domingo, novembro 21, 2021

A melhor maneira de se apagar o fogo

      “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Salmos 51:17  

      Só existe uma maneira de se apagar o fogo, retirando o oxigênio próximo a ele. Na prática isso não é tão fácil, é mais fácil jogar água sobre ele, contudo, se entendermos como o fogo funciona, veremos que ele se alimenta de oxigênio, quando jogamos água no fogo limitamos o oxigênio ao seu redor. Não é a diferença de temperatura que o apaga, mas a ausência de oxigênio, que uma quantidade suficiente de água exerce sobre a região em que ele está. Nesse processo gastamos água, mas um pouco mais perigoso, e que surte o mesmo efeito, é jogarmos um pano sobre a chama, se for rápido e em toda a superfície que está queimando, apagaremos o fogo e não queimaremos o tecido. Como com a água, não foi o pano que apagou a chama, mas a diminuição de oxigênio ao redor dela, sendo assim podemos usar qualquer material sólido. 
      Podemos usar isso como metáfora para entendermos lutas morais e espirituais que enfrentamos contra o pecado. Todos sabemos que nossas vidas é um apagar de incêndios, quando conseguimos dar conta de um, outro surge, e assim vamos. Incêndios são lutas, são imprevistos, tanto nos conflitos necessários que temos para sobreviver no mundo, quanto nas batalhas pessoais de espírito contra a carne, onde o inimigo é o pecado. Frisando: nosso inimigo é o pecado gerado dentro de nós, não é o diabo, espíritos maus ou homens. Somos responsáveis pela criação desse mal interior, assim como temos livre arbítrio para decidirmos se o mal morrerá ali, no campo das ideias dentro de nossas consciências, e não se transformará em palavra ou ação no mundo físico exterior, envolvendo ou não outras pessoas e mesmo seres espirituais do mal. 
      Você já sentiu algumas vezes, que por mais água que jogasse, por mais panos que usasse, o fogo seguia forte? Em certos casos água e panos não resolvem, temos que ir direto à origem, tirar o oxigênio, anularmos não o efeito, mas a causa, não o mal, mas aquilo que o mantém vivo. Quando você estiver perdendo muito tempo, e ainda assim não conseguir vencer uma luta, a solução não é lutar mais, mas usar melhor o tempo. Talvez o inimigo esteja te vencendo porque ele está achando tempo disponível para isso, tempo que você mesmo está dando a ele. Tempo livre ou gasto com algo errado, pode ser o oxigênio que o mal está usando para te vencer, então, pare e reavalie como usa teu tempo. Podemos perder batalhas não por sermos fracos, mas por estarmos engajados nelas, em batalhas erradas, quando devíamos estar fazendo coisa melhor.

sábado, novembro 20, 2021

Necessidade ou merecimento?

      “O qual recompensará cada um segundo as suas obrasRomanos 2.6a

      Alguns necessitam mas não merecem, outros não merecem mas necessitam, outros ainda merecem e não necessitam, em que grupo estamos? Alguns, por carência afetiva, por insegurança, desejam ansiosamente serem reconhecidos, contudo, não merecem esse reconhecimento, isso por um de dois motivos. Um motivo é não terem feito por merecer, não trabalharam para isso, não construíram uma obra íntegra e sincera, que resistisse ao tempo e que fosse de fato algo bom, que contribuísse de forma positiva para sua vida e para as outras vidas. Assim, seguem iludidos pela vaidade, vulneráveis a feridas não curadas, achando que a solução está fora deles, no que os outros pensam, e não dentro deles e em Deus.  
      O segundo motivo de alguns desejarem reconhecimento, mas não o merecerem, é que ainda que tenham trabalhado para construírem algo íntegro e sincero permaneceram inseguros, vaidosos, até fizeram algo certo, mas por motivos equivocados, dessa forma o reconhecimento poderia lhes fazer mais mal que bem. Eles não estão prontos para administrar mesmo o merecimento, não neste mundo, pois construíram para os outros, se preocuparam com o mundo e esqueceram-se de suas almas, assim, é o próprio Deus protegendo-os deles mesmos que não permite que certas honras se realizem. Esses terão que sofrer um pouco mais de injustiça, de anonimato, para que aprendam a trabalhar com o coração certo e para o Senhor certo.
      Mas existem outros, que ainda que não tenham feito tudo aos olhos dos homens, fizeram tudo que podiam aos olhos de Deus, o Senhor os conhece, sabe que a honra que não lhes foi dada foi usurpada por homens, esses sim, injustos e egoístas, que julgam pela aparência e pelo passado. O Senhor sabe que esses esquecidos não necessitam de reconhecimento para satisfazerem inseguranças e vaidades, mas porque já estão cansados, e mesmo assim permanecendo fiéis ao Senhor, não baseando suas persistências no que os outros pensam, mas no que Deus pensa deles. Para esses a injustiça tem limite, na hora certa Deus os honrará, não para que dependam de homens, mas para que sejam fortalecidos e louvem a Deus. 
      Existe, contudo, um terceiro grupo, os que merecem reconhecimento, mas não necessitam dele, não de reconhecimento humano. Deus, o pai, desejaria que todos os seus filhos estivessem nesse grupo, nele estão os que trabalham, e muito, e que ainda que não sejam valorizados pelos homens, não ligam para isso. Esses já aprenderam a satisfazerem-se com a intimidade do Senhor como sua maior recompensa, esses veem em fazer o bem um fim em si mesmo, sem necessidade, pelo menos neste mundo, de recompensa. Esses podem até ser importantes no mundo e diante de homens, mas têm como prioridade o aperfeiçoamento espiritual, o amor que serve, a santidade sem fingimento que agrada a Deus, esses amadureceram certo. 

sexta-feira, novembro 19, 2021

Precisamos dos outros

      “Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente. Então ele se levantou, e foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou, e lhe disse: Trazê-me, peço-te, num vaso um pouco de água que beba. E, indo ela a trazê-la, ele a chamou e lhe disse: Trazê-me agora também um bocado de pão na tua mão.I Reis 17.8-11

      Algumas pessoas fazem de tudo para não dependerem dos outros, é preciso entender que isso a princípio não é ruim, é um instinto básico de sobrevivência física do ser humano prevalecendo. No mundo material, com tanto egoísmo, com tanta maldade, com tanta injustiça, de fato é importante que entendamos o quanto antes que precisamos ser independentes, ensinar isso a filhos é sábio. Mas a questão é que não somos só corpos físicos, somos também espíritos eternos, esses crescem não só com independência, onde se é senhor responsável de si, mas também sendo servo humilde.
      Crescemos espiritualmente servindo, não sendo servidos, dando, não recebendo, entender isso nos dá o dever de ajudarmos os outros, mas também o direito de sermos ajudados pelos outros, ambas as coisas não são danos, mas privilégios, no equilíbrio e na harmonia que o universo controlado por um Deus sábio experimenta o tempo todo. O orgulho, contudo, é muito forte em nós, e em alguns de nós mais forte ainda, assim para não dependermos dos outros, devermos algo a alguém, podemos fazer muitas coisas, inclusive sermos trabalhadores esforçados e religiosos fiéis, crentes em Deus. 
      Alguns, para não passarem por aquilo que consideram ser vergonhoso, algo que para eles seria a diminuição de seus valores diante dos homens, visto que só se consideram algo diante de homens se mostrarem-se sempre fortes, independentes, se tornam ótimos cristãos e profissionais prósperos, dependerem de Deus para eles tudo bem, mas de homens, jamais. Sim, o certo é dependermos só de Deus, mas Deus sabe até que ponto uma disposição nossa nesse sentido é sincera e humilde, ou é só desculpa para mantermos uma arrogância que nos exiba como melhores diante de pares. 
      Se agirmos assim, por um orgulho teimoso, o Senhor poderá dirigir nossas vidas a uma situação onde tenhamos que precisar da ajuda dos outros, e muitas vezes justamente daquela pessoa que mais não queríamos depender. Deus não humilha ninguém, muito menos desnecessariamente, mas tenhamos cuidado, não persistamos no orgulho, ajudar é bom, mas permitirmos sermos ajudados é melhor, no sentido que revela, não só a providência do Senhor levantando alguém para nos auxiliar num momento difícil, mas também dando oportunidade para alguém servir e para nós sermos servidos.
      O exemplo de Elias é marcante para mim, já refletimos alguns vezes a respeito aqui. Ele tinha segurança em Deus de sua missão, sabia que precisava da ajuda dos outros, não porque era vagabundo, mas porque dedicava o tempo de sua vida a algo importante, servir a Deus. Por isso se Deus levantasse alguém para servi-lo, ainda que fosse uma viúva pobre, ele humildemente aceitaria. Quem lê superficialmente I Reis 17 pode achar Elias um insensível, folgado, mas ele sabia que Deus podia sustentá-lo tanto quanto honrar quem fosse usado para isso, que isso não seria um sacrifício, mas uma honra. 

quinta-feira, novembro 18, 2021

Como um passarinho

      “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?João 11.40

      Se nos sentarmos na grama de um jardim e permanecermos lá quietos e calados por algum tempo, pode ser, que em algum instante, um passarinho pouse bem perto de nós, e numa situação ainda mais difícil, pode ser até que pouse sobre uma de nossas mãos, aberta e relaxada sobre a grama. Contudo, pelo menor gesto, ao mais baixo som, mesmo por uma respiração mais profunda, ele será espantado, voará para longe. A nós só restará olhá-lo de longe, voando livre no céu.
      Assim é com uma experiência mais profunda com o Espírito Santo, requer de nós muita paz, muito silêncio, muita consagração, muita fé, muita perseverança. Mas ao mesmo tempo que é trabalho espiritual, é abrir mão de esforço físico, emocional, do ego, de fazer qualquer tipo de troca com Deus, de achar que temos algum direito por termos algum crédito, algum merecimento. Podemos ver a “glória” de Deus? Sim, é possível, mas é algo tão poderoso quanto delicado. 
      Por que é assim? Porque assim como pássaros foram criados para voarem livremente, e por serem frágeis têm o instinto de ficarem longe de homens ou de quem possa lhes fazer algum mal, nós seres humanos, vivendo encarnados no mundo, não podemos entender e conviver com total plenitude com o mundo espiritual e com o Espírito Santo de Deus. Ainda assim podemos ter profundas experiências com Deus, se nos dermos ao trabalho de “não trabalharmos”. 
      O texto desta reflexão parece vago, impreciso? Pois ele é, experiências mais profundas com Deus não podem ser padronizadas, o caminho para elas não pode ser detalhado, como um mapa para se chegar a um lugar. No máximo podemos dar a direção geral, como com uma bússola, dizer que um local está ao norte, mas detalhes só descobre o que se põe a caminho e por si mesmo experimenta como as coisas funcionam para aquilo que Deus pode mostrar especificamente a ele. 
      Uma coisa eu sei, “um passarinho pode pousar em nossas mãos”, e quando isso acontece é maravilhoso, diferente de tudo, faz toda a nossa vida ter sentido, entendemos coisas que por muitos anos carregamos dentro de nós como mistérios. Quando “vemos a glória de Deus” queremos experimentar isso de novo, mas é só a partir da segunda vez que começamos a entender como as coisas funcionam, a trabalhar para “não trabalharmos”, e que isso é só o início de uma jornada. 

quarta-feira, novembro 17, 2021

Perdão muda tudo

      “Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.Salmos 130.3-4

      Nossa relação com as pessoas só muda quando experimentamos perdão de Deus. O perdão muda tudo, primeiro nos muda quando entendemos que necessitamos dele, depois muda nossa relação com Deus quando cremos que Deus existe, nos ama, nos perdoa, e que isso é suficiente para que tenhamos paz. Mas quando mudamos, para nós e para Deus, mudamos no universo, a imagem que temos de nós muda. Não nos sentimos mais deuses com direito de exigirmos dos outros devoção por sermos melhores, nem inferiores sem deveres, com direito de sermos vítimas, e como tais, com necessidade de sermos servidos pelos outros, não de servirmos.
      A experiência do perdão, que todos em alguma instância deveriam provar, já que não existe um justo no mundo, todos carecem da graça de Deus, põe nossos pés no chão, para podermos olhar todos como semelhantes, mas nossos corações no céu, para entendermos que todos dependemos de Deus e de seu amor. Isso nos faz iguais, não superiores nem inferiores, como iguais podemos amar com justiça, sabendo que também precisamos das pessoas tanto quanto elas precisam de nós. Isso ocorre numa relação de serviço em humildade, de generosidade, que não nega perdão aos outros, já que também se provou perdão e por ele se obteve paz.
      O texto bíblico inicial revela um daqueles mistérios que a Bíblia maravilhosamente contém. Podemos pensar, equivocadamente, que temos poder sobre alguém por sabermos de seu pecado, assim, como acusadores, acharmos ter uma posição superior, na qual podemos agredir e controlar alguém. Mas o Salmo 130 diz o contrário, Deus é temido, é superior, justamente por perdoar. A mesma coisa deve ser conosco, só perdoando é que temos, não o medo das pessoas, para dominarmos sobre elas, mas o respeito, para que elas sejam nossas amigas sinceras, numa relação de amor. Queremos ser melhores? Humildemente amemos e perdoemos. 

terça-feira, novembro 16, 2021

Seguremos a paz

      “O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.Salmos 29.11

      Nos sentirmos culpados por algo que não fizemos ou por algo que já fomos perdoados, é porta para fazermos algo que realmente possa nos deixar culpados. A culpa, seja legítima ou não, sempre nos enfraquece, mas quando acolhida sem motivo é arma mentirosa do “diabo”, que pode vencer mesmo o que não fez nada de errado. Por isso é importante orarmos constantemente, vigiarmos espiritualmente, alcançarmos a paz de Deus e a retermos.
      Paz de Deus é segurança de estarmos com as vidas acertadas com ele, perdoados e não acusados, por nada, se Deus se agrada de nós nenhuma culpa pode nos atormentar, assim como estamos fortalecidos contra qualquer ataque de mentira do “diabo”. Quem é o diabo? Pode ser tanto um ser espiritual das trevas, a nossa própria insegurança, como a insegurança de homens, que não se humilham diante de Deus, e que só crescem diminuindo os outros. 
      Nós somos seres variáveis, volúveis, emocionalmente não confiáveis, assim podemos viver fases onde parece que retemos paz por mais tempo, mesmo não tendo uma vida de oração como deveríamos ter. Em outros momentos, porém, podemos experimentar uma grande dificuldade em reter a paz, mesmo que estejamos orando bastante e tendo uma vida agradável a Deus. O segredo é persistirmos buscando a Deus e não confiarmos em nós mesmos.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Aceitar ou repreender?

      “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.João 10.10

      Quando algo que não é o melhor de Deus para nossas vidas vai acontecer, pelo menos algo que não seja até o momento o melhor, pode ser por dois diferentes motivos. Ou é Deus mudando alguma variável para que cresçamos, ainda que seja a diminuição ou a perda de algum usufruto material, ou é o mal querendo nos roubar algo, e nesse caso devemos orar para saber como repreendê-lo. As duas coisas serão a vontade de Deus sendo feita e por isso serão boas para nós, mas no segundo caso Deus quer nos fazer participantes da vitória exercendo luta espiritual em oração. 
      Tendo vida de oração recebemos de Deus discernimento para sabermos que algo pode mudar, essa vigilância é necessária para não sermos pegos despreparados por mudanças, achando que a existência é zona de conforto onde podemos nos acomodar. Neste mundo existir é lutar até nosso último instante de vida, assim o próprio Deus mexe nas variáveis para que sejamos motivados a crescer. Crescemos nos adaptando a mudanças autorizadas por Deus, assim como lutando contra aquelas mudanças indevidas, que o mal tenta fazer em nossas trajetórias.  
      O importante é estarmos vigilantes para sabermos o que fazer na hora certa, seja suportando uma mudança ou lutando contra uma. Jesus disse que nos concede vida abundante, assim se a mudança for sua vontade, ainda que limitando-nos de algum jeito, será para termos uma vida espiritual melhor. Por outro lado Jesus disse que o “ladrão” vem para roubar, perder para ele não é o melhor de Deus, “ladrão” deve ser confrontado e de maneira alguma aceito passivamente. De um jeito ou de outro temos que entender e fazer a vontade de Deus, nisso há vitória e paz.

domingo, novembro 14, 2021

Não temamos o homem

      “O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem. O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam; por isso verei cumprido o meu desejo sobre os que me odeiam. É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem. É melhor confiar no Senhor do que confiar nos príncipes.Salmos 118.6-9

      Crescermos espiritualmente é equilibrarmos vida com Deus com uma relação com o mundo material, é conhecermos o Senhor, mas trabalharmos com os homens para conquistarmos vidas dignas, usando bem nossas oportunidades para testemunharmos o amor de Deus aos outros. O melhor não está num extremo, mas no equilíbrio, não sofrendo pela falta, mas administrando com responsabilidade os ganhos, lutando para ter, mas não nos desesperando caso não tenhamos ou percamos. O importante é crescermos no amor de Deus e na prática em paz desse amor com os seres humanos. 
      Contudo, em certas situações o lado espiritual deve prevalecer, se houver um conflito de interesses, a voz de Deus precisa falar mais alto que as vozes dos homens, e é preciso temor a Deus e fé para saber quando isso deve ser feito e como. Se solicitamos um direito nosso ao homem e esse não nos concedeu, se a conquista de algo implica em perdermos a paz, em participar de confrontamento deselegante, então, é melhor nos retirarmos e falarmos com o Senhor. O dono de tudo não é o homem, nosso patrão maior não é o ser humano, por maior que esse seja não devemos temê-lo. 
      Ao homem malicioso reajamos com silêncio, com distanciamento, entreguemos nossas causas a Deus e aguardemos dele a resposta, aliás, tudo o que leva a perda de paz é Deus alertando, “afaste-se e permita que eu aja”. Entendamos, contudo, que existe uma armadilha em certas situações, algumas pessoas manipulam suas armas sujas de um jeito que acabam nos convencendo que mandam em nós, que dependemos delas, que têm algum poder sobre nossas vidas, tal o terror que nos causam. Isso é uma mentira na qual podemos acreditar se não estivermos atentos e firmes no Senhor. 
      Se tua necessidade for justa, confie em Deus, se teu direito for legítimo, confie em Deus, se você estiver certo, confie em Deus, e mesmo se estiver errado, acerte-se com Deus e nele confie, mas nada, absolutamente nada é motivo para temermos o homem ou entrarmos em embates que coloquem nossa paz em risco. Dependemos só de Deus, ainda que respeitando principalmente os que estão de alguma forma em posições hierárquicas superiores a nós, mas se esses agirem com algum tipo de maldade, não os temamos, o Senhor trabalha pelos sinceros que confiam suas causas a ele. 

sábado, novembro 13, 2021

O que me achar, achará a vida

      “Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da minha entrada. Porque o que me achar, achará a vida, e alcançará o favor do Senhor. Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte.Provérbios 8.34-36

      Entre março de 2020 e novembro de 2021, momento em que escrevo este texto, muita gente tem morrido. Assistir testemunhos dos próximos aos mortos não pode deixar de nos emocionar, mas choca-nos ainda mais e em especial, amigos e colegas de artistas e jornalistas que partem, lágrimas derramadas ao vivo por quem acompanhamos diariamente como imagens e áudios vivos e ativos da divulgação da realidade. Neste exato momento estou assistindo os colegas falarem de Cristiana Lôbo da GloboNews, pioneira do jornalismo político ao vivo e atual, que faleceu agora pouco de pneumonia, mas já num quadro de tratamento de um tipo sério de câncer. 
      Mais morte? Sempre houve morte no mundo e muito, ocorre que antes não sabíamos de tudo tão depressa. O mundo sempre esteve em guerra, e antes em guerras constantes e sangrentas, muita gente morria de uma só vez, ainda que a população mundial fosse menor. Hoje existe muita gente e a movimentação dessa gente é barata, rápida e fácil, alguém viaja do Japão ao Brasil de avião em pouco mais de vinte e quatro horas. Isso também transporta doenças transmissíveis com facilidade, a pandemia da Covid 19 está ainda aí para confirmar isso. Ninguém está protegido de ninguém, tanto de um ato terrorista, como de uma enfermidade, como de uma má notícia.
      Tenho me sentido assim nos últimos tempos, sofrendo overdose de morte, isso tem me entristecido bastante. Se temos tantas certezas do que ocorre depois daqui, que a vida no plano espiritual pode ser muito melhor que a vida no plano físico, por que tanta tristeza com os que partem? É um instinto natural e sadio, está carimbado em nosso d.n.a., não só físico, mas espiritual, que temos que viver e seguir vivendo, a morte não pode ser solução para nada. Quando alguém morre na Terra, uma luz manifestada materialmente se apaga, isso dói, tem que doer, quem está vivo ama a vida e ama os vivos, todos eles, e muito mais os que vivem próximos a ele, que também o amam. 
      Mas o que é vida? É saúde física, bens para usufruir prazeres do corpo, honra dos pares, amor da família? Sim, é tudo isso e muito mais, como nos diz o texto bíblico inicial. “que me achar, achará a vida”. Linda essa frase, e quantos, querendo achar tantas coisas, nunca acham a vida melhor, a vida eterna, a presença viva de Deus dentro deles. Por isso o oposto também é verdadeiro, Deus não é opção, é vida, quem de alguma maneira peca contra Deus, peca contra si mesmo, ama a morte, não a vida, e comete uma espécie de suicídio. Porque só Deus vivo em nós nos faz entender as prioridades das várias áreas da vida, de modo que possamos vivenciar plenamente tudo.
      A mídia e outros meios pregam o tempo todo “amo viver, quero viver, não tenho medo de viver”, e muitos jovens repetem isso como um mantra. Contudo, muitos só fazem isso de boca para fora, porque é moda, dentro deles algo lhes diz que aquilo que a mídia e outros meios vendem como vida não é vida e consequentemente não satisfaz suas almas. Vida é namorar, comer, beber, dançar, ouvir música, viajar, ter um bom carro, estar bonito nas imagens compartilhadas nas redes sociais, isso é o que o mundo diz. Mas nosso espírito sabe que isso não basta, ainda que teime em fugir de Deus traz na essência uma fome de Deus, fome de vida eterna, negação da morte.
      É verdade que muitos fogem daquilo que acham que é Deus baseados naquilo que dizem ser Deus os canais que deveriam compartilhar Deus, igrejas cristãs, por exemplo, mas isso não é desculpa. Quem quer Deus e tem coragem para admitir isso, acha. A morte sempre nos fará sofrer, mas que a dor dos que ficam seja só saudade de alguém que conseguiu terminar sua trajetória com o maior número possível de questões bem resolvidas. Mas que a morte nos conduza para a melhor eternidade de Deus, o céu, onde, sem medo de subir para a luz mais alta em Cristo, descubramos com alegres surpresas todas as maravilhas que Deus tem preparado para aqueles que o amam. 

José Osório de Souza, 11/11/2021

sexta-feira, novembro 12, 2021

Como a sombra que passa

      “Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes? O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.Salmos 144.3-4

      No dia 5/11/2021, em Caratinga/MG, num acidente de avião, morreu Marília Mendonça, aos vinte e seis anos, no auge da carreira, conhecida como a rainha da “sofrência”. A partida prematura comoveu o Brasil, vencedora do Grammy, compositora e cantora de voz forte, carismática, milhares de seguidores nas redes sociais. Apesar de jovem, artisticamente tinha postura de mulher madura, deu voz, em suas canções, a “causas” femininas, num tom que antagonizava ao tom mais masculino presente principalmente na música sertaneja. 
      A internet hoje faz isso com a gente, você não precisa ser fã de um artista ou de um estilo musical para conhecer alguém, saber de sua relevância. Mas mais que uma artista, se vai um ser humano, ainda tão cheio de energia, alguém que não veremos nunca mais, cujo brilho fica mais evidenciado com tantas imagens e vídeos disponíveis nas redes sociais. Como sexagenário sei que a vida passa depressa, mas quando vemos a passagem para o outro plano de uma luz artística jovem e tão forte, percebo que a vida pode ser curta demais.
      Quem tem filhos sabe disso, hoje estão nos dando trabalho para dormir, trocar fraudas e tomar o leitinho, e amanhã já estão fazendo vestibular, arrumando estágio, tendo responsabilidades como profissionais. Não criei minhas filhas para se casarem depressa, se acontecer, tudo bem, mas sempre lembro-as de darem prioridade a estudos e profissão, para fazerem diferença no mundo de maneira mais abrangente. Mas um dia estarão elas com compromissos afetivos sérios, e depois, quiçá, me dando a alegria de ser avô.
      Nós, que ficamos, podemos interpretar partidas, principalmente de jovens, como adiantadas, mas Deus sabe o que faz e sempre faz as coisas no tempo certo. Muitas coisas entendemos, outras fingimos que concordamos, mas algumas não aceitaremos nunca, contudo, viver é isso, administrar dor e é só na dor que crescemos. Na eternidade entenderemos tudo, de um jeito ou de outro, o véu será tirado, o mundo espiritual será desnudado diante de nós, veremos muitos que partiram antes de nós, haverá choro, mas também alegria. 
      “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Salmos 90.12), quantos dias teremos para contar? Só Deus sabe, mas quem vive e anda no Espírito é orientado sempre, sabe o que fazer, onde e como, não é pego de surpresa nem pela morte, eu creio assim. Perto de Deus não deixamos pendências nem dívidas, não perdemos tempo com vaidades ou culpas, amamos quem realmente nos ama e respeitamos os outros com temor, enquanto Deus nos cura, nos ensina, nos sustenta e nos protege. 

José Osório de Souza, 5/11/2021

quinta-feira, novembro 11, 2021

Oremos pelos outros

      “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.Tiago 5:16 

      Dois conselhos nos dá Tiago no texto inicial, em primeiro lugar sobre confessar pecados, entretanto, ele não diz que devemos fazer isso só diante de Deus, em segredo, mas que é bom que façamos isso diante dos homens ou com eles. Podemos entender isso de duas maneiras, uma delas é que se erramos com alguém ou se alguém errou conosco, devemos acertar a situação com a pessoa, procurá-la e orar com ela, isso na verdade é mais que uma opção. A outra maneira é que mesmo que alguém não tenha nada a ver com um problema, podemos abrir nosso coração com esse alguém e com ele orar.
      Essa segunda maneira é um benefício que podemos ter com amigos próximos nos quais confiamos e que estão preparados para essa intimidade. Compartilhar com outros nossas fraquezas é um ato de humildade, que muitos por orgulho não têm coragem de fazer, mas também é um ato de humanidade que pode nos abençoar quando nos tira da solidão de termos que enfrentar certas fraquezas sozinhos, assim como abençoa os amigos, que sabendo das nossas lutas não se sentem sozinhos em suas lutas. Saber que não se é a única pessoa no mundo com um problema é muito consolador. 
      Compartilhar fraquezas é bênção? É se for na situação certa e com as pessoas certas, nem tudo podemos compartilhar, muitas coisas devem ficar só entre nós e Deus, mas que isso seja por sabedoria, não por orgulho. A segunda coisa que Tiago ensina é sobre o poder da oração, tanto a que fazemos sozinhos, quanto a que fazemos pelos outros. O importante é não nos acostumarmos com certos erros e por isso deixarmos de orar por cura, e se oração privada tem eficácia, a que fazemos pelos outros e com os outros também tem. Lembre-se, os outros podem estar precisando e muito de nossa oração. 
      O Espírito Santo sempre nos orienta a como e quando orar, basta que estejamos limpos e com os ouvidos espirituais abertos para ele. Oração eficaz não está na quantidade, não necessariamente, mas na qualidade e qualidade existe na obediência realizada com uma intenção crédula e amorosa. Se o nome ou a imagem de alguém te vier à mente, e se você estiver em uma comunhão adequada com Deus, pode ser o Espírito Santo orientando você a clamar por esse alguém. Se for isso essa pessoa pode estar necessitando urgentemente de uma oração, nesse caso obedeça, com todo o coração. 

quarta-feira, novembro 10, 2021

É tempo de orar

      “Estando em angústia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei; do seu templo ouviu ele a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.II Samuel 22.7

      Orar é dialogar com Deus, num diálogo se fala, mas também se ouve, se pede, mas também se agradece pelo que se recebe. Orar é buscar o criador de nossas almas, é confiar naquele que é o primeiro que pode nos ajudar, porque nos ama e porque é o Senhor, tanto do universo físico que vemos, quanto do plano espiritual que não percebemos com os sentidos físicos, ainda que esses sejam impressionados o tempo todo pelo contato que nosso espírito faz principalmente com Deus, o pai dos espíritos. Orar é adorar a Deus de maneira direta, com música, com palavras, com convicção e emoção, não só pelo que Deus faz, mas pelo que Deus é, e nós só existimos, só achamos paz, porque esse Deus nos atrai em amor para o buscarmos. 
      Orar é conhecer a Deus, isso fazemos não quando falamos, mas quando ouvimos. Temos ouvido a Deus? Ou só sentimos a paz de sua aprovação inicial, quando pedimos perdão e entregamos nossas vidas a ele pela fé, e então encerramos nosso período de oração? Orar nos leva a adorar e quem adora dá, sem pedir nada em troca. Essa atitude prepara nosso espírito para ouvir de Deus os mistérios, que ele só compartilha com os que se dão ao trabalho de irem além da oração que pede e agradece pelo que recebeu. Quem se esquece do tempo e adora a Deus é agraciado pelo Senhor com seus dons espirituais, e esses são as ferramentas na escola espiritual do Altíssimo, que nos permitem conhecer mais a Deus e o plano espiritual. 
      Orar é interceder pelos outros, e isso só faz quem de fato conhece o amor de Deus, quem entendeu que os outros necessitam de auxílio tanto quanto ele mesmo necessita. Quem conhece o amor de Deus recebeu dele as ferramentas espirituais para, mais que clamar por si mesmo, colocar-se como instrumento do Senhor para iluminar outras pessoas. Sempre foi, é e será necessária oração de intercessão pelos homens, mas atualmente vivemos um momento sério em todo o mundo, quando mais do que nunca clamar pelo próximo se faz necessário. Deus tem levantado um exército secreto de intercessores, não duvide disso, que sente o momento do planeta, a dor da humanidade, e clama para que Deus ilumine com seu amor os que sofrem. 

terça-feira, novembro 09, 2021

Deus fala

      “Porque a palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis. Ele ama a justiça e o juízo; a terra está cheia da bondade do Senhor. Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca. Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em depósitos. Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu.Salmos 33.4-9

      Deus fala e quando fala sentimos uma paz diferenciada, não, ele não fala como falam outras vozes em nossas mentes, quando Deus fala é diferente de tudo. Outras vozes, sejam de nossas imaginações ou de seres espirituais mal intencionados, nos confundem, pois repetem as mesmas coisas, na maior parte das vezes são incitações, que se a princípio não forem coisas ruins no final com certeza causarão coisas ruins. Mas mesmo que sejam coisas positivas, não deixam paz em nós, só nos deixam mais angustiados, vozes estranhas são sempre obsessivas. 
      A voz de Deus tem certas características únicas, ela é a primeira que ouvimos quando fazemos a Deus uma pergunta direta, contudo, como muitas vezes não estamos perfeitamente “ligados” a Deus, seja por inexperiência ou por outro motivo, Deus pode, sim, repetir sua orientação. A orientação de Deus é sempre simples, curta, mas objetiva e extremamente profunda, quem estuda a Bíblia verifica isso principalmente nos livros de Salmos e Provérbios e nos ensinos diretos de Jesus nos evangelhos. A verdadeira sabedoria é sempre assim, expressa com poucas palavras.
      Mas o principal é que a palavra de Deus dita pelo Espírito Santo diretamente às nossas mentes é mais que fonemas e ortografia, que conhecimento intelectual sobre algo, é mais que uma ordem ou uma revelação, ela é a própria vida, e a vida espiritual eterna. Quando Deus fala não são só nossas curiosidades que são respondidas, somos verdadeiramente alimentados. Uma alegria singular toma conta de nosso interior e somos consolados, animados, renovados, o impossível se torna possível, a morte se desfaz e a vida renasce como o alvorecer sob o Sol. 
      Deus fala, meus queridos e minhas queridas, e quando isso acontece tudo o mais se cala, podemos ouvir essa voz se calarmos o nosso interior, Deus é educado sempre, não fala se alguém estiver falando. Assim, acalmem-se, silenciem todas as outras vozes, respirem fundo e com toda a humildade abram os ouvidos espirituais e prestem atenção, ouvirão claramente o Senhor dizendo, “fique em paz, eu estou aqui contigo, cuidando de você, nada falta ao que entrega sua vida para mim, obedece-me e confia”. Deus é vivo e fala com os homens, glória ao Senhor por isso! 

segunda-feira, novembro 08, 2021

Um passo de cada vez

      “Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.Mateus 6.34

      Uma orientação que se dá a viciados, em drogas, em álcool, em alguma coisa que se torne obsessão e pela qual alguém possa achar que não pode viver sem, é que andem um passo de cada vez. Assim, se foi conseguido passar um dia sem recorrer ao vício, deve-se sentir-se feliz e deixar que o dia seguinte cuide de si. Qual o segredo por trás desse princípio? O segredo é que vencer a ansiedade, a expectativa de algo acontecer, já é uma vitória, e quando não se vence isso tem-se dois problemas. 
      Um é o problema real, vencer um dia de vida, o outro é o medo de não se conseguir vencer no dia seguinte, por isso, deve-se focar num passo por vez, num dia por vez. Isso mantém em nossas mentes uma expectativa menor, uma tarefa menor e consequentemente mais fácil de ser superada. Mas isso também nos entrega uma alegria mais rápida e simples, limitada, sim, mas humana, possível, humilde, de ter-se dado ao menos um passo corretamente, de ter-se vivido um dia em paz, em vitória. 
      “Basta a cada dia o seu mal”, sempre acho essa frase, registrada como citação de Jesus, pessimista, parece que não casa com a boca e o coração daquele que ensinou e viveu tanto amor. Mas Jesus sempre é realista, ele nunca nos ilude, essa frase não é uma maldição para o futuro. Ela é uma exortação para que não nos fiemos no tempo, em nós mesmos ou na força que teremos amanhã, mas só em Deus, para o qual o tempo não existe, o amor é sem início e sem fim e a fidelidade, constante. 
      Um passo de cada vez, com paciência e vencendo a ansiedade dia a dia, para mim é a prova de vida mais difícil e importante, sei que existir assim é ser vitorioso em muitas áreas. Isso é viver corretamente o presente, o aqui e o agora, é ser humano e divino ao mesmo tempo. Humano porque admitimos nossa limitação para saber o que vai acontecer amanhã, divino porque para Deus não há passado e futuro, é sempre presente. Viver assim é ter a espiritualidade da eternidade neste mundo.