domingo, dezembro 19, 2021

Trabalho de formiguinha

      “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.” 
Provérbios 6.6-8
      “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera.” 
Isaías 64.4

      Você já deve ter visto um fileira de minúsculas formigas indo a um lugar, coletando pedacinhos de alguma coisa, e retornando, pelo mesmo caminho. Sozinhas elas não podem com grandes pedaços, ainda que em relação a seu tamanho sejam bem fortes, mas trabalhando devagar, juntas, levando um pedacinho por vez, podem conduzir coisas grandes de um lugar para suas moradas. Usa-se o termo “trabalho de formiguinha” para se referir a um trabalho que requer paciência, tempo, um pouquinho de cada vez, mas que alcança seu objetivo em um momento, esse exemplo implica em trabalho organizado e de equipe. E quanto a nós como indivíduos, que podemos estar sozinhos diante de uma tarefa, o que podemos aprender com as formiguinhas? 
      Apesar de nos vermos sós no mundo, não estamos sós no universo, para que algo aconteça e façamos a nossa parte, outros devem fazer suas partes assim como outros farão suas partes depois que fizermos as nossas. Só Deus tem a ótica do todo, sabe de onde vem e para onde vai, a nós cabe fazermos nossas partes, da melhor maneira possível, e confiarmos no Senhor. É bom que seja assim, com isso aprendemos que não somos tudo e muito menos deuses, dependemos dos outros e principalmente do Senhor. Quem tiver olhos espirituais entenderá a maravilhosa interdependência que existe entre os seres humanos, com os homens no mundo, assim como com os seres espirituais invisíveis. Por isso só anda na luz quem anda com Deus, aquele que tudo vê sempre. 
      Se estiver fazendo a tua parte e se isso é aprovado por Deus, descanse enquanto trabalha, e o descanso é espiritual, não necessariamente físico. Por outro lado tem muitos fazendo mais que o que lhes é necessário e ainda assim sentido-se inúteis, preguiçosos, porque o são espiritualmente. O trabalho mais importante é confiar em Deus, nele até o trabalho de formiguinha é eficiente. A Bíblia é sempre completa, para os que têm olhos espirituais, registra Provérbios 6.6 mas também registra Isaías 64.4, um texto completa o outro. O homem deve fazer sua parte, ainda que lhe pareça pouco, mas confiando no Deus que faz muito mais pelos que nele confiam. A mensagem da nova aliança do evangelho de Cristo põe na fé a relevância que a velha aliança punha nas obras. 
      Obras são efeitos da fé, não substituem a fé, mas devem existir na vida do que crê em Deus. Deus não sustenta vagabundo, mas também não honra quem se acha deus. Deus não pode abençoar colheita sem que antes se tenha plantado a semente, contudo, nem toda plantação é de trigo, há colheitas de vidas que foram alimentadas com o pão espiritual da palavra. Muitos semeiam carregando tijolos, alguns fazendo cálculos, mas outros o fazem levando a palavra de Deus aos famintos, e isso de maneiras bem diversas no mundo atual. Dessa forma, não julguemos servo alheio, pelo Senhor foi chamado, para o Senhor semeia e do Senhor receberá a colheita. Já o que planta, seja o que for, não faça com amargura ou por vingança, mas com alegria, para o Deus que tudo vê. 

sábado, dezembro 18, 2021

Igrejas: quem sai, quem fica

      “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.Salmos 128,1-2

      A reflexão que segue é sobre um assunto que penso que você ainda não leu em postagem na internet ou ouviu de pregação de púlpitos em igrejas, mas acho que ela é relevante, assim como reflete uma experiência comum, que a maioria dos evangélicos hoje já viveu, e se não viveu, viverá. Entre as décadas de 1970 e 1980 cheguei a ser membro de uma mesma igreja por mais de dez anos, mas nos tempos atuais, muitas vezes mudando de cidade por necessidades profissionais, eu e muitos outros, temos ficado algum tempo nunca igreja e depois nos mudado para outra.
      A primeira coisa a dizer é: quem nunca mudou de igreja não arrogue se achar mais espiritual que quem já mudou, e o oposto também é válido, quem mudou não se ache mais lúcido por ter mudado. Deus usa muitas coisas em nossas vidas para trabalhar em nosso homem espiritual, vivências em igrejas é uma dessas coisas. Vários motivos nos levam a mudar de igreja, um deles é escolhas que fazemos na vida pessoal, que até podem ser interpretadas, por homens e seus protocolos religiosos, como erros. Por exemplo, muitos são excluídos de rol de membros por se divorciarem. 
      O assunto desta reflexão não é divórcio ou outros assuntos que podem nos levar a desobedecer regras de religiões, nem vou fazer juízo de valor se divórcio é certo, é errado, necessário ou só pecado. Mas, sim, podemos sair de uma igreja porque um casamento acabou e não temos mais conforto social para convivermos próximos a um determinado grupo, aliás, acho que muitos deveriam fazer isso, não só para assumirem uma nova relação, mas também para tentarem salvar uma antiga de acabar. Muitas vezes igrejas e “irmãos” mais atrapalham que ajudam.
      “Brigou com o pastor”, eis outro motivo comum em saídas de igrejas, e isso também pode ter vários motivos, desde rebeldia de membro até pecado de líder. É claro que quem fica sempre terá a tendência de defender a igreja e o pastor, e quem sai mais provavelmente será julgado por quem fica como rebelde. Quem fica dificilmente reconhece erro em sua igreja ou em seu líder, e mesmo se reconhecer dirá que o que saiu é imaturo, não soube aceitar que toda igreja é imperfeita e todo pastor é humano, que não existem igreja e pastor ideais no mundo.
      Dizer que toda igreja tem defeitos e que defeitos não são motivos para se deixar uma igreja é o clássico álibi para quem não quer sair de zona de conforto, por isso o cristianismo permanece errado por séculos. Quem acompanha este blog sabe que levanto com frequência, não erros humanos, mas heresias, que têm desviado catolicismo e protestantismo. Não faço isso por amargura ou rebeldia, mas como orientação de Deus, se Deus orienta ele sustenta, e o sustento do Senhor com paz é critério para nos certificarmos que somos aprovados em nossos posicionamentos. 
      Mas novamente, esse não é o assunto dessa reflexão, o ponto é: por que cremos na nossa verdade com Deus e duvidamos da verdade dos outros, principalmente se o outro é alguém que saiu da igreja que frequentamos porque não a considerou boa para ele? Penso que os dois lados erram em situações assim. Quem sai, se for orientado por Deus, deve fazê-lo com muito cuidado, respeitar não só quem fica mas o plano de Deus para as vidas desses, assim como quer respeito com o plano de Deus para sua vida que ele entendeu quando decidiu sair. 
      Já quem fica talvez deva ter um trabalho espiritual ainda maior, contudo, na maior parte das vezes é o que acha que tem menos obrigações no acontecimento. Se estamos bem em uma igreja e alguém sai, devemos tentar falar com a pessoa, saber o motivo, se é algo que pode ser resolvido, devemos tentar ajudar em amor, principalmente se for um cristão novo na fé ou com alguma dificuldade como vício. Contudo, se quem sai for alguém mais experiente, e não estiver com problemas na vida pessoal, é importante sabermos o motivo e o considerarmos.
      Meus queridos e minhas queridas: se estamos oficialmente ligados a uma igreja, devemos obediência ao pastor, mas se não der mais para obedecer um pastor devemos sair dessa igreja, ou ficamos inteiros, ou saímos, mas ficar para criticar, manter rancor, dividir, isso não é de Deus. Deus respeita mais o quente e o frio que o morno, porque o morno nem a si mesmo respeita, por não se posicionar. Já quem fica deve ajudar quem saiu, respeitar sua posição ou então verificar se esse não tem um motivo legítimo para não querer mais estar debaixo de uma liderança.
      Quem crê no errado facilmente não crerá no certo, lógica simples de inversão de valores, por outro lado, nós seres humanos amamos zonas de conforto, que achamos, por exemplo, quando estamos ligados a um grupo social por laços familiares. Muitas igrejas hoje são grupos fechados, isso não é algo assumido, mas na prática é o que ocorre, assim, muitos não deixarão o rebanho, ocorra o que ocorrer, e outros, que chegaram tarde demais, serão recebidos com a mesma facilidade que serão mandados embora, assim como mal interpretados se saírem. 
      Não julguemos, nem os que ficam, nem os que saem. A vida não é curta, nem fácil, não conhecemos todos os caminhos de Deus, mal conhecemos os nossos, quanto mais os dos outros. O final só sabemos no fim, quem pode dizer que naquilo que recriminamos alguém hoje não será o que faremos amanhã? Deus é amor, o Senhor dos destinos e das novas oportunidades, não fechemos portas a ninguém, mas também não coloquemos a mão no fogo por ninguém. Oremos por todos, abençoemos a todos, e não tenhamos medo, nem de sair, nem de ficar. Deus sabe de cada um.

sexta-feira, dezembro 17, 2021

A vida não é romance com final feliz

      “Então respondeu Jó ao Senhor, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.Jó 42.1-6

      Jesus não teve o final feliz que teve Jó, não merecia sofrimento, mas no final sofreu ainda mais. Isso de alguma forma contraria as leis do universo? Se sofre quem merece, por que sofreu um justo? Sofreu pelos injustos. Isso nos leva a entender que o mais espiritual passará do nível de ter que sofrer só por si mesmo e de forma passageira, para sofrer pelos outros e até o fim. Contudo, qual de nós está preparado para ser espiritual dessa forma? Mesmo assim nos achamos inteligentes, achamos que podemos explicar tudo. 
      Se compararmos o final da vida de Jó com o final da vida de Jesus entenderemos o que era a religião de Deus e para onde ela devia conduzir o ser humano em tempos diferentes da humanidade. Em um tempo, mesmo tendo que sofrer, o temor a Deus levou o homem Jó a ser não só próspero, mas ainda mais próspero materialmente. No outro tempo, o temor a Deus levou o homem Jesus, não só a ter o suficiente materialmente que teve durante sua vida, mas a perder até isso no final, acabando sua existência assim. 
      Jó é o arquétipo de vitória em Deus presente em muitos personagens do antigo testamento na história de Israel, Jesus é o modelo de ser humano da nova aliança que todos somos chamados a ser. Infelizmente muitas igrejas evangélicas, ainda que usem o conceito de fé do novo testamento, o fazem para alcançar o padrão de vida material de muitos do antigo testamento, incorrendo assim numa engano doutrinário. O texto bíblico inicial é a resposta final de Jó a Deus, quando enfim entende o que o Senhor queria dele. 
      Apesar de Jesus ter sido profetizado no antigo testamento, a Bíblia não é um livro tão coeso como muitos querem que seja, ela fala de coisas diferentes. Mas é justamente querendo achar, de forma obsessiva, uma coesão que não existe, na letra e não pelo Espírito Santo, que o cristianismo se desvia e que Jesus não é apresentando como precisa ser para ajudar o ser humano. Outra característica da Bíblia é que ela não é um romance com final feliz, o final do Israel bíblico foi infeliz como foi o do Cristo homem. 
      Ainda assim, principalmente se somos cristãos, queremos achar coesão e finais felizes em nossas vidas. Nestes últimos tempos, a pandemia tem levado muita gente, nessa tragédia ouvi uma pessoa que se diz cristã dizer assim, após perder o esposo, “isso não é justo”, e outros também já me disseram, “você diz que teme a Deus porque não perdeu ninguém do jeito que eu perdi”. Terei coragem para dizer algo, e que Deus tenha misericórdia de mim, se eu perder alguém ficarei muito triste, mas jamais direi que Deus é injusto.
      Lutarei sempre para entender porque Deus me faz passar pelo que passo, sabendo que o objetivo do Senhor é que eu seja alguém melhor, ainda que surpreendido pela vida de forma dura. Ninguém está isento de sofrer, e sofremos de formas diferentes, alguns por terem que fazer algo, outros por não poderem fazer algo, alguns para aceitarem perdas, outros para conquistarem ganhos. Contudo, nossa missão principal é aliarmos ao nosso espírito eterno virtudes morais, por isso seremos avaliados na eternidade. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão.

quinta-feira, dezembro 16, 2021

Ninguém está isento de sofrimento

      “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.Jó 38.1-4

      O livro de Jó, muitos dizem ser o texto mais antigo da Bíblia, talvez só compilado por Moisés e outros, mas a história podendo ter se passado muito tempos antes. De um homem rico mas temente a Deus, que perde tudo, recebe a visita de amigos que tentam explicar o porquê das perdas, até o final quando depois de dialogar com Deus recebe do próprio Deus a explicação da provação, a lição principal é: ninguém está isento de sofrer, mesmo aparentemente não merecendo ou já tendo sofrido tudo que achava que precisava.
      Isso nos ensina sobre a lição principal de nossas vidas: não somos medidos pelo que fazemos ou ganhamos no plano físico, mas por nossa evolução moral e espiritual. Sob o ponto de vista mundano Jó não precisava passar por mais nada para ser alguém melhor, mas sob o ponto de vista espiritual, precisava, e passou. Outra lição aprendemos disso: só sabemos tudo que precisaremos viver neste mundo no último instante de nossas vidas, até lá, creiam, tudo é possível, por isso devemos temer a Deus sempre. 
      Entretanto, o ponto desta reflexão é a pergunta que Deus faz a Jó, “faze-mo saber, se tens inteligência”, e como nós, seres humanos, nos achamos, cada um à sua maneira, espertos. Alguns se acham preparados para a vida porque têm fé, outros porque confiam na ciência, outros por terem bens e dinheiro, outros ainda por não terem nada e por isso não terem medo de perder nada. Mas tudo é vaidade, com diz o autor do livro de Eclesiastes, ou pelo menos tudo que foque o homem em seu ego, e não no Deus verdadeiro. 
      Acho maravilhoso como a vida pode surpreender a todos os seres humanos, e muitas vezes com coisas não agradáveis, mostrando que ninguém é melhor que ninguém. Ela faz isso na proporção inversa do temor que temos do Senhor, por isso esse temor importa mais que fé, ciência, grana e mesmo abnegação. Só Deus sabe tudo e quem não confia nisso em primeiro lugar sempre será surpreendido, e será porque essa é uma das grandes lições da vida, se não a tivermos aprendido seremos surpreendidos para aprendê-la. 
      A insensatez está nos extremos, em olhar a existência, mesmo que com lucidez, mas só por um ponto de vista, desconsiderando o outro. Por isso tantos se esforçam, dão seus máximos, estudam, trabalham, poupam, negam vaidades e consultam sempre a ciência, tudo para terem controle sobre a vida e o mundo, mas só considerando o plano físico acabam tendo amargas surpresas no final. O mesmo ocorre com quem se esmera na fé e na religião, e desconsidera ciência, estudos, inteligência, e conhecimento intelectual.
      Nossa missão principal no mundo não é sermos prósperos materialmente, assim se tivermos que perder prosperidade para aprender o que é importante, assim será, ainda que Deus sempre sustente com dignidade os que o temem. O engano sempre nos leva a achar que já sofremos o suficiente e que merecemos usufruir de prazeres, nesse engano caem tanto homens de Deus como outros trabalhadores honestos. O universo é engenho complexo, mas os que temem a Deus tem seu funcionamento a seu favor, ainda que sofram.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

quarta-feira, dezembro 15, 2021

Deus nos ama!

      “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” Versão Tradicional 
      “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.Nova Almeida Atualizada
I João 4.10 

      Deus te ama! Uma frase popular, clichê para evangelismo, mas mais que isso, a origem da obra de redenção de Deus por Jesus, enfim, estamos cansados de saber, Deus nos ama! Mas será que entendemos de fato a importância disso? O texto diz nisto está o amor ou nisto consiste o amor, quer dizer que a razão principal do amor existir está no que segue, numa iniciativa de Deus em nos amar indiferente de qualquer coisa, não em nós amarmos a Deus. Deus nos ama independentemente de nós o amarmos e sempre, seu amor se manifestou assim, consciente de quem somos. 
      Temos dificuldades para amar as pessoas, mas muito mais quando sabemos que uma pessoa não é tão legal, ou pior, que não gosta de nós, mas mais dificuldade ainda temos de amarmos um criminoso, uma pessoa má e que não quer mudar de estilo de vida. Pois saiba que Deus ama a todos, os que não gostam de nós, assim como os assassinos, cruéis e egoístas, que vivem só para satisfazerem seus prazeres. Deus ama o tempo todo, não existe qualquer interferência no movimento ou na qualidade de seu amor, aliás, se houvesse, todo o universo entraria em caos, física e espiritualmente. 
      Sabermos disso é razão para duas coisas, a primeira é não termos qualquer espécie de timidez ou receio de nos aproximarmos de Deus, ainda que envergonhados pelo pecado, às vezes reincidente, humilhante, e é bom que nos sintamos assim, com vergonha, é sinal que ainda não perdemos a sensibilidade moral. Contudo, temos que saber que nada nos separa do amor de Deus, só nossa escolha de não nos aproximarmos dele. Então, nos cheguemos a ele, com fé para recebermos o perdão que no traz a paz, que nos fortalece para seguirmos e não cometermos mais o mesmo erro. 
      A segunda coisa que o conhecimento de termos um Deus que nos ama sem exigências nos dá é gratidão. Quem agradece, ama, quem ama quer agradar, e quem quer agradar não quer cometer um pecado novamente, principalmente quando sabe que o pecado interfere na relação com aquele que ama. Deus não fica magoado conosco, mas nosso espírito fica ferido, nessa condição nosso espírito tem dificuldade para sentir o Espírito Santo e se colocar em comunhão com Deus. Que a mágoa não tenha espaço, mas que a gratidão sempre ache tempo para louvar ao Senhor pelo seu amor. 
      O amor de Deus é a energia mais poderosa do universo, emanação da luz do Altíssimo, é o que mantém a vida e é muito mais que sentimento. A palavra de Deus é ação, não só som ou ideias compartilhadas, é movimento e transformação que se completa quando encontra vontade positiva no ser. Jesus é o verbo, Jesus é a palavra de Deus, a palavra é amor, Jesus é amor, Jesus é a ação de Deus atraindo e transformando o ser. Deixemo-nos levar por esse amor, ele nos torna leves, santos, bons, iluminados, satisfeitos, curados, espirituais, vivos, e ele só precisa de nossa autorização para agir. 

terça-feira, dezembro 14, 2021

Se há urubus há carniça

      “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?João 11.25-26

      A natureza, ar, terra, rios, mares, flora e fauna, é simbologia para muitas coisas, que se prestássemos mais atenção e entendêssemos sua simplicidade, compreenderíamos muitas coisas de nossas vidas, não só físicas, mas também espirituais. Leões matam e comem a carne ainda viva, ou quase viva, eles são carnívoros, já nós, seres humanos, apesar de na maior parte das vezes cozinharmos e assarmos as carnes, comemos a carne de animais bem morta, como os urubus, assim não somos carnívoros, somos carniceiros, parece nojento mas é isso. 
      A lei da matéria é essa, morte, e precisa de mais morte para se manter viva, ainda que numa existência passageira neste mundo. A lei do espírito é oposta a essa, vida, e vive à medida que entra em sintonia com a vida eterna do Deus Altíssimo, mesmo preso a um corpo mortal o espírito precisa do Espírito de Deus para viver. Ocorre que muitos seres humanos estão com “urubus” circulando sobre suas cabeças, e ainda assim não assumem que estão espiritualmente mortos, e possivelmente com mortes físicas próximas que os pegarão de surpresa. 
      Os urubus, nessa simbologia, são avisos, mas no mundo material nem precisamos ver urubus ou outros carniceiros, para sabermos que o cadáver de um homem ou bicho está próximo, sentimos o fedor, e como é forte e desagradável o cheiro de corpo em decomposição. É para ser assim, para que identifiquemos um cadáver e o enterremos, a sete palmos de terra. No caso de morte espiritual há uma opção, a ressurreição do espírito, Jesus tem o poder de ressuscitar mortos espirituais, ninguém precisa ser enterrado ainda com o corpo físico vivo. 
      O fedor moral se nota na soberba, na impaciência, na malícia, no engano que faz o ser humano ser presa de mentirosos, egoístas, sensualistas, desejosos de satisfazerem apetites do corpo, ainda que usando os outros. Mortos morais podem estar bem banhados, vestidos com marcas luxuosas, aromatizados com perfumes caros, sentados às mesas dos restaurantes sofisticados, tomando vinhos raros, e ainda assim federem. Já os vivos no espírito, ainda que com vidas simples, exalarão cheiro agradável que sobe até o trono do Altíssimo. 
      “Pobre mais limpinho”, se diz por aí, quem já não percebeu isso, ainda que não conseguisse entender bem, estar diante de alguém bem aparentado, mas sentir algo desagradável, e estar com alguém pobre no exterior, mas perceber algo nobre? Vida espiritual não se compra, se ganha gratuitamente de Deus quando a ele se busca com humildade. Estejamos atentos aos sinais, “urubus” não voam sobre vivos, se eles estão presentes algo está morrendo ou morto, sejamos sábios e busquemos a única vida que é eterna, comunhão íntima com Deus. 

segunda-feira, dezembro 13, 2021

Justos diante da injustiça

      “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos.Hebreus 12.2-3

      Somos fracos para suportar as afrontas, as injustiças, as críticas, as calúnias, as mentiras, os sarcasmos, basta uma palavra maliciosa e queremos reagir na mesma altura, dar a resposta, nos defendermos. Se Jesus, que andava na humildade, com sabedoria, se falava o necessário e só agia por amor, se Cristo que orava muito, se santificava em tudo e vivia no centro da vontade de Deus, se nosso mestre mais alto foi afrontado, injustiçado, criticado, caluniado, traído e castigado, quanto mais nós, pecadores, que muitas vezes até fazemos por merecer, não seremos maltratados. 
      Passemos pelas provações em paz, só assim seremos aprovados, deixemos que Deus faça justiça do seu jeito e no seu tempo, quanto aos injustos, não são problemas nossos. Sejamos diferentes, só assim valerá a pena o sofrimento, e teremos recompensa na eternidade e também no mundo, se tivermos paciência para esperar em Deus, senão, o que nos faria melhores que os que nos injuriam? Olhemos para Jesus, nele há forças para sermos espirituais e darmos testemunho de luz num mundo em trevas, resistindo às injustiças, às críticas, às calúnias, às mentiras e aos sarcasmos. 

domingo, dezembro 12, 2021

Que palavra preciso ouvir?

      “E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido, para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar. E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos.Atos 1.24-26

      Que palavra quero ouvir, só a que me aprova? O “Como o ar que respiro” é hospedado no Blogspot, essa ferramenta me permite ver estatísticas de acessos ao espaço, nessas vejo coisas interessantes. Penso que uma parte significativa dos que acessam este blog querem apenas ler o texto bíblico inicial, assim, ainda que muitas vezes eu faça estudos bíblicos em passagens mais longas, entendi que disponibilizar um texto curto e direto no início chama mais a atenção das pessoas. Muitos nem leem a reflexão, mas só o versículo inicial, para mim tudo bem, se Deus abençoa alguém é o que importa. 
      Quem nunca? Quem muitas vezes não quer só um versículo simples e positivo, que dê uma resposta rápida, um consolo imediato para uma dor do momento? Sou como todo mundo, uso várias “ferramentas” para receber um palavra de alívio de Deus, e muitas vezes recorro às caixinhas de promessas, analógica ou virtuais, Deus me fala muitas vezes dessa maneira. Não sei se cristãos mais jovens conhecem essas caixinhas, eu tenho uma antiga, comigo deste os anos 1970 quando me converti, com a internet qualquer site cristão com versículos diários para reflexão pode servir, se usado com sabedoria.
      Contudo, aprendi que mesmo que faça uso dessa ferramenta, o Senhor autoriza isso e muitos se surpreenderiam com os meios que Deus usa para falar às pessoas, devo usá-la com temor a Deus, com muito cuidado. Não fico tirando versículo a torto e à direita, usando textos bíblicos como predições do zodíaco, quando uso desse meio oro antes, e se não sentir não o faço. Não banalize a palavra de Deus, seja qual for o meio pelo qual tua fé te permite ouvi-la, quem a Deus respeita será atendido por ele sempre que precisar, da maneira peculiar que for necessária. Vida com Deus é algo muito pessoal. 
      Ultimamente tenho usado menos esse recurso, a voz viva do Espírito Santo falando diretamente ao meu coração tem sido mais sensível para mim. Penso que todos devem aprender a discernir a voz do consolador e mestre, entendendo isso crescemos espiritualmente e não somos presas fáceis de homens. Mas se quer base bíblica para se saber a vontade de Deus usando um meio aleatório, por exemplo, abrindo a Bíblia em qualquer página e pondo o dedo num versículo, veja texto bíblico inicial e a maneira como o décimo segundo apóstolo foi escolhido, oração, votos e jogo de sorte foram usados. 
      Outra coisa entendo pelas estatísticas do blog, palavras de disciplina são menos aceitas, eu as evito, mas algumas vezes o Espírito Santo me orienta a entregá-las. Ninguém gosta de palavras que digam que Deus não aceita o pecado e está longe dos que se afastam dele, mas isso é uma realidade que ocorre com todos nós e que precisamos encarar com humildade. Que palavra quero ouvir? A melhor resposta seria a palavra que Deus quer me falar, ainda que seja palavra dura, mas essa é sempre só a exortação inicial, logo em seguida Deus nos leva ao arrependimento e à paz do perdão que só ele dá.

      “Todavia a terra se repartirá por sortes; segundo os nomes das tribos de seus pais a herdarão. Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre as tribos de muitos e as de poucos.Números 26.55-56

sábado, dezembro 11, 2021

Empatia, unanimidade, humildade

      “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram, sede unânimes entre vós,
      não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes, não sejais sábios em vós mesmos” 
Romanos 12.15-16

      Uma religião que divide a humanidade entre condenados e salvos pode amar? Pode, mas com dificuldades, que surgem como consequências do equívoco que divide e não une. Muitos podem pensar assim: “alguém que já sabemos antecipadamente que está condenado, não temos a obrigação de amar, se esse vai para o inferno deve ter feito muita coisa errada, e não deve merecer nosso afeto, por outro lado, alguém que cumpre os protocolos para ser salvo, deve merecer nosso crédito, inclusive apoio se estiver na política, meio onde protestantes e evangélicos precisam ser mais representados”. 
      Assim, evangélicos amam evangélicos, mas não precisam amar espíritas ou católicos, ainda que não os odeie, o conceito “céu e inferno” já possui inerente separação, portanto, o preconceito e a não obrigação de gostar do que é religiosamente diferente. Isso podia não ter piores consequências quando o evangélico era mais humilde, mas atualmente, com o ser humano cada vez mais egoísta, pensando muito em seus direitos e pouco nos direitos dos outros, com um humanismo conveniente que exalta o homem e nega Deus, o cristianismo que já era polarizado na teoria, é afetado na prática social. 
      Atualmente, evangélicos querem ir à forra, vingarem-se da perseguição que sofreram, e que nem foi tão grande assim, terem influência nos governos, consequentemente, dividirem ainda mais a sociedade, e não estou exagerando, esse é posicionamento de muitos líderes. Mesmo no texto bíblico inicial unanimidade se refere à relação de cristão com cristão, não de cristão com o mundo, ele diz, “sede unânimes entre vós”, referindo-se à comunhão dentro de igreja. Mas será que era a isso que Jesus se referia ao ensinar sobre amor? Mas o autor de Romanos fala de outra faceta do amor, a empatia. 
      “Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram”, só amamos quando provamos essas interações, e quando são vivenciadas muros são destruídos. Empatia é a “capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende”. Quando há essa identificação, que na verdade é onde reside o conceito de irmandade, há uma ligação mais íntima que a de laços de sangue, de família, há laços espirituais, de alma, aí há amor que une e não separa. Há cumplicidade de quem se põe no mesmo nível emocional do outro. 
      A pandemia da covid 19 deveria dar ao ser humano a oportunidade de ser empático, já que ela atinge a todos, tem feito pessoas diferentes sofrerem, mas infelizmente, ainda assim, muitos têm usado essa tragédia para separar e odiar. Polarização burra, extremismos inúteis, diferenças que na verdade não existem já que na essência espiritual somos todos iguais, e o pior de tudo é que muitos cristãos estão se colocando num dos polos, mitificando um e demonizando o outro, eis céu e inferno novamente creditados. Que o falso cristianismo seja humilhado para que Cristo seja exaltado. 
      Não vou negar a doutrina de penas eternas e extremas descrita na Bíblia, não quero escandalizar ninguém, mas o mínimo que a sabedoria pede, que o bom senso cristão orienta, é que deixemos para identificar quem vai para o céu e quem vai para o inferno na eternidade. Cristãos, esqueçam disso no mundo, mas amem, sejam empáticos, principalmente com os diferentes. Que espiritualidade há em sofrer com quem concorda com nosso posicionamento político, ou se alegrar com quem vota no mesmo candidato para presidente que nós? Em Cristo somos chamados para mais que isso. 
      Nos alegrarmos com a alegria do outro e não invejá-la, principalmente se o outro for alguém diferente de nós, assim como chorar com a tristeza daquele que discorda de nós, e não sorrir por dentro, numa vingança sutil, satisfeito pelo sofrimento de quem quer dar a última palavra em polêmicas tolas, isso é amor. Quem ama assim não manda para as “chamas eternas”, antes luta pela pessoa em oração, dispõe-se a ajudá-la se Deus permitir e na sabedoria de Deus, se todos amássemos assim esvaziaria-se o inferno. O que desejamos como cristãos, salvar ou condenar? Salvar é unir, não é dividir. 
      Interessante a segunda parte do texto bíblico inicial, à exortação sobre unanimidade segue orientação sobre humildade, o que têm a ver as duas coisas? Unanimidade pressupõe todos na mesma altura, um não dominar sobre o outro por se achar com entendimento superior, por isso tendo os outros a obrigação de pensarem como ele pensa. A arrogância divide pois leva um a se achar no direito de convencer o outro sobre seu ponto de vista, por isso só se chega à unanimidade com humildade, onde ninguém se acha dono de verdade exclusiva, mas todos harmonizam as verdades dos outros às suas. 

sexta-feira, dezembro 10, 2021

Fama não é chamada de Deus (2/2)

      “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” Filipenses 2.3
 
      Pode-se até provar aventura romântica em caminhos legítimos do bem, mas isso é só no início, depois trabalho e fé persistentes deverão superar ausência de prazer fácil e de resultados imediatos e visíveis. Aprovação das massas é algo que motiva muitos por parecer solução rápida para recalques não resolvidos, mas com o tempo não bastará mais. Fama é vício, quem tem um milhão de seguidores quer ter dez milhões, depois cem e não tem fim. Um único seguidor basta para que vaidades sejam anuladas, Jesus, que caminha com o humilde, cura-o, faz com que se sinta útil em uma chamada genuína, que glorifica só a Deus e não é falsificada por vangloria humana. 
      Ninguém é chamado por Deus para ser famoso, e penso que com quem é famoso no meio cristão temos que ter sempre um pé atrás, isso mesmo que alguns fazendo um trabalho verdadeiro em Deus sejam famosos, principalmente no mundo atual onde fama é algo tão fácil quanto efêmero. Mas se o melhor ser humano que já pisou este mundo foi perseguido em vida e teve um fim terrível, fica difícil achar que um pastor, pregador ou músico, é ferramenta eficiente de Deus pelo fato de ser famoso. Talvez a pergunta maior seja: o ser humano está preparado para ser famoso, e ainda assim continuar humilde, desempenhando diligentemente chamada de Deus?
      Uma conhecida minha, boa protestante há décadas, com graduação superior, profissional reconhecida, pregadora por anos, me mostrou projeto de um livro e o desejo de ver o trabalho publicado, bem escrito apesar de sobre tema polêmico. Isso já faz uns anos e até onde sei o trabalho não foi publicado, além do tema complicado, o mercado de livros atualmente mudou, como todo tipo de mídia em papel, os sites e outras páginas na internet tomaram esse lugar. A pergunta que faço a essa pessoa e a outras assim é: você quer ser bênção ou quer ter fama? Quer compartilhar algo como vontade de Deus para abençoar as pessoas ou só quer aclamação pública? 
      Quem quer ser bênção acha depressa um meio, não espera, ainda que não lhe traga fama. Vejo isso em muitos pastores, e muitos demonizam a internet ou invés de usa-la como ferramenta do evangelho. Penso que pastores devam ter muito cuidado para participarem de redes sociais, e acho que o mais indicado é não participarem, mas creio que todos deveriam ter espaços virtuais com reflexões cristãs diárias. Pastor é um homem que Deus chama para alimentar um rebanho específico, que só pode ser alimentado pelo alimento que esse pastor oferece, por isso não existe pastor sem rebanho, ainda que existam rebanhos sem pastores, pela negligência de pastores. 
      Todos nós temos bênçãos diárias para compartilharmos, quem anda com Deus anda em novidade de vida todo dia, se é assim com todos deveria ser muito mais com pastores e pregadores, que não só devem ter experiências diárias como devem ter mais facilidade de escrever e falar, como líderes que são, para compartilharem isso. Contudo, escrever um texto diário numa página da internet não dá a popularidade visível e imediata que muitos buscam, querem mais templos cheios com pessoas aplaudindo. Isso é um engano, uma página na internet pode ter muito mais alcance que uma palavra num púlpito físico, esse é o meio que as pessoas mais visitam hoje. 
      É claro que não podemos generalizar as coisas, e em se tratando de chamada de Deus, Deus chama a todos, tem chamadas diferentes para pessoas diferentes e não chama ninguém para a inutilidade. Mas o que é mais inútil que fazer a coisa certa no lugar errado e para as pessoas erradas? É pior que não fazer nada, já que além de não sermos úteis vulgarizamos algo que pode ser útil pelas vidas de outros. O cristianismo tem sido vulgarizado e por isso desprezado porque muitos têm utilizado dele para fins egoístas. Por outro lado, falta a muitos confiança em Deus para fazerem e crerem que se obedecem a Deus podem ser úteis e de fato felizes, mesmo não sendo famosos. 
      As pessoas fazem o “diabo” para serem famosas, para serem vistas no que consideram ser o topo do mundo, ainda que o topo do mundo seja aos olhos de Deus o fundo do inferno. Elas usam até Deus e o cristianismo nesse engano, e isso é pecado pior que usar o “diabo”, já que ser louvado no mundo não é tão incoerente para quem é o rei só do mundo. Mas Deus é espiritual, age espiritualmente, atrai os seres humanos para o melhor do plano espiritual, é a antítese de valores de glória no mundo, ainda que sejam em púlpitos de igrejas. Sejamos humildes e façamos a vontade de Deus para nossas vidas, não por vangloria, mas por amor, Deus sempre honra os humildes. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

Chamada para ser humilde (1/2)

      “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.Efésios 4.28

      Qual é a sua verdadeira chamada? Você pode achar que é ser pregador quando é ser vendedor, você pode achar que é ser cantor quando é ser professor, você pode achar que é ser médico quando é ser engenheiro, enfim, não saber e não assumir nossa verdadeira chamada pode nos envergonhar assim como fazer as pessoas próximas a nós infelizes. A vida não é fácil e muitas vezes não fazemos o que queremos fazer, mas o que podemos, ou mais, o que temos que fazer para sobreviver, contudo, uma coisa é não estar cem por cento satisfeito com o que se faz por ter que lutar por uma vida digna, outra coisa é fazer infelizes os outros para estarmos satisfeitos conosco. 
      Na área musical das igrejas existe muita gente querendo ter “ministério itinerante” experimentando atraso de vida. Chega a ser difícil falar com muitos desses, pois eles se sentem legitimamente chamados por Deus, e ir contra seus sonhos nos coloca, aos olhos deles, como instrumentos do mal contra uma vontade de Deus. Mas pelos frutos vemos a realidade dessas vidas, que muitas delas definham, não conseguem independência econômica, perdem tempo e fazem outros sofrerem. Enquanto solteiros e sem filhos as ilusões ainda agradam alguns, principalmente pais, também equivocados, ávidos por verem filhos sob holofotes em palcos, mas depois o drama aumenta.  
      “Ministério itinerante”, coisa que não existia há um tempo atrás, e que se tornou muito comum no meio pentecostal, não só para cantores, como para pregadores. Mas nas “casas de espetáculos” na quais muitas igrejas se tornaram, isso é só mais uma parte do sistema que quer produzir shows, não cultos, para muita gente assistir e depois ”pagar”. Outro lado negativo desse grave desvio de muitas igrejas evangélicas é que os pastores oficiais pouco pregam, delegam o trabalho para esses “artistas”, hábeis em dizerem e cantarem o que as pessoas gostam de ouvir, e que sempre incentivam ofertas, que depois serão colhidas para pagarem seus “cachês”, que não são pequenos. 
      Ainda se houvesse um desejo sincero de compartilhar suas crenças, mas não, muitos querem sucesso e fama, não trabalham nas igrejas de origem pois se acham importantes demais para isso, e com uma sincera arrogância mascarada de visão superior de ministério, o que falo digo como testemunha. Houve quem fosse bem sucedido nesse intento? Houve, e são esses que servem de motivação para tantos cantores e cantoras, mas até que ponto, mesmo esses que servem de exemplos, desempenham a melhor vontade de Deus? Desculpe-me tocar nesse assunto, mas esse é mais um aspecto do enorme desvio que igrejas evangélicas têm incorrido nos últimos tempos. 
      O caminho da humildade é temido mais que o próprio “diabo” por muitos crentes, com carências mal resolvidas e obcecados por aprovação humana. A vaidade conduz à arrogância e à servidão a outros arrogantes, Deus fica longe disso, usado e vendido, mas não servido. Não escondo meu pensamento que deveria haver menos igrejas, bastaria às pessoas terem uma experiência com Deus e compartilharem isso em seus cotidianos no mundo, enquanto são seres humanos produtivos, que trabalham para se sustentarem e ajudarem os necessitados. Para reuniões cristãs bastariam os lares, com menos pessoas, onde todos se conhecem e se ajudam, sem vaidades, só com verdade. 
      Não estou dizendo que é errado visitarmos irmãos em outras cidades, compartilharmos as bênçãos e até ganharmos deles alguma oferta, isso em si nada tem de errado, mas o erro é fazer disso uma profissão material, não uma missão espiritual. Muitos nem têm palavras dadas por Deus para dizer, mas são só oradores carismáticos que usam repetidamente as mesmas passagens bíblicas, de preferência aquelas sobre fé e milagres físicos, para emocionarem as pessoas. Incontáveis foram as vezes que assisti pregadores usando as passagens da cura da mulher com o fluxo de sangue (Mateus 9.20) e a da ressurreição de Lázaro (João 11.43), que ótica limitada da Bíblia têm esses.
      Pastores, cumpram vossas chamadas, se é que de fato são legítimas, o alimento que receberam de Deus pode ser para um rebanho de cem almas como pode ser para um rebanho de cinco mil almas, isso não importa, como não importa a fama que pode ser só consequência de um ministério, mas que não deve ser critério para que um ministério seja avaliado como agradável a Deus. Saibam que a visão que vocês têm não precisa agradar a homens, nem ser igual a outras visões para que receba aprovação, basta que seja de fato visão de Deus e em Deus. Se Deus lhes dá uma visão é porque existem pessoas que precisam se abrigar nela, assim, sejam fontes de vida, não de vaidades. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

quarta-feira, dezembro 08, 2021

Na humildade não há humilhação

      “Porque assim diz o Senhor: Não entres na casa do luto, nem vás a lamentar, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.Jeremias 16.5
Duríssima essa palavra, Senhor, tem misericórdia de nós.

      Havendo humildade não há humilhação, assim caminhemos sempre. O ser humano, em sua caminhada com Deus, pode ter vários momentos, o momento de alegria é o primeiro e deveria ser o único momento, nele provas são apresentadas e após um tempo, que Deus tem paciência em esperar por ser sempre amoroso, o ser humano é aprovado. Sim, existem quedas ocasionais, mas nada que desvie o homem do caminho melhor, machuque as pessoas de forma irremediável ou escandalize a fé que é professada. Feliz o homem que é maduro com o que recebe e grato pelo que não recebe, que não se aprofunda só no conhecimento do Deus que cuida na área material, mas no Deus que é Deus e a todos atrai às regiões espirituais mais altas. 
      O segundo momento é o momento de choro, e por esse passam os que teimam em desobedecer a Deus e por isso são exortados por ele. Veja que nesse momento já existe alguma disciplina, mas é quebrantamento para levar à humildade, e como pai, o Senhor é discreto para disciplinar seus amados filhos, procura fazer isso de maneira privada, sem expor alguém publicamente à vergonha. Discernir esse momento é primordial para seguirmos na bênção de Deus. Sim, meus queridos e minhas queridas, muitas vezes o Espírito Santo nos leva ao choro, e nesse momento o som do louvor, a alegria de cultos e celebrações, a confraternização gostosa das festas, isso deve parar e dar lugar à contrição, numa experiência individual e muitas vezes solitária. 
      O momento do choro passou, agora é momento de disciplina. O terceiro momento encontra o ser humano, que até pode ter sorrido quando podia, mas que não soube chorar quando devia. Precisamos constatar aqui um fato, não saber chorar não é só uma característica de muitos cristãos, mas do ser humano de nosso tempo de maneira geral. Esse quer comemorar, festejar, usufruir, aparentar sempre satisfação para sair-se bem nas fotos na internet, mas não quer se quebrantar, não quer chorar. Me refiro aqui a um choro que purifica, que quebra o errado para refazer o certo, que se coloca como barro nas mãos do oleiro, se esse choro é profundamente vivido o pior não acontece, que é a disciplina mais dura da vida real nas mãos do Deus todo-poderoso. 
      Temo que seja por esse terceiro momento que o Brasil esteja passando, e que muitos evangélicos brasileiros, não todos, estão começando a vivenciar, e creiam, o pior ainda não chegou. Não choraram quando deviam, ao contrário, cantaram e encheram templos, idolatraram aqueles que os alegrava em cultos, cantores e pregadores que disseram o que eles queriam ouvir. Finalmente uma grande maioria de evangélicos apoiou um governante, mitificou-o, colocou-o no lugar de Deus, enquanto a lucidez da ciência e o respeito às diferenças foram desprezados. Mas “eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir” (Isaías 59.1), se houver humildade há saída, mas não sem dor.  

José Osório de Souza 
3/08/2021

terça-feira, dezembro 07, 2021

Confie no Deus que te trouxe até aqui

      “Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que te tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebeldia; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários.Êxodo 23.20-22

      Não desista, se Deus, não uma religião, não tua imaginação, não uma escolha egoísta tua, te trouxe até aqui, esse mesmo Deus te conduzirá até o final do caminho. Deus é fiel, não chama sem propósito ou para desistir no meio, nem prepara para não fazer bom uso, Deus é inteligente e econômico. Se você entregou tua vida e de teus próximos nas mãos do Senhor, se está obedecendo a ele, afastando-se do pecado e sendo misericordioso até com teus inimigos, Deus se agrada de ti. Assim, siga em frente, mantenha firme a fé, reta a confiança, pura a mente no Senhor, a obra que começou ele terminará. 
      Lembre-se, você é mais que uma pessoa com uma família buscando a proteção de Deus, é um instrumento da luz e da paz do Altíssimo no mundo. O que Deus faz em tua vida e por ela é para abençoar também a outras pessoas, de uma maneira que você não tem noção, e que só terá conhecimento pleno a respeito na eternidade. Dessa forma, não esmoreça, não duvide, não baseie-se no que teus olhos veem, mesmo nas condições externas do Brasil e do mundo. Deus é Senhor de tudo, nada escapa a seu controle, nada acontece sem que ele permita, e para os que o temem ele sempre tem o melhor. 
      Tua luta não é para tua vergonha ou por causa de tua fraqueza, aos que se aproximam do Senhor com humildade ele perdoa, o que espera pacientemente durante a disciplina do pai tem a sorte mudada. Deus não se vinga nem castiga os que o ouvem, assim, tua luta é para que você seja mais forte, mais livre, mais feliz e mais bênção. Dos fracos Deus não pede grandes provas, são os fortes que recebem dele grandes missões. Você é forte, não por confiar em si mesmo, mas por confiar só em Deus e na força do seu poder. Só obedeça e siga, tua vitória está próxima para a glória do Senhor! 
      A promessa que Deus fez à nação de Israel no texto bíblico inicial ele também faz a nós como indivíduos, ele nos dá um ou até mais anjos que nos conduzem e nos guardam, nossas existências não são dados jogados à sorte no universo, elas têm objetivo. Os humildes, que querem agradar a Deus, não aos homens, que querem valores interiores, não aparências vãs, entenderão o plano de Deus para suas vidas, o farão e estarão felizes com isso. Só tenha os cuidados melhores, os elevados e eternos, olhe para as coisas certas, invisíveis e espirituais, e confie no Deus que te trouxe até aqui são e salvo. 

segunda-feira, dezembro 06, 2021

Quando o espírito chora

      “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consoladosMateus 5.4

      Muitos dizem, “chorar faz bem”, mas não sei até que ponto isso é certo. Você já deve ter tido a experiência de chorar profundamente sobre alguma coisa e no final se sentir machucado, como se um pedaço teu fosse arrancado. Penso que uma coisa é o corpo chorar, outra coisa é o espírito chorar, obviamente havendo choro do espírito também pode chorar o corpo, mas como consequência de um choro espiritual. O espírito não chora lágrimas líquidas, chora a si mesmo, quando ele chora não é a face que é molhada, mas é ele mesmo que se solta, aquela parte sua que precisava sair. Por isso o choro mais profundo e verdadeiro nos deixa menores, mais humildes, mais espirituais, no final nos faz muito bem. 
      O corpo pode chorar sem que o espírito queira, isso coloca o corpo numa dura tarefa de tentar convencer o espírito que há uma necessidade urgente de quebrantamento. É por causa dessa resistência que sentimos dor, quanto mais resistente for o espírito, mais o corpo sofre, daí instalarem-se doenças, tanto físicas quanto emocionais. Mas também pode ocorrer o contrário, o espírito chorar, ainda que o corpo não expresse isso, contudo, como sempre ocorre com iniciativas espirituais, elas são mais educadas, principalmente se é choro de arrependimento que deseja mudança para melhor. Nesse choro, que não carece de exibição, o espírito é purgado, o mal sai, fica só o bem, há leveza, cura, e alegria no final. 
      Você já chorou tudo o que precisa chorar? Num processo de auto-conhecimento resultado das nossas verdades serem confrontadas com a verdade mais alta de Deus, quebrantamento é uma etapa muito importante, revelarmos a nós mesmos toda a fragilidade que contemos. Nisso culpas são administradas do jeito certo, com responsabilidade pessoal e sem vitimização. O choro dessa assunção agrada profundamente o coração de Deus, que como recompensa abre-nos muitas portas. Esse momento é o que mais define o novo nascimento espiritual mencionado em João 3.5, não tem jeito, a todo nascimento sucede o choro, onde nossas vias respiratórias são limpas para que respirem adequadamente, nesse caso, espiritualmente. 
      Não represe lágrimas, que elas subam do coração e deságuem nos olhos, mas que o coração seja impulsionado pelo espírito, numa comunhão íntima e positiva com Deus. Quando o espírito chora há vida, a morte se vai e não fica retida em nós para a eternidade, no céu não haverá lágrimas nem choro, mas no inferno haverá. Todo lágrima retida por orgulho será chorada em infernos, como lá não haverá corpo físico para converter tristeza em lágrimas, será o próprio espírito que será chorado, aos poucos, desaguando não líquidos, mas arrogância e incredulidade. Choremos aqui, onde há novas oportunidades para mudanças, para não termos que chorar lá, onde os juízos de Deus serão executados por muito tempo.