terça-feira, junho 16, 2020

O amor irá além...

      “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.Colossenses 3.14

      Muitos de nós desejam praticar várias virtudes, sabemos que isso é bom, que é cristão, contudo, fugimos de uma virtude, achamos para isso mil desculpas, em nossos passados, nas injustiças que recebemos neste mundo, essa virtude que muitos têm tanta dificuldade para dar e mesmo para receber é o amor. Quanto antes aprendermos a amar, antes nos prepararemos para a eternidade, lá, a única virtude que será necessária para se viver o melhor de Deus é o amor, já que não precisaremos lutar contra o mal, só viver em comunhão com o Senhor e com os irmãos em Cristo. 
      Quem morará no céu, quem terá direito ao “seio de Abraão”? Quem tiver no mais íntimo de seu ser o mais puro e incorruptível amor. Não, amor não é uma virtude secundária, não é um sentimento piegas e que de alguma maneira nos fragiliza, não o verdadeiro amor, esse nos fortalece à medida que fortalecemos os outros. O genuíno amor é a essência do genuíno filho de Deus, do verdadeiro cristão, é o fruto maior da espiritualidade legítima. Mas quem de fato entende neste mundo o que é o amor? Quem de fato o vivencia desinteressadamente? O amor não tem qualquer interesse senão amar.
      Na verdade o amor é efeito final, o vínculo da perfeição, quem busca e pratica várias virtudes finalmente consegue amar. Em primeiro lugar é preciso ser humilde, para servir e para perdoar, e o humilde perdoa porque sabe que não é melhor que ninguém e que não precisa ser servido, ele é equilibrado, se conhece, e serve com alegria. Nesta disposição buscamos paz sempre, ainda que saibamos que não a teremos com todos, mas o pacificador não tem inimigos, não retém em seu coração o mal alheio, não carrega mágoa e nunca busca vingança, seja ela como for. 
      Um coração leve assim, humilde, perdoador, servo e pacificador consegue amar, e o faz naturalmente, sem falsidade ou vaidade. O verdadeiro amor serve ao próximo e adora a Deus, e nunca age de maneira inconveniente, ainda que com dano próprio, o que ama sabe que Deus tudo vê e tudo retorna com justiça, o que ama teme a Deus. Quem buscar em Deus as virtudes, não para ter ou ser, mas só para agradar a Deus, esse amará o mais verdadeiro amor, aquele que levaremos para a eternidade conosco e nos dará a identidade de habitantes do céu.
      “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.9-13

segunda-feira, junho 15, 2020

Sinai ou Gólgota?

      A postagem de hoje é a segunda e última parte de uma reflexão que foi iniciada ontem, se possível leia a postagem de ontem para melhor entendimento, obrigado.

      “E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. E disse o Senhor a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o termo para ver o Senhor, para que muitos deles não pereçam.” Êxodo 19.20-21

      “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” João 19.17-18

      Isso que foi dito na primeira parte desta reflexão (na postagem de ontem), pode ser, contudo, uma visão superficial, humana, de como as coisas funcionam, de como Deus de fato trabalha. Em primeiro lugar, por que o melhor de alguém só pode ser provado quando esse toca o topo do mundo? E em segundo lugar, por que permanecer humilhado no anonimato não é o melhor para alguém? Como Deus trabalha o melhor em nós, é do mesmo jeito em todas as pessoas? É só na fama, é só no anonimato, é só no reconhecimento público ou é só na solidão, que há “a mão do oleiro moldando o vaso de barro”?
      Por outro lado, um momento único no tempo que nos coloca em sincronia com o melhor de Deus e de nós mesmos muitas vezes é provado num instante de oração, sozinhos em casa, quando como que uma luz pura, forte, ainda que através de um raio pequeno (e os que têm intimidade com o mundo espiritual entenderão que isso não é metafórico), toca nosso espírito e nos faz entender como a vida funciona, como Deus trabalha, como o universo é, experiência que depois nos deixa uma paz que nunca antes sentimos e que nos liberta para sempre de muitas coisas. 
      Não, meus queridos e minhas queridas, o topo do mundo pouco pode significar, eu, como músico, o que permite fama e admiração de muitos (assim como inveja e ódio de outros), e mais, como músico gospel, tive a oportunidade de por os pés no topo do meu monte, não era nenhum Everest, mas era suficientemente alto para as minhas referências. Foi único, hoje quando me lembro me sinto satisfeito, mas infelizmente também me sinto muito frustrado, porque não tive a noção da importância e da exclusividade daquele momento, eu não estava preparado para ele, de forma alguma, nem como músico, nem como ser humano.
      Eu tinha menos de 30 anos na época, mas hoje, com mais de 60, e depois de anos olhando para o passado, achando que ele tinha sido meu melhor momento e que nunca mais se repetiria, começo a ver um novo monte, e pasmem, ele é muito, mas muito mais alto que aquele. Todavia, seu topo não é um lugar que será visto por muitos, no qual ficarei para abençoar um grande número de pessoas de maneira mais óbvia e objetiva, não é isso. E quer saber? Hoje isso nem importa mais pra mim, o reconhecimento de grande público, eu não quero holofotes de baixo, dos homens, mas a luz que vem de cima, do altíssimo Deus.
      Hoje começo a entender que esse é o monte que Deus sempre quis que eu subisse, ele é real, o outro era ilusão, ele é espiritual, o outro era material, ainda que no outro eu desempenhasse também uma missão religiosa, mas nem tudo que é religioso é de fato espiritual. Sinai ou calvário? Em um a glória e a lei, no outro a dor e a morte, em um o início de Canaã física, no outro o início da Canaã celestial. No Sinai um velho de 80 anos recebe orientações espirituais para um ser humano ainda infantil, despreparado para o conhecimento mais alto, no Gólgota um homem de 33 anos entrega sua vida para salvar uma humanidade já madura, preparada para o conhecimento mais alto de Deus.
      O corpo envelhece, mas o espírito que anda com Deus se vê cada vez mais novo. Aos 30 anos eu era um velho num monte de ilusão, hoje aos 60 sou um jovem subindo um monte infinitamente alto, não chegarei ao seu topo neste mundo, mas o que importa é que descobri qual é o monte melhor para galgar. Infelizmente muitos passam a vida tentando permanecer no topo de montes de ilusões, não conseguem se libertar da carência de aprovação humana. Jesus subiu ao Gólgota para que nós não precisássemos subir, ainda assim o melhor monte tem seu preço, ache-o e comece a subi-lo, o quanto antes.
      Aos jovens: arregalem os olhos espirituais, atentem-se ao que são, ao que têm, ao que fazem, a quem amam, a quem não amam, ao que representam na sociedade, na igreja, na família, mas acima de tudo, ao que representam para si mesmos. Não aceitem hipocrisia nem vida com duas caras, fujam da falsa moralidade, não façam alianças que não possam cumprir, ainda que tenham que se afastar, que não usufruir de direitos e de aprovações. Busquem as suas verdades sob verdade maior de Deus, não se iludam com as verdades de homens, mesmo de cristãos, tenham coragem para viver o presente coerentemente.

domingo, junho 14, 2020

“O Senhor consolará a Sião”

      “Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia. Atendei-me, povo meu e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos. Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos; as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão. Levantai os vossos olhos para os céus, e olhai para a terra em baixo, porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como roupa, e os seus moradores morrerão semelhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será abolida. Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.“ Isaías 51.3-7

      “Sião ou Tzion (em hebraico ציון Tzion ou Tsion "cume", em árabe صهيون Ṣuhyūn) originalmente era o nome dado especificamente à fortaleza jebusita próxima da atual Jerusalém, que foi conquistada por Davi. A fortaleza original ficava na colina a sudeste de Jerusalém, chamada de monte Tzion, aportuguesado como Monte Sião. Monte Sião é o nome de uma das colinas de Jerusalém e que por extensão tornou-se sinónimo da Terra de Israel e que pela definição bíblica é a Cidade de David. Após a morte do rei David, o termo Sião passou a se referir ao monte em Jerusalém, o Monte Sião, onde se encontrava o Templo de Salomão. Mais tarde, Sião passou a se referir ao próprio templo e aos terrenos do templo. Depois disso, Sião foi usado para simbolizar Jerusalém e a Terra Prometida. Sião seria uma adequação geofônica, do idioma hebraico para o Português, referente ao nome de um acidente geográfico mencionado na Bíblia que ficava no centro de Jerusalém. Sião, para algumas denominações cristãs, será a última cidade possível de viver depois do Armagedom.” Fonte Wikipedia

      Essa palavra não é para o mundo, muito menos para o Brasil, essa palavra é para a nova Sião, para a Igreja, para o povo de Deus. Muitos podem pensar que estou sendo cruel, desumano, mesmo não evangélico, mas não é isso não, tenho convicção do que Deus me mostra. Coisas grandes como essa doença que está fragelando o mundo devem ser entendidas do jeito certo, isso não é um acidente, aliás acidentes não existem, não referindo-se a coisas erradas que surpreendem quem está certo, o universo é justo.
      Se algo assim ocorre é porque coisas erradas foram plantadas, e a colheita ruim está sendo colhida, não por pouca gente, mas pelo mundo todo. Disciplina tem que ser sofrida, não se pode fugir dela, e ela só acaba quando terminar de cumprir sua missão, isto é, deixar o disciplinado menos rebelde, menos irresponsável e mais humilde e consciente. Consciente de que? Que a vida é séria, mesmo que tenhamos direito a alegrias, que as coisas têm consequências e todos as colhemos, ainda neste mundo.
      Contudo, quanto àquele que de fato se colocou como filho de Deus, que procurou o Senhor, que se humilhou, que se arrependeu, que consertou sua vida, que buscou andar certo no conhecido e no secreto, que acreditou não em homens, em religião, ou na ciência, ainda que tenha tido o bom senso de seguir as orientações científicas, mas que focou sua fé no Altíssimo e Santo Deus, esse faz parte da verdadeira Igreja espiritual, o corpo de Cristo, a noiva do cordeiro amada por Jesus, a palavra acima é para esse. 
      Estamos neste mundo para melhorar, e a vida nos dá oportunidades para isso todos os dias, se não aproveitamos uma, outra nos é dada, se tornamos a não aproveitar, outra nos é concedida, contudo, a cada oportunidade perdida o preço sobe, a dor aumenta, e o que a princípio pode ser até um jugo suave, torna-se disciplina pesada, doida. Teremos oportunidade para melhorar até nosso último instante neste mundo, Deus sempre espera que todos se salvem e que se aproximem dele, de um jeito ou de outro. 
      “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo em cujo coração está a minha lei”, a palavra acima é para os que andam certo, e que num mundo globalizado como o atual também sofrem quando os errados são disciplinados, sofrem, mas são livrados do pior, eu creio. Somos livrados para darmos testemunho, não de um evangelho ignorante que demoniza a ciência, nem de um cristianismo estúpido que põe sua fé num governante político, mas de um Deus santo, que não se corrompe, e verdadeiro, que não se desvia. 

      “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.João 17.9

sábado, junho 13, 2020

“Truque de mestre”

      A série de filmes “Truque de mestre” (três foram lançados entre 2013 e 2020), tem um tema citado o tempo todo (principalmente no nome original em inglês, “Now you see me”), o tema é desvio de atenção (feito também pela invocação mágica “abracadabra”), um conceito básico de mágicos. Ele diz que quando se quer esconder algo mostre-se muitas coisas e chame as pessoas para verem essas coisas de perto, em outras palavra esse conceito diz, quanto mais perto você vê, menos enxerga. O “agora você me vê” (tradução de “Now you see me”) de verdade só acontece quando o mágico permite, se é que ele de fato permite isso em algum momento, mágico verdadeiro nunca revela seus segredos. O segredo para entender o mistério é nunca olhar tão perto, mas se afastar e olhar de longe, tendo em vista não o objeto no presente, mas no tempo, passado e futuro, e nos espaços, não só o físico, mas também o mental e o espiritual. 
      Isso também é um conceito usado por historiadores, afastarem-se para entenderem melhor os fatos, para que não haja um envolvimento emocional no julgamento, acontece também na medicina, médicos são orientados a não tratarem parentes ou a si mesmos. A maioria não percebe, mas esse princípio é o truque que a grande mídia mundial, no Brasil representa pela rede Globo e pelo jornal Folha de São Paulo, dentre outras empresas, utiliza. O número de informação têm aumentado, seus divulgadores se auto-denominam paladinos que lutam contra a “fake news” e a favor da ciência, assim se enchem de legitimidade e de qualidade, com tecnologia moderna como ferramentas de divulgação de informação. Isso dá ao desavisado a impressão que está vendo a verdade, e que ela é de total confiança, contudo, é justamente o contrário, nem é o fato jornalístico que vê, mas só a opinião tendenciosa de uma empresa mal intencionada. 
      “Mágica é enganação, mas uma enganação feita para entreter, encantar, ela envolve confiança e fé”, eis outra fala do 1º filme “Truque de mestre”. Muitos acreditam cegamente no Jornal Nacional da Globo, se acostumaram com ele por décadas, têm uma ligação afetiva com ele, quando o tema musical toca já ficam na expectativa de ouvirem um relato verídico da realidade do mundo no dia, eu sei disso, já senti isso, mas hoje não sinto mais. Somos mais facilmente enganados por quem gostamos, de quem não gostamos nos afastamos e nem lhe damos atenção, ou pior, consideramos tudo que diz mentira. Mas grande parte dos cidadãos brasileiros confia no que certos jornais e telejornais dizem porque gosta deles, a rede Globo sabe disso, e tenha certeza, usa isso para atingir seus fins, e eles não são legais, não sob a ótica da tradição religiosa judaica-cristã. Não se deixe enganar pela qualidade das novelas da Globo, são só “abracadabra”.
      Não sei quantos pensam assim, mas considero os filmes “Truque de mestre”, principalmente o 1º filme, extremamente reveladores, mas eles mesmos utilizam o princípio para não revelarem seu principal segredo, envolvem os espectadores nos truques de mágica que pensam estarem vendo só mais um filme divertido. Na TV é a mesma coisa, enquanto nos encantamos em nossos lares com uma quantidade enorme de séries disponibilizadas na Netflix e outras streamings, não nos atentamos às forças que de fato querem nos dominar. Morre-se pela boca? Não, pelos olhos e pelos ouvidos, que presos às telas de TVs, computadores, celulares e tabletes não percebem manipuladores roubando suas almas. Tenhamos cuidado, mas tenhamos ainda mais cuidado quando o “olho” (termo usado no 1º filme referindo-se a uma ordem secreta) disser que está revelando seu segredo, um “olho” está sempre um passo à frente de seu discípulo.

      A melhor maneira de não ser enganado, seja por homens ou por espíritos malignos, é olhar tudo sob o ponto de vista de Deus. Isso só pode ser feito no Espírito Santo e através de Jesus, com conhecimento bíblico mas principalmente com muita oração e consagração de vida. Só o Deus altíssimo, não entidades espirituais ou qualquer outros espíritos ou anjos, nos dá o distanciamento espiritual das ilusões do mundo e das fantasias de nossas almas, que permite lucidez porque nos dá acesso à luz mais pura e mais alta. Sim, essa posição é possível, repito, pelo nome de Jesus por meio de uma íntima comunhão com o Espírito Santo. Essa posição exclusiva é oferecida gratuitamente aos que de fato são simples e humildes, aos que não buscam qualquer espécie de vaidades, nem de promoção social, mas os que querem a verdadeira espiritualidade, no amor, na santidade e em paz, para adorar a Deus e ser um com ele. 

      “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.Salmos 91.1

sexta-feira, junho 12, 2020

Entrega, mas entrega mesmo!

      “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.Salmos 37.5

      O versículo acima é um dos mais lembrados pelos cristãos, nós o repetimos sempre que queremos paz numa situação complicada, sempre que nos  achamos numa encruzilhada e não sabemos que direção tomar. Contudo, muitas vezes não entendemos o que ele diz, não compreendemos o que é de fato entregar algo nas mãos de Deus. Quando temos um problema nós até buscamos a Deus, desejamos confiar nele, mas fazemos isso querendo ter uma solução na cabeça, de imediato, não confiamos em entregar algo nas mãos de Deus mesmo que não tenhamos a mínima ideia de qual é a direção que Deus quer que tomemos. Na verdade temos muita dificuldade em parar, queremos estar sempre em movimento, donos de nossos caminhos.
      É por isso que muitas vezes nossas orações nos levam a nada, não nos trazem paz, começamos a orar angustiados e terminamos, ainda que com palavras bonitas, bíblicas, do mesmo jeito. Queremos fazer o trabalho de Deus, e quando fazemos isso Deus educadamente nada faz, porque nós não o autorizamos a fazer algo. O que autoriza Deus a agir é a fé, o que tem fé se lança no escuro sabendo que Deus de alguma maneira vai segura-lo, mesmo sem saber como. Entregar é entregar mesmo, mudar algo de mãos sem que tenhamos nenhuma necessidade de saber o que Deus fará com aquilo que entregamos. Enquanto isso esperamos parados, sem retroceder, mas também sem nos apressarmos seja para o lado que for.
      Por que é assim? Porque muitas vezes a solução não vem na hora, no momento que estamos orando, Deus às vezes quer trabalhar em nossas vidas, moldar nosso caráter, nos curar, e ele usa o tempo para isso. Esperar sem saber o que vai acontecer, parados, mas ainda assim permanecer em paz, confiando em Deus, é vitória sobre ansiedade, sobre a nossa carne, é subir de nível na verdadeira espiritualidade. Pode parecer difícil, ficar tranquilo mesmo sem saber o que fazer, mas isso dá plena liberdade para o Espírito Santo agir, no tempo melhor, no lugar melhor, enquanto nossa alma é tratada. Entrega teu caminho ao Senhor, mas entrega mesmo, com total confiança de que Deus fará o melhor, como e quando ele quiser. 

quinta-feira, junho 11, 2020

Mentira

      “Embrutecido é todo o homem, no seu conhecimento; envergonha-se todo o artífice da imagem de escultura; porque a sua imagem de fundição é mentira, e nelas não há espírito. Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação perecerão.Jeremias 51.17-18

      Andar na verdade mais alta não é algo fácil, é algo muito difícil, por qualquer deslize nos desviamos dela e seguimos na verdade de homens, de nós mesmos, de religiões, de diabos, toda mentira é um ídolo. Para andar na verdade mais alta, temos que estar em uma comunhão profunda com Deus, orando, estudando, ouvindo, orando, se arrependendo, e aprendendo com o universo inteiro, pois Deus nos mostra sua verdade mais alta por vários meios. Uma coisa, contudo, precisamos entender, como seres humanos não aprendemos a verdade mais alta assim de uma vez e rapidamente, Deus a revela aos poucos aos homens que a buscam, somos limitados para receber a iluminação maior de qualquer jeito e depressa. 
      Só liberta-se da mentira o iluminado com a verdade, senão segue-se mentido, e como somos mentirosos. Mentiras são buscadas obsessivamente pelos homens, e depois que as acham, eles as veneram como deuses. Por quê? Porque elas trazem proteção e consolo, ainda que falsos. O que descobre a verdade sente, a princípio, justamente o oposto, desamparo e desconforto, a verdade não nos leva a enfrentar a morte de frente. Depois, contudo, se for de fato a verdade mais alta, iluminará, curará, nos libertará principalmente da necessidade de mentir e de idolatrar mentiras. A mentira enche a boca de soluções, a verdade cala, a mentira incha o ego, a verdade humilha-o, a mentira atrai o diabo, a verdade adora a Deus.

quarta-feira, junho 10, 2020

Insensatez

      “O caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.Provérbios 12.15

      Ao insensato você dá um toque uma vez, aconselha uma segunda vez, se houver oportunidade exorta em uma terceira, mas se ainda assim ele não der ouvidos deve ser deixado, só com sua insensatez. O insensato não tem sensatez, não segue o juízo, age como louco porque se acha certo e sempre, acredita nisso, e não muda de opinião mesmo diante de argumentos sensatos. Um coração insensato pode conviver com um intelecto desinformado, em uma pessoa que ignora a sabedoria e a ciência, mas ele também pode dividir espaço com a alma de um intelectual. Assim a insensatez pode sair de boca inteligente, bem informada, com amplo conhecimento sobre muitas coisas e que talvez tenha sido sensato por muito tempo.
      Por que uma pessoa bem informada e inteligente se torna insensata? Porque não segue aprendendo, acha que chegou a um ponto onde já sabe tudo e não precisa mais mudar de opinião. O insensato pode ser um sensato que adquiriu tamanha sensatez que acabou achando que era um deus. O que sabe, contudo, mudar de opinião na hora certa, que não dorme em zonas de conforto, principalmente dos extremos, mas que se dá ao trabalho de buscar o ponto de equilíbrio, esse fugira da insensatez. Escapa da insensatez o que ouve a todos sempre, pois de todos podemos aprender coisas novas e boas. O sensato sempre se coloca como aluno, o insensato se acha mestre antes do tempo, e o tempo de ser mestre é só na eternidade.

terça-feira, junho 09, 2020

Vaidade

      “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.Efésios 4.17

      Vaidoso é aquele que quer promover a ferramenta e não aquilo que a ferramenta faz. Por exemplo, dizer que um martelo é excelente, feito com os mais sofisticados materiais, com um design perfeito, enfim, gastar tempo e esforço para deixar bem claro que o martelo é mais que bom, é o melhor de todos. O vaidoso faz isso, mas não faz nada de prático com o martelo, ou algo de fato digno de ser promovido. O vaidoso promove a si mesmo, e não deixa que seja conhecido pelos frutos do que faz, quer ser famoso para ser famoso, por ser o que é, não por seu trabalho. O vaidoso quer fama, não obrigações, quer aplausos, não apresentar um ofício que faça bem às pessoas, o vaidoso quer adoração, quer ser Deus.
      Quem de fato quer fazer algo bom, algo útil, e útil para os outros, para a sociedade, não para si mesmo, pouco se importa consigo mesmo, usa a ferramenta que tem à mão, não idolatra a ferramenta, não é egocêntrico, e faz não para ser reconhecido, não para aparecer, mas porque deve fazer, é sua missão, sendo ou não reconhecido pelas pessoas. Depois de agir certo, o que não busca vaidades ganha fama? Não, não na maior parte das vezes, e quer saber? Isso nem importa para ele, ele já foi liberto de vaidades, do ego, de querer ser famoso. Ele não depende de aprovação humana para fazer ou ser feliz, ele tem paz em Deus, que tudo sabe e vê, e a todos recompensará no tempo e no lugar certo, ainda que seja só na eternidade.

segunda-feira, junho 08, 2020

Gotas (2)

      “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” Deuteronômio 32.2

      A fé verdadeira é presente de Deus, não convicção humana para comprar favores divinos.
      O jejum correto é Deus quem nos leva a fazer, não sacrifício físico e emocional feito por nós.
      A oração melhor é saber o que Deus quer nos dar, não pedir o que nós queremos receber.
      O louvor mais puro é reconhecimento do que Deus é, não pagamento pelo que Deus faz.

      A paz que permanece não se abala pelo que não possui, nem se encanta com o que possui.
      O perdão é amargo na boca, mas doce no estômago, a misericórdia não tem gosto, tem resultados.
      A razão é carga desnecessária, grandes vitórias não vêm sem uma pequena derrota, a do próprio ego. 
      O generoso não exige o que é seu por direito, mas faz valer pro outro até direitos que esse não tem.

      A liberdade é falsa, o prazer é curto, esperança é construída, conhecimento é praticado.
      O humilde se cala e não se acha lesado, o orgulhoso exige e ainda acha que não recebeu o suficiente.
      A alma faz, ri, chora, depois se arrepende, de ter feito, de ter rido, de ter chorado, tudo é vão.
      O que erra sem conhecimento sente só algum peso, o que erra julgando-se sábio pesa seu erro dobrado.

      A alegria é melhor para o que não se deita nela, quem evita a dor só sente mais dor. 
      O homem é injusto, o universo é justo, a carne é ilusão, Deus é real, plantamos, mas depois colhemos.
      A vida leva todos ao mesmo lugar, a morte eterniza o melhor ou o pior que cada um trouxe no coração.
      O espírito é um passageiro, o corpo, um barco de papel, o tempo é o mar, e o amor, os remos.

domingo, junho 07, 2020

Palavras finais aos romanos

      "Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém." Romanos 16.19-20

      Essas últimas palavras de Paulo na carta (a maioria dos estudiosos o reconhecem como autor da epístola), já que as palavras que vêm depois é de outra pessoa, pelo que entendemos Paulo podia ditar uma carta a alguém, assim o texto era dele mas escrito por outro (esse que escreveu também se manifestou no final, veja o que diz versículo 22 do mesmo capítulo, ”eu, Tércio, que esta carta escrevi, vos saúdo no Senhor”), essas palavras finais da epístola nos entregam três ensinos importantes. Eles têm a ver com o assunto que Deus tem trazido a meu coração nestes dias, reavaliação de crenças. 
      Em primeiro lugar Paulo expressa sua alegria pelos cristãos de Roma, porque eles são obedientes e essa obediência é conhecida por outros. Não basta parecer, tem que ser, quem dá testemunho é reconhecido, luz verdadeira não pode ser escondida. Contudo, em minha ótica, nunca foi tão difícil dar real testemunho de cristão como em nossos dias. Por quê? Porque o cristianismo já foi tão pregado, existem tantas igrejas, tantos cristãos, incluindo católicos, a cultura cristã já está tão enraizada na cultura (ocidental), que o evangelho acabou banalizado, tornou-se fácil parecer, ainda que não se seja.
      O apóstolo parabeniza os obedientes, mas o que é ser obediente atualmente? Depende de quem se quer obedecer, escolher obedecer a Deus, todavia, e não as religiões, pode fazer com que sejamos taxados como desviados por outros cristãos. Hereges acham hereges os que não são iguais a eles. A situação atual só comprova o que os primeiros cristãos aprenderam, que todos que seguem a Jesus padecem perseguição. Contudo, hoje em dia, os verdadeiros cristãos não são perseguidos pelo mundo, mas pelos falsos cristãos, nas igrejas, os novos coliseus, não há mais leões, mas hereges.
      Paulo ensina algo mais no texto, com aquela sabedoria que quando é profunda e eterna é simples nas palavras, “sejais sábios no bem, mas simples no mal”. Como muitos fazem exatamente o contrário, são rápidos e fáceis para o mal, mas são complicados e lerdos para o bem, e com o mal não me refiro só a buscar prazeres carnais, mas a distorcer a palavra de Deus e acreditar em mentiras, dentro de igrejas e ditas por pastores. Abro parênteses aqui para dizer que nossa crítica como cristão não deveria ser do mundo, mas de nós mesmos, mas como os púlpitos gostam de criticar o mundo. 
      O mundo é o mundo, sem Deus, jaz no maligno (I João 5.19), treva não precisa ser criticada, mas evitada, ainda que andemos nelas em luz para testemunhar do pai das luzes. Quem precisa de avaliação são as igrejas, porque elas podem mudar, devem caminhar para a luz. Contudo, quando certos púlpitos criticam o mundo desviam o foco para fora, o que faz com que muitos cristãos se achem certos só pelo fato de estarem sentados assistindo cultos dentro de igrejas e não olhem para dentro das igrejas, para si mesmos. Cristão deve verificar fé e obras da igreja, não do mundo, fecho parênteses.
      Quer uma palavra simples de Deus para seguir? “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento“ (Mateus 3.8), simples assim, e se não estamos produzindo avaliemos nossas crenças pois algo deve estar errado, ou no que cremos ou no que queremos através dessa fé. O que não podemos fazer é passar a vida cantando música em cultos, ouvindo pastores que consideramos “ungidos”, nos sentindo acusados quando não damos dízimo ou faltamos a uma programação da igreja, enfim acharmos que seguir o evangelho é ser religioso, isso é complicar a vida cristã. 
      Seguir o evangelho é seguir a Jesus, e para isso devemos ter comunhão com ele mais que com igrejas, pastores ou mesmo outros cristãos. Quem segue a simplicidade profunda e poderosa do evangelho de Cristo tem direito ao último ensino de Paulo, “o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés”. Quantos passam vidas dentro de igrejas e ainda assim oprimidos pelo mal, gente que lidera ministérios e mesmo que pastoreia rebanhos são escravos, seja por ignorância, por timidez (que leva à ignorância) ou por não querer pagar o preço (que é timidez).
      O preço não liberta, não é a causa da libertação, libertação não tem preço, é de graça, o preço é a consequência, é aquilo com o qual temos que conviver depois que escolhemos ser libertados. Qual a preço da liberdade? A verdade, conviver com ela, assumi-la diante não só do mundo mas da igreja, os que não querem assumir suas verdades e a de Deus diante dos homens permanecerão cativos, escravos de conveniências sociais, religiosas, e de vaidades. Mas os que escolhem testemunhar de Deus a qualquer preço terão vitória, sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre Satanás.
    

sábado, junho 06, 2020

O templo do Espírito

      Algumas coisas, em alguns momentos, feitas com algumas pessoas, ou sozinhos, podem nos dar algum prazer, mas depois fazem com que nos sintamos culpados, essas coisas são pecados, coisas que Deus não planejou inicialmente que nós as fizéssemos, não em um determinado momento, com algumas pessoas ou sozinhos. Quando nos sentimos culpados nosso coração dói e nossa mente pesa, coisas como vícios, bebidas alcoólicas, comida, desejar ou possuir o que não é nosso, bens, mesmo pessoas, fazer sexo no momento errado ou com pessoas erradas, ou até sozinhos, enfim, tantas coisas que parecem agradáveis no momento, mas que depois sujam nossos corpos. Maculam o templo do Espírito?

      “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Coríntios 3.16

      O que seria de fato o templo do Espírito Santo? O que fica maculado, antes de tudo, quando pecamos? Muitos acham que é o corpo físico, os membros, mas é mais que isso. Quando obtemos prazer sexual sozinhos, por exemplo, nosso corpo é violentado, e por nós mesmos, que o forçamos a ter uma satisfação de um jeito errado, isso é fato. Contudo, ninguém tem essa experiência, que para muitos é vício sem fim e sem cura, pensando em coisas boas, imaginando as cataratas do Niágara. A masturbação precisa de uma certa disposição mental para que o corpo se excite e chegue ao clímax sexual, assim, o pecado se instala, antes de tudo, na mente, é ela quem adultera e se prostitui, antes que o corpo.
      Numa experiência sexual com nosso cônjuge, numa troca sadia e normal, não fazemos sofrer o corpo, nem forçamos nossas almas, pensamentos e emoções têm uma experiência leve e natural porque é exercida com amor e do jeito correto. Mas do jeito errado, mesmo que seja com outra pessoa, e às vezes mesmo com nossos cônjuges, suja nossa alma, nosso coração e nossa mente são maculados. Se o corpo pode ser lavado com água limpa, a mente é mais difícil de ser limpa, pensamentos errados ficam mesmo depois que o corpo se esquece e são portas para outros pecados. Mesmo que o coração não sinta mais, uma mente suja lembra e relembra coisas ruins, uma mente errada escraviza todo o nosso ser. 

      “Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” I Coríntios 6.18

      O templo do Espírito é acima de tudo a nossa mente, é ela quem decide buscar a Deus e quem entende a vontade de Deus passada pelo Espírito Santo ao nosso espírito. O segredo da libertação de muitos vícios, principalmente sexuais, é limpar a mente, antes mesmo que tentar controlar o corpo, o corpo só obedece a mente, assim antes de tentar dominar um desejo físico, que pode vir à tona por interações físicas, limpe a mente, e faça isso bem depressa. Se um pensamento ruim não permanecer na mente, não desencadeará um processo físico errado, como diz o ditado, não se pode impedir o pássaro de pousar, mas pode-se impedi-lo de fazer ninho, depois que fizer um ninho fica muito mais difícil de mandá-lo embora. 
      Como manter a mente limpa? Limpando-a em primeiro lugar com o perdão que há em Jesus, e nunca desista disso, principalmente na vida sexual, mas depois ocupando-a com coisas certas, o melhor para isso é a vontade de Deus, descobri-la, praticá-la, satisfazer-se nela. Quem está ocupado fazendo aquilo que Deus mandou que fizesse terá bons pensamentos e bons sentimentos, e não terá espaço, na mente e no coração, para bobagens. Não, não tente só controlar o corpo, muitas práticas religiosas até tentam, mas se não forem a vontade de Deus, o homem estará, ainda que bem intencionado, lutando sozinho. Conheça a vontade de Deus e a faça, só isso nos fará de fato templos do Espírito Santo, fortes para resistir ao pecado.

      “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.I Coríntios 10.13

      E quanto aos solteiros, que andam com Deus e querem obedecê-lo, como se livrarão da tensão sexual inerente a todo ser humano sadio, física e mentalmente? Deus é perfeito, sempre dá escape que não deixa o ser humano pecar. Obviamente, a primeira orientação é, evite situações que possam precipitar essa tensão, como já dissemos, fazer a vontade de Deus é a melhor solução para isso. Mas se alguém anda com Deus e mantém a mente limpa, o corpo “resolverá” naturalmente a tensão sexual acumulada, durante o sono ou mesmo acordado, sem que haja necessidade de se violentar o corpo ou sujar pensamentos e emoções com prostituição e adultério, essa experiência não é pecado. Se alguém não pensa assim, ande certo e entenderá. 

sexta-feira, junho 05, 2020

A primeira tentação de Cristo

      “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.Mateus 4.1-4

      A primeira tentação que o diabo fez a Jesus foi a mais óbvia, a que atingia sua fraqueza primordial naquele momento, a fome que Jesus com certeza devia sentir depois de ter jejuado por quarenta dias e quarenta noites. Parece simplório da parte do inimigo tentar o filho de Deus com pães, mas Jesus estava encarnado, com todas as necessidades normais de um ser humano. Antes do diabo usar tentações mais altas e profundas, de ostentação de poder, seja espiritual ou material, que poderiam por em cheque a essência do que Jesus era e iria fazer, o inimigo foi direto a uma possível fraqueza iminente de Jesus. A resposta de Cristo, contudo, foi muito além de mostrar um jeito melhor de satisfazer uma necessidade física.
      Nessa resposta Jesus revelou quem era, para que estava no mundo, qual era a qualidade de sua fidelidade a Deus, qual era a essência de seu caráter e a excelência de seu objetivo como homem. Jesus revelou o que de fato era importante para ele e o alimentava. Não vá ao deserto sem a palavra de Deus, você poderá até resistir por quarenta dias e quarenta noites em jejum, mas cairá no primeiro ataque real do diabo, e acredite, o diabo, de fato, não tenta qualquer um. Ele nem precisa, na maior parte das vezes podemos ser tentados só por nossas próprias fraquezas e concupiscências, o diabo só tenta aqueles que de fato colocam em risco grandes coisas e que verdadeiramente são separados para obras especiais. 
      Trocar a satisfação de um desejo físico, de uma necessidade do corpo, que permite um prazer passageiro, pela obediência a Deus, era um pecado que Jesus não cometeria e nunca cometeu. Mais importante que pães na fome, que satisfação egoísta, seja física, intelectual ou mesmo espiritual, é obedecer a Deus, conhecer a Deus, ouvir a Deus, nisso se aprende a palavra de Deus, o maior prazer e melhor alimento que o homem pode receber. Quem prova desse alimento não tem mais fome e pode resistir a toda tentação. Foi por isso que Jesus resistiu depois às outras tentações, ele estava bem fortalecido, bem alimentado, com a palavra de Deus, que ele buscava, conhecia e com ela se satisfazia plenamente. 
      Cuidado, o diabo conhece a fraqueza mais iminente de todos nós, e é essa que ele ataca primeiro, contudo, é a vitória sobre essa fraqueza, do jeito certo, que nos fortalece para vencer as outras tentações. Que fraqueza é essa? É diferente para cada pessoa, mas seja qual for pode ser suportada com o alimento da genuína palavra de Deus. Começando pela primeira e a cada tentação que Jesus recebia, ele respondia com a palavra de Deus, não com sabedoria humana, não com seu entendimento do que era a palavra de Deus, mas com a mais pura e poderosa palavra do altíssimo Deus. Para se usar a palavra de Deus, de forma adequada, é preciso conhecê-la, a questão final é, nós de fato conhecemos a palavra de Deus? 
      Não podemos dizer exatamente como foram as tentações de Cristo, quanto tempo duraram, após os quarenta dias e quarenta noites, período que foi só uma preparação, de negação do corpo e de fortalecimento do espírito. Pessoalmente sei que minhas maiores tentações não são rápidas, simples perguntas do mal com resposta rápidas em Deus. As tentações mais decisivas que tive me levaram a pensar seriamente em coisas importantes, me fizeram orar a Deus várias vezes, a buscar na Bíblia e na teologia entendimentos profundos sobre o universo, sobre o mundo, sobre a eternidade, sobre o diabo, sobre o homem, sobre Deus. Talvez essa seja minha experiência por ser relativa à minha chamada específica.
      Nessas experiências a única certeza que tenho é que Jesus é meu acesso exclusivo ao altíssimo, essa palavra sempre foi minha espada na luta contra a tentação do inimigo, e essa palavra nunca se enfraqueceu, nas tentações ainda mais se fortaleceu. Ainda que o diabo nos transporte para um lugar alto e tente-nos para que nos joguemos de lá dizendo que Deus nos sustentará, ainda que o tentador nos mostre as riquezas do mundo e diga que nos vai da-las se o servirmos, enfim, ainda que sejamos tentados pela loucura espiritualizada e pelo materialismo exagerado, é nosso amor à genuína palavra de Deus que nos livra. Por isso amo a Deus, ele é real, maravilhoso, o único alimento que minha alma e meu espírito necessitam. 

quinta-feira, junho 04, 2020

Para amar de fato

      “E Jesus, olhando para ele, o amou...Marcos 10.21a

      Só conseguimos amar quando respeitamos, a escolha, o nível de intelectualidade, de espiritualidade e de inteligência emocional, assim como o simples gosto de cada pessoa, quando damos esses direitos, damos liberdade, quando tiramos esses direitos, aprisionamos. Amar é dar liberdade, não é aprisionar, mesmo a liberdade da pessoa não querer nos amar. 
      Mas quando aprisionamos não limitamos só o outro, também limitamos a nós mesmos, pois para aprisionar alguém é preciso força. Quem não ama está sempre fazendo força, força para prender, para pressionar alguém, ainda que seja só no coração, para ser aquilo que queremos que a pessoa seja, não o que ela é de fato é têm direito de ser. 
      Quem ama deixa ir, não prende, deixa voltar, não se amarga, deixar viver, não mata, deixa falar, não se irrita, deixa sorrir, não inveja, quem ama deixa sentir, agir, ser, não reprime, mutila ou amordaça, quem ama deixa ser e estar, e a todos. Isso muda os outros? A princípio, não, mas muda a nós mesmos, amar faz bem a quem ama, deixa-nos leve para sermos e estarmos o que e onde quisermos. 
      Mas se nessa liberdade houver um retorno semelhante, que bom, o amor foi, achou lugar bom e voltou, trazendo também algo de bom, sem cobrança, sem egoísmo, sem dor, só amor. Isso é fácil? Não é, pra ninguém, mas queiramos isso, todos os dias, para nós, não para receber dos outros, pois quem ama por si só já recebeu amor, de si mesmo e de Deus. 

quarta-feira, junho 03, 2020

Sobre amar de verdade

      “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Filipenses 2.5-8

      O que é amar? É gostar de alguém? Se agradar do que esse alguém faz, nos dá ou é? Concordar com suas palavras e atitudes? E consequentemente elogiar alguém que faz aquilo que gostamos e concordamos? Não, não é isso tudo, pelo menos não é isso tudo na maior parte do tempo, ou mais ainda, amar de fato é sermos provocados de maneira oposta a tudo isso e ainda assim amar. Amar é se sacrificar, é pagar um preço, é ir além da maneira como reagimos a muitos só por gostar do que eles fazem e são. O que busca prazer pessoal, satisfação intelectual, aprovação afetiva, nunca conhecerá o verdadeiro amor, nunca será espiritual.
      Amar é dar ao outro aquilo que queremos receber para nós, e nisso pode não haver, pelo menos a princípio, nenhuma troca, damos só por amor, para fazer bem ao outro, ainda que sabendo que isso nada poderá nos retornar de prazer e satisfação. Amamos quando ouvimos, mesmo que não sejamos ouvidos, entendemos, mesmo que não sejamos entendidos, aplaudimos, mesmo que não sejamos aplaudidos, perdoamos, mesmo que não sejamos perdoados. Amar é pensar, querer e fazer bem ao outro, ainda que esse não nos faça bem, amar de verdade não agrada à carne, nem à mente, mas só ao espírito ungido com o Santo Espírito.
      Enquanto quisermos algum tipo de recompensa, de reconhecimento, de atenção, para então fazermos bem a alguém, não aprenderemos sobre exercer amor, e se todos pensarem assim, nada, nunca, será mudado para melhor, o mundo seguirá injusto, egoísta e vazio. A encarnação de Jesus, nascimento, vida e morte, é o exemplo mais perfeito de amor, conhecemos o amor estudando e seguindo a Cristo, e de tudo que podemos aprender na Bíblia, depois do perdão que Jesus dá, seguir seu exemplo de amor é a coisa mais importante. O que ama só espera uma recompensa, adorar a Deus com seu amor, ainda que ninguém saiba que ele ama.