É
com tristeza que escrevo essa reflexão, mas ela tem que ser escrita. Hoje
encontrei um homem, que há algum tempo não encontrava, um líder, um homem
carismático, muito educado, que sempre nos recebe bem, com um sorriso e com
palavras positivas. Bem, é assim que esse homem leva seu ministério, seu
rebanho, e antes de tudo, sua vida pessoal, sua relação com mulher, filhos,
parentes e amigos. Amigos? Será que esse homem os tem? Será que toda essa
simpatia reflete o que está em sua alma, ou são apenas encenações de sua carne?
O
estômago quando está vazio faz barulho, ronca de fome, deseja alimento, senão
todo o corpo padecerá. A alma também faz barulho quando vazia, se olharmos com
atenção, com cuidado, com temor de Deus, para os olhos de uma pessoa com a alma
vazia, ouviremos um gemido, é a alma, clamando por alimento, não material, não
emocional, não intelectual, mas espiritual. Só o Espírito de Deus pode
alimentar, vivificar, a alma vazia.
O
tal homem que encontrei, eu olhei bem para seus olhos, ouvi sua alma gemendo,
mesmo que seus lábios sorrissem, que suas palavras fossem educadas e positivas,
sua alma padecia, vazia de Deus, vazia da verdadeira vida. Se o tal homem está
vazio, como então ele conduz seu ministério? Ele o conduz na carne, na paixão, pelas
próprias forças, Deus está longe dele, não porque o Senhor tenha se afastado,
mas porque ele se afastou primeiro.
Todos
nós somos confrontados com escolhas, opções que devemos fazer para caminharmos
com Deus. A experiência, a posição, a importância, a fama, o dinheiro, toda uma
história de vida, não isentam ninguém de ter que fazer essas escolhas. Uma opção
errada, pode fazer ruir um império, pode destruir um ministério construído de
forma sincera e espiritual. Esse fim pode acontecer para os rebeldes, mesmo que
Deus, em seu amor infinito, tente atrasar o máximo possível a disciplina sobre
aquele que faz a escolha de seguir longe do centro de sua vontade.
Esse
homem, que encontrei na rua, teve essa escolha diante de si, mas fez a opção
errada, confiou em si mesmo, em seus talentos, em suas obras, na formosura do
templo que construiu, no exército que ajuntou e conseguiu liderar. Ele se
esqueceu que tudo o que tem, que conseguiu, não somente lhe foi dado por Deus,
mas continua pertencendo a Deus, não a ele. A ele foi dada a honra de ser
mordomo de parte do reino de Deus, de pastorear as ovelhas, que antes de serem
dele, são de Cristo, o sumo pastor e sacerdote. Esse homem, agora está vazio e
começa a ficar sozinho.
A
carne pode iludir, enganar, e mesmo que ela esteja convencida de que está
fazendo tudo certo porque é pra Deus que está fazendo, o que está fazendo
continua sendo feito pela carne. O reino de Deus se vive no Espírito, somente as
coisas feitas no Espírito são aceitas por Deus, glorificam a Deus, e portanto, somente
aquele que permite que o Espírito gere nele tais virtudes, receberá de Deus o
consolo, a paz, o alimento, aquele que vivifica a alma faminta.
Aquilo
que a carne dá, por outro lado, num momento ela pedirá de volta e a fará dando
liberdade para o diabo agir. Não, o homem sem Deus não permanece somente vazio,
mas na insistência de sua rebeldia, ele perderá tudo o que tem, trabalho,
amigos, família e ministério.
Eu
fiz uma oração, não como alguém melhor que o homem, não como mais espiritual do
que ele, não como profeta, não, apenas como um outro homem, um homem comum, que
sabe que tudo vem de Deus e pra ele deve voltar, e que sem Deus, nada somos, de
que é Deus, e não qualquer força ou mérito nosso, que nos atrai para fazer a vontade
do Senhor. Orei pedindo que Deus tivesse misericórdia do homem, de maneira que o
tal homem se consertasse a tempo e refizesse seu concerto com Deus, que ele caísse em terra e chorasse, se quebrantasse. Só as lágrimas sinceras de
arrependimento podem abrir as portas da alma para que o Espírito Santo desça
como chuva, molhe o coração, e faça nascer a vida.
“Meu
pai, tu conheces o meu coração, eu te peço, tenhas misericórdia desse amigo,
sim, amigo, que já orou comigo tantas vezes, com o qual eu te servi em
sinceridade e com a tua unção. Meu pai, permitas que esse homem se quebrante
diante de ti e mude de vida, a tempo de não ser envergonhado em público, que
seu quebrantamento ocorra em segredo, entre ele e o Senhor, em nome de Jesus,
amém.”
Itu, 14/10/14