sexta-feira, julho 31, 2020

O mal está nos extremos (parte 4/4)

Saul, o rei que o povo queria

      O texto que segue é a conclusão da reflexão “O mal está nos extremos”, que foi compartilhada nas últimas três postagens do blog. Quem tiver olhos verá paralelos entre uma história da nação de Israel do antigo testamento e a realidade do Brasil atual. 

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” 
      “E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.” “Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia. 
      Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu aos ouvidos do Senhor. Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um à sua cidade.
      “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, filho de um homem de Benjamim; homem poderoso. Este tinha um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.”
I Samuel 8.4-7, 8.10-11, 8.17-22 e 9.1-2
      
      O sistema político de Israel do antigo testamento, conforme a vontade inicial de Deus, deveria ser o teocrático, assim Deus era o rei da nação hebraica, Deus expressaria sua vontade, sobre todos os assuntos, sociais, militares, religiosos e mesmo de saúde e higiene, através da Lei e da tribo de Levi. Mas logo que chegou à terra prometida de Canaã, juízes foram levantados, continuando a liderança de Moisés e Josué, para governar Israel, começando com Otniel, passando por Débora, Gideão e Sansão e chegando a Samuel, o últimos juiz, um dos personagens mais importantes da história da nação hebraica. Nesse ponto o povo de Israel sucumbe à tentação das nações vizinhas, que não obedeciam o Deus verdadeiro. A raiz de todo pecado, a origem do erro, é olharmos para fora do plano de Deus, é tirarmos os olhos de Deus e acharmos prazer em algo que não é autorizado pelo Senhor. 
      Samuel tomou o pedido de Israel como pessoal, pudera, seus filhos o tinham desapontado para darem seguimento à sua missão, mas Deus sabe o que faz, se tivessem continuado poderia se estabelecer com isso uma monarquia que poderia fazer mais mal que bem e destruir as boas coisas que Samuel tinha construído com seu trabalho. Não reclamemos quando algo termina, pode ser Deus querendo guardar o que conseguimos fazer de bom até então, se continuasse poderia acabar mal, é melhor terminarmos algo na melhor fase, para que as lembranças sejam boas. Contudo, um profeta de fato íntimo de Deus como era Samuel, tinha seu coração sincronizado com o Senhor, ele se magoou com o pedido de Israel, mas Deus também não gostou, o sentimento de Samuel era o mesmo de Deus, “não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”.
      Deus sempre trabalha em nós e conosco na luz, de forma clara, sem mentiras ou ilusões, assim ele resolveu dar a Israel o que ele queria, mas avisou o povo das consequências disso, de terem um rei humano, não divino, de invejar as outras nações e de desejar para ele aquilo que Deus não queria dar porque não era o melhor. Deus tem sempre o melhor para nós, confiemos nisso, ainda que não entendamos no momento, não invejemos ninguém, achando que o que o outro tem é melhor que o que temos. Aquele a quem servimos é de quem dependeremos, bom é servir a um Deus justo, sempre seremos tratados com justiça, mas o que serve a homens não tem segurança. Hoje o homem pode estar de bom humor e tratar bem, mas amanhã, não, o homem é volúvel e inconstante, egoísta e cruel. Deus avisou o povo, mas ainda assim ele insistiu em seu desejo, estava cego e pagou por isso.
      Estas palavras selaram o destino de Israel, “nós também seremos como todas as outras nações”, quando o povo de Deus não vê mais relevância em serem homens e mulheres diferentes, no molde de Jesus, quando ainda que vá à igreja, ore, dizime, pratique a religião, o faz para pedir a Deus valores, não de Deus, mas do mundo, prosperidade material, bens, posição social, o desvio está concretizado. Não, Deus não vai contra, na insistência Deus dá ao ser humano exatamente o que ele quer, não existe mais outra maneira de se aprender o melhor caminho que andar pelo caminho ruim e quebrar a cara. O pai celestial, de uma maneira espiritual, que nós que gostamos tanto de antropomorfizar o divino não entendemos de maneira correta, deve se “entristecer” com um pedido desses, que em outras palavras diz, “não quero ser igual ao Senhor, quero ser como as pessoas do mundo”. 
      Saul era um homem bonito, devia ser bem carismático, se era engano que o povo queria Deus permitiu que esse engano fosse grandioso. Assim pode acontecer também conosco, se insistirmos numa rebeldia, em desejar o que Deus não quer dar, acabamos recebendo, o que a Bíblia diz em Mateus 7.7? A fé sempre tem resposta (eis aqui um mistério), mas nem tudo que a fé conquista é do melhor de Deus, ainda que ele dê. Os que insistem em pedir e crer, depois de um não de Deus, saibam, se tivermos ouvidos espirituais abertos, Deus responde na primeira vez que pedimos, diz se quer ou não dar, os que insistem ou estão surdos ou são rebeldes. Mas pior que o não de Deus é o sim dado ao rebelde, é um mal disfarçado, que revelará a essência do ser humano, que o disciplinará duramente, o enganará até as últimas consequências, como um “belo Saul”, para que no fim quebrante o coração duro e o faça entender que o melhor é ser igual a Jesus.

quarta-feira, julho 29, 2020

O mal está nos extremos (parte 3/4)

      O texto que segue é a terceira parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

      Quem acompanha o “Como o ar que respiro” sabe do posicionamento do blog com relação a envolvimento de cristãos com política, cremos que deve ser o mínimo possível, votando bem e evitando ter cargos. Mas na possibilidade de ter cargo político seria conveniente que o cristão não tivesse cargos em igreja, para que as coisas não se misturassem, por outro lado, mesmo nessa possibilidade, púlpitos não devem ser usados para promoção política em hipótese alguma. Sim, é sábio que as ovelhas sejam ensinadas a “dar a César o que é de César, e a respeitarem todo tipo de autoridade, mas usar influência como liderança evangélica para constranger ovelhas a votarem nesse ou naquele, em nosso ponto de vista é tão errado quanto permitir que poderes políticos tenham algum tipo de influência dentro de assuntos da igreja, obviamente dentro de assuntos que não ofendem leis. 
      Mas a questão não é só “técnica” e teórica, ela é muito mais prática, não pode haver comunhão entre luz e trevas, simples assim, dessa forma é muito difícil (para não dizer impossível) para um cristão verdadeiro conviver com um sistema político mundano tão envolvido em trocas de favores, corrupção e imoralidades. A maioria das pessoas não faz ideia da sujeira moral que existe em câmaras de vereadores, de deputados, em senados etc, envolvendo todo tipo de devassidão, sexo, drogas. Política interage com a pior vaidade humana, que é pior que dinheiro e bens, é simplesmente poder, controle sobre as pessoas. Baseado nisso, uma grande massa de evangélicos ser levada a apoiar um candidato porque se diz cristão e tem envolvimento com os evangélicos, é aliança que não deve existir, ainda que o candidato seja de fato cristão e um homem realmente praticante do evangelho, equilibrado, honesto, humilde e sábio. 
      Sim, podemos escolher alguém (e temos o dever cívico disso) e votar nesse alguém, como melhor opção dentre as que se apresentam num determinado momento, mas sem idolatrar esse alguém, sem venera-lo como um “mito”, não como cristãos, para nós isso é sacrilégio, ou deveria ser. Tudo o que ocorre no mundo, principalmente em suas lideranças, políticas, empresariais, tem que ser acompanhado com temor e vigilância pelos cristãos, nunca confiando demais, o mundo é território do mal, de um jeito ou de outro quem dá a palavra final nele, autorizado por Deus, é o diabo, não nos enganemos com relação a isso. Mas um povo cego pelas tantas heresias que falsos pastores lhes contaram pede um líder maior à altura de sua estultícia e desvio, quando se pede muito por algo, mesmo que seja algo ruim, esse algo é dado, não para a alegria, para a tristeza, os que viverem (e infelizmente isso não é só força de retórica nestes dias) verão.
      Aqueles que se colocam num extremo e veem teorias da conspiração no outro extremo, correm o risco de estarem cegos com relação a uma conspiração real, não teórica, acontecendo em seu próprio extremo. Se alguém crê que isolamento social na pandemia da Covid 19 é agenda da esquerda para dar impeachment no presidente, por que não pode crer que o negacionismo é uma maneira de desacreditar a ciência, colocar militares no maior número de cargos políticos possíveis, para então dar um golpe com base militar? Forças armadas são poderes para defender um estado, não um governo, contudo, o atual presidente tem trazido militares para defenderem seu governo, isso ninguém pode negar, isso é perigoso. Sobre as teorias de conspiração de ambos os extremos, não estamos dizendo que uma ou outra é real, podem ser só meras ilusões psicóticas de quem se coloca em extremo “burro”. 
      Israel pediu um rei conforme seus corações, lhes foi dado Saul, extremistas não querem Davi, muito menos Deus, mas Saul. Triste foi o fim de Saul, que dentre os pecados o maior talvez tenha sido o de perseguir o melhor escolhido por Deus para ocupar o cargo que nunca foi seu, que ele nunca teve sabedoria para exercer. O estúpido fica cego, não vê o óbvio na obsessão de querer ser fiel a homens que dizem o que ele quer ouvir, não a verdade de Deus, Saul não apareceu do nada, foi fruto de um anseio popular, da rebeldia dos corações dos israelitas, ele só potencializou o mal de um extremo. No Brasil já vimos isso acontecer uma vez, na esquerda, que levou o país à bancarrota, será que isso não está ocorrendo de novo, agora no outro extremo? Salvação só pode vir de Deus, de mais ninguém, enquanto isso não for vivido muitos serão enganados pelo mal que está nos extremos, e não nos referimos ao mundo, mas aos cristãos.

segunda-feira, julho 27, 2020

O mal está nos extremos (parte 2/4)

      O texto que segue é a segunda parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

      O presidente do Brasil diz que existe um complô contra ele, que coisa doentia isso, e doentes são também os que acreditam nisso. Ele e o Brasil não são tão importantes assim para o mundo a ponto de O.M.S., China, E.U.A., Europa etc, se unirem para derruba-lo. Essa pandemia vai prejudicar a economia mundial? Sim, isso é inegável, nações poderosas do mundo já aceitaram isso e já estão colhendo os amargos frutos dessa verdade, assim ninguém vai culpar o presidente do Brasil por isso. Por outro lado, ele será culpado, sim, por pessoas morrerem por não fazerem isolamento social apropriado, que o próprio presidente nega em alto e bom som, ser necessário. E por que essa apologia da tal hidroxicloroquina como solução? Está bem claro que é um remédio com muitos efeitos colaterais e que só é recomendado em último caso e com aprovação mútua de médico e paciente, ele não pode ser prescrito de forma generalizada, não por enquanto. Mas o pior, repito, é que evangélicos e protestantes apoiam a maneira de governar nessa pandemia do atual presidente do Brasil. 
      Quem ganha quando gente que deveria ser equilibrada se coloca num extremo? O outro extremo, que acha álibis para desmerecer seu antagonista. Mas existe um terceiro grupo de pessoas, o grupo do centro, dentre os quais eu tento me posicionar, dentre os quais os cristãos deveriam, essencialmente como seguidores do evangelho de Jesus, se posicionar. Quem elegeu o atual presidente não foi os de extrema direita, não foi, foi os do centro que não quiseram apoiar o extremismo da esquerda, que se corrompeu. Contudo, e esse é o principal perigo para o atual presidente, para seus devotos e para os evangélicos que o apoiam, esse posicionamento sem equilíbrio que o líder brasileiro está tomando frente à pandemia esta desapontando esse centro. Numa próxima eleição a extrema direita não será vencedora, não num segundo turno quando muitos têm que se unir num único candidato, assim muitos do centro podem mudar de lado e eleger de novo a esquerda. Mas se politicamente isso é uma derrota para a direita, para o cristianismo também é.
      O descrédito que a direita está ganhando pode fazer voltar ao poder o lado que mais se posiciona contra os valores da tradição judaica-cristã, valores ainda importantes para muitos que não querem reavaliar suas crenças. Não existe vantagem nenhuma no extremo, e isso, ao contrário que muitos evangélicos pensam, não é negociar com o mal, não é andar parte na luz e parte nas trevas, não é ficar em cima do muro. Em primeiro lugar é preciso entender que equilíbrio é necessário para se viver neste mundo, é coisa prática principalmente para existência social com as diferenças de escolhas dos homens, diferenças que o próprio Deus permite e respeita e que chamamos livre arbítrio. Podemos até ter posicionamento espirituais, religiosos e morais, radicais, mas para nós, não para os outros, nem para os nossos filhos que também devem ter direito à escolha. Na política o equilíbrio é condição sine qua non porque se propõe a governar a todos com todas as suas divergências, tanto quanto isso é possível de forma civilizada e não violenta. 
      Por que tantos evangélicos, incluindo lideranças importantes deles, caíram na arapuca “presidente “cristão” mais extrema-direita”? Porque já vinham desenhando esse final há algum tempo, já vinham fazendo escolhas de culto, de fé, de igreja, de pastor, de palavras que queriam ouvir em detrimento de não ouvir outras, isso há algumas décadas, no Brasil pelo menos. Não, não se cai numa grande e derradeira armadilha assim, de um dia para o outro, o inimigo vai armando pequenas arapucas, aqui e ali, desviando as pessoas aos poucos, no início nem tirando do caminho estreito, mas levando as pessoas a olhar para os lados, mesmo que continuem caminhando para frente. O que as levam a olhar para os lados vai se tornando tão interessante que num determinado momento elas param, estacionam, depois disso, finalmente, saem do caminho e seguem pelas laterais, que sempre conduzem para trás. O momento que vivemos atualmente no Brasil para os evangélicos é esse, dando um passo fora do estreito caminho.
      Muitos cristãos está maravilhados com a possibilidade do cristianismo ter poder neste mundo. Como é plano de Deus? Não, só repetindo o que a Igreja Católica fez há centenas de anos. O povo de Deus, liderado por falsos pastores, caiu no pecado da ganância, amou mais o mundo que a Deus, e não fez isso buscando os prazeres da carne ou adorando falsos deuses. Não, o desvio foi mais sofisticado, o mal não armaria uma armadilha óbvia e fácil de ser achada, tinha que ser algo mais elaborado, como serão todas as estratégias das trevas daqui para o final dos tempos. Assim o inimigo construiu uma arapuca de ideologias bíblicas, baseadas em promessas do antigo testamento, na grandeza de Davi e Salomão como reis de Israel, usando a fé na fé que vence os inimigos e permite prosperidade econômica e social no plano físico. O candidato a presidente só instrumentalizou tudo isso, os líderes evangélicos acharam um político com chances de liderar o Brasil baseado naquelas heresias que eles já estavam doutrinando suas ovelhas.

sábado, julho 25, 2020

O mal está nos extremos (parte 1/4)

      O texto que segue é a primeira parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

     As pessoas gostam de se colocar nos extremos, por que isso? Porque é mais fácil, nos extremos assumi-se posicionamentos claros e simples, ou se é preto ou se é branco. O centro, contudo, é mais difícil, tem que se esforçar para achar o equilíbrio, para discernir entre as graduações de cores e ver qual é a melhor para uma situação específica. Outra vantagem preguiçosa de quem se coloca num extremo é colocar seus opositores exatamente no extremo oposto, novamente sem se dar ao trabalho de avaliar com equilíbrio. A verdade é que opostos se atraem para odiarem-se, e nada é mais próximo do amor que o ódio (a verdade, mesmo, é que o oposto do amor é o desprezo, não o ódio, no desprezo não se usa mais energia com alguma coisa, simplesmente se desconsidera algo como merecedor de qualquer reação, já no ódio usa-se a mesma energia que se usa no amor, ainda que para criticar, não elogiar, quem odeia importa-se com algo e faz questão de mostrar isso, mas voltemos ao ponto).
      Esse extremismo “burro” nota-se atualmente no Brasil na área política, principalmente desde que um candidato nas últimas eleições trouxe à tona o extremismo de direita, que andava escondido ainda sob o remorso da violência que a ditadura militar tinha exercido em nosso país. Na verdade a extrema direita nunca teve remorso, e quando achou legitimidade, numa extrema esquerda que perdeu a sua por causa da corrupção e de um candidato que não teve medo de se assumir como extrema direita, ressurgiu. O embate foi estabelecido, e diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas, onde se opunham, ainda que falsamente, só esquerda e centro, teremos de agora em diante um confronto constante entre dois extremismos, o confronto mais “burro” e preguiçoso que existe. Mas o que isso tem a ver com o “Como o ar que respiro”? Tem a ver porque esse confronto diz respeito ao povo de Deus, nosso foco aqui não é avaliar o mundo, mas a Igreja.
      É preciso fazer isolamento social nesta pandemia da Covid 19 que veio para ficar enquanto não se descobrir uma vacina? Sim, mas sem extremismo, com sabedoria, aliás, se o brasileiro tivesse boa educação e bom senso nem precisaria de regras e multas. Quem realmente precisa, que saia de casa, mas quem não precisa, não saia, fazer mercado é imprescindível, mas saia uma pessoa só da família para isso, de preferência jovem. Nem acho que precisaríamos parar todo o comércio, não se as pessoas tivessem equilíbrio, mas se não há equilíbrio é preciso de regras extremas. Leis e extremismo, repito, é para gente com deficiência intelectual, popularmente chamada de “burra” (desculpem-me  linguajar). Equilíbrio está funcionando em alguns países europeus, como a Alemanha e a Suécia (pelo menos no momento em que este texto está sendo escrito), mas porque os povos desses países têm uma educação, social, intelectual, moral, bem diferente da do brasileiro em média e em sua maior parte. 
      Equilíbrio é para os equilibrados e nos extremos não há equilíbrio, assim um líder “negacionista” que defende o não isolamento e despreza a ciência, dá mau exemplo para grande parte do povo brasileiro que o vê como modelo, prejudica duas vezes, pelo que faz e pelo modo como faz. Ele até poderia defender seu posicionamento, mas com sabedoria, orientando o povo na maneira melhor para enfrentar essa tragédia mundial, mas de maneira alguma sentando num lado extremo demonizando o outro lado. Mas o pior disso tudo é que um povo que se diz cristão, que deveria ser espelho de sabedoria e bom senso, apoia esse extremismo, além de extremar seus opositores denominando-os de “comunistas” que conspiram contra um presidente, um país e um cristianismo. Não percebem que o diabo montou uma arapuca e muitos cristãos caíram como patos, e se é uma armadilha é porque tem características de engano, que parecem uma coisa mas são outras, senão não seria arapuca. 
      Algo que me deixa muito preocupado é a falta de temor que muitas pessoas estão tendo, desprezando totalmente a situação, agindo como se nada estivesse acontecendo. Tudo bem, pode sair, pode ir a comércios, mas ajam com cuidado, que se diminua o tom de voz, que se fale menos, que estejamos na realidade com uma atitude de cautela, e isso não é só efeito de um posicionamento íntimo de vigilância, mas é se proteger. Vejo gente rindo e falando alto em lugares públicos, sabemos que o Corona se transmite por gotículas que saem de nossas bocas não só quando espirramos, mas quando falamos também, o simples fato de conversar com alguém pode passar o vírus, mas alguns não só não se importam, mas fazem questão de serem mais enfáticos, para usar uma palavra mais elegante, naquilo que acreditam, sendo irresponsáveis com toda a sociedade. Nessa atitude, repito, tenho visto muitos evangélicos, muitos, atitude que se não for totalmente errada e no mínimo inconveniente. 

sexta-feira, julho 24, 2020

Três reações diante de uma crise

      “Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra. Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.I Reis 17.1-9

      Com essa pandemia da Covid 19, a realidade nos confronta com um tipo, e eu disse tipo, de “apocalipse”, diante disso, listo três reações que as pessoas podem ter: mudarem de vida, não mudarem de vida porque não querem mudar, ou não mudarem porque não precisam. Qual dessas é a minha ou a tua reação? Alguns não esboçam reação, esses viveram toda uma vida assim, escondidos dentro de buracos, se acostumaram a desligarem-se da realidade. Por quê? Porque sofreram demais, foram agredidos demais e não acharam forças ou não escolheram achar forças para reagirem. Para esses a doença de um familiar, a bancarrota econômica do país, a poluição mundial, a falta de água, ou uma pandemia global é a mesma coisa, não lhes diz respeito. Esses se acomodam a zonas de conforto e lá ficam. 
      Zonas de conforto, todavia, são escolhidas por motivos diferentes, e muitos as escolhem nem por traumas pessoais, mas simplesmente por displicência, foram mimados, protegidos e sustentados durante todas as suas existências, sem que precisassem fazer muito esforço. Para esses também tanto faz, e esses são os que podem apoiar ideologias políticas convenientes que também negam a realidade, irresponsáveis seguem loucos que fazem aqueles que sempre sofreram na vida sofrerem mais e antes de todos os demais. Os que não querem mudar diante de uma crise, e que precisam mudar, não prejudicam só a si mesmos, mas aos outros, mas o que os apoia e lhes dá uma segurança para serem assim, um dia desmorona e os faz cair numa humilhação pública.
      O correto, o sábio, é todos nós, em alguma instância, quando confrontados por uma realidade ruim, avaliarmos as coisas, e em primeiro lugar a nós mesmos, para sabermos o que podemos fazer para mudar essa realidade, assim como para entender se de alguma forma nós contribuímos para que ela ficasse assim tão ruim. Isso é o que gente lúcida faz e é o que cristãos, que se dizem povo da luz, deveriam fazer. Contudo, no momento atual do Brasil onde coincidiu a pandemia com um presidente com determinadas características, muitos evangélicos teimam em não mudar de vida, ou em tentar combater uma situação, tão ímpar quanto séria, ou com negação ou com aquela fé apóstata que acha que pode tudo pelo simples fato de crer, pondo o poder no homem e não em Deus. 
      Mas temos um terceiro tipo de reação, que é exceção mas que não deveria ser, principalmente, repito, entre evangélicos, é aquela que não muda, significativamente de vida, porque não precisa. As pessoas com essa reação andam pelo caminho estreito do evangelho, têm intimidade com Deus, sabem o poder da obediência e da consequente santidade que só o obediente experimenta, essas pessoas estão preparadas para tempos ruins e quiçá derradeiros. Mas essas pessoas se aproximam ainda mais de Deus em momentos terríveis, se colocam na brecha por outros, falam menos, agem mais, não entram em polêmicas de arrogantes, rebeldes e vaidosos, se refugiam no Altíssimo. 
      Para essas pessoas Deus revela os mistérios, explica os motivos, essas pessoas não são enganadas por falsos profetas, por “messias” mentirosos e estúpidos, essas serão guardadas por Deus, como foi o profeta Elias (I Reis 17 e 18), essas, mesmo na maior das crises globais, serão sustentadas e alegradas. Quando Deus disciplinou Israel por causa do pecado do povo e do rei Acabe, será que não existiam pessoas no meio do povo, que como Elias, não estavam em falta com Deus? Sim, existiam, mas ainda assim sofreram com todos os demais a disciplina de Deus, a falta de chuva. A diferença é que esses, que não mudaram de vida porque sempre estiveram prontos, foram sustentados por Deus de maneira especial, como Elias, primeiro pelos corvos no ribeiro e depois pela pobre viúva.
      Parece humilhante um homem ser sustentado por uma mulher (e isso naquele tempo era bem mais sério), viúva (sem um marido que a ajudasse), pobre e com o filho doente? Não, não para Elias, e essa história de Elias sempre me intriga, quem quer ser ou se acha profeta que aprenda com esse que é um dos personagens bíblicos mais importantes. Mas por que não foi humilhante para Elias? Porque ele estava pronto, não precisou mudar, se achava no centro da vontade de Deus, era o homem que o Senhor estava preparando para uma missão única, destruir os falsos profetas, os de Baal, não de Deus, que enganavam o povo e seu governante. Quando Deus está no comando até corvos, animais ligados à morte, e uma pobre viúva, também tão próxima ao fim, servem de instrumentos de vida para que o servo do Senhor seja sustentado. 
      Uma pergunta precisa ser feita: que profeta temos sido nessa pandemia, os de Baal, que sempre dizem que não existe nada de errado, que não é preciso mudança, e que basta sermos como sempre fomos? Ou Elias, que sozinho se colocou contra os falsos, os rebeldes que seguiam o iníquo governante Acabe? Não entenda errado, qualquer semelhança entre a história de Elias e a do Brasil atual, em muitos pontos, pode ser mera coincidência, não estamos chamando esse líder de Acabe nem aqueles de profetas de Baal, mas reflitamos mais em Deus sobre o terrível momento que vivemos e o que precisamos mudar de fato para que a situação mude. Ou não precisamos mudar? Se for isso é porque tudo está certo e a pandemia mundial é só uma invenção para derrubar o presidente de uma nação em terrível crise econômica da américa latina. 

quarta-feira, julho 22, 2020

Deus e o Diabo

      “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.II Coríntios 2.14-15

      Muitos se enganam quando interpretam a oposição entre Deus e o Diabo, como diz o texto inicial, o verdadeiro conhecimento de Deus é como um bom perfume, deixa a vida mais agradável, entendamos, então, melhor: Deus e o Diabo estão numa batalha eterna? 

      Em primeiro lugar, não existe uma guerra de igual para igual entre Deus e o Diabo, Deus foi, é e sempre será vencedor, ponto! O Diabo e os demônios são criaturas, como os seres humanos, criador só existe um, Deus. Em algum momento do tempo os seres puramente espirituais (que não encarnam) também tiveram livre arbítrio e puderam escolher não estar na luz, ainda que mesmo assim tudo o que fazem requeira autorização de Deus. Assim, a partir dessa escolha são “usados” por Deus para fazer o trabalho “sujo”, digamos assim, nas vidas dos homens, isso compreende principalmente a execução de testes morais aos quais os homens são submetidos, começando pela tentação mítica de Adão e Eva no jardim do Éden. Dessa forma, o embate que existe, é no coração do homem, nesse, sim, há uma guerra onde os dois lados têm, autorizados por Deus, forças e chances iguais, o bem e o mal, a luz e as trevas. Cabe ao homem fazer a escolha, sob o livre arbítrio também dado por Deus, dessa maneira, em última instância, se o diabo tem alguma vitória é o homem quem dá e é no coração humano. 
      Em segundo lugar só existe um Deus altíssimo, mas existem vários diabos. “Tecnicamente” vários seres espirituais se rebelaram contra Deus, muitos acreditam que são quatro os maiores arcanjos caídos, Lúcifer, Beliel, Satanás e Leviatã (representantes dos quatro elementos) ainda que a Bíblia chame esses líderes genericamente de Diabo e que isso seja de fato o que importa para o cristão comum, para que ele possa expulsar e vencer o mal no nome de Jesus. O reino da luz é simples e único, já o reino das trevas é plural, complexo e dividido, contudo, esse entendimento não precisamos ter para estar em comunhão com Deus e termos vitória sobre os seres espirituais caídos. O bem é basicamente um, obedecer e adorar a Deus, o mal, contudo, é o resto, incluindo fazer o bem, mas sem estar em obediência a Deus e sem adora-lo por isso. Mas alguém pode de fato fazer o bem, aquele que permanece e dá frutos para eternidade, se não for debaixo da obediência de Deus e para a honra dele somente? Em alguma instância, não, todavia, aí está uma das grandes estratégias do Diabo, se não for a maior, para enganar o homem. 
      O bem é obedecer e adorar a Deus, e isso só pode ser feito de maneira completa através de Jesus Cristo, o mal obedece e adora o próprio homem, não necessariamente e diretamente o Diabo, mas tudo que foca no homem, como origem e fim, em última instância agrada ao Diabo. Entenda isso com clareza, o pior “diabo” não é satanista, mas é humanista e humanistas existem até no meio cristão (fé na fé é um jeito de glorificar o crente não Deus), esse é talvez o pior ardil do mal. A luz é sempre 100% boa, já as trevas se existirem em 1% é suficiente para que os outros 99% sejam borrados. Deus é sempre uno, singular, exclusivo, já os diabos se multiplicam e se recriam conforme os corações humanos. Isso significa que o bem, que parte de um coração não 100% na luz, não é considerado por Deus? Não, Deus é misericordioso e paciente, vê a sinceridade boa e a recompensa, o que ocorre é que essa recompensa se manifesta em níveis diferentes. O bem maior que terá o melhor fruto é crer em Jesus, disso advém a salvação eterna do homem, mas toda boa obra tem seu bom fruto, ainda que seja só no nível mais baixo, o mundo. 
      O que podemos dizer para concluir esta reflexão, não nos preocupemos com os diabos? Nos ocupemos com Deus e nos esqueçamos do resto? Contudo, muitos cristãos se ocupam mais em colocar a culpa de seus problemas nos outros, e principalmente no Diabo, que de fato conhecerem mais a Deus. Dizem que une muito mais as pessoas um inimigo comum que um amigo comum, quando alguém incomoda, rapidamente um grupo se junta para criticar esse alguém, ainda que esse grupo não seja um grupo de amigos que se considerem mutuamente. Mas criar um inimigo comum é estratégia do Diabo, Hitler fez isso quando colocou os judeus como inimigos de todos, todos se uniram debaixo de sua liderança, motivados, dentre outras coisas, por um ódio ao povo judeu. Cuidado, odiar o diabo não nos faz bons cristãos, amar a Deus é o que nos faz, contudo, o que cresce no conhecimento de Deus também é ensinado sobre as estratégias das trevas, para então agir na luz, não com preconceitos, mas com a verdadeira sabedoria espiritual, aquele conhecimento de Deus que é como um perfume.

segunda-feira, julho 20, 2020

A luz é mais forte

      “Não erreis, meus amados irmãos. Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.Tiago 1.16-17

      Quando se deseja luz acesa aperta-se o interruptor, e pronto, ela está ligada, mas mais que isso, ainda que a luz artificial esteja desligada, a luz natural, do Sol e mesmo a refletida na Lua que volta à Terra, entra pelas frestas e acaba iluminando um ambiente. É difícil esconder a luz, assim é muito mais difícil ter uma escuridão plena. Deus, o altíssimo, santíssimo pai da luz, se tem acesso através de uma oração humilde feita no nome de Jesus, já o reino das trevas não é tão fácil de se contatar, ainda que o homem que não experimenta Deus por Jesus esteja naturalmente nele em alguma instância.
      Quem conhece um pouco sobre ocultismo e alta magia sabe como são complexos os rituais para comunicação e controle de entidades e diabos, e não me refiro à baixa magia, onde, via de regra, demônios menores possuem pessoas com a liberdade que as pessoas lhes dão. A Cabala e outros sistemas mágicos estabelecem regras complicadas para acessar esse ou aquele anjo, por um meio que o cristianismo não considera legítimo, portanto um meio das trevas, não da luz. O meio da luz é Jesus Cristo e para se acessar o Deus único e verdadeiro, simples e diretamente, sem complicações.
      Com as pessoas, luz e trevas também têm seus comportamentos, alguém que teve uma experiência real com Deus, ainda que tente disfarçar, por timidez ou outro receio, será delatado. Pedro (Mateus 26.69) tentou e foi revelado pelo que ele era de fato, um discípulo do mestre que acompanhou Jesus por anos. Por outro lado, os grandes magos andam disfarçados entre nós, eles não se revelam nem são reconhecidos com facilidade, um esotérico de alto nível (e me refiro aos verdadeiros, não aos de butique) pode conviver com você, em seu ambiente de trabalho, de estudos ou familiar, e você nem sabe.
      A luz é mais forte, e revelará sua vitória no final, vitória que sempre existiu mas que no momento atual é segurada pelos desígnios divinos, assim ninguém se engane achando que de alguma maneira um caminho ou um ser que tem compromisso com as trevas tem vitória, se hoje parece ter é só por um tempo. A luz de Deus se revela em nós para os homens quando perdoamos, quando amamos, quando agimos com justiça e mais ainda, quando agimos com misericórdia e generosidade. A luz nos mostra a melhor escolha a ser feita, aquela que nos fará seguir em paz, sem medo do futuro nem peso pelo passado. 

sábado, julho 18, 2020

“Você pode tudo o que quiser”? Mentira!

      “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.II Pedro 3.13

      Algumas coisas passaremos a vida querendo fazer ou ser e nunca faremos ou seremos, pelo menos não bem o suficiente para deixar nossa marca no mundo. Por quê? Porque não podemos tudo, ser tudo ou ter tudo, ainda que filmes e músicas da Disney assim como pregadores da teologia da prosperidade e do triunfalismo neste mundo digam o contrário. O mundo moderno tem pregado tanto essa mentira que muitos vêm para as igrejas evangélicas querendo ouvir isso, achando que o evangelho, mais que qualquer outra religião (por ser a melhor religião, conforme eles creem), pode entregar isso aos homens, e o pior é que ouvem isso de muitos púlpitos. Muitos pastores demonizam a Disney, mas não percebem que pensam do mesmo jeito que ela, em muitos aspectos, ainda que se achem soldados divinos contra uma organização satânica.
      Se Jesus que tudo podia, como homem, teve que abrir mão de tudo para cumprir sua missão, o que não diria nós, que podemos tão pouco? Mas ainda assim muitos se acham “cristos”, “deuses”, que precisam de menos fé, mas de mais humildade, e talvez um pouco de autoconhecimento e de psicoterapia. Sou um crente apaixonado por Deus, por sua sabedoria, por sua verdade, por sua luz, pela maneira como ele executa seu plano em minha vida, mas depois disso, sou um pessimista. Não, isso não me faz deprimido, ocioso, amargo, mas eu não acredito no homem, em nenhum deles, ainda que admire a muitos, goste de alguns, ame a poucos, e tente não odiar outros. Tenho procurado me desapegar de homens e me apegar mais a Deus, sabendo que os homens precisam do meu afeto, mas eu não devo esperar isso deles, de nenhum deles.
      Não podemos ou seremos tudo o que quisermos, que cremos, não podemos e nem isso é necessário. O que é necessário? Descobrir-se em Deus, iluminar-se nele, conhecer-se, realizar-se em Deus, quando isso acontece somos e fazemos o melhor que podemos e estamos felizes. Um filósofo brasileiro, bem conhecido atualmente, chamado um dos “três tenores”, que tem dito palavras mais sábias que as de muitos pregadores, lançou recentemente um livro, “Contra um mundo melhor”, bem, o título reflete o estilo desse filósofo que quem o acompanha sabe que é o pessimismo. Esse filósofo me representa em algumas coisas, principalmente nessa falta de ilusão com a humanidade, de fato quanto mais se anda com Deus chega-se (ou se deveria chegar) à conclusão que não há salvação para o homem no homem.
      Humildade, precisamos disso urgentemente, só isso nos livrará dos enganos que o mundo e muitas igrejas têm tentado instalar em nós, aplicativos das trevas em mentes arrogantes que insistem em querer ter o que não é para terem, e que numa insistência, ainda que tenham, não as conduzirá à felicidade que permanece e que leva-se à eternidade. Jovens de classe media, que podem receber melhor preparo para a vida profissional, crendo nessa mentira, são levados à depressão, aos vícios e à solidão. Jovens de classe baixa, também por crerem nessa mentira, por não terem o mesmo preparo para uma vida profissional próspera, são levados à marginalidade, para terem depressa o que não podem pagar honestamente, mas também são levados aos vícios e à solidão. Vícios e solidão são comuns a todos, o que muda é o tipo de vícios.
      Os que podem menos, e têm menos informações, viciam-se em prazeres baratos, em prostituição (ainda que não paguem nada por sexo, sexo “casual” é prostituição sim!), por bebidas, comidas, drogas. Os que podem mais viciam-se em remédios, em terapias, em regimes, em academias, mas também em bebidas e comidas, só que mais caras. Já a solidão é a mesma para todos, por quê? Porque quem não se conhece, não busca o que de fato o faz feliz, e não se sente seguro para estar com alguém por mais tempo, para esse tudo é temporário e rápido. Solitários fazem filhos, mas não constituem famílias, namoram, dormem juntos, dividem despesas, mas não se casam de fato. Uma geração que acha que pode tudo não consegue a felicidade mais básica, ser feliz consigo mesma e segurar o amor por um tempo, ao menos.
      “Aguardamos novos céus e nova terra em que habita a justiça”, assim olhemos para o céu, pensemos nas coisas do alto, queiramos o que de fato poderemos levar conosco para a eternidade, que são as genuínas virtudes espirituais, a paz, a justiça, o amor. Sim, temos obrigações nesse mundo, com nossa independência financeira, que nos sustenta e a nossas famílias, queremos o melhor para nós e para nossos próximos, isso se conquista com estudo e trabalho. Mas que nossos corações não estejam no dinheiro, nos bens, que não nos julguemos nem aos outros pela aparência material, pelo conta do banco, pelo carro, casa, roupa. Amemos a misericórdia e a generosidade, nos aproximemos de Jesus e aprendamos com ele, queiramos ser como ele foi quando encarnado, humilde, satisfeito, obediente ao pai celestial. 

      “Temei ao Senhor, vós, os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao Senhor bem nenhum faltará.Salmos 34.9-10 

      “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.Salmos 73.28

sexta-feira, julho 17, 2020

Podemos pedir provas a Deus?

      “E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, Eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água. E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.Juízes 6.36-40

      Podemos pedir provas Deus? A orientação do novo testamento é clara, “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20.29), contudo, o mais sábio é responder a essa pergunta, depende, de cada pessoa e de sua relação com Deus. Eu pessoalmente me sinto desconfortável, quando essa possibilidade se torna importante para que eu saiba que algo é de Deus ou agrada a ele. Gideão pediu provas a Deus, e por duas vezes, mas em resposta a isso Deus exigiu dele duas provas para ver se ele confiava mesmo no Senhor.

      “E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou. Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e retire-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram. E disse o Senhor a Gideão: Ainda há muito povo; faze-os descer às águas, e ali os provarei; e será que, daquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém de todo aquele, de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá. E fez descer o povo às águas. Então o Senhor disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas. E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.Juízes 7.2-7

      Interessante como Deus foi justo com a incredulidade de Gideão, ela o revelou e ao povo, por trás de toda incredulidade existe uma arrogância, Deus cedeu à incredulidade, deu duas provas que seria com Israel contra os midianitas, contudo, exigiu humildade do povo, que fosse reduzido ao mínimo, para que suas forças fossem insuficientes e de fato confiassem e dependessem só da força de Deus. A vitória de Israel poderia ser com menos de trezentos? Sim, poderia, como poderia ser com mais, mas o ponto é o homem reconhecer que tudo vem de Deus e só ele merece ser adorado por tudo. 
      Eu, pessoalmente, não gosto de ser exortado como foi Tomé, nossa experiência com Deus é fundamentada em fé, se isso for abalado tudo pode ficar confuso e vazio, eu prefiro crer, o justo viverá pela fé. “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” (Habacuque 2.4), Habacuque também fez a constatação de que o orgulho está ligado à falta de fé, assim ao invés de buscar provas para justificar a fé, melhor é se livrar da arrogância, quebrantar o coração e provar as coisas espirituais do jeito espiritual, pela fé realmente espiritual. 
      Contudo, todos nós temos uma prova de que Deus está no assunto, de que algo é de sua vontade, uma prova incontestável que nem precisamos pedir, é simples consequência de estarmos obedecendo ao Senhor, uma vitória que vem antes da vitória que estamos pedindo, uma vitória que talvez seja mais importante que a objetivada na oração que fizemos e que aguarda resposta do altíssimo. Que prova é essa? Santidade. Não entendeu? Quando estamos no centro da vontade de Deus temos forças para ser santos, aquele nível de espiritualidade que muitas vezes passamos a vida buscando alcançamos, e nem é porque a vitória que pedimos já foi alcançada, porque a batalha já ocorreu e nós a ganhamos porque confiamos em Deus.
      Sabe quando Gideão e Israel atingiram o centro da vontade de Deus, quando conquistaram a vitória, não a que eles queriam, mas a mais importante, a que Deus queria dar a eles? Quando eles acreditaram que mesmo só com trezentos seriam vencedores, ali eles já tinham vencido, pela fé, e creiam, entre aquele instante e a realização da batalha contra os midianitas, Gideão e Israel provaram uma paz única. Nessa paz há santidade, há o desejo de agradar tanto a Deus que todo o pecado se torna menor, desinteressante. Naquele momento específico o povo de Deus foi santo, porque tinha um espírito verdadeiramente obediente e temente ao Senhor, nessa disposição o Espírito Santo nos dá santidade e nos a vivemos. 

quarta-feira, julho 15, 2020

O que não vem não é para vir mesmo

      “Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.Provérbios 16.19

      Se algo falta a ponto de nunca acontecer, ainda que já tenhamos orado muito a Deus para ter, é porque temos que aprender a viver sem, irremediavelmente. Alguns chamam isso de destino, alguns não acreditam em destino, mas se chamarmos de providência divina pode ser mais sábio. Por que a falta de algo, pelo qual muitas vezes oramos tanto achando que não recebemos porque ainda não chegou o tempo, pode ser providência divina? Porque a falta de algumas coisas nos fazem mais bem que suas presenças, nos fazem crescer e sermos seres humanos melhores. Nos humilham? Sim, mas é melhor humilhado em Deus que exaltado sem ele.
      Assim, se já orou e Deus não deu, não lute contra o “destino” (e eu usei de novo esse termo...), aceite com humildade a vontade de Deus, que se torna providência quando contribui para que sejamos livrados de perigos que desconhecemos. Acredite, muitas coisas que em si são coisas boas e que outros têm com abundância podem nos faltar simplesmente porque se as tivéssemos não nos esforçaríamos para sermos melhores que somos hoje, podem ser boas para os outros, mas não seriam para nós. Aceitar isso em paz, sem ficar magoado com as pessoas ou mesmo com Deus, é aceitar que o Senhor nos ama e sabe o que é bom para nós, mais que nós mesmos.
      Segue aqui, todavia, um mistério, muitas vezes, quando abrimos mão de querer ter, quando deixamos para lá um desejo, muitas vezes obsessivo, vivendo uma vida que está sempre fazendo exigências dos outros e de Deus, como se não pudéssemos viver sem algo, quando fazemos isso conquistamos paz. Nessa paz, descansando em Deus e aceitando com humildade nossa condição de perdedor, podemos descobrir que temos a tal coisa, que sempre a tivemos, e por isso ela não faz mais falta. Na verdade, muitas vezes Deus só quer nos libertar de obsessões, de acharmos que nossa felicidade está nisso ou naquela pessoa, quando de fato está em Deus e em nós mesmos.

segunda-feira, julho 13, 2020

“Não te deixes vencer do mal”

      “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.Romanos 12.21

      O versículo acima é a conclusão de um ensino do escritor da carta aos romanos sobre relacionamento interpessoal, principalmente com aquelas pessoas que se colocam como inimigos do cristão, visto que um cristão genuíno não deve ter inimigos guardados em seu coração, contudo, podemos usá-lo para outra orientação, santidade pessoal e íntima. Corremos o risco de depois de anos de vida, sim, como bons cristãos, ainda estarmos presos a alguns vícios, vícios que todos os seres humanos têm, nem vou dar nome. São aqueles pecados íntimos, que não nos prejudicam de maneira significativa, que só nós sabemos que existem, mas que mesmo depois de muito tempo ainda não conseguimos vencer. Corre-se o risco, nesses casos, de se acostumar tanto com esses “pecadinhos” que acaba-se desistindo de vencê-los, passamos reto por eles no dia a dia, como se nem existissem. 
      Se nós podemos tentar esquecer, o Espírito Santo não se esquece, que pode estar frio em muitas vidas justamente porque as pessoas deixaram de admitir certos pecados como pecados, assim, pararam de confessa-los e nem se sentem mais mal quando os cometem. Na verdade, eu não creio que isso seja possível, o Santo Espírito é vivo, sempre fala e nunca desiste. É muito difícil para alguém “convertido e salvo” ficar tão surdo espiritualmente que não ouça mais as palavras do Senhor, e não tenha mais o desejo de confessar e deixar o pecado, mas por um tempo a surdez pode existir. Uma das grandes bençãos que temos quando envelhecemos no corpo, tendo acumulado décadas de caminhada com Jesus, é não perdermos a sensibilidade espiritual, ainda nos sentirmos mal quando pecamos e termos um grande desejo de não pecar mais, principalmente naqueles “pequenos” pecados íntimos. 
      Pecado reincidente demais só ocorre em vida de desobediente, e não me refiro à desobediência de cometer o pecado em si, mas em cumprir a grande e principal chamada de Deus, já refletimos várias vezes aqui a respeito. Crente obediente, que está fazendo sua parte na obra de Deus e que sente satisfação nisso, tem forças para vencer os “pecadinhos”, que tenho citado entre aspas porque na verdade não existem pecados menores, todo pecado é pecado e nos afasta de Deus, nos rouba a paz e nos deixa incapacitados de cumprir o plano maior de Deus em nossas vidas. Desistir é se deixar vencer, frieza não é virtude mas vício, insensibilidade espiritual em pequenas coisas é brecha para que maiores e piores coisas entrem em nós e nos vençam de vez. Tenhamos cuidado, a vontade de Deus é sempre boa e agradável e nos dá capacidade para vencer todo o pecado, essa é a vontade do Senhor para nossas vidas até o fim. 

sábado, julho 11, 2020

O poder da verdadeira santidade (2/2)

      “Porque tu não és enviado a um povo de estranha fala, nem de língua difícil, mas à casa de Israel; Nem a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviara, certamente te dariam ouvidos. Mas a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração. Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e forte a tua fronte contra a sua fronte. Fiz como diamante a tua fronte, mais forte do que a pederneira; não os temas, pois, nem te assombres com os seus rostos, porque são casa rebelde. Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.” Ezequiel 3.5-10

      Hoje compartilharei a segunda parte da reflexão que se iniciou na última postagem, se possível leia a primeira parte para melhor entendimento. O que ocorre hoje em dia é que as pessoas têm conhecimento das coisas, e assim pensam que sabem como elas funcionam. Muitos mistérios espirituais já foram revelados, contudo, por causa disso, muitos conhecimentos espirituais são banalizados. Os homens sabem que santos provam coisas tremendas de Deus, assim querem ser santos para provarem coisas tremendas de Deus, mas não é assim que funcionam as coisas com Deus. Não que Deus não queira que todos os homens sejam santos e que todos tenham vidas no mais alto nível de espiritualidade, mas só ele pode realizar essa excelência, com um propósito dele, isso não pode ser construído pelo homem, ainda que ele tenha uma grande vontade e uma fé enorme.
      O engano, contudo, que as pessoas mais cometem é não entenderem (ou não aceitarem) que provar a verdadeira santidade de Deus é algo que glorifica a Deus, sendo assim experimenta-la não levará, necessariamente, as pessoas a terem honra humana, e quando digo humana não me refiro aos humanos do mundo, mas aos das igrejas. Alguém tem alguma ilusão achando que homens como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Elias, foram aprovados e honrados pela nação de Israel, que não era um povo estranho, mas o povo a que esses homens pertenciam, o povo de Deus? Não, não foram e tenha certeza, esses homens provaram uma santidade real em Deus, uma santidade singular, foram separados e limpos antes de serem usados.
      A verdadeira santidade é a iluminação mais alta que um homem pode ter, mas ela é cara, ninguém pense em tirar vantagens dela, desejar ser reconhecido por homens, por cristãos, por tê-la. A chamada de Ezequiel é muito significativa, ele provou uma santidade real, mesmo porque alguém com uma chamada tão poderosa como a dele não tem tempo para outra coisa. A santidade verdadeira acontece simplesmente porque se entende a vontade de Deus, se põe a realizá-la e então se acha prazer nisso, uma satisfação que supera não só toda tentação da carne, mas também toda oposição social e espiritual. Só consegue ser santo quem está trabalhando em Deus e para Deus, mas isso, repito, não significa ser visto pelos homens e pela igreja, não o tempo todo, pelo menos. Muitos são chamados, são santificados, são preparados e permanecem anos desconhecidos, muitos até à morte.
      Enquanto homens quiserem ser santos para serem aquilo que eles acham que é o melhor que Deus quer deles, baseados em estereótipos bíblicos, enquanto muitos quiserem santidade para ter uma fé que move montanhas para encherem templos, enquanto quiserem santidade por vaidade espiritual, não experimentarão a verdadeira santidade e muito menos os frutos dela. E sim, eu disse vaidade espiritual, pois no espírito também existem pecados, e os piores, os grandes e antigos seres espirituais que se rebelaram contra Deus não tinham corpos físicos e portanto não podiam ser tentados por desejos e prazeres materiais, mas ainda assim pecaram e tiveram o maior afastamento que alguém pode ter da santidade de Deus. Contudo, o mais belo fruto da santidade, junto de uma adoração pura a Deus, é o amor, desinteressado e igual, para com todas as pessoas. 
      Só ama quem perdoa, só perdoa quem abre mão de si mesmo, se santidade é um lindo campo que se renova às margens do rio de águas vivas que saem diretamente do trono de Deus, o amor são as flores que nascem nesse campo, em meio à grama verde e baixa e árvores frutíferas e altas, lugar onde o vento é suave e fresco e os raios de Sol na temperatura certa, do início das manhãs, que não ferem nem incomodam. Essa é a grande iluminação experimentada por aqueles que provam a verdadeira santidade de Deus, a melhor eternidade com Deus, o novo e eterno jardim do Éden, o céu de paz, luz, vida e amor. Na santidade não há pedras, espinhos ou abismos, nem Sol escaldante ou tempestades, o santo não constrói o mal por isso não o colhe, o santo obedece, glorifica a Deus e ilumina os homens, em paz e com amor. 

sexta-feira, julho 10, 2020

O poder da verdadeira santidade (parte 1/2)

      “Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.Isaías 6.5

      “Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três semanas. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas.Daniel 10.2-3

      “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a DeusMateus 5.8

      O título desta reflexão, que se divide em duas partes, é “o poder da verdadeira santidade“, mas por que verdadeira, existe santidade falsa? Sim, e não estou querendo dizer que ser um falso santo é ser alguém que diz que é santo, que aparenta santidade, principalmente no meio dos irmãos, na igreja, mas não é, esse não é o falso santo a que me refiro, é um hipócrita mesmo, um mentiroso, e se quer saber esse é menos perigoso que o falso santo. O hipócrita tenta enganar os outros, mas não se engana, ele sabe a qualidade da vida moral e espiritual que tem, ele sabe que mente, e se quer parecer santo é por vaidade, para se ostentar diante da comunidade cristã que frequenta, aliás, ele gostaria muito de ser santo, só não quer pagar o preço para isso.
      A falsa santidade é algo mais complexo, e muito mais difícil de tirar de alguém, quem a tem terá dificuldade de se libertar dela porque não tem nem noção que ela existe. Ela é um estilo de vida de muitas pessoas, que a exercem na prática, com toda a força de suas almas, são religiosos (muitos nas religiões orientais), ou profundamente influenciados pelas modas que essas religiões criam e que a mídia ama promover. Contudo, anular os desejos do corpo, privar-se dos prazeres físico, andar na sociedade sem vaidades de bens, de roupas, de carros, isso tudo pode não ser verdadeira santidade, e em muitos casos, pode ser muito mais efeito de mentes doentes, necessitando de tratamento psiquiátrico, que de fato frutos de vidas consagradas a Deus. 
      Vou repetir algo que tantas vezes já disse aqui: o verdadeiro cristianismo não é o homem vivendo para Deus mas Deus vivendo no homem, o que ele quer viver, quando e como, com liberdade, sem preconceitos. A principal consequência dessa vida é que de fato glorifica a Deus não ao homem, a falsa santidade como causa e efeito humanos, começa no homem e termina no homem, ainda que o homem tente se convencer de todo jeito que seu estilo de vida é vontade de Deus e para a glória de Deus. Na verdade, muitas vezes, esse equívoco é tão sincero que Deus aceita, o pai amoroso e gracioso não despreza nunca o sincero do bem, ainda que ele esteja enganado em muitas vontades e atitudes.
      Mas o ponto dessa reflexão não é a falsa santidade, mas a verdadeira, e essa, acredite, tem um poder especial. Por quê? Porque começa em Deus e termina nele, não é o homem querendo se controlar, mas sentindo que é muito melhor obedecer, isso gera uma paz, uma libertação, que não tem preço. Bem, o controle dos apetites do corpo, a libertação das paixões, o desvinculo de vícios, não só no corpo, mas também na alma e no espírito, é só o efeito final da causa Deus em nós com liberdade. Essa é uma das grandes diferenças entre a falsa e a verdadeira santidade, a falsa é no corpo, no máximo na alma, mas nunca alcança o espírito, só a verdadeira santidade limpa de fato o espírito porque só ela deixa o Espírito Santo agir livremente e ele age diretamente em nossos espíritos.
      A verdadeira santidade é mais que controle de vícios, é iluminação, é abertura dos olhos espirituais para as coisas mais profundas e puras do plano espiritual, onde Deus habita no ponto mais alto. Isaías viu o trono de Deus e o terrível temor que sentiu foi por causa do choque que existe entre o espírito humano e a santidade de Deus, mas tenha certeza, Deus não mostrou ao profeta seu trono sem prepará-lo antes, sem o levar antes a uma consagração plena (Isaías 6). Daniel teve a maior revelação da Bíblia, sobre os últimos tempos depois do Apocalipse de João, porque santificou-se por Deus, em Deus e para Deus (Daniel 10). Jesus ensinou nas bem-aventuranças que os limpos de coração verão a Deus, e muita gente quer, hoje em dia, ver a Deus. (Leia na próxima postagem aqui no blog a segunda parte desta reflexão).

quarta-feira, julho 08, 2020

A santidade é agradável aos sentidos

      “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.Mateus 11.28-30

      É preciso dizer uma coisa sobre a santidade genuína, tema das quatro postagens desta semana, ela é agradável aos sentidos, e me refiro aos sentidos físicos e emocionais, nãos aos espirituais, que são aqueles que se beneficiam objetivamente dela. Não, ser santo não dói, não faz sofrer, não tira, mas também não acrescenta, não subtrai direitos mas também não adiciona deveres. Ela é leve, coloca o homem no centro da vontade de Deus e permite que ele prove no mundo, na carne, neste plano, um pouco daquilo que desfrutará com plenitude na eternidade melhor com Deus. Na eternidade desfrutaremos da santidade com muito prazer, a Igreja com seu noivo numa eterna lua de mel espiritual, pra tentar usar uma metáfora do plano físico.
      Por mais que o texto inicial seja conhecido e repetidamente usado para nos consolar em momentos que nos sentimos cansados de tudo, ele se encaixa muito bem no entendimento sobre verdadeira santidade. Numa primeira interpretação pode parecer que não, para os que acham que santidade é algo pesado e difícil, já o que o texto diz “vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos”. Descanso e santidade parecem não combinar, mas, repito, combina sim, com a verdadeira santidade, essa enche o coração de satisfação, vence o pecado não necessariamente porque é mais forte que ele, mas porque é mais agradável, mais prazeirosa, vence sem batalhar, vence porque aquele que a encontra a prefere, e não se interessa mais pelo pecado. 
      Contudo, prazer pela santidade é um prazer refinado, digamos assim, há de se ter alma apurada pelo tempo, numa trajetória persistente de querer conhecer e viver o melhor caminho, há de se convencer que o egoísmo e as vaidades são mentiras, e que no final nada trazem de prazeiroso. Infelizmente nosso coração só aprende com o tempo, só se liberta de vícios e se ganha prazer por agradar a Deus com o passar dos anos, para aprender que é melhor obedecer ao Senhor, abrir mão de certas coisas e de fato desejar as coisas do espírito, não as do corpo. Nossa história neste mundo é a desconstrução do ter e ser para que instalemos em nós o estar em Deus, sem gosto pelo pecado, sem mágoas e sem expectativas, só isso conduz à verdadeira santidade.
      Na verdade, nós nascemos santos, e ajudados por um corpo material ainda não desenvolvido, não temos necessidade de satisfazer certos instintos físicos e muitos menos de nos viciarmos neles. Contudo, a tal “idade da razão” chega, e todo ser humano tem a oportunidade de cometer seu pecado original, aquele mitificado em Adão e Eva no Éden, todos nós temos a chance de preferir comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Isso é tão inevitável, e para todos os seres humanos nascidos debaixo do Sol desde que o primeiro homo sapiens recebeu o sopro de Deus e passou a ser criatura à imagem do criador, que nos faz pensar se de fato pecar é escolha. Bem, o primeiro, de cada um de nós, não parece ser, somos destinados a pecar, neste mundo.
      Mas se pecar não é escolha, ser perdoado do pecado é, quando cremos em Jesus, isso pode ser feito de forma consciente, e só isso nos permite ser santos de novo. Talvez, o único motivo que nos traz a este mundo, seja isso, escolher o caminho melhor e mais rápido para o altíssimo Deus, o único caminho que nos livra do inferno, seja lá o que ele for, escolher a Cristo Jesus! Creiam todos, religiosos sinceros, monges abnegados, celibatários e desapegados da matéria, suas intenções são sinceras, mas só em Jesus há de fato libertação do plano físico. Jesus é maior que Krishna, que Buda, que Maomé, que São Francisco de Assis, que a virgem Maria, e não estou desmerecendo nenhum desses, mas só quem nasceu, viveu, morreu e ressuscitou santo, pode dar santidade verdadeira ao homem, Jesus o santo!