terça-feira, agosto 31, 2021

Pobres felizes

      “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mateus 5.3

      Já refletimos outras vezes no Sermão do Monte (ou das bem-aventuranças), assim como especificamente na bem-aventurança do versículo inicial (veja reflexão “Pobres de espírito” de 6/02/2021), o texto, em minha opinião, mais importante do evangelho, se não de toda a Bíblia, nunca para de nos ensinar algo novo. Bem-aventurados significa muito felizes, a primeira coisa que temos que saber é que felicidade é possível e é nosso direito, não é uma quimera, um luxo, crer em sua possibilidade e que Deus pode nos dá-la é a base para conhecermos e obedecermos a Deus. Infelizmente tem muito cristão, fiel à igreja e à doutrina, que na prática não vive isso, não é feliz, não de verdade. 
      Bem-aventurados os pobres, paremos aí. Como assim, um pobre pode ser muito feliz? Jesus disse que sim, desde que entendamos o significado da palavra pobres (não vou me aprofundar na adjetivação de espírito, esse foi o tema da reflexão do link anterior). Pobre é alguém que tem falta de algo, não está totalmente satisfeito, e numa condição que não mudará, pelo menos neste mundo, mesmo que ele faça tudo o que possa para não ser pobre. Ainda que alguém que tema a Deus possa ter uma vida materialmente não luxuosa, mas digna, e ainda que devamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para termos uma vida material melhor, estudando e trabalhando com honestidade, há limites. 
      Um dos segredos de se ser muito feliz é aceitar com humildade os limites, não com revolta contra Deus e a sociedade, nem com inveja ou mágoa dos que têm uma situação melhor que a nossa, mas com uma resignação salutar. Nesse caso só conseguimos essa resignação quando entendemos que virtudes morais e espiritualidade são mais importante que bens materiais. Assim, ainda que tenhamos que passar uma vida como empregados e “servos”, podemos ser felizes se entendermos a vontade de Deus para que tenhamos uma vida assim. Muitas vezes uma área emocional que se sente submetida nos faz sofrer mais que o valor baixo de nossa conta no banco, mas isso também pode ser pobreza permitida por Deus. 
      Sempre que pensamos em limites autorizados por Deus não podemos deixar de lembrar de II Coríntios 12.9, “a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”, onde Paulo fala de seu espinho na carne. Se de tentações podemos ser livrados com vida com Deus, e por provações tenhamos que passar até que sejamos aprovados e então outras venham e continuemos crescendo, espinhos na carne são provações para toda a nossa existência neste mundo, eles não vão embora, são os limites que Deus colocou e com os quais temos que aprender a conviver para sermos felizes. 
      Timidez, melancolia, hiperatividade, ansiedade, são características que podem ser superadas, e devemos procurar cura para elas caso elas nos prejudiquem demais, seja psicológica ou espiritual, mas essa cura pode ser limitada. Algumas coisas não são defeitos, mas traços de personalidade, que na área profissional adequada podem ser ferramentas vantajosas, como sensibilidade em áreas mais estéticas e artísticas. Contudo, não esperemos que todas as áreas profissionais permitam o mesmo retorno financeiro, não em um mundo injusto e desigual, assim para sermos felizes podemos ter que aceitar nossas características e nossos limites. Esses limites emocionais podem nos fazer mais pobres na área material? Sim. 
      Mas desses pobres esclarecidos em Deus é o reino de Deus, assim chegamos à última lição do versículo inicial. Que reino queremos, o do mundo ou o de Deus? Tem muito cristão usando fé e religião para ter um reino no mundo, querendo igrejas poderosas, religiosos na política, mesmo um presidente cristão. Isso é impossível tanto quanto desnecessário, não viemos a este mundo para estabelecer reinos, ainda que possamos ser bem-aventurados nele. Viemos para sermos provados e aprovados, para crescermos moralmente e construirmos espiritualmente o reino de Deus dentro de nós, reino que só será manifestado plenamente e exteriormente na eternidade, o chamado céu

segunda-feira, agosto 30, 2021

Forças da natureza

      “Tu, tu és temível; e quem subsistirá à tua vista, uma vez que te irares? Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; a terra tremeu e se aquietou, quando Deus se levantou para fazer juízo, para livrar a todos os mansos da terra.Salmos 76.7-9

      Forças da natureza não são para serem confrontadas, mas evitadas. Não tem como brigar com um forte temporal, com um furacão, com uma nevasca, o que podemos fazer é evitar ou sair dos lugares onde esses eventos estão acontecendo ou acontecerão. Assim é nossa relação com algumas situações e certas pessoas em nossa caminhada neste mundo, algumas coisas são assim, forças da natureza, autorizadas e empoderadas por Deus, ainda que nos pareçam duras, injustas ou insensíveis demais. Forças da natureza têm seus motivos de ser, têm uma razão para agir como agem, e creia, algumas pessoas são colocadas em nossas vidas por Deus como forças da natureza, nem tente lutar contra elas, você não prevalecerá. 
      Há algo muito sério para entendermos quando Deus precisa usar “forças da natureza” para chamar nossa atenção, em primeiro lugar é porque meios “normais” não foram suficientes para que atentássemos a algo importante que ele quer nos falar. A pandemia da Covid 19, por exemplo, pode ser considerada uma “força da natureza”, não porque seja efeito de uma causa dos elementos terrestres, mas porque é algo poderoso, que veio sem aviso prévio, que alcançou a todos, sem distinção, e de uma forma mortal. Ela pode ser evitada? Em termos, sim, com vacina, isolamento social, máscara e higiene, mas anulada de vez só com esses procedimentos seguidos pela maior parte possível da humanidade, pelo menos, e por algum tempo. 
      Entendo que eventos aleatórios, ou que pensamos que são, como acidentes de carro, roubos e assaltos, são potências destrutivas que Deus autoriza sobre nossas vidas para nos chamar a atenção quando estamos sendo desleixados. Esses, quando ocorrem, nos pegam de surpresa, fazem com que nos sintamos expostos, indefessos, sem controle de coisas básicas de nossas vidas, quando essas coisas acontecem já é tarde, devíamos tê-las evitado antes, vivendo de forma mais sábia. Algumas enfermidades nos pegam de surpresa e nos fazem reavaliar nosso modus operandi até então, são gritos de alerta informando-nos que não podemos tudo e que precisamos andar com temor a Deus sempre, e isso inclui cuidar melhor da saúde. 
      Contudo, existem pessoas que são usadas como verdadeiras forças da natureza, Deus as autoriza para terem um efeito avassalador em nossas vidas, e quando isso acontece não devemos brigar com o “vento”, só administrá-lo, nos aproximarmos quando possível e sempre com cuidado. Não pense que algumas pessoas são estúpidas ou equivocadas, elas são instrumentos divinos nas vidas dos outros. Em relação às suas próprias vidas, provações, necessidades de crescimento espiritual e moral, isso tudo não nos compete julgar, não é problema nosso, mas que Deus pode usá-las para nos quebrantar, acordar e crescer, isso pode. Como dito desde o início, não lute com forças da natureza, seja manso e evite-as, com elas só Deus pode.
      Vai aqui algo sobre “pessoas - forças da natureza”, por algum motivo, que só Deus sabe e que nós como cristãos sob teologia protestante tradicional não podemos especular com mais profundidade, tais pessoas têm direito de serem o que são, Deus nunca é injusto com ninguém, seja conosco e muito menos com os outros. Interpretando a coisa de maneira mais direta, se alguém é patrão e rico é porque trabalhou para merecer e administrou seu negócio com inteligência, se nós somos só empregados desse é porque não temos capacidade ou talento para sermos mais que funcionários, ainda que trabalhemos bastante. É claro que há outras variáveis neste mundo, e tem muitos que desfrutam mais que nós sem de fato merecerem.
      Isso não nos compete julgar, todavia, podemos buscar a Deus e entendermos melhor as coisas, para então agirmos com respeito às tais forças. Deus livra os mansos e mesmo as forças da natureza Deus pode usar de maneira extraordinária para abençoar os mansos, quem vive no tempo com sabedoria constata isso. Ninguém tem poder, nenhuma autoridade no plano físico, ou potestade e principado nos ares espirituais, sem que Deus permita, e se ele permite é para um fim útil, disciplinar os rebeldes, suprir os mansos, julgar os maus. Dessa forma não pense que alguém que te oprime e te trata injustamente está funcionando fora do controle de Deus, não está, persista nos valores espirituais mais altos e confie em Deus, ele é justo juiz.

domingo, agosto 29, 2021

Feliz quem crê sem ver

      “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.Jeremias 29.13

      Só entendemos de fato o que Jesus disse a Tomé em João 20.29, “bem-aventurados os que não viram e creram”, depois de passarmos por uma experiência onde não temos outra saída senão crer sem ver. Se for o plano de Deus para que você cresça e se você estiver preparado, esteja atento, o Senhor te conduzirá para uma situação, muitas vezes mais interior e emocional que por contingências exteriores e materiais, em que você não achará solução senão crer sem ver. Nessa experiência você só achará Deus e a paz se o buscar de um jeito como nunca antes buscou, não que você não o tenha buscado antes com todo o teu coração, mas o Espírito Santo pedirá que essa experiência seja ainda mais profunda, mais com todo o teu coração.
      Fé é um mistério espiritual porque é algo que não pode ser avaliado materialmente, de modo que possa ser formulado um protocolo, uma lista passo a passo, para que ela seja usada com eficiência, e a eficiência maior da fé é nos conduzir à presença de Deus. Não, fé não é uma ferramenta para que se possa obter coisas, sejam vitórias e prosperidades no plano físico ou comunicação e favores no plano espiritual. Qualidade e quantidade de fé não são avaliadas pelas coisas que a fé nos dá acesso, mas pela porta que ela nos abre para experimentarmos a presença mais alta do único e verdadeiro Deus. O que obtemos depois disso, seja no plano físico ou espiritual, é quase que irrelevante, a presença de Deus é fim em si mesma.
      Conhecimento de Deus é gradativo, por mais profunda que seja uma experiência, acredite, você sempre poderá ir mais fundo. Esse é o grande mistério da fé, ainda que nos leve uma vez ao melhor de Deus não podemos fazer disso uma fórmula que nos conduza de novo a Deus, cada experiência de fé é nova e única. Mas isso não significa que não existam princípios que a própria Bíblia nos ensina, para que tenhamos uma experiência legítima de fé. Boa sinceridade, prática de amor e santidade possível, são três desses princípios, um se refere à nossa relação com nós mesmos, o outro à nossa relação com os homens e o terceiro à nossa relação com Deus, constituem o chão sobre o qual nos apoiamos para nos elevarmos espiritualmente.
      Sinceridade deve ser uma verdade pessoal benigna, verdade todos têm, todos possuem justificativas para serem, falarem e agirem, assim todos são sinceros de algum jeito. Mas essa sinceridade precisa ser benigna para nos preparar moralmente para a presença de Deus, intenção benigna começa a unir nosso espírito ao Espírito de Deus, mas tem mais. A essência da espiritualidade é o amor ao próximo, responder ao chamado para a presença de Deus é ser atraído pelo amor de Deus e quem assim é, também ama os outros. Por último a santidade, uma inconformidade persistente contra o pecado, que busca no perdão e na mudança de atitude mente limpa e coração tranquilo, para estar leve o suficiente para subir pela fé a Deus. 
      O que tem uma experiência de fé além das primeiras coisas, com as ferramentas dos dons espirituais, experimentando uma presença plena do Altíssimo, conhece um novo mistério, uma felicidade singular. Essa felicidade é a força que precisamos para seguirmos neste mundo com vitória sobre os rancores, a ira, as invejas, a vingança, a ansiedade. Muitos estão sempre infelizes, apesar de serem bons cristãos, porque não acham a Deus em oração, e não o acham porque não se dão ao trabalho de buscarem com todo o coração, num segundo nível de fé. Quem tem chamada e está preparado sabe disso, ainda que teime em não obedecer isso, e se desobedecer não será feliz e tentará achar em outras coisas substitutos para tal elevação. 
      Eis-me aqui novamente tentando explicar o inexplicável, por isso, mistério, Tomé pode ter entendido isso só nos últimos momentos de Jesus no mundo. Muitos de nós, infelizes porque estamos insatisfeitos com o que somos, e insatisfeitos porque temos que ir mais além e não vamos, podemos nos desviar do caminho. Se a simplicidade do evangelho não te satisfaz mais, e se você tem achado relevância em esoterismos e outros mistérios, saiba que Deus pode responder aos teus questionamentos, se buscá-lo com todo o coração. Não precisa ficar buscando consolo em misticismos e superstições, assim não permita que tua chamada te desvie, mas que ela te permita achar aquilo que Deus quer te mostrar, só assim será feliz.

Esta é a 3ª parte de uma reflexão 
dividida em três partes, leia as duas postagens 
anteriores para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

sábado, agosto 28, 2021

Até onde vai nossa fé?

      “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.” João 11.14-16
      “Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14.4-6

      Até que ponto você foi com Cristo? Crê porque os pastores ensinam? Porque sua religião tem dois mil anos e é poderosa no mundo? Porque muitos dizem que Jesus é o caminho, a verdade a a vida? Porque seus pais te ensinaram e você os respeita? Porque tem medo do inferno e do diabo? Isso tudo pode ser só fé baseada no que os olhos veem. Crer sem ver é ir além da tradição religiosa, é de fato ter novas e pessoais experiências com Deus. Talvez a ausência de paz e a dificuldade em ter libertação de pecados existam em tua vida porque, apesar de ser cristão, até agora você não creu sem ver. 
      Interessante que Tomé talvez tenha crido enquanto Jesus desempenhava seu ministério no mundo, mas teve dificuldade para crer no Cristo transformado que iniciaria um ministério espiritual na eternidade (João 20.24-29). A Bíblia é um livro físico, com doutrinas aprovadas por tradição religiosa humana, ainda que seja preciso fé para entendê-la e praticá-la, ela ainda é um cristianismo visível e do mundo. O Espírito Santo, que só veio depois que Jesus partiu, é invisível, não pode ser comprovado pela ciência, mas só ele pode nos revelar mistérios maiores que nos permitirão conhecer mais a Deus. 
      Infelizmente muitos cristãos são como Tomé, e talvez muitos desses não entendam o que estamos dizendo aqui, ao contrário, muitos se acham cheios de fé e não como o incrédulo Tomé. Mas a fé limitada de Tomé pode tê-lo levado a conhecer só a primeira parte da missão do Cristo, a segunda ele quis ver para crer, não entendeu que para crescer e acessar a continuação da obra do mestre precisava de uma fé mais profunda, que vai além do que os olhos podem ver. Hoje, nós podemos ver o Cristo ressuscitado? Não, e para nós hoje é ainda mais necessária a fé de nível dois, digamos assim. 
      Não podemos ver o Jesus espiritual, mas podemos experimentar aquele que ele mandou em seu lugar como professor e consolador no mundo, o Espírito Santo interage conosco através dos dons espirituais, uma experiência espiritualmente gradativa e íntima. Quem nega os dons ou só vai com Cristo até um ponto, age como Tomé, e acreditem, muitos chamados pentecostais ou carismáticos, mesmo tendo alguma experiência com dons, estão longe de conceder ao Espírito Santo toda a liberdade que ele pode ter em suas vidas para levá-los mais perto de Deus através do Cristo Deus e espiritual. 
      Excetuando os textos com as listas dos doze apóstolos, Tomé, chamado Dídimo (significa gêmeo em grego), é citado só mais duas vezes na Bíblia além de no capítulo vinte de João, e ambas também no evangelho de João. Podemos entender mais sobre a fé de Tomé nessas passagens, verificar como ela podia estar limitada à obra de Jesus no mundo. Antes da crucificação os discípulos já tinham receio dos judeus, mas foi justamente a boca de Tomé que verbalizou o medo de serem mortos pelos inimigos de Jesus, assim como foi ele quem declarou que não sabia para onde Jesus iria após a morte.
      Um discípulo com medo da morte e sem certeza do que ocorreria após ela não creu na ressurreição, ele até cria no evangelho, mas um evangelho limitado a esse mundo. Nossa vida com Deus não pode ser completa se acreditarmos em suas providências e propósitos para nossas vidas somente para o plano físico. Dons espirituais são mais que fé para recebermos coisas neste mundo, mesmo perdão e paz espirituais, eles nos colocam em contato com o plano no qual passaremos a eternidade. (Após a descida do Espírito Santo Tomé estendeu seu apostolado até à Índia onde foi assassinado, mais no link). 

Esta é a 2ª parte de uma reflexão dividida 
em três partes, leia a postagem anterior e 
a próxima para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

sexta-feira, agosto 27, 2021

Fé até que ponto?

      “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. 
      E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. 
      E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” 
João 20.24-29

      O ensino da passagem bíblica inicial, que relata o encontro de Tomé com Jesus depois de ressuscitado, deve ser repetido à exaustão, ele revela um dos maiores mistérios espirituais. Algumas vezes uso a palavra “mistério” aqui, sei que há um certo costume no meio pentecostal para usá-la, mas o que ela quer dizer no contexto desta reflexão? Toda a relação do ser humano encarnado no mundo físico com o plano espiritual é um mistério, e céticos, materialistas e ateus não creem no plano espiritual e não interagem com ele porque não conseguem ou não querem aceitar o primeiro mistério, a fé. 
      Essa não é a fé do texto bíblico inicial, mas a fé primeira, aquela que admite a existência de uma divindade espiritual e a possibilidade de interagirmos com ela, essa fé permite que o homem seja salvo. À medida que o homem convertido anda com Deus novos mistérios vão sendo apresentados a ele, ele os conhece se quiser, Deus nunca obriga ninguém a nada com respeito às coisas espirituais. Já com respeito às coisas materiais o homem precisa interagir com elas para sobreviver no mundo, e para isso ele não precisa necessariamente crer em Deus e na relação desse com a matéria. 
      A fé que Jesus cobrou de Tomé é algo mais profundo, que leva a mais que à salvação, ao perdão, à paz com Deus, às primeiras curas e práticas das doutrinas cristãs. Os dons espirituais representam o segundo grande mistério que os homens precisam entender para crescerem, mais que como seres equilibrados e justos no plano físico, mas como seres espirituais eternos rumo ao céu. Tomé era um dos doze, andou com Cristo e estava com ele no final, ele acreditava em Jesus, mas sua atitude de incredulidade revela que ele entendeu só até um ponto a fé necessária para provar o evangelho. 
      Crer sem ver, eis o mistério, não porque Deus priva o homem e exija dele algo injusto, confiar sem saber certo em que, e nem porque somos ignorantes e manipulados que acreditam em qualquer coisa. Aliás, em muitas coisas não devemos confiar sem ver, sem ouvir, sem comprovar seu funcionamento e fim, e nisso está a ciência e seu método para nos auxiliar, exercício para a inteligência humana, fator importante no desenvolvimento do homem no mundo. Contudo, não somos só matéria temporária, somos também espírito eterno, esse só evolui crendo sem ver manifestado no plano físico.
      A tensão entre matéria e espírito que ocorre quando acreditamos sem que os sentidos físicos percebam, dá acesso aos dons espirituais, que é ver, ouvir e sentir as manifestações espirituais através do mover do Espírito Santo pela porta que é Jesus até Deus. Crer sem ver é a aventura mais maravilhosa que o ser humano pode provar se for realizada no Espírito do Altíssimo, nos dá acesso às ferramentas psíquicas para entendermos os demais mistérios. Isso entrega uma felicidade exclusiva, que ciência e interação só intelectual com religião não dão, é a experiência que nos liberta do pecado.
      Tomé foi até um ponto com Jesus, talvez porque até então estava enxergando com os olhos físicos o mestre realizar maravilhas também físicas. Podemos dizer que ele foi lúcido, usou sua inteligência de forma científica, pois confiou no que pôde comprovar com os olhos. Ele não creu nos milagres e na sabedoria prática de amor do Cristo porque os outros lhe contaram a respeito, porque leu, mas porque presenciou ao vivo como apóstolo. Mas lhe restava ainda uma provação, que ocorreu justamente nos últimos momentos de Jesus entre os encarnados, nessa ele não foi aprovado sem ser exortado.

Esta é a 1ª parte de uma reflexão 
dividida em três partes, leia as duas próximas 
postagens para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

quinta-feira, agosto 26, 2021

Prepare-se para o pior, espere o melhor (4/4)

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      Encerrando a série de quatro reflexões sobre a gangorra e emocional, que todos nós provamos neste mundo, eis algo que pode ajudar-nos a superá-la: nos prepararmos para o pior, mas esperarmos o melhor. Pior e melhor, nossa gangorra emocional nos remete para esses extremos, balança para um lado e para outro, equilibrar-nos parece impossível. Em ambos os lados há expectativas e expectativas sempre conduzem a sofrimento, ainda que no lado de cima nos achemos poderosos e possamos sentir a princípio algum prazer. Mas o espírito só tem de fato prazer maior na paz, e na paz não há expectativas, já ansiedade, empolgação e ilusão são momentos curtos, que antecedem sempre a depressão, o desânimo e a desilusão. 
      Isso não significa sermos pessimistas ou incrédulos, mas estarmos preparados para surpresas ruins, e isso é temer a Deus. Quem teme não é livrado de surpresas ruins? Como tentação e como armadilhas, nas quais podemos cair por falta de vigilância prática e vida de oração, sim, nós somos. Quem teme a Deus não cai em tentação nem é surpreendido por homens e espíritos maus, mas como provação não somos livrados. Provações são permitidas por Deus para o nosso aperfeiçoamento, e nenhum de nós sabe até que ponto seremos provados neste mundo, assim nos preparemos para o pior, com temor a Deus e humildade, ainda que um pior autorizado pelo Senhor tenha o objetivo de nós fazer seres melhores para a eternidade.
      Por outro lado, esperarmos o melhor, orarmos, trabalharmos por ele, não é ingenuidade ou insanidade, mas é a disposição que o Espírito Santo nos chama a vivenciar. Entendamos bem isso, Deus é bondade, é luz, é amor, é paz, nele há alegria e vida, esse é o objetivo de todos os seres humanos, estarmos nessa posição espiritual de vitória e de iluminação, o tempo todo. Isso não é exceção ou privilégio de alguns, mas a chamada de todos. Como alcançamos isso neste mundo? Pela fé e por obras, equilibrando corpo físico e suas necessidades, com espírito eterno e suas virtudes, tendo comunhão com Deus mas interagindo com homens. Esteja preparado para o pior, vigie sempre, mas creia de todo o coração no melhor possível.
      O mal, as trevas, a infelicidade, sempre estão nos extremos, ou no pessimismo exagerado dos velhos de alma, ou na fantasia insana dos infantis fora de tempo, ambos são construções mentais, nascem e se mantêm vivos em nossas cabeças. Equilíbrio só é alcançado com prática de vida, que confronta ideias e paranóias com a realidade, que mostra que nada de bom é para sempre e que nada é tão ruim para levarmos a sério demais. Quem nos nivela não é a religião, mesmo a sabedoria de espiritualistas e de cientistas, mas o vivo e verdadeiro Espírito Santo de Deus através de Jesus. Só Deus para nos dar o tom certo, não tão grave e nem tão agudo, centrado e harmonizado com o seu tom, o tom do criador e Senhor do universo. 

Leia nas postagens anteriores 
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

quarta-feira, agosto 25, 2021

Querendo o que Deus quer (3/4)

      “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso.Provérbios 19.21-22

      Fruto que só colhemos na maturidade, com tempo de vida e vida mais profunda com Deus, já com o corpo envelhecido e com a alma experimentada em paixões e planos, muitos não concretizados, é harmonizar o que queremos e imaginamos com aquilo que agrada a Deus e que ele quer de fato para nós. Imaturos, ainda que tendo uma vida sincera com Deus e de consagração, muitos coisas podem ocupar espaço e tempo dentro de nós sem que sejam o que Deus quer nos dar, e consequentemente que passarão do plano mental interior para o plano real e físico exterior. 
      Imaturos somos presas da gangorra emocional que leva-nos a extremos, num momento pensamos que tudo podemos e no outro que nada conseguiremos, ainda que achando que queremos grandes coisas porque cremos num Deus grande que tem grandes coisas para seus filhos. Isso até pode ser verdade, mas não para todos os que buscam a Deus, infelizmente como esse equívoco é incentivado atualmente, principalmente por púlpitos pentecostais que plantam fé para colherem dízimos. Dessa forma imaturidade é usada em prol de objetivos materiais de aproveitadores. 
      Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá, como nos iludimos com propósitos, inventando desculpas para mantê-los. Alguns querem cargos em igrejas, oportunidades como cantores e músicos, porque estão convencidos que esse é o propósito de Deus para suas vidas, estão pronto a fazer qualquer sacrifício para atingirem esses propósitos e creem que isso é ser espiritual. Falo de área que conheço, a música, como já vi gente perdendo muitas oportunidades na vida profissional convencida que o plano de Deus para elas era música. 
      Como sempre, como pai de amor, Deus acompanha-nos, seres equivocados, com muita paciência, Deus não destrói o sonho de ninguém, ainda que seja um sonho errado. Deus dá tempo ao tempo para que as provas da realidade da vida neste mundo, convençam-nos que certas coisas não são o melhor para nós, ainda que as queiramos com tanta persistência e tenhamos tanto prazer em fazê-las. Muitos, porém, só aceitarão a verdade depois de cansados e desiludidos, assim como depois de prejudicarem muitos próximos a eles, que também sofreram algum dano com seus propósitos ilusórios. 
      Mas ainda que busquemos com temor a Deus para saber de fato o que ele tem de melhor para nós, que tentemos não ser iludidos por paixões e vaidades, a vida nos surpreenderá até o fim. É assim que tem que ser para que nosso tempo neste mundo seja bem aproveitado, sermos provados para sermos aprovados. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem, porém é melhor ser pobre do que mentiroso, como mentimos para nós mesmos. É essa mentira que balança a gangorra emocional que nos faz sofrer, o maduro, contudo, olha para si, vê o que de fato é, descansa em Deus e acha paz. 

Leia nas postagens anteriores 
e na próxima postagem
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

terça-feira, agosto 24, 2021

Persista pela fé (2/4)

      “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27
    
      Logo após termos uma experiência maravilhosa com Deus queremos ser mais santos, amar mais, vigiar mais, para podermos ter uma experiência igual ou melhor novamente, mas estamos encarnados nesse mundo e nessa condição não retemos emocionalmente com facilidade o que alcançamos no espírito. Aprouve a Deus que fosse assim para persistirmos no caminho melhor, para dependermos dele sempre, não de uma única experiência. Assim, cada busca, cada momento de oração devemos começar, não de cima, mas de baixo, quebrantados, humildes, senão cairemos e no fundo ficaremos. 
      Neste mundo, num plano físico, nossa memória espiritual é fraca, experimentamos em certas instâncias mesmo amnésia (eis um mistério), por isso podemos um dia estar num céu e em outro dia num inferno. Bens materiais podem ser mantidos com trabalho e conhecimento da economia do mundo, mas virtudes espirituais só são anexadas aos nossos espíritos com persistência e busca do Senhor. O raciocínio “quanto mais fundo o buraco mais alto o monte” é correto, se você está se sentindo muito perdido, confuso, é porque está muito longe do lugar melhor que um dia alcançou em Deus. 
      Temos, entretanto, um consolo, se a queda muitas vezes parece nos pegar de surpresa, mesmo sem motivo aparente já que podemos nos sentir perdidos ainda que não tenhamos cometido nenhum pecado absurdo, a volta à posição espiritual que já conquistamos pode ser rápida. Como? Com fé. Certos abismos que nossas almas experimentam são só confusão emocional, a gangorra de nossas almas frágeis nos pregando peças. Confusão emocional não se vence com racionalização, ainda que o início da solução seja racionalizar e não confiar nos sentimentos, a vitória, contudo, se concretiza pela fé. 
      Pela fé tomamos posse do que Deus já nos deu no passado, e se ele deu ele não toma de volta, pela fé descansamos num Deus fiel, estável, sempre bom, pela fé abrimos caminho das trevas emocionais, que podem nos sufocar, para tocarmos novamente na orla dos vestidos de Deus (sendo metafórico). Pela fé nos levantamos do buraco profundo que como homens estamos sujeitos a cair, mesmo sem motivo racional, e nos colocamos de pé para seguirmos no estreito caminho rumo ao Altíssimo, onde há paz e esperança. Pela fé voltamos ao lugar que Deus já nos deu, nossa Canaã espiritual. 
      Nem sempre dor é punição, e punição que nos aplicamos quando nos afastamos de Deus (Deus não pune ninguém diretamente), mas dor pode ser uma chamada de atenção do Senhor, e nesse caso quanto maior, maior será a paz. Talvez não seja nem dor o termo mais correto, mas um “pesar” que nos abala, um sistema de alerta, como o medo que nos avisa quando estamos próximos a um perigo. Tenhamos discernimento, saibamos o que somos, não pensemos que há pecado escondido quando não há, ainda que nos sintamos mal, e voltemos à comunhão com Deus, nosso melhor lugar onde há paz. 

Leia na postagem de ontem 
e nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

segunda-feira, agosto 23, 2021

De quem mais sabe mais é cobrado (1/4)

      Iniciando hoje, segue “Gangorra emocional”, uma reflexão dividida em quatro partes, se possível leia todas as partes para melhor entendimento. 

      “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.Lucas 12.47-48

      Se um morador de São Paulo, capital, for deixado numa cidade do interior do estado de São Paulo, se verá longe de sua residência, do lugar onde conhece as pessoas e por onde sabe transitar. Ainda assim, no interior distante da capital, poderá se comunicar com as pessoas e voltar sem perder muito tempo à sua cidade. Se a mesma pessoa for deixada em outro estado poderá estranhar certos costumes, demorar um pouco mais para retornar à sua cidade, mas também poderá se comunicar, visto que ainda que em outra região e com sotaque diferente, estar em seu país e com seus compatriotas. 
      Mas se a mesma pessoa for deixada fora do Brasil, a dificuldade será grande, terá problemas com comunicação e terá que pagar caro uma passagem de volta a seu país. Quanto mais longe estivermos de nosso melhor lugar, pior nos sentiremos, isso não significa que não temos um lugar para sermos felizes, mas que estamos no lugar errado, e dependendo do que fazemos podemos estar bem longe do nosso melhor lugar. O sentimento de estarmos perdidos é inversamente proporcional à certeza de estarmos no lugar certo, quanto mais confusos nos sentimos mais lúcidos poderemos nos sentir.
     De acordo com nossa consciência de moralidade podemos nos sentir bem ou mal, e é preciso consciência para ter essa sensibilidade, muitos erram e machucam os outros e nem se sentem mal por isso pois não têm consciência. Por outro lado nossos sentimentos não são confiáveis por si mesmos, podemos nos sentir mal ainda que não estejamos mal espiritualmente, nossa estrutura emocional é uma gangorra que temos dificuldades para controlar e que interfere em nossa percepção espiritual. Essa gangorra tem uma característica, se ajusta à medida que alcançamos níveis mais altos.
      Quanto mais alto vamos, mais baixo poderemos ir também, quem provou um nível espiritual alto poderá provar um nível muito baixo, porque correrá mais riscos que quem provou um nível espiritual não tão alto. Quem avançou dez quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu início terá voltado vinte quilômetros, já quem avançou cinco quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu ponto inicial só terá voltado quinze quilômetros. Quem sentirá mais o retrocesso? O que voltou vinte quilômetros, ainda que um dia tenha ido mais longe. O “coice” é relativo à força do “disparo”, pura física. 
      Quem mais sabe mais lhe é cobrado, conhecimento dá poder, com poder podemos nos arriscar mais e consequentemente perder mais. Quem pouco sabe menos se arrisca, porque nem sabe como se arriscar mais, conhecimento pode enfraquecer assim como ignorância pode proteger, quem mais agradou a Deus mais pode desagradá-lo, quem pouco obedeceu, pouco pode desobedecer. Cuidado quem muito sabe, sua queda pode ser maior dificultando mais seu restabelecimento, todos temos que vigiar, mas o que mais sabe deve vigiar mais pois seu testemunho envolve e compromete mais.

Leia nas próximas postagens
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

domingo, agosto 22, 2021

Eleva-nos, ilumina-nos, vivifica-nos

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.Salmos 9.9

      A comunhão espiritual com Deus pelo caminho do Espírito Santo até a porta para as regiões celestiais mais elevadas em Cristo, coloca nosso espírito numa posição de proteção e conhecimento, ao mesmo tempo que consola nossos sentimentos e pensamentos, tendo como efeito final a cura de nosso corpo físico. Vamos entender melhor isso. Apesar de muitos céticos, materialistas e ateus não admitirem, a prioridade é o espírito, não o corpo, espírito bem cuidado abençoa todo o resto de nosso ser, mente, emoções e corpo. Nosso espírito só atinge sua melhor forma estando em comunhão com Deus, de Deus saímos, nele vivemos e para ele retornaremos, a matéria é uma ilusória passagem, curta e fugaz, que não deveria ter prioridade sobre o espírito. 
      Comunhão com Deus não podemos estabelecer sozinhos, mas com a ferramenta que o próprio Deus nos dá, o Espírito Santo. Esse é o caminho até o Altíssimo: emanado por Deus conduzindo a vontade do Senhor para nós homens, ecoado em nós contemplando nossas intenções e adoração, e retornado a Deus levando nossas necessidades, questionamentos e agradecimentos. O Espírito Santo alcança o Altíssimo através de uma porta, Jesus, o filho primogênito do Senhor, ser espiritual único para o planeta Terra, enviado aos homens com uma missão singular e existindo na eternidade com uma função exclusiva. O Espírito Santo é o caminho espiritual que acha na porta, Jesus, as virtudes e as riquezas mais altas do criador e Senhor do universo. 
      Quando a comunhão com Deus é perfeita, e ela pode ser pelo Espírito Santo em Jesus, todo o nosso ser percebe, há paz em nossas mentes, alegria em nossos sentimentos, refrigério para nossos corpos, Deus nos cura por inteiros. Mas é mais que isso, se nossos corpos ainda estão presos ao mundo físico, nossos espíritos podem alcançar as regiões mais elevadas e nessas regiões há proteção e conhecimento. A luz de Deus é poder, chama que não queima, luz invisível que protege mesmo as coisas visíveis, santidade que afugenta todos que não amam a pureza moral. Basta a luz de Deus ser emanada para que “demônios” saiam correndo, assim quem se coloca em oração nas regiões celestiais mais altas, tem o reflexo do espiritual mais elevado no físico. 
      A mesma luz que exige santidade compartilha conhecimento, e conhecimento de Deus não é só informação passiva para saciar curiosidade, é vida, é a palavra, é o verbo, criando, renovando, libertando, fortalecendo. Pobres os que limitam conhecimento divino a entendimento intelectual da Bíblia, isso é bom, mas é apenas o vaso, o conteúdo é o óleo, que vai além de mente e coração, é espiritual. É sobre isso que Hebreus 4.12 se refere quando diz: “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Essa palavra é mais que letra morta, é o vivo Espírito Santo. 

sábado, agosto 21, 2021

Deus é luz

      “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.I João 1.5

      O assunto no qual refletiremos a seguir pode ser um pouco difícil de ser entendido, é verdade que ele fala de conceitos que bem ou não tão bem compreendidos não fazem muita diferença nas vidas práticas da maioria dos cristãos, Deus valoriza mais a intenção que o conhecimento. O “Como o ar que respiro”, contudo, é espaço para fazer pensar, mas que o que será compartilhado não escandalize e nem confunda ninguém, não abramos mãos da fé em Deus que nos trouxe em vitória até onde chegamos. Contudo, que tenhamos calma e tempo para reavaliar e quiçá crescer um pouco mais no conhecimento espiritual da luz, “faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.11-12).

      Deus é luz! Entenda luz não como claridade que facilita visibilidade, usando referência de luz física, isso por si só não representa ou exige qualidade moral já que no mundo pecados são cometidos com o Sol a pino e mesmo dentro de ambientes bem iluminados. A luz espiritual divina está relacionada com santidade, verdade e autoridade, ela pede limpeza moral, revela a mentira e tem poder afugentando aquilo que se opõe a Deus. Deus está em todos os lugares e tem poder sobre tudo, mas na sua misericórdia ele permite que os seres exerçam livre arbítrio e se afastem, não dele, mas do melhor dele. Crer de outro jeito limitaria Deus, ou nos levaria a entender que Deus age diferentemente com as pessoas, Deus é equânime sempre! 
      Quem constrói diferenças e as usa para julgar e condenar os homens, é o próprio homem, não Deus, Deus ama a todos e a todos atrai para sua luz mais alta, mas quem não quiser isso terá um lugar de trevas para se esconder. Trevas acabam sendo um local de refúgio para quem já está envergonhado e não quer ser confrontado na condição de rebelde contra Deus, mas só ter a companhia de seus pares. Deus ama até demônios, diabos e outros seres e espíritos inferiores e maus, e se esses são o que são, o são por escolhas próprias, não por punição de Deus. Deus não pune ninguém, são os seres, afastando-se do melhor de Deus, que punem a si mesmos, Deus não destrói nada, mas longe de seu melhor tudo se torna corruptível. 
      Sei que muitos, baseados em textos bíblicos escritos por homens inspirados pelo Espírito Santo, mas de outros tempos, sociedades e culturas, e interpretando a Bíblia ainda sob a ótica tradicional cristã, têm dificuldades para entender o conceito “Deus é luz”. Deus não vem e expulsa o mal ao nosso redor, somos nós que vamos, nos aproximamos de Deus e saímos da região espiritual onde está o mal. Se o mal está num lugar, está com direito legítimo de estar, pois foi o próprio Deus que deu ao mal esse direito, éramos nós que estávamos no lugar espiritual errado. Quando um demônio é expulso, é o espírito do endemoniado que é elevado saindo do território espiritual do mal, o demônio permanece onde lhe é autorizado estar. 
      Entendamos que isso são conceitos espirituais e verticais, vendo o ser humano como alguém que ainda que pise o mundo material horizontal, tem um espírito que pode se elevar ao Deus espírito e altíssimo. Mas tudo bem, podemos orar da forma tradicional, pedindo que o Senhor nos proteja e expulse o diabo que nos afronta, clamando para que ele vença nossos inimigos. Deus atende essa oração, mas somos protegidos pelo simples fato de fazermos tal oração, ainda que com palavras imprecisas, pela intenção certa que há nelas nosso espírito se coloca nas regiões celestiais mais altas em Cristo. De outras maneiras também alcançamos essa posição, ainda que também com termos inexatos, como quando adoramos e cantamos louvores.
      Se há intenção correta e foco no fim certo, bastarão para nos proteger, mas na verdade não é Deus quem desce, somos nós quem subimos. Deus desceu uma vez, através da obra redentora de Jesus, que agora está lá em cima, como porta para o altíssimo, acessada por todos que buscam a Deus pelo Espírito Santo. Entender isso diferentemente pode nos levar a ver Deus como um general de exército fazendo guerras e conquistando territórios, como se estivesse no mesmo nível espiritual de seus opositores, como se fosse só uma entidade espiritual oposta a Satanás, e não é assim que é. Deus é muitíssimo superior a todos, ninguém nem chega perto dele, assim como não existe guerra espiritual, a única guerra que há é em nossas mentes
      Intenção interior é algo tão poderoso e importante que muitos, sem saberem, tocam o trono de Deus nas regiões celestiais mais altas, e outros, ainda que em igrejas cristãs e com bocas cheias de Bíblia, não passam dos tetos dos templos com suas preces. Com a intenção espiritual correta, que muitos chamam de “unção”, nem são necessárias palavras e raciocínios, pode bastar um desejo focado e forte. Orar visualizando mentalmente aquilo ou aquele que se quer abençoar, nos permite ver a luz de Deus sendo emanada, curando, libertando, protegendo e guiando, se fazemos isso na autoridade e na mobilidade do Espírito Santo. Deus é luz, e nessa luz há uma qualidade de vida que muitos nem imaginam existir. 
      Por que tantos cristãos infelizes, apoiando atualmente ideologias políticas de guerra e ódio? Porque creem mais nas trevas que na luz, e quando digo isso não estou querendo dizer que cristãos confiam no diabo, mas que inventam trevas tão empoderadas que o Deus de luz acaba ficando muito menor que é. Quem dá ao “diabo” poderes que ele não tem, constrói uma guerra que não existe e perde tempo e energia num embate inútil, mas cristão assim não pode ser feliz e ter paz, e muito menos se preparar adequadamente para a eternidade. Esses até se preparam, para um apocalipse que nunca vai acontecer, enquanto deixam de dar no mundo testemunhos de verdadeiros luzeiros espirituais do genuíno Deus de luz. 

sexta-feira, agosto 20, 2021

Engenharia, eficiência, design, conforto

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado.I Coríntios 7.20

      Vi, numa propaganda de bateria para autos, quatro características de construção de carros, aliadas a quatro construtores diferentes, achei interessante: engelharia alemã, design italiano, eficiência japonesa e conforto norte-americano. As pessoas são diferentes, as nações, suas culturas e histórias, são diferentes, assim são diferentes suas qualidades, suas capacidades, assim como suas restrições e suas fraquezas. Já os que vêm de um mesmo ambiente, com mesma formação intelectual e mesma estrutura emocional, são semelhantes, bons em certas coisas e não tão bons em outras. Viva a diversidade, viva a multiforme sabedoria de Deus que se revela em partes diferentes em pessoas diferentes, para que todos sejam úteis no todo. Vamos entender melhor essas quatro características: engenharia, eficiência, design e conforto. 
      A engenharia resolve problemas humanos criando máquinas, inventando ferramentas que antes não existiam. Os primeiros modelos de um engenho podem não ser os mais eficientes, mas cumprem suas funções, ajudam o homem a fazer algo que antes ele tinha que fazer sozinho, com sua força física ou com força animal. Os que buscam eficiência também se ocupam com a função, podem até não inventar nada, construir algo do zero, mas aperfeiçoam, tornam o que outros criaram mais eficientes, de maneira que algo desempenhe sua tarefa em menos tempo, com menos gastos, energia, combustível ou força, e ocupando menos espaço. Tanto engenheiros quanto desenvolvedores de eficiência trabalham sobre o conteúdo, querem que algo funcione, melhor e mais barato, sem se preocuparem muito com a forma.
      A forma se manifesta exteriormente e interiormente, no lado de fora é a beleza estética que os outros veem, o design, no lado de dentro é a interação do engenho com aquele que o opera e com outros passageiros, que encontram no conforto mais facilidade para usarem a ferramenta. Nem tudo que é bonito por fora é confortável por dentro, para exibir algo para os outros muitos fazem sacrifícios que mantêm em segredo. Por outro lado muitos priorizando o conforto interno relevam a aparência externa, assim quem vê pode ter uma impressão oposta da experiência de quem está dentro, pode achar que o operador sofre com um engenho ruim, enquanto esse está bem confortável. Esses são quatro critérios para avaliarmos uma ferramenta, dois sobre o conteúdo e dois sobre a forma, dois sobre a função e dois sobre a estética. 
      Um carro de corrida, de Fórmula 1, por exemplo, tem engenharia sofisticada e pode até ter um design externo elegante, mas não é eficiente para andar em ruas comuns fora de um autódromo e nem é confortável para o motorista. Por outro lado uma limusine tem confortos até exagerados para seus ocupantes e também pode ter um design luxuoso, mas não é um topo de linha em termos de engenharia de motor e muito menos é eficiente, ela tem custo bem alto para ser mantida em funcionamento. Carros europeus populares são pequenos, ágeis, adequados para as vias estreitas do velho continente, já carros norte-americanos são amplos, resistentes, não precisam ser rápidos para ganharem uma corrida, só confiáveis para se viajar com toda a família de costa a costa num país continental como os E.U.A..
      E nós, seres humanos, somos adequados para a realidade em que vivemos? Ou estamos tentando ganhar uma corrida que não fomos feitos para correr com um carro popular, ou pagar caro por um carro luxuoso quando só precisamos chegar depressa no trabalho que não nos paga o suficiente para termos um carro caro? Podemos também estar usando um Fórmula 1 para ir à padaria ou ir à cidade todos os dias com um ônibus que só leva a nós como motorista e passageiro. Saber o carro que se pode ter e saber onde se tem que ir com ele, é o segredo de uma vida eficiente e confortável, não ociosa, nem sacrificada, mas equilibrada. Auto-conhecimento é a chave para a felicidade e a utilidade, mas só nos conhecemos quando conhecemos a Deus, a jornada para conhecer a Deus é a mesma que nos leva a nos conhecermos. 
      O segredo é entender que ninguém é igual a ninguém e nem precisa ser, contudo, por querermos ser o que não somos, por usarmos como referência os homens e não Jesus, na maior parte das vezes somos inadequados para a vida que podemos viver, assim acabamos infelizes e não tão úteis. Aceitar as diferenças é aceitar o destino, e destino não é uma cela, mas o melhor caminho para chegar no lugar que precisamos chegar, que só descobrimos à medida que caminhamos. Destino não é algo que se descobre seguindo fórmulas de outros homens, sejam intelectuais, morais ou espirituais, destino se entende buscando a Deus, tendo uma profunda comunhão com ele, para depois pôr em prática no dia a dia de nossas existências no mundo. Deus sabe porque dá a cada um carros diferentes, isso não é limitação, mas oportunidade. 

quinta-feira, agosto 19, 2021

Respeite

      “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.Miqueias 7.7-9

      Não inveje o que desponta pela qualidade de seu trabalho, não guarde mágoa daquele que te tratou injustamente, não mantenha expectativas de ganhar de homem um reconhecimento. Dê a cada um a oportunidade de receber a mesma honra que você quer receber, e faça isso com o coração, generosamente. Deus ama a todos igualmente e se trata diferentemente a cada um é porque cada um precisa, para o seu próprio bem, ser tratado assim, com oportunidade diferente e em tempo diferente. 
      Aprenda com todos, ouça a todos, respeite a todos, mas trilhe seu caminho só, debaixo do pequeno facho de luz que Deus emana sobre você, ele é suficiente para que você veja o que precisa ver a cada passo que dá. Ande devagar mas continuamente, aprenda aos poucos deixando que o conhecimento se assente em teu espírito e fique lá, então, um novo facho de luz de Deus emanará, mostrando o que vem a seguir. Deus te respeita, mais que você ou os homens te respeitam, ele caminha contigo sem pressa. 
      Quantas vezes saímos correndo, achando que sabemos mais e não precisamos ter paciência para esperar quem não sabe, e fazendo isso sinceramente convictos que temos o direito de estar à frente, afinal nos esforçamos para conquistar algo. Deus não age assim, ainda que saiba de tudo, não joga verdades em nossos rostos, não se prevalece por saber mais, não sai correndo e nos obriga a ir atrás. Isso é respeito, o mesmo que temos que ter conosco e com os outros, seja na área material, intelectual ou moral. 
      Consegue respeitar quem sentiu a necessidade de respeito e o provou. Que respeito é maior que aquele que provamos do próprio criador, Deus santo e eterno? Quem sente na pele o respeito do Deus que vê o pecado, mas ainda assim nos ama e nos perdoa, dando-nos uma segunda, uma terceira chance, respeita os outros, tem paciência com os outros, ama os outros. Por isso não há condenações nem endemoniados eternos, só criaturas respeitadas por Deus com tempo para aprenderem a respeitar a si mesmas. 
      Respeite mesmo o que está em pecado, e mais ainda o que esteve e não está mais, amar é olhar as pessoas com os olhos de Deus, vendo nelas o que elas podem vir a ser. Isso não é escolha ou simples complacência, é prova da espiritualidade mais alta para a qual todos somos atraídos por Deus, e de um jeito ou de outro, um dia todos aprenderemos a respeitar a todos. Não dê vereditos finais só pelo que seus olhos veem neste mundo, Deus nos respeita pois sabe que temos tempo para melhorarmos. 

quarta-feira, agosto 18, 2021

Sem atraso ou risco

      “Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.João 11.7-10

      O homem espiritual vê o invisível, sabe onde e quando andar, pois o faz na orientação de Deus, e quando o Senhor orienta sempre há luz. Há perigo, existem opositores, há torcida contrária, existem invejosos? Sim, mas se Deus manda, faça, com humildade e cuidado, mas sem medo e com segurança. A vitória não está no ambiente, nas pessoas, na situação, no mundo visível, mas na ordem de Deus. 
      Contudo, o contrário também é verdadeiro, se Deus não mandar, ainda que tenhamos as melhores intenções e os maiores esforços, ainda que os homens nos apóiem, ainda que as situações econômica e política estejam favoráveis, estaremos em trevas. Na escuridão do noite espiritual, não há clareza intelectual ou fortaleza material que resistam, o maior perigo é espiritual, não físico. 
      Andemos enquanto há dia, pois virá uma noite maior para toda a humanidade e nela só a graça de Deus para sustentar os humildes que confiam num Deus espiritual invisível, e não no que os olhos acham ver. O invisível se torna visível para os simples, as mudanças de estações, de eras, a passagem do dia para a noite, são discerníreis aos que temem a Deus. A força não está em fazer, mas em obedecer. 
      Em sua jornada pessoal, você sabe se é dia ou se é noite? Se é amanhecer ou é entardecer? Não durma com o Sol a pino, mas também não tente trabalhar à meia-noite, pelo que conseguiu construir no tempo certo agradeça a Deus e descanse. Se não foi suficiente, ainda assim Deus cuida com misericórdia dos que se quebrantam diante dele, mas o teimoso que quer fazer fora de hora cairá e não saberá onde. 
      Na passagem de Jesus “ressuscitando” Lázaro (leia todo o capítulo onze do evangelho de João para melhor entendimento) parece que Jesus estava fazendo tudo errado, demorou para ir ver Lázaro e suas irmãs, não era um momento propício, visto que os judeus queriam seu mal, mas ainda assim ele teve calma. Seus discípulos, olhando a situação de fora, não entenderam e exortaram o mestre, cegos. 
      Contudo, quem anda na luz não se perde, não é confundido, não é pego por surpresas, por armadilhas, pela maldade do homem, e acima de tudo, quem está na luz pode pedir uma interferência extraordinária de Deus (extraordinária pelo menos aos olhos dos homens) e ser atendido. Os tolos poderiam dizer, “se Jesus tivesse ido ver Lázaro na hora certa um milagre não precisaria ser exigido”. 
      Mas quem de nós entende os planos de Deus, o que de melhor Deus pode nos ensinar, não através do impedimento do mal antes que esse se realize, mas com a vitória sobre esse depois que já se realizou no mundo material? Deus age de muitas maneiras, e muitas vezes não porque seja o melhor jeito, mas porque é o único jeito de nós, homens de duras cervizes, sermos quebrantados e aprendermos algo. 
      O ponto desta reflexão é um só: quem anda na luz de Deus não se atrasa, nem se expõe a perigos desnecessariamente, antes cumpre o propósito maior de Deus, glorifica seu nome e cresce espiritualmente. Cuidado, os que julgam pelos olhos físicos, mas que são cegos espirituais, que se achando lúcidos estão em trevas. Estejam felizes, contudo, os que obedecem a Deus, para vocês a luz mais alta nunca falta.