeça, mas ele não leva a tristeza tão a sério, mantém largo sorriso no rosto mesmo enfrentrando duras lutas. 
      O triste, contudo, o realmente triste, experimenta uma dor profunda que não consegue esconder, pode até aprender a viver com ela, mas se olharmos em seus olhos com atenção veremos a tristeza verdadeira guardada, lá no íntimo de seu coração. Aos de fato tristes, um conselho, esforcem-se, não para negar a tristeza, mas para praticar coisas boas, pensar em coisas boas, viver perto de gente de bem, principalmente da família, cônjuge e filhos, procurem ocupar o coração para que a tristeza não tenha espaço. Escolham bem os amigos, afastem-se das multidões, cuidado com a vida virtual moderna, com redes sociais, conheçam seus limites e sejam o melhor neles.
      Não adianta lutar contra certas coisas, se todos precisam de humildade, mais ainda os tristes, esses devem andar quebrantados diante de Deus, dependendo mais dele, sendo mais espirituais. A tristeza traz contemplação, na contemplação achamos a intimidade do Senhor e essa intimidade exclusiva dá aos tristes uma profunda felicidade, uma realização sem par, aos tristes Deus revela seus mistérios pois esses não acharam alegria em mais nada, só no Senhor.
      Na passagem inicial o povo de Israel se entristece diante da leitura e explicação da palavra de Deus, o povo de Deus chora porque percebe o quanto está distante do Senhor, o quanto estava desobedecendo e desagradando a Deus. Mas essa era uma boa tristeza, a do arrependimento, os arrependidos acham perdão e ganham consolo. O que veio após a enorme tristeza foi uma festa de alegria, a celebração dos humildes que querem seguir a Deus em obediência. Alegrai-vos, tristes em Deus, porque a alegria do Senhor é a vossa força.

quinta-feira, março 21, 2019

Conhecimento, sentido, força e paz

      “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus.Colossenses 1.9-10

      Apesar do nosso espírito ter acesso direto e irrestrito (ou mais ou menos irrestrito) à graça de Deus, nossa alma, que sente e pensa essa graça e que depois move nosso corpo, é indireta e restrita. Indireta porque muitas coisas podem atrapalhar a comunicação entre espírito e alma, restrita porque a alma é limitada, retém alguma graça que logo se encerra no que sentimos e pensamos. Esse é o motivo que faz com que mesmo que tenhamos uma experiência maravilhosa com a presença de Deus, através de oração e adoração, no domingo à noite, na segunda-feira à tarde já estarmos desanimados e vazios. 
      A primeira solução é não viver somente pelo que o coração sente ou pelo que a mente pensa, mas viver pela confiança num Deus que nunca muda e é sempre fiel. Contudo, não somos seres frios e robóticos, necessitamos das sensações e das meditações da alma, isso é o que nos faz sentir vivos, Deus sabe disso e sempre nos consola enchendo nossa alma de esperança e alegria. Uma segunda coisa, todavia, é importante para que em longo prazo tenhamos uma vida satisfeita, é saber a vontade de Deus para nossas vidas. Quando sabemos o que fazer achamos sentido na existência, nos sentimos úteis, nessa consciência achamos forças para seguir, nessa motivação há paz e em paz conseguimos fazer o que temos que fazer. 
      Esse loop ocorre de quando em quando, busca, conhecimento, sentido, fortalecimento, paz e execução, assim, se você está se sentindo sem paz, é porque está sem força. Não temos forças quando achamos que nossas vidas não têm sentido, a falta de sentido acontece quando não sabemos o que fazer. Dessa forma, de quando em quando é preciso buscar a Deus de uma maneira especial para saber a agenda do Senhor para nós, caso contrário tudo o mais não terá sentido e nós não nos sentiremos fortes e em paz. Sim, o homem precisa estar em atividade, deve aprender a não depender só dela para ter paz, mas precisa entender que fazendo o que Deus quer a vida não fica vazia e nós vemos sentido nesta breve mas tão intensa existência.

quarta-feira, março 20, 2019

Simples assim

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      A simplicidade do evangelho é o que faz dele não só uma religião, mas a maneira amorosa e direta de Deus pai encontrar os homens e fazer deles filhos curados e livres. Enquanto outras religiões, principalmente as orientais e o ocultismo, apresentam a relação do ser humano com o mundo espiritual através de métodos complexos, cheios de símbolos misteriosos, de ritos complicados, que precisam ser executados em horas, dias, meses específicos, através de invocações em línguas antigas, de cálculos matemáticos e astronômicos aprendidos a duras penas de mestres inacessíveis e nem sempre confiáveis, Jesus diz, vinde a mim e vos aliviarei. 
      Paz de espírito é possível através de uma oração direta em seu nome a Deus, e mais que um contato metafísico e apresentação de teorias que poucos entendem ou se dão ao trabalho de entender, o evangelho permite prática de vida na realidade de nosso dia a dia. Jesus nos faz, não doutores em esoterismos, mas seres humanos melhores, comuns, mas misericordiosos e justos. Acima de tudo, porém, o evangelho nos cura pelo perdão que entrega a felicidade que tanto buscamos e que tanto precisamos para seguir em frente. O melhor é que Jesus não joga sobre nós nenhm peso, não nos cobra nada, mas ensina que se há humildade, há descanso, tornando esta existência tão dolorida na matéria, viável a todos que se aproximam dele e permitem que ele os guie.

terça-feira, março 19, 2019

O que nos rouba a paz?

      “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém.I Pedro 5.6-11

      O orgulho rouba a nossa paz, a vaidade de querer fazer algo, mesmo aparentemente certo, mas que dará honra, evidência ao homem, não a Deus. Abro parênteses para enfatizar equívoco muito cometido, fazer o certo não basta para ser certo, tem que ser o certo na visão de Deus, fecho parênteses.
      Assim, a desobediência rouba a nossa paz, e isso não significa desobedecer para cometer um pecado na carne, há desobediência mesmo em fazer coisas certas, que não são pecado em si mesmas, mas que é errado fazer porque não era conveniente, não era o tempo nem o lugar orientados por Deus.
      A pressa rouba a nossa paz, o que nos leva de novo aos itens iniciais, temos pressa quando queremos aparecer mais que Deus e assim desobedecê-lo, mas a pressa tem que ser vencida não só como ação, mas como sentimento, que mesmo sem agir pode gerar ansiedade que tortura-nos e nos adoece.
      Algumas pessoas nos roubam a paz, assim é importante saber com quem vale a pena conviver, certos ambientes, mesmo de igrejas (por incrível que pareça) nos fazem pessoas piores e não melhores, dessa forma é importante saber chegar e saber sair, sempre debaixo da vontade de Deus em humildade.
      O mundo nos rouba a paz, a propaganda de seus valores nas mídias, os produtos de prazer que ele vende, a instabilidade que ele oferece para nos dar vidas dignas, em outras palavras, a matéria nos rouba a paz e é preciso que decidamos a que Deus servimos e adoramos, que não pode ser Mamom.
      O passado nos rouba a paz, mas só quando não temos presente que constrói um novo e melhor passado para o nosso futuro, dessa forma ao invés de nos torturarmos com o passado, gastemos energia construindo um presente bom, aqui e agora, sabendo que só depende de nós construirmos os tempos.
      Mas viver é confrontar nossa paz interior constantemente, mesmo que estejamos fazendo tudo certo aos olhos de Deus, o diabo nos tenta sempre e nossa carne nos acusa o tempo todo, assim é importante estarmos em comunhão com o Espírito Santo, orando e adorando ao Senhor em todo o tempo.

      

segunda-feira, março 18, 2019

Antigos mas não velhos

      “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.II Coríntios 4.16-18

      O corpo pode envelhecer, ficar velho, mas se o espírito seguir os ensinamentos do Espírito Santo, que são antigos, mas nunca envelhecem, estará sempre novo, renovado em Deus. Se é antigo e ainda serve pode ser porque é bom, já o que é novo não é bom só por ser novo, coisas só aparentemente boas não ganham idade, não ficam antigas, rapidamente envelhecem e perdem o valor, a verdade sobre elas vêm sempre à tona. Na novidade pode haver mais velharia que no antigo, mas mesmo coisas ruins podem se tornar antigas, se tiverem alguma verdade, útil obviamente para os maus. 
      Isso é válido para valores intelectuais, morais, da alma, mas mesmo a alma ainda envelhece com o tempo, contudo, os verdadeiros valores espirituais de Deus são muito antigos, sem jamais envelhecerem, assim os que os seguem estão sempre novos. Não tenha medo de envelhecer no corpo, isso é inexorável, os que tentam deter o tempo na matéria se tornam monstros ou loucos, todavia, manter o espírito sempre novo é se preparar para o momento maior da existência, a eternidade onde existiremos só em forma espiritual, onde então, o que é hoje um sonho da subconsciência, será realidade.
      Essa juventude espiritual se experimenta obedecendo a Deus sempre, obedecer não é se fechar, ao contrário, é se abrir, não para os homens, mas para Deus. Obedece-se não se acomodando com lições e posições passadas, mas buscando conhecer e viver em novidade de vida do Espírito Santo. Conhece-se a vontade de Deus orando, estudando a palavra de Deus escrita, mas também conhecendo tudo o mais que nos confira sabedoria sobre a vida, o mundo e o homem, seja na religião, na ciência ou na filosofia. 
      Mantemos nossos espíritos jovens estando abertos a mudar de opinião, quem tem medo de assumir que certas convicções podem ser equivocadas, envelhe, mas quem não tem esse receio descobre que essa mudança só descarta o que não é não legítimo assim, que nunca foi de fato sincero e útil, e fortalece o que é essencial, a causa inicial, a grande motivação, o princípio vital de Deus que é a única semente que pode gerar no homem as árvores da sabedoria e da vida.

domingo, março 17, 2019

Uma igreja em pecado pede milagre

      “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1.8-9

      Uma igreja em pecado pede milagre, uma igreja carnal pede ações excepcionais do mundo espiritual, uma igreja gananciosa e herege, quer continuar sendo igreja e ter os privilégios que têm os genuínos filhos de Deus. Uma igreja que está em pecado porque muitos pastores pregam milagre, mas não pregam santidade, e se pregam santidade, pregam os pecados estereotipados, como adultério e consumo de bebida alcoólica, pregam obediência a leis que disciplinam pecados visíveis, mas não pregam mudança de caráter. Assim crentes nunca crescem, nunca sabem decidir por si mesmos sobre a justiça, tornam-se apenas viciados e dependentes de cultos e de igrejas, meros religiosos. Eles recebem “milagres”? Até recebem, mas será que são de Deus? 
      É mais que espiritual, é cultural, e contra isso muitos púlpitos não se levantam, o principal erro cultural brasileiro é aquele que tanto falamos aqui, muitos querem ter, mas não querem pagar o preço correto para isso, principalmente nas áreas material e intelectual, assim dão um “jeitinho”. Querem ter, mas não querem ser, ao invés de estudarem para serem profissionais melhores, e então trabalharem mais e melhor, para estão terem prosperidade financeira, preferem crer no milagre, jogam pra Deus responsabilidade que é deles. Enquanto isso são infieis em muitas alianças e nem se consideram em pecado, pecado, repito, que muitos pastores não ensinam que é pecado. 
      Querem exemplos? Temos muitos, principalmente neste mundo atual viciado em prazeres eletrônicos. Para ter um celular melhor, muito evangélico compra celular roubado, ou compra um caro que não pode pagar ou que paga com dinheiro que poderia ser investido em um bem de mais qualidade para si e para a família, como estudo e saúde. Para ter um serviço de TV paga e de internet muitos membros de igreja fazem ligações clandestinas, para manter aparelhos de ar condicionado, que gastam muita eletricidade, muitos fazem “gato” no fornecimento de força ou usam aqueles aparelhos que alteram o relógio da luz para pagar menos. Isso sem falar em colar em provas, comprar diplomas e monografias, não pagar impostos, e todo tipo de vantagem desonesta que está inerente na cultura do brasileiro.
      Poucos querem assumir a vida que podem pagar ou prosperar do jeito certo, mas querem usufruir, e o pior é que isso acontece com membros de igrejas cujos pastores não ensinam que isso está errado. Se a gente questiona “evangélicos” assim eles respondem, “é tudo muito caro, não podemos pagar”, se sentem vítimas e nem acham que estão pecando agindo assim, ao contrário, tomam ceia do Senhor e pedem milagres como quem tivesse coração obediente a Deus com crédito para ser atendido pelo Senhor. Isso é mais que pecado, é heresia, pecado é errar, heresia é errar achando que está certo e que Deus não liga, mas o mais sério é que quem aprova essa heresia são muitos das lideranças das igrejas, que se não cometem os mesmos erros, também não corrigem quem comete. 
      O que os cristãos precisam entender é que pecado plantado e não perdoado volta como injustiça, como violência, como mal, ele dá legalidade para o diabo agir, autoriza-o. Isso acontece com crente e ele nem se dá conta, depois de roubar em coisas como as descritas acima, ele sofre um acidente de carro ou sua casa é assaltada, ou mesmo pega uma doença esquisita que ele não sabe de onde vem, que o faz ter um gasto não previsto que desestabiliza sua vida. Infelizmente mesmo tendo o troco da vida, muito cristão em pecado ainda assim não liga os pontos, não entende que ele está errado, e muitos ainda se vitimizam e levam seus falsos dramas aos cultos de oração pedindo milagres. Deus não corrije ímpios, esses já serão disciplinados na eternidade, mas Deus corrije os filhos, para que se acertem e sejam abençoados.


sábado, março 16, 2019

Rezar, orar ou meditar?

      Três termos são usados referindo-se a estabelecer contato com Deus: rezar, orar e meditar. 
Se estudarmos a origem latina (rezar em latim é “recito”) da palavra “rezar” vamos descobrir que ela traz um significado de “recitar”, “ler em voz alta”, “apresentar lendo”, “citar”, “pronunciar uma fórmula”, “repetir”, “dizer de cor”. Este estudo da raiz e da significação do termo “rezar” nos mostra que tal palavra se aplica melhor às preces prontas, de autoria de terceiros, que aprendemos e repetimos. Já o verbo “orar” tem suas raízes no termo latino “oro”, que significa “dizer”, “falar”, de onde também se deriva o termo “oral”, ou seja, “dito”, “falado”. Este entendimento se encaixa melhor com as preces na forma de uma fala, uma conversa. Orar é abrir o coração a Deus, como a um amigo. Fonte 

      Sem preconceitos, vamos refletir sobre os lados positivos dos três termos, que podem parecer a mesma coisa, podem ser usados para a mesma coisa, mas têm características distintas. A palavra rezar significa fazer uma celebração verbalmente, mas é usada mais na religião católica para se referir a conversar com Deus. Neste aspecto é importante entender que no catolicismo, na maioria das vezes, o diálogo com Deus ou com outras “entidades” (“santos”) é feito através de textos prontos e decorados, não de improviso ou criação de momento. A palavra orar significa discursar, falar publicamente, é mais usada cristianismo protestante ou evangélico também para referir a falar com Deus, assim também podemos entender que nesse aspecto orar não é repetir “rezas” decoradas e feitas anteriormente, mas criar o texto no momento, com liberdade e pessoalidade.
      Qual é certo? Ambos, se usados no momento adequado e com sinceridade. Católicos precisam aprender a orar, libertando-se de só usarem rezas prontas, que se não forem feitas com o vivo Espírito de Deus podem ser usadas mais como enunciados mágicos, como se as palavras ditas daquela maneira tivessem poder em si mesmas. Mas não pensem os protestantes e evangélicos que eles não rezam, rezam sim, e isso é bom, frases com “me perdoe em nome de Jesus”, “expulso pelo sangue de Cristo”, e tantas outras usadas na adoração são repetidas da mesma maneira. Para esse costume vai a mesma orientação, cuidado, sem o Espírito Santo num coração santo, as palavras não têm poder, mesmo que sejam originais. Uma oração mais livre, por outro lado, pode dar lugar ao ego e à vaidade, se usada como discurso para exibir algum tipo de aptidão do homem para homens, e não como a súplica de um humilde pecador diante de seu pai espiritual.
      Mas gostaria de me ater, nesta reflexão, mais ao termo meditar, um termo muito usado pelas religiões orientais e esotéricas (ou exotéricas) que contudo pode ser uma ferramenta importante e eficaz principalmente na cura emocional. 

Meditar: pensar muito sobre; refletir; estudar muito sobre alguma coisa; submeter à análise detalhada; ponderar; considerar; planejar cuidadosamente; projetar; buscar.... Fonte

      Apesar da definição do dicionário aliar à palavra meditar um sentido mais intelectual, o que não deixa de ter uma boa utilidade numa interação com Deus, já que muitas vezes é preciso, sim, ser racional, crer mesmo sem sentir ou dar muita atenção aos nossos corações enganosos, apesar disso, meditar implica numa relação, num diálogo, mais profundo com nós mesmos e com Deus, não só com mente e coração, mas também com nosso espírito e com o Santo Espírito de Deus. Penso que nestes tempos atuais, onde queremos acesso a tudo e rápido, onde viciados no mundo virtual e em máquinas como celulares, não temos paciência pra nada e não queremos pagar preços para nada, o cristão protestante evangélico precisa aprender a meditar. Muitos oram muito, até rezam, mas pouco meditam, dessa forma não permitem que todo seu ser, corpo, alma e espírito, se apossem das riquezas emocionais e espirituais que temos acesso através da oração feita a Deus no Espírito Santo e por meio de Jesus.
      Não estou dizendo que precisamos passar horas relaxando corpo e alma para experimentar paz e auto-controle, mas muitas vezes quinze minutos em silêncio vale mais que uma hora falando e falando. Não pensem evangélicos tão acostumados a se acharem melhores que os outros, que budistas ou hinduístas não têm eficiência em suas meditações, têm sim, mesmo que não tenham entendido o poder do nome de Jesus. Muitos experimentam na Ioga a paz que muitos crentes em vigílias ou católicos em novenas não experimentam, não estou dizendo salvação eterna, mas tranquilidade de alma, domínio sobre dores, mágoas e ansiedades. Isso acontece porque muitos que não são cristãos se atentam para partes do ser humano que os cristãos ignoram. Sim, os cristãos têm o mais importante, o que define paz na eternidade, mas muitos, mesmo com esse grande privilégio, acabam vivendo neste mundo vidas sem qualidade por acharem que saúde física e emocional não são tão importantes. 
      Assim budistas acabam na vida física e emocional tendo mais felicidade que os cristãos, mesmo que não experimentem a salvação eterna de Cristo.  O certo, a vontade de Deus, é termos uma coisa e termos também as outras. Quando tudo é feito com equilíbrio, então, corpo, alma e espírito entram em sincronismo com Deus, que tudo harmoniza e ilumina. A meditação não é coisa do diabo nem criação dos iogues, mas feita em Deus pode entregar aos cristãos a paz que eles tanto dizem ter, mas que muitas vezes não têm. (Ioga esotérica, e não a exotérica de butique que muitos ocidentais praticam, é bem mais que exercícios de respiração e postura, que foco mental e emocional, que regimes alimentares, ela é o início para uma relação com entidades espirituais maiores, que os cristãos chamam de arcanjos e anjos. Isso com certeza um cristão não busca, orientado que está pela palavra que diz que não se deve fazer contato com seres espirituais, por ser tão desnecessário quanto perigoso, para quem já tem acesso direto ao Altíssimo pelo nome de Jesus através do Espírito Santo).

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo? Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar. Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.” Salmos 13

      Davi e os salmistas sabiam meditar, os Salmos são experiências profundas de meditação, de análise do mundo, da vida, das outras pessoas, deles mesmos (os autores), não são meras preces triunfalistas e superficiais. Davi se conhecia num salmo, compartilhava suas inseguranças, seus terrores, suas desesperanças, isso não é murmurar ou descrer, mas é olhar a realidade, assumir a dor. Muitos com medo de ver o problema de frente e até achando que é pecado aprofundar-se mais nos abismos da alma humana, acabam permanecendo ignorantes quanto a si mesmos, assim não reconhecem, nem dão à doença o devido valor. Reconhecer a doença é metade da cura, a meditação serve para isso. 
      Depois, contudo, ciente e confesso diante de Deus, o salmista permite que o consolo do Espírito de Deus chegue e conceda esperança e vitória. Façamos orações assim, de mais qualidade, conhecer a Deus, de verdade leva-nos a nos conhecer melhor, assim como a entender qual é a nossa doença e como se apossar da cura em Deus para ela. Meditação cura, mas meditação no Espírito Santo cura eternamente, pois numa contemplação interior dessa forma nosso espírito fala coisas espirituais com o Espírito de Deus, isso um iogue não prova. Esse é o poder exclusivo do evangelho, de uma forma simples, qualquer pessoa pode falar diretamente com Deus, sem complicações, sem rezas decoradas, sem rituais ou segredos esotéricos.

      “Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia? “Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás os seus corações; os teus ouvidos estarão abertos para eles; Para fazer justiça ao órfão e ao oprimido, a fim de que o homem da terra não prossiga mais em usar da violência.” Salmos 10.1, 17-18

      A sinceridade do salmista, sem medo de revelar seu sentimento mais íntimo e verdadeiro, mesmo que não expresse a atitude verdadeira Deus, isso é o que nos mostra o versículos 1, é assim que o salmista inicia sua meditação, esquadrinhando a própria alma. Não, não é pecado duvidar das promessas, pelo menos não é quando se duvida emocionalmente, o que não podemos é deixar o sentimento do nosso coração dar a última palavra. Muitas vezes temos que andar pela fé que não acha respaldo no sentimento, mas no conhecimento que Deus tem tudo só controle e fará justiça. 
      Mas após uma viagem emocional na aparente injustiça existente no mundo, mostrando a maldade do homem e a própria fraqueza, o salmista, nos versículos finais do salmo, expressa a interpretação do homem que realmente conhece e confia no Deus que faz justiça e que não deixa que o direito do que confia nele seja usurpado, não para sempre. Isso é mais que uma oração rápida, tentando aceitar um Deus poderoso de forma superficial, negando o que tem no coração, diante de um Deus que conhece todas as mais profundas intenções, isso é uma reflexão profunda sobre tudo, isso é meditar.

sexta-feira, março 15, 2019

...e mais estreito fica

      “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” Mateus 7.13-14

      Quem ouve o chamado inicial do evangelho começa a trilhar o estreito caminho, contudo, esse caminho fica mais e mais estreito à medida que o cristão caminha. Dessa forma, não estranhe se as coisas mudarem, se as exigências ficarem maiores, se o padrão de fidelidade e santidade que o Espírito Santo mostra a você ficar maior, mais excelente, isso é sinal que você está seguindo em frente, que não está parado no plano de Deus para tua vida. Apenas obedeça e siga, se a responsabilidade é maior, a intimidade com Deus também é, assim como o consolo e o suporte de Deus para que tenhamos vidas decentes. Não, à medida que o caminho se estreita não ficamos mais prósperos materialmente, não todos, mas tenha certeza, obedientes em tudo no estreito caminho, Deus envia seus anjos para nos assistirem, para guardarem a nós e as nossas famílias. O caminho do profeta de Deus é solitário, mas o que tem chamada para tal não será feliz se não continuar nele, assim será até o fim da jornada, e a jornada, como se diz, só acaba quando termina.