quarta-feira, dezembro 16, 2020

Amar é colocar-se no lugar do outro

      “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choramRomanos 12.15

      Se você não achar vontade para orar por alguém que está sofrendo num leito de hospital, coloque-se no lugar de quem ama essa pessoa, de sua mulher, de seu marido, de seus filhos, de seus pais. Se fosse um parente próximo a você, você não estaria clamando a Deus de todo o coração pelo restabelecimento dessa pessoa? Não estaria orando por livramento de sofrimento e de morte? Colocar-se no lugar do outro é uma maneira bem prática de no sensibilizarmos pela luta alheia, contudo, mais bem-aventurado é o que ama antes, sem precisar se colocar nessa posição. Ama o suficiente para não querer que alguém sofra, ama pelo ser humano que alguém é com direito à felicidade como todos, e se a morte vier, que venha na velhice avançada e em paz. 
      Cuidado, alguém que desprezamos hoje pode ser nossa única ajuda amanhã, alguém que nos distanciamos hoje pode estar na condição que estaremos amanhã, negarmos amor hoje pode ser um plantio cruel que nos fará colher amanhã um fruto amargo, o mesmo que demos a quem um dia precisou tanto do fruto doce do amor. Infelizmente, muitas vezes damos o que achamos que recebemos, quem se acha desprezado e mal amado, dá desprezo e nega amor, contudo, muitas vezes somos desprezados e mal amados porque não temos humildade de nos aproximar e amar antes. Mais bem-aventurado é o que toma a iniciativa para amar, sem receber nada antes, esse quebra um loop de maldade e planta uma árvore de amor para si e para os outros. 
      A vida só é dura com os duros, só é injusta com os injustos, só é ingrata com os ingratos, só é seca e solitária com os egoístas e avarentos, que só querem receber e não querem dar. Dê, não empreste, estenda a mão, não vire o rosto, e se o falso quiser abraçá-lo, abrace-o, não o repreenda, que volte pra ele sua falsidade e que fique contigo tua sinceridade. Ainda que alguém seja estúpido, abençoe-o, tenha paciência e não se vingue, coloque-se no lugar não do que ele é no momento, mas do que Deus deseja que ele seja no futuro. Se alguém se arrepender e mudar de vida, olhará par trás e pesará seus velhos caminhos, do que o tratou com amor, mesmo quando ele odiava, ele se lembrará com alegria e louvará o Senhor por tê-lo amado através de você. 

Amor - reflexões para o pré natal

      A partir de hoje, até o dia 23 de dezembro, oito reflexões sobre o tema amor. Festas de final de ano são momentos para reuniões familiares, neste 2020, contudo, um amor verdadeiro será demonstrado dando ouvidos à ciência e nos mantendo isolados, com grupos menores, limitados aos nosso núcleos familiares mais próximos, aquelas pessoas que moram normalmente conosco. Ainda assim, reflitamos sobre amor, ainda que demonstrando ele só em nossos corações e por telefones e redes sociais na internet, talvez só em raras vezes o amor do evangelho, que se preocupa com o outro antes de que consigo, tenha tido tanta relevância. 

terça-feira, dezembro 15, 2020

Muros ou pontes? (2/2)

      “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Coríntios 11.3

      Falsos deuses sempre possuem hierarquias complexas, pensam que o complicado traz legitimidade, quem já estudou um pouco esoterismo e ocultismo sabe disso, o evangelho, contudo, a palavra de Deus na Bíblia, é simples. Sim, existe sabedoria em outros textos sagrados, de outras regiões, mas eles, em grande parte, são muito complicados, há de se ter não só um coração crente para entender, mas também capacidade intelectual. Deus em seu amor e por causa dele é simples, revela o mais alto conhecimento com simplicidade para que os simples aprendam e não se envaideçam por isso. 
      Quando temos verdadeiramente uma experiência com Deus paramos de fazer guerras, de construir muros, porque simplesmente não precisamos disso, temos um “muro” muito mais alto, que na verdade nem é um muro, é um lugar espiritual elevadíssimo no qual podemos nos abrigar, acima de todo castelo, de todo muro. De fato, o que muda é a relevância de dimensão, deixa de ser horizontal para ser vertical. Isso é importante entender porque algumas pessoas têm “castelos” tão amplos, com muros tão distantes, que podem até nos dar a falsa impressão de serem pessoas livres e sem medos. 
      Assim, ainda que seja com delimitadores longínquos, uma pessoa pode ver as coisas de forma horizontal, não vertical, só os que olham as coisas de cima poderão discernir os muros e os tamanhos dos castelos, e eles mesmos não estarão presos em nenhum castelo assim como não necessitarão de qualquer muro, próximos ou distantes. Por isso só quem olha sob o ponto de vista de Deus pode construir pontes, não muros, pontes se elevam, além dos muros, os vencem sem destruí-los, sem fazerem guerras, elevam-se acima dos belígeros em paz e os vencem, uma vitória de Deus, não do homem.
      Infelizmente, as religiões, que deveriam em tese permitir aos homens óticas verticais, muitas vezes são só castelos, alguns luxuosos, antigos e imponentes como o Vaticano, que constroem muros, não pontes. Quem quer de fato conhecer a Deus deve estar acima das religiões, da ótica horizontal, ainda que faça parte delas e seja útil trabalhando dentro delas, é preciso olhar além da torre mais alta, mesmo do castelo mais tradicional e que se proclama oficial. A visão horizontal em algum momento perderá a acuidade, a vertical, não, quanto mais alta mais precisa fica, eis um mistério espiritual.
      Nos façamos a seguinte pergunta: o que eu mais tenho feito, o que de verdade eu consigo fazer, com sinceridade, muros ou pontes? Quero adoradores ou amigos, semelhantes ou plateia? Tenho uma necessidade muito grande de dizer o que penso, principalmente, nesse mundo moderno, em redes sociais, na internet? Ou tenho aprendido a me afastar mais e mais das guerras, sejam elas quais forem, tenho achado paz e a tenho preferido a qualquer coisa, mesmo à vaidade de querer dar a última palavra? Sempre há tempo para mudar enquanto estamos neste mundo, se formos humildes.

segunda-feira, dezembro 14, 2020

Muros ou pontes? (1/2)

      “Assim, cheguei a esta conclusão: Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de muitas intrigas.Eclesiastes 7.29

      Muros e pontes, uma metáfora conhecida, mas sempre eficiente, principalmente nesses dias de polarizações ideológicas em que vivemos. Os muros nos protegem, mas nos limitam e impedem outros de se aproximarem, de conhecerem melhor o que somos assim como de ameaçarem nossas crenças. Veja que só é ameaçado aquilo que é fraco, por isso necessita da proteção de muros, mesmo que sejam deixados de vez em quando para atacar e escravizar. O que é forte se expõe passivamente, nem ataca nem se defende, nada tem capacidade de prejudicá-lo, não luta porque não está em guerra.  
      Assim, a questão principal talvez não seja o muro, mas uma disposição constante de belicosidade, de mostrar aos outros o que se pensa e tentar convencer outros que o que se pensa é o mais certo. Obviamente, essa belicosidade, que pode começar em termos ideológicos, pode levar à violência, em algum nível. Ainda que não se manifeste em ações gera no coração do belígero um desconforto constante, uma insegurança, que vê a muitos como inimigos. Numa guerra não há paz e quem leva a guerra dentro de si não terá paz em nenhum lugar e com ninguém, nunca.
      Isso não significa que não possamos discordar das pessoas, podemos e devemos, mas o ponto é o que fazer com essa diferença. É preciso entender quando expor a diferença de ponto de vista, para quem expor, e quando parar de defender um ponto de vista diferente daquele de outra pessoa para poder conviver bem com essa pessoa. Isso, contudo, se de fato desejamos conviver bem com alguém e não só convencê-lo a ver as coisas como nós vemos. Se for o segundo caso não estamos procurando amigos, seres humanos para trocar experiências, mas só plateia de adoradores. 
      Se não tivermos amadurecido, alcançado alguma paz e equilíbrio, seremos crianças obcecadas por atenção, buscando quem nos aplauda e nos venere, não nos colocando como seres humanos nas relações, como semelhantes, mas como melhores. Falsos deuses buscando adoração são na verdade seres espirituais que em algum momento tiveram um conhecimento alto, mas que ao invés de crescerem com esse conhecimento, foram corrompidos pela vaidade de tê-lo e se tornaram algo horrível, conhecedores de alta espiritualidade mas moralmente infantis ainda que com aparência adulta.
      Ou confiamos em Deus, buscando-o com todo o coração e achando nessa relação satisfação maior, ou seremos soldados cercados de muros lançando dardos sobre os muros para destruir defesas alheias e fazer dos outros nossos adoradores. Quem não adora ao Deus Altíssimo de alguma maneira quer o lugar Deus e adoração, essa mentira, impossível de ser realizada, leva mesmo gente inteligente, repleta de conhecimento e cultura, a ser rebaixada moralmente. Além de serem escravos de vícios, adoram falsos deuses, sim, quem não adora a Deus acha semelhantes não entre homens de bem, mas entre outros falsos deuses.
      Facilmente encontramos, próximas a nós, pessoas inteligentes, graduadas, bem posicionadas socialmente, mas que por não terem se humilhando diante do Deus Altíssimo se acham sinceramente superiores a nós. São pessoas estranhas, cativas das trevas ainda que jurem ter uma lucidez elevada, gente que vê inimigos em tudo e crê em teorias de conspiração as mais malucas possíveis. Quem não aceita a verdade maior do Altíssimo se faz cativo facilmente de mentiras complicadas com aparência de verdades melhores, quem não adora a Deus adora o diabo, ainda que negue o diabo com todas as forças. 

domingo, dezembro 13, 2020

Deus é quem tira e quem dá (3/3)

O homem, meio evolutivo

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” I Samuel 2.6-9

      A última frase do texto inicial, parte da oração de Ana, mãe do profeta Samuel, chama a atenção, “o homem não prevalecerá pela força”.  Por que isso é dito após a potência de Deus ser exaltada? Porque Ana entendeu que pela sua força, o homem nada pode, ela experimentou isso na própria carne, em sua impossibilidade humana de gerar filhos. Contudo, como o homem acha que pode, como se mune de conhecimentos e trabalhos para seguir sozinho, negando Deus, tomando como fracos e ignorantes aqueles que se assumem como dependentes de Deus. Esses são os ímpios, que falam e falam, mas o tempo os deixará mudos, nas trevas, as obras feitas por homens, por mais elaboradas e reforçadas que sejam, não suportam a prova dos anos, a força daquele que se faz sem Deus sempre termina e seu trabalho, por um motivo ou outro, cai por terra.
      Quem destrói o que não se humilha diante de Deus? Ele mesmo, acaba tropeçando nas próprias pernas, se protege tanto, levanta tantos muros, guarda tanto dinheiro para se acautelar de um futuro incerto que acaba sucumbindo antes do tempo, por um mal que nenhuma de suas fortalezas poderá livra-lo. Mas quem destrói o arrogante que não se quebranta aos pés do Senhor pode ser também seus amigos, ou falsos amigos, aquele que anda sem Deus anda em trevas, e em trevas não se tem discernimento para fazer alianças, acaba-se confiando em alguém igual a si, tão egoísta e calculista quanto se é, que não está interessando em fidelidade, mas só em vantagens pessoais. O avarento sempre encontra alguém mais avarento que ele, assim como aquele que se acha esperto, mas fia-se na mentira, achará alguém mais astuto que lhe roubará todas as economias. 
      Pequeninos do Senhor, que não têm em quem confiar a não ser em Deus, que nunca se venderam por conveniências, que nunca se enganaram com vaidades, que muitas vezes são ridicularizados, como foi Ana por Penina, a outra mulher de Elcana, seu marido, que podia ter filhos quando ela não podia (leiam I Samuel 1 para mais informações). Não  temam, nem se exaltem, humilhem-se aos pés do Senhor, sem orgulho, sem preocuparem-se com que os outros pensam. Que achem que vocês são fracos e ignorantes por crerem em Deus, não importa, o tempo nesse mundo é curto, sua glória é vã, mas a honra do Senhor é eterna. No que deram os filhos e filhas de Penina? E Hofni e Fineias, filhos do sacerdote Eli, como terminaram eles? Mas todos nós sabemos quem foi Samuel filho de Ana, dos personagens mais importantes de Israel, juiz e profeta que ungiu dois reis. 
      O ímpio que confia só em si perderá os braços e as pernas de uma vez e lhe será retirado toda a força e todo o direito, visto que usou talentos e oportunidades que Deus lhe deu para benefício próprio, não com sabedoria, não para ajudar o necessitado, antes para humilha-lo e subjulga-lo, foi assim com a família do sacerdote Eli (leia I Samuel 4 para mais informações). Deus não tarda, sua promessa não é esquecida, sua justiça vem como o Sol ao amanhecer, certa e clara, os que confiam no Senhor acharão alegria e paz nesse dia, mas os que tentaram enganar os homens, dizendo-se ser o que não eram, ajuntando para sua perdição e não para a glória de Deus, serão envergonhados, ainda neste mundo, aos olhos de todos, os que tiverem olhos verão. Do bem procede o bem, de Ana, humilhada e crente, nasceu Samuel, com autoridade de Deus, nascido para desempenhar uma missão ímpar.

      “Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o Senhor julgará as extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.I Samuel 2.10

sábado, dezembro 12, 2020

Deus é quem tira e quem dá (2/3)

Jesus, o efeito final

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” I Samuel 2.6-9

      Por que devemos persistir na oração como fez Ana? Porque fazendo isso damos oportunidade ao Espírito Santo para nos ensinar, muitos não entendem intelectualmente, ainda que sintam em suas emoções, o quanto Deus é vivo e fala, se na carne somos atraídos pelo prazer, no espírito somos atraídos pela paz, que conduz os sensíveis à voz de Deus e os desejosos de serem filhos obedientes a fazer a vontade do Senhor, isso os coloca numa posição espiritual onde existe vitória. Contudo, isso pode ser um processo demorado, muitos passam anos e anos orando para receber algo, não porque Deus demore a responder, mas porque eles demoram para entender como devem viver para receberem o que pedem. 
      Admitirmos que “o Senhor é o que tira a vida e a dá, faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela, o Senhor empobrece e enriquece, abaixa e também exalta” é entronizar Deus no lugar mais alto dentro de nós, em nosso espírito, para assim nos posicionarmos na altíssima posição, mas é a intenção, mais que as palavras em si, que nos aproxima de Deus. Deus não mata ninguém, não empobrece ninguém, nem humilha ninguém, são os homens que se matam, empobrecem e são envergonhados quando se afastam do Senhor. Neste ponto precisamos entender um conceito importantíssimo no cristianismo baseado na tradição judaica e no evangelho: Deus é pessoal, mais que uma energia ou uma influência subjetiva.
      Esse conceito, que não é uma construção da psique humana carente de carinho paterno, mas é um mover do Santo Espírito, nos faz buscar o Senhor com uma proximidade afetiva, e isso, mesmo que saibamos mais sobre Deus, e nesta reflexão estou tentando mostrar mais sobre esse conhecimento espiritual. O cristão chama Deus de “aba”, pai, se aproxima do Senhor pedindo colo, para o filho de Deus por Jesus orar não é só “sintonizar-se” com a “frequência energética” mais alta, ainda que eu pessoalmente creia que isso aconteça e que pode bastar, principalmente em situações que nos encontramos mudos diante da gravidade de um problema e que a única coisa que conseguimos fazer e nos focar em Deus. 
     Essa foi a experiência de Ana quando orava, tanto que Eli achou que ela estivesse bêbada: E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli observou a sua boca. Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada. E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor.” (I Samuel 1.12-15). Ana estava numa comunhão espiritual tão profunda que sua comunicação ia além das palavras, eram gemidos inexprimíveis (Romanos 8.26).
      Todavia, em seu amor Deus não requer de nós ensinos profundos de teologia e espiritualismo para nos responder, nem exige que sejamos estudiosos de “física quântica” ou com capacidades de mentalização aprimorada para estabelecer contato conosco. Mas como um pai que atende mesmo aos filhos menores, que nem sabem falar direito, que trocam o “r” pelo “l” e que ainda assim confiam de todo o coração que seu paizinho os atende quando precisam de algo, Deus nos ouve. Deus é amor, e se existe uma comunhão através de “frequências energéticas” é pelo amor que as ondas mais altas são acessadas, amor que muitíssimo mais que expressão sexual humana é uma ligação intimamente espiritual. 
      Por isso tanta ênfase ao amor dada por Jesus em João 15.9, “como o Pai me amou, também eu vos amei a vós, permanecei no meu amor”, e por Paulo em I Coríntios 13.13, “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Amor, eis aí outro princípio espiritual que a maioria de nós não conhece com profundidade, mas ainda assim o recebe sem limites de Deus, o pai de amor. O “céu”, a melhor eternidade de Deus, para os salvos em Cristo, é puro amor de Deus, Jesus nos chama a permanecer nesse amor ainda estando nós vivos neste mundo, porque assim construímos o céu dentro de nós e nos libertamos de qualquer possibilidade de trevas e inferno. 

sexta-feira, dezembro 11, 2020

Deus é quem tira e quem dá (1/3)

Deus, a causa primal

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” I Samuel 2.6-9

      A oração de Ana, agradecendo a Deus por ter tido o filho Samuel, um daqueles textos singulares da Bíblia, como nos identificamos com ele. Ele inicia-se com uma constatação direta sobre a relação de Deus com o universo: “o Senhor é o que tira a vida e a dá”, e tudo mais incluído tanto no plano físico quanto no espiritual. É sempre importante dizer que Deus não é um poder egoísta e prepotente do qual parte a ação, se quisermos entender de fato como funciona o universo a única ação de Deus, que ele fez como causa primal, que não foi efeito de nada ou ninguém já que Deus não precisa e nem tem nada ou ninguém à altura com que possa reagir, foi a criação inicial de tudo descrita no início do livro de Gênesis.
      Depois que criou, Deus deu livre arbítrio, primeiro aos anjos (?) e depois aos seres humanos, e entrou num “ano sabático cósmico” (Gênesis 2.2), será que o descanso de Deus já acabou? Em João 5.17 Jesus diz, “meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, mas trabalha através de Cristo, chamando os homens ao arrependimento. Mas tudo o que segue à expulsão do homem do Éden são efeitos e novas causas dos erros e dos acertos dos seres, assim se Deus tira, empobrece ou entrega à morte, é porque as leis do universo, estabelecidas por Deus, cobram efeitos de causas. O pecado gera a morte, não Deus, a insensatez gera a pobreza, não Deus, erros são causas que geram efeitos, o criador não erra, quem erra é a criatura.
      Mas se Deus é a causa primal Jesus é o efeito final, ele pode anular o pecado, efeito dos erros de todos os homens, sem gerar nenhum nova causa, em Cristo o ser humano é perdoado e não precisa pagar nada por isso, é de graça. Dois eventos são as manifestações da mais pura graça de Deus, a criação e a salvação! Tudo que está no meio disso e que tem a autorização do homem, incluindo”ações” dos espíritos rebeldes (se é que de fato demônios e diabos façam algo que não seja na mente do homem, pelo menos no plano físico), tem um preço, causas que geram efeitos. Uma pergunta pode ser levantada, diante das afirmações feitas até aqui nesta reflexão: “se Deus não faz nada, então eu não devo orar pedindo que ele me abençoe”? 
      Não, devemos orar, e muito! Eis um mistério espiritual que a grande maioria não entende e que Deus não exige que se entenda, já que abençoa a todos de muitas maneiras, sem fazer exigências, e dos que “entendem” o evangelho só pede que orem em nome de Cristo. Quando oramos não são as nossas palavras que nos colocam na presença de Deus e solicitam coisas a ele, que ele poderá responder e dar, é a nossa posição espiritual. Recebemos em Deus (e “em” é um termo mais adequado que “de”, quando conseguimos entender como a oração funciona) porque nos colocamos nele, através de Cristo temos acesso às regiões espirituais mais elevadas, e nessa posição tudo já foi feito, todas as bençãos já foram conquistadas.
      Deus não cria algo quando pedimos a ele, se fosse assim Deus não seria onisciente e onipotente, não seria completo, mas teria que estar fazendo constantes “upgrades” para poder satisfazer as necessidades dos homens e do universo. Contudo, quando oramos, mesmo não sabendo como orar, mesmo conhecendo pouco a Deus, mesmo pedindo como se Deus não tivesse ainda para dar ou como se tivéssemos falta porque ele em outra ocasião nos tirou, somos levados pelo Espírito Santo a nos posicionar espiritualmente, e nessa posição entramos em comunhão com o Altíssimo e tomamos posse das bençãos. Muito mais que palavras que pedem há na oração de quem se humilha diante de Deus, mais do que muitos imaginam. 

quinta-feira, dezembro 10, 2020

Mundo líquido

      “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de DeusII Timóteo 3.1-4

      Ouvi o filósofo pop star Leandro Karnal usando esse termo e achei interessante: “vivemos atualmente em um mundo líquido”. No que isso nos faz pensar? Água, como outros líquidos, não tem forma fixa e sólida, ela se adapta depressa ao meio, assim como não pode ser retida com facilidade, ela escorre e foge. Essas características dos líquidos, estão bem presentes na vida atual, naquela que muitos chamam de a era de Leviatã, o diabo das águas, as pessoas querem ser a água, não peixes em aquário. 
      A adaptabilidade é a característica básica dessa liquidez, ela leva todos a desejarem ser qualquer coisa e em qualquer tempo, nada é para sempre, assim como tudo pode ser repetido. Vemos isso no fato das pessoas não quererem envelhecer, nem se acomodarem a modos de vida que antes dizíamos ser dos mais velhos, todos querem (e devem) se adaptar para serem jovens para sempre, não aceitam o tempo nem seus efeitos, não aprendem a conviver com a dor, mas a negam e assim impedem a si mesmas de amadurecer. 
      O lado ruim da adaptabilidade é a inconstância, as alianças são sempre temporárias, sejam afetivas ou profissionais. Nas afetivas vemos isso nos casamentos que começam e terminam com facilidade, e consequentemente nas relações sexuais e na geração de filhos, que simplesmente não têm na prática importância, o que importa é o prazer imediato do indivíduo. O aborto é outra trágica consequência dessa inconstância, assassinato, pois o aborto é isso, é só uma ferramenta para viabilizar a irresponsabilidade.
     O modo líquido de viver leva as pessoas a fugirem de qualquer espécie de padronização, nada é sólido, tudo pode mudar e se mover à medida que ser feliz se torna uma obrigação. Não que felicidade não seja algo bom nem as pessoas a devam buscar, mas nessa obsessão levada pelo consumismo, as pessoas negam as limitações do plano físico que conduz o ser humano a amadurecer, quem quer tudo e sempre são as crianças, e se não tiverem choram e esperneiam para que os outros satisfaçam suas necessidades.
      Essa “liquidez“ no plano físico é só uma tentava de simular a liberdade espiritual que só terão os salvos em Cristo no outro plano, é só uma consequência da última estratégia das trevas para terem um domínio temporário neste mundo. Ao verdadeiro filho do pai das luzes cabe não tentar ser “líquido”, mas dar liberdade ao Santo Espírito para ser espiritual, ainda que no corpo físico, no quanto isso é possível. Que os espirituais sejam espirituais, que os carnais sejam o que são, ainda que com nomes mais filosóficos.

quarta-feira, dezembro 09, 2020

A mentira mais eficiente

      “É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.II Tessalonicenses 2.11-12

      A mentira mais eficiente, que os espíritos rebeldes usam, não é uma mentira escrachada, essa facilmente é desacreditada, mesmo pelos menos avisados. A mentira mais eficiente é em parte verdade, ainda que periférica, que os espíritos das trevas dizem ser a central, fazendo com que mesmo os mais informados, mas que querem ser enganados, não olhem para a verdade central e principal, que conduz ao melhor de Deus. Essa é a estratégia do diabo desde sempre, o marketing das trevas que pode enganar até cristãos. 
      A verdade central é Jesus, o único salvador, as outras podem ser qualquer coisa, conhecimentos espirituais importantes, mesmo presentes no cânone bíblico, mesmo orientações de sabedoria e até de salvação, ainda que anterior à nova aliança estabelecida pela obra redentora de Cristo. Conhecimentos por si só não salvam, contudo, por serem relevantes de alguma maneira e em algum tempo, desviam os olhos de Jesus, a verdade central, a única verdade que leva as pessoas a conhecerem e aceitarem suas verdades.
      Foi isso que o diabo fez através da serpente, ele disse algo que era verdade, o homem teria o conhecimento do bem e do mal, e isso de fato aconteceu, esse era o nome da árvore plantada por Deus, não pelo diabo. Contudo, como não era a vontade principal de Deus para o homem, ao menos naquele momento e daquele jeito, o fez pecar e perder direitos. Só Jesus pode restabelecer esses direitos, por isso o objetivo do diabo hoje é desviar a atenção de Cristo, ainda que seja com verdades espirituais periféricas. 
      A verdade na boca do mentiroso se torna mentira? Não, o mentiroso nunca diz a verdade, mas ele pode manipular meias verdades de maneira que só aparece a parte verdadeira, não a outra metade, a parte mentirosa. A verdade sempre é 100% verdadeira, já a mentira basta que seja 1% num todo para desmerecer os 99% restantes. Quem aceita 1% com o tempo aceitará os outros 99%, é só uma questão de tempo, e o mal conta com isso, com o tempo. O Deus de luz não, ele age agora e para sempre. 
     Preciso citar novamente Tiago 1.16-17, “não erreis, meus amados irmãos, toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”, esse texto nos ajuda bastante a entender esta reflexão. O que vem de Deus não deixa dúvidas, espaço para fantasias nem teorias de conspiração, o que vem de Deus tem “exatidão científica” ainda que se deva entender com os olhos espirituais, tão subjetivos para os que não creem. 
      Infelizmente esta reflexão nos faz pensar no momento político atual do Brasil, um governante que se elegeu tendo na boca textos bíblicos além de outras ideologias tão agradáveis a muitos, esse tem apoio de muitos cristãos. Mas será que isso basta? Esse tal líder de fato está com a verdade maior de Deus, o pai da luz totalmente branca e sem variação, que justifique apoio do chamado povo de Deus? Um povo que buscou quem dissesse aquilo que queria ouvir em púlpitos, achou alguém maior, em Brasília.
      Nem adianta dizermos nada agora, ainda que esse que vos escreve tenha uma opinião já deixada bem clara em outras postagens, mas certeza muitos poderão ter daqui a um tempo, quando os frutos forem colhidos. Mas eu disse poderão ter, porque infelizmente, quem sempre quis ser enganado, se deixar muito tempo passar nesse terrível desejo, achará alguém que os engane para sempre, mesmo que todas as evidências comprovem que estão diante de um grande enganador. 

terça-feira, dezembro 08, 2020

Achar e deixar

      “E não havia água para a congregação; então se reuniram contra Moisés e contra Arão. E o povo contendeu com Moisés, dizendo: Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o Senhor! E por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber.
      Então Moisés e Arão se foram de diante do povo à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do Senhor lhes apareceu. E o Senhor falou a Moisés dizendo: Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?
    Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais. E o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes tenho dado. Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor; e se santificou neles.” 
Números 20.2-13

      “Era nosso destino encontrar, mas não era nosso destino ficar”, frase que ouvi num filme e se referia a um ícone religioso importante, perdido por uma civilização há milênios, sobre o qual existia uma lenda que se alguém achasse teria poderes políticos e religiosos. Contudo, quando o objeto foi achado, uma espada, as pessoas que acharam, que a princípio só queriam encontrar para levar até suas autoridades, começaram a brigar, cada uma queria ficar com o objeto para usufruir de seus direitos. No final do filme eles entendem que se a espada estava provocando conflitos entre os dois que a acharam, imagina o que causaria numa sociedade inteira, assim resolveram que ainda não era o tempo de ficarem com o objeto.
      Deus me levou a pensar sobre algumas coisas em nossas vidas, que depois de as procurarmos bastante, nós até achamos, mas será que estamos prontos para ficar com elas? Talvez, algumas coisas mereçam só que lhes demos uma boa olhada para depois deixar, não tomarmos posse delas, antes entregá-las nas mãos de Deus e esperarmos um momento melhor, que até nunca poderá vir, para ficarmos com elas. Mas alguém poderá dizer, mas achei só para saber que existe, mais nada? Conhecer não é pouco, muitos não estão preparados nem para isso, podem até desejam, mas nunca encontram. Assim, é preciso saber até onde ir, e mesmo que cheguemos muito perto conhecendo algo, entender se devemos ou não ficar com ele. 
      Por que isso? Porque se insistirmos e ficarmos com certas coisas, poderemos nos perder, torná-las ídolos mais importantes que Deus. O Senhor, em sua graça, porque insistimos muito, até nos permite achar, nossa fé sempre é recompensada. Contudo, seremos humildes e obedientes a Deus, mostraremos que ele é mais importante que tudo para nós, que nenhuma coisa é maior que ele, abrindo mão mesmo de algo importante que ele mesmo nos deu, caso o Senhor peça isso de nós. Talvez a experiência não fosse o fim de uma jornada, mas apenas uma prova no processo para que deixássemos para lá algo relevante para nós e achássemos libertação, talvez de algo que procuramos obsessivamente por muito tempo.
      Se Deus pede que abramos mão é porque nunca foi seu plano termos, ele pode estar só aguardando que sejamos libertos de um desejo equivocado para nos dar algo melhor, que não queremos por estarmos cegos. Vou contar-lhes algo, na noite em que estava vendo o tal filme eu tinha uma luta no coração, justamente por causa de algo que tinha recebido, que tinha me alegrado muito, mas que de repente me foi tirado. Como acontece muitas vezes em nossas vidas, fazemos duas coisas ao mesmo tempo, sem ligar uma coisa a outra. Já era madrugada quando o filme acabou e foi só então que percebi a metáfora de minha vida que ele representava. Acredite se quiser, mas Deus me deu uma solução importante por um filme. 

segunda-feira, dezembro 07, 2020

Há quanto tempo você não muda de opinião?

      “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.João 16.13

      As pessoas resistem a mudanças de opinião, e muitas consideram isso até fraqueza de caráter, já encontrei gente para um café e quando usei adoçante, ao invés de açúcar, me disse, “mas você gostava tanto de açúcar, por que mudou?”. Esse estranhamento ocorre principalmente com os mais velhos, às vezes estranhamento de pessoas mais jovens e já tão fechadas em convicções. Crescer é mudar de opinião, eu quero, até meus últimos dias de vida neste mundo, ter coragem para me avaliar, constatar erros e mudar a maneira como penso e vivo. Deus é vivo e nos chama para a vida, quem está vivo se transforma para melhor, não dogmatiza nada, reconhece que algumas coisas não são as melhores e escolhe fazer outras. 
      Se você pegar uma postagem de 2011, 2012, 2013, enfim, dos primeiros anos aqui do blog “Como o ar que respiro”, e comparar com uma reflexão de 2018, 2019, deste ano, notará diferenças, não nas bases do que eu creio, mas na aplicação dessas bases na vida prática, um aprofundamento gradativo deverá ser notado à medida que os anos passaram. Mas houve mudanças de opinião mais extremas em alguns pontos? Sim, houve, e principalmente coragem de expressar essas mudanças, notadamente em avaliações que se afastaram do pensamento protestante evangélico tradicional. Isso é ruim? É incredulidade ou desvio doutrinário? Não, pelo menos não em relação ao Deus verdadeiro, meu pai, meu querido amigo. 
      Minha fé em Deus assim como o endireitamento de meu caminho rumo ao altíssimo têm só sido aperfeiçoados, tenho crido com mais simplicidade e caminhado mais focado, com mais coerência, com mais paz, sem me ater às margens, pelo menos não por tempo demasiado a ponto de me prejudicar. Sou avesso a dogmas, isso faz parte de mim desde sempre, e apesar da tradição católica aliar ao cristianismo dogmas como virtudes, penso que quem conhece Deus de verdade liberta-se de dogmas, ainda que conheça mais e não abra mão da verdade. O que muitos chamam de dogmas nada tem a ver com Deus, na maior parte das vezes é só um jeito de fazer as pessoas aceitarem doutrinas de homens sem refletirem a respeito. 
      Jesus como único e suficiente salvador e o Espírito Santo como mestre do conhecimento que conduz ao Deus altíssimo, essa é a verdade que não abro mão, quanto ao resto, todo o resto, minha opinião a respeito têm mudado mais e mais a cada dia, de um jeito que se muito crente conhecido meu de igrejas soubesse, não me chamaria de irmão. Mas eis um título que dispenso, neste mundo quero amigos, não irmãos, sob nenhuma forma, na eternidade saberemos de fato quem são nossos irmãos, já que neste mundo tenho achado amigos que espiritualmente pensam bem diferentemente de mim, e que nem cristãos se consideram. Não tenha medo de mudar de opinião, mas caminhe conforme tua fé, a tua, não a dos outros. 
      Se algo balançar tuas bases, não mude enquanto não tiver paz em Deus, e nesses momentos é bom sermos racionais, resistir às paixões, fé não se vende nem se troca, mas se aprofunda, se amadurece, sempre comprovada com efeitos práticos. Minhas mudanças de opinião sobre a Bíblia, o cristianismo, a religião, ocorreram depois que acontecimentos reais e inquestionáveis ocorreram, sim, vida com Deus começa com fé, é a causa primordial, mas segue realizando-se no plano físico, é o nosso sincronismo com o Altíssimo se manifestando no universo, de maneira plena. Cuidado, não mudar de opinião pode não ser virtude, nem constância de fé, mas só covardia e coração endurecido para aprender o que Deus quer ensinar.

domingo, dezembro 06, 2020

Profeta (2)

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.Jeremias 10.23

      Se todos os que querem seguir a Jesus sabem que escolhem um caminho que se estreita a cada dia e que é uma jornada onde somos atraídos pelo Espírito Santo a permanecermos nas regiões espirituais mais altas em Cristo, muito mais estreito é o caminho do profeta de Deus. Um profeta sabe que sua vida não é dele, ele pertence a Deus que o usa como profeta de um jeito ou de outro. Mesmo em suas decisões de vida pessoal, mesmo em seus erros, Deus o usa, nos lugares por onde passa, nas igrejas nas quais serve, com os homens com os quais se relaciona. O profeta é usado mesmo quando se cala e não se manifesta, pelo simples fato de estar disponível para ser profeta. 
      Não, não é fácil ser profeta de Deus, terrível engano comentem os que desejam ou se colocam como profetas sem terem vocação legítima de Deus para isso, se é difícil aos chamados, para os não chamados é impossível. Ainda que o verdadeiro profeta tenha o Espírito de Deus, ele não é Deus, ainda que receba conhecimento diferenciado da intimidade do Senhor, ainda que tenha as revelações dos mistérios do mundo espiritual e das verdades que os homens escondem em seus íntimos, ele não deve tomar essa experiência como pessoal. É muito importante que o profeta tenha consciência disso para poder viver em paz, dependendo só do Deus que o chamou, não dos homens. 
      Não cabe ao homem se vingar, mas se isso é difícil para todos os homens, muito mais para o profeta que sabe a verdade do arrogante, que tem conhecimento da falsidade, que reconhece a mentira mesmo atrás de palavras doces e de sorrisos largos. Saber a verdade tem um preço caríssimo, deixar que o Deus da verdade a traga à tona, no seu tempo e do seu jeito, amando alguém mesmo que saiba que esse alguém tem um coração manipulador e uma disposição dissimulada. O profeta deve estar preparado para a violência dos rebeldes, para as calúnias que esses podem levantar contra sua pessoa, tentando tirar a legitimidade de sua palavra profética, sem desejar vingança por isso. 
      Mas o profeta também deve saber lidar com bajulações e ofertas, que vindo dos rebeldes têm o objetivo de comprá-lo, fazer com que ele negue as duras palavras que o Senhor pode colocar em sua boca contra esses. Por isso o profeta de verdade é aperfeiçoado no fogo da solidão, na falta, não na abastança, deve aprender a não reagir à injustiça ainda que sua boca seja a boca do Deus da justiça, deve ter um rosto de bronze para resistir às palavras agressivas do que está em rebeldia contra Deus. Ele deve se colocar muitas vezes como espectador, ainda que como parte de um povo possa sofrer o peso da mão de Deus contra esse povo, caso esse povo esteja desviado do Senhor. 
      A verdade sobre o profeta é que ele não é quem escreve o texto, o autor, é apenas quem entrega a palavra, não é o remetente, só o carteiro, e deve ter a humildade e a elegância de se resignar a isso. A dificuldade de conviver com isso está em não confundir as coisas, ainda que saiba o juízo de Deus sobre alguém, não deve tratar esse alguém como juiz, mas como um semelhante, com o amor do evangelho. Se era complicado ser profeta no antigo testamento, onde as coisas eram mais explícitas e físicas, muito mais difícil é debaixo da nova aliança de Cristo, onde temos um homem mais complexo e interiorizado, se o bem pode ser profundo, o mal pode ser ainda mais ardiloso.
      No mundo atual o mal pode se esconder sutilmente na mente das pessoas, nela o bem é relativo, e Deus pode ser só uma subjetividade humana. O profeta deve ter consciência que é servo e que não é o único servo, Deus tem muitos servos, mas o Senhor é um só, o Deus altíssimo, que administra cada servo à sua maneira. Assim que ninguém se intrometa nisso, que cada servo cumpra a sua missão e respeite os outros servos. Se os homens amadurecem enquanto exercem melhor suas profissões e ministérios, o profeta também é homem e também precisa amadurecer, ainda que seja mensageiro do Altíssimo, assim o Senhor ensina o profeta com amor, à medida que ele cumpre sua missão. 
      Ninguém confunda a legitimidade divina da palavra do profeta com sua vida pessoal, ele é homem como qualquer um, com medos e carências, mas o profeta precisa ao mesmo tempo entender a seriedade de sua missão e saber que nela um homem é mais cobrado que os outros homens, assim como se dar ao direito de ser homem, ter limites e cometer seus erros. Profeta é ofício tão importante quanto qualquer um, só é diferente, mas Deus o honra pelo tempo e trabalho envolvido com suprimento e proteção material, como qualquer homem trabalhador honesto é honrado, ninguém ouse chamar profeta de ocioso, Deus, seu Senhor, cuida dele e sabe de sua perseverança.
      O médico cuida do corpo, mesmo de problemas escondidos nos órgãos, indiferentemente de quem seja a pessoa, o profeta entrega a palavra porque ele tem conhecimento do homem espiritual das pessoas, indiferentemente da aparência, posição social ou personalidade de alguém. Contudo, não espere o profeta respeito, compreensão justa de sua vida, aceitação de seu trabalho, se muitos não gostam de ir a médicos e são negacionistas com doenças físicas, muito mais são para problemas espirituais que devem ser tratados e que o profeta lhes avisa que existem. Deus, todavia, põe o profeta num alto retiro, onde nada e nem ninguém pode tocar seu espírito, ainda que no corpo possa padecer.

      “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos.Jeremias 15.16

sábado, dezembro 05, 2020

Profeta (1)

      “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca”. “Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.Jeremias 1.5-9, 18-19

      “Embora de família sacerdotal, (Jeremias) está ligado às tradições proféticas do Norte, principalmente a Oseias, e não às tradições do sacerdócio e da corte de Jerusalém. Como Miqueias, ele pertence ao mundo camponês. De maneira crítica, ele traz consigo a visão dos camponeses sobre a situação do país... A atividade profética de Jeremias se iniciou entre os anos de 626 ou 627 a.C., quando ele ainda era jovem, razão pela qual teria demonstrado receio ao assumir tal tarefa, e prosseguiu até 586 a.C.. Jeremias era pesquisador e historiador, além de profeta. Acredita-se que tenha sido ele o autor do livro que leva seu nome e possivelmente os dois livros de Reis (tenha escrito adicionando-lhe relativos dados por Natã e Gade e outros escritores)... Após a queda de Jerusalém, teria escrito o Livro das Lamentações.” Fonte Wikipedia

      Existem profetas genuínos de Deus nos dias atuais? Sim, mas nem todos são homens que não ligam para a aparência exterior, e que se colocam em praças para gritar a esmo que os que não se arrependerem irão para o inferno, esse jeito panfletário de pregar o evangelho não funciona mais num mundo já cansado de textos bíblicos e viciado em informação virtual que recebe por celulares e computadores. Como já refletimos tantas vezes aqui, profetas do antigo testamento, salvo exceções, falam ao povo de Deus desviado, não às outras nações, e muitas vezes quando se referiam às outras nações era para livrar Israel de nações que estavam oprimindo um povo desviado de Deus.
      Profeta do antigo testamento falava a Israel, pouco ao mundo, assim os que saem condenando o mundo ao inferno, se achando profetas bíblicos, no mínimo não conhecem a Bíblia, por isso intrometer-se em religiões não cristãs, cometer qualquer espécie de violência contra elas, é um equívoco em várias camadas, desde o desrespeito com o livre arbítrio que o próprio Deus dá aos homens, até a ausência do amor que era a marca daquele que fundou o cristianismo do qual muitos se consideram profetas. Deus cobra neste mundo a volta para ele dos que um dia a ele foram, quem nunca foi não é cobrado neste mundo, mas só no outro, Deus disciplina filhos seus, não filhos dos “outros”.
      Por outro lado temos outros profetas equivocados, em púlpitos, achando que certas palavras e posturas crichesadas parecem mais ungidas que a simplicidade da palavra que saía da vida e da boca de Jesus. Obviamente, vende-se mais o produto que mais gente quer comprar, assim os homens dizem bobagens porque existem outros homens que gostam de ouvir bobagens, e como tem gente hoje em dia que quer ir a igrejas, mas para ouvir o que lhes convém (repetindo, como tanto já temos pensado aqui no “Como o ar que respiro”). A chamada de Jeremias para o ofício de profeta nos ensina coisas importantes sobre o que é um profeta de Deus, em sua origem e em seu fim. 
      Profeta é chamado desde pequeno, assim, tudo que ele vive e aprende o prepara para a missão, o profeta sempre sabe que o é, ainda que às vezes demore para assumir isso, mas tenha certeza, na hora certa, quando Deus precisar dele, ele estará pronto, e ainda que seja curta sua missão ela será decisiva. Profeta tem medo? Claro que tem, Deus não chama alguém por ser corajoso ou competente, não o profeta, mas por ser obediente, e esse abrirá mão de tudo para agradar ao Senhor. O profeta não fala de si, fala o que ouviu de Deus, e isso incomoda os rebeldes, mas a palavra de Deus alimenta o coração do profeta, ainda que confronte numa escolha de vida ou morte o que vai recebê-la. 
      Uma é a característica mais importante do ofício profético, oposicionismo, dessa forma, não queira o profeta fazer muitos amigos, ninguém é amigo de opositor. Por isso tentarão destruí-lo, seja desmoralizando-o, encarcerando-o ou matando-o, e isso, nos dias de hoje, não é necessariamente algo físico. Desmoraliza-se alguém destruindo seu caráter ou sua sanidade, ninguém dá valor à palavra de um promíscuo ou de um louco. Encarcera-se alguém prendendo-o a seus erros, a palavra de um pecador não perdoado não tem legitimidade. Mata-se alguém calando sua boca ou fechando os ouvidos para suas palavras, um morto não pode se opor a ninguém. 
      Jeremias conhecia sua missão, sabia que haveria opositores àquilo que ele era, por isso temia, mas como dizem por aí, se há medo, vai com medo mesmo, o importante é obedecer. Existem profetas atualmente? Sim, e os verdadeiros são seres humanos comuns, mas modernos, que podem estar sendo boca de Deus não nos púlpitos, nesses os falsos profetas não deixam que os verdadeiros profetas se postem. Contudo, a internet, que é ferramenta para tanta estupidez e ódio, pode ser usada pelos profetas, em espaços onde eles têm liberdade para compartilhar a palavra de Deus, não só outro lugar para estudos bíblicos convencionais, mas para reavaliar o cristianismo, como este blog.

sexta-feira, dezembro 04, 2020

A vida é pessoal!

       “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.Romanos 14.12

     As escolhas são nossas, não são de nossos pais, de nossos amigos, de nossos irmãos de igreja, de nossos colegas de serviço, nem é de Deus, nem Deus escolhe por nós, somos nós que escolhemos, seja certo ou errado, pensando bem ou não, com boas intenções ou não, de maneira egoísta ou altruísta, preocupando-nos com o futuro ou só desejando o prazer mais fácil do presente, a vida é pessoal!
      A felicidade é nossa, somos nós que sabemos o que é melhor para nós, mais ninguém, conscientes ou não, e se ainda não sabemos, descubramos, vivendo, experimentando, perguntando, procurando, verificando as respostas, olhando-nos no espelho, nos conhecendo, sendo verdadeiros, e se possível, sendo verdadeiros sem agredir ninguém, ninguém nasceu para não ser feliz de um jeito pessoal!
      A responsabilidade é nossa, pelo que pensamos, pelo que sentimos, pelo que falamos, pelo que fazemos, pelo que não fazemos, pelo que não falamos, pelo que não sentimos, pelo que não pensamos, pelas consequências disso tudo, para aceitar que toda causa tem efeito e que nenhuma ação fica sem recompensa, que essa nunca é injusta, nem conveniente, é pessoal e intransferível, na nossa medida! 
      As sensações e os raciocínios são nossos, mas o espírito também é nosso, nascemos com uma missão, nos aproximarmos de Deus, assim conquistamos, regozijamos, soframos também, compremos e paguemos todos os preços, buscando a felicidade, fazendo escolhas e assumindo as responsabilidades, mas conscientes que nosso corpo é passageiro, o nosso espírito, porém, é eterno.
      A vida neste mundo é algo especial, oportunidade urgente de melhorarmos, numa evolução que não se reflete necessariamente na matéria, mas em nosso homem interior, só nós daremos satisfação por ele na eternidade e só ele sabe o que deve ser para ser melhor, nossa existência não é coletiva, ainda que amemos nossos pares, é individual, e nosso espírito só pertence a Deus, a mais ninguém.
      Aposse-se de tua liberdade, não se sinta preso a ninguém por nada, a não ser por um amor verdadeiro e limpo, respeite pais e pastores, mas esteja livre para fazer escolhas e tomar rumos diferentes de próximos a você, não seja presa de religião, de espíritos, de anjos, de entidades, mas eleve tua meditação ao Deus Altíssimo e verdadeiro pelo nome de Jesus e coloque-se acima de cadeias e preconceitos.